planejamento e implantação de uma trilha

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planejamento e implantação de uma trilha
PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO DE UMA TRILHA INTERPRETATIVA NA
MATA ATLÂNTICA PARA ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO
INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE CAMPUS RIO DO SUL
Autores: Alessandra Lariza KRUG, Marcelo PEZENTI, Eliane Henkel FRÓES, Marja Zattoni MILANO.
Identificação autores: Bolsista PET (Programa de Educação Tutorial); Bolsista Proex; Bolsista Proex; Orientador IFCCampus Rio do Sul.
Introdução
A Mata Atlântica é um dos Biomas mais ricos em espécies no mundo e também o
segundo mais ameaçado de extinção. Viver na Mata Atlântica é uma grande responsabilidade
e também um grande privilégio para os amantes da natureza. A fauna, a flora, os rios, os
mares, as montanhas e o solo têm um papel a desempenhar no funcionamento do ecossistema,
como na dispersão de semente, no controle biológico, na filtragem de água e no
armazenamento de nutrientes, entre outros. E para que isso ocorra é preciso haver equilíbrio.
Entretanto, mesmo com a luta para a preservação da Mata Atlântica, ainda ocorrem diversos casos
de desmatamentos ilegais, queimadas, cativeiro de animais, e poluição de rios, que colocam em
risco o equilíbrio do ambiente. Assim, a divulgação da importância da fauna e da flora e do bioma
Mata Atlântica é de grande utilidade e importância para a sociedade.
Nesse sentido, a visitação em trilhas e a interpretação da Mata Atlântica podem ser
grandes aliadas para a educação ambiental. Trata-se de uma ponte de comunicação que liga os
visitantes aos recursos naturais e leva as pessoas a um novo e fascinante mundo, propiciando
novos entendimentos, ideias, entusiasmo e interesses.
A utilização de trilhas interpretativas guiadas ou autoguiadas tem sido um dos meios
mais utilizados para a interpretação ambiental, tanto em ambientes naturais, como em
ambientes construídos (VASCONCELLOS, 1997). Essas trilhas, quando bem planejadas,
contribuem em um nível muito alto para a melhoria da percepção de visitantes acerca do
ambiente natural e para a valorização e sensibilização dos visitantes. A percepção caracterizase pela apreensão dos objetos e dos sentidos, como por exemplo, árvores, sons, temperatura,
etc. (VASCONCELLOS, 1997). Além disso, um bom programa de interpretação procura
afetar não somente comportamentos imediatos, mas principalmente, as crenças e atitudes dos
visitantes (KINKER, 2002).
O Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul, desde o início de sua criação vem
recebendo visita do público, principalmente de escolas da Região do Alto Vale. Essas visitas,
porém, têm como objetivo apenas apresentar os setores agrícolas onde os próprios alunos dos
cursos técnicos realizam aulas práticas e pesquisas. Mas o campus do IFC Rio do Sul tem
uma grande área, onde também é possível observar a variedade de espécies nativas da flora,
assim como uma grande diversidade de aves e outros animais da Mata Atlântica.
Desta forma, a implantação de uma trilha interpretativa no campus do IFC Rio do Sul
tem como objetivo geral propiciar o desenvolvimento de diferentes estratégias de educação e
comunicação ambiental, focando na observação da biodiversidade da Mata Atlântica, por
meio da vivência no ambiente natural. Este projeto integra o Programa de Extensão de Apoio
à Educação Ambiental nas Escolas do Alto Vale do Itajaí.
Material e Métodos
O projeto está sendo realizado em remanescentes florestais do Instituto Federal
Catarinense – Campus Rio do Sul, localizado na comunidade da Serra Canoas, do município
de Rio do Sul no Alto Vale do Itajaí.
A Serra Canoas, localidade onde se encontra o IFC, está localizada a 696,6 m de
altitude. A área total do IFC é de aproximadamente 190 ha. Neste espaço, existem algumas
áreas utilizadas para finalidades didáticas dos cursos técnicos e superiores oferecidos pela
instituição e outras para atividades agrícolas, além de áreas que atualmente não são utilizadas
para esses fins. Antes da implantação da antiga Escola Agrícola de Rio do Sul, no ano de
1988, suas áreas florestais foram intensamente exploradas para a extração de recursos
madeiráveis, restando áreas muito degradadas que se encontram em lento processo de
recuperação. A área destes remanescentes é classificada em Floresta Ombrófila Densa
Montana (IBGE, 1992).
Dentro do campus foram pré-selecionadas duas áreas com potencial para a
implantação da trilha interpretativa. Após o diagnóstico inicial, a Trilha da Saracura foi
selecionada para o projeto, por estar em um ambiente menos degradado, contando com
representantes de espécies arbóreas características da Mata Atlântica, e também por ter um
acesso mais fácil e características adequadas para a prática de observação de aves, tais como
menor declividade e maior largura da trilha.
A Trilha da Saracura apresenta um percurso de aproximadamente 1.030m,
aproveitando uma antiga estrada de trator da região. Seu ponto inicial está localizado na mata
atrás dos setores da mecanização e agricultura II (plantação de culturas anuais e forrageiras) e
o seu ponto final localiza-se próximo à estufa do bloco C (Agronomia) (Fig. 1).
Figura1: Trajeto da Trilha da Saracura com seus respectivos pontos interpretativos.
Inicialmente, foi realizado o diagnóstico do percurso, visando identificar as melhorias
estruturais necessárias na trilha, tais como problemas ligados à erosão, pontos com
alagamentos frequentes, locais escorregadios ou que apresentam dificuldades para a
locomoção. Posteriormente, foi definido o plano de visitação na trilha, apresentando os
objetivos que se deseja alcançar com a visita e os temas focais que deverão ser abordados por
meio da interpretação.
Para a escolha dos pontos interpretativos, foi adaptado o método IAPI (Indicadores de
Atratividade de Pontos Interpretativos), descrito por Magro e Freixedas (1998). Este método é
formado por 05 fases: levantamento dos pontos potenciais para a interpretação; levantamento
e seleção de indicadores; elaboração da ficha de campo; aplicação da ficha de campo; e
seleção final.
Desta forma, foram definidos os pontos interpretativos, onde serão instaladas placas
com informações relevantes, ocorrerão paradas para descanso, observação e diálogo com os
guias, entre outras atividades.
Em cada ponto interpretativo, está prevista a elaboração de uma placa abordando um
dos temas focais do projeto, com informações importantes e curiosidades que complementem
e/ou ilustrem as informações repassadas pelos guias.
Com os roteiros de visitação e as placas prontas, a equipe de técnicos que já atua no
atendimento às escolas no campus será capacitada para atuar também no atendimento de
visitantes na trilha.
Resultados e discussão
A “trilha da saracura” recebe esse nome devido a grande quantidade dessa ave na
trilha.
Primeiramente, para auxiliar no diagnóstico da trilha, foram instaladas estacas
numeradas de 1 a 25, com espaçamento aproximado de 50 metros, desde o inicio até o final
do trajeto. Foi possível identificar que apesar da trilha ter uma boa estrutura e localização, é
preciso fazer roçadas periódicas e solucionar um ponto de alagamento, por meio de valas para
saída do excesso de água. Considerou-se necessário a implantação de comedouros para
facilitar a visualização das aves, e com o mesmo objetivo, fazer identificações de espécies
utilizando plaquetas de alumínio.
Após o diagnóstico de todo o trajeto da trilha, foram definidos os temas focais do
projeto (Quadro 1).
Localização
entre as
estacas
numeradas
1
2
Número do
ponto
interpretativo
(placa)
1
2
Tema
Informação
Apresentação da trilha
Mata Atlântica
4-5
3
Aves
Croqui, extensão e tempo aproximado de percurso.
Breve descrição sobre o que é a Mata e suas
principais características.
Diversidade, espécies comuns na trilha, tráfico.
6-7
4
7-8
5
Nichos ecológicos e
biodiversidade
Fungos
9-10
6
Exploração de madeira
11-12
7
Sensações
16-18
8
18-19
9
Espécies Nativas x
Exóticas
Toca de tatu
19-20
10
Palmito
Todos os seres vivos têm sua importância e seu
papel para o equilíbrio ecológico.
Diversidade, beleza e importância dos fungos para
o ecossistema.
Histórico da exploração da Mata Atlântica em geral
e destaque para algumas espécies de maior interesse
madeireiro que foram exploradas na região (cedro,
canela, pau-óleo, peroba).
Importância de utilizar os diferentes órgãos do
sentido para perceber o ambiente da trilha e toda
sua beleza (sons, cores, temperatura, umidade,
cheiros etc) utilizando.
Diferença entre espécies nativas e exóticas e seu
papel no ecossistema.
Citar as diferentes espécies de tatu que ocorrem na
região e seu papel como “engenheiros”
ambientais.
Destacar a importância econômica, paisagística e
ecológica do palmito, assim como o perigo de sua
exploração descontrolada.
Quadro 1: Localização dos pontos interpretativos e temas a serem tratados ao longo da trilha.
Os respectivos temas vistos no quadro acima forma distribuídos de acordo com os
pontos de interpretação. E para escolha do local onde cada ponto se localizou, realizou-se um
planejamento de acordo com realidade da trilha. Os critérios observados para definição dos
pontos de interpretação foram: presença de características ambientas que tenham relação com
os temas focais definidos, possibilidade de visualização da avifauna, presença de árvores de
importância econômica e paisagística na região.
Conclusão
Com a implantação da Trilha da Saracura no interior do campus do IFC – Rio do Sul
espera-se contribuir para uma maior aproximação com a comunidade, fortalecendo o
compromisso com a extensão. Também, esperamos promover a conscientização ambiental e a
preservação da Mata Atlântica.
Referências
IBGE. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Série Manuais Técnicos em Geociências,
1. Rio de Janeiro, 1992.
KINKER, S. Ecoturismo e conservação da natureza em parques nacionais. Campinas:
Papirus, 2002.
LIMA, S. T. Trilhas Interpretativas: a aventura de conhecer a paisagem, Cadernos Paisagem.
Rio Claro, UNESP, n. 3, p. 39-44, 1998.
(http://www.repams.org.br/downloads/Lima,%20Solange.pdf) Acesso: 2/06/15.
MAGRO, T. C.; FREIXÊDAS, V. M.. Trilhas: como facilitar a seleção de pontos
interpretativos. Circular Técnica IPEF, n.186, p.4-10, 1998.
VASCONCELLOS, J. M. O. Trilhas interpretativas: aliando educação e recreação. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO, 1., 1997, Curitiba.
Anais... Curitiba: IAP, UNILIVRE, REDE PRÓ-UC, 1997, v.1, p.465-477.

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