Cientista polïtico afirma que - Michel

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Cientista polïtico afirma que - Michel
/'^lAi^/. f S~<U u*^~U**4< UN; o povo/ rULl 1ItAENTREVISTA Michel Schooyans
A*)*\\
Cientista polïtico afirma que
o liberalismo é uma perversâo
Para
os Libéra is, 5
massa de pobres é a nova ameaça aos paises ncos
Cl A UDIO UMA
O teologo e cienlista polftico
biotecnologias. Por isso é que esta
bclga Michel Schooyans, 61, ve
medicina, pelo menos cenos re-
um novo dima de icnsôes se insta-
cursos da medicina e da biologia,
é constantemente utilizada para
lando no mundo com a derrubada
do "impcrio" sovietico. As naçôes ricas, de acordo com o Padre, utilizam-se dos meios que tèm
ao alcance, especialmenie na bio-
divulgar no mundo pobre campanhas muito fortes de contrôle da
natalidade, de esterilizacào, abor
to e assim por diante.
OP — Quai é a vlsâo prédo
minante no ExteHor hoje em
relaçâo ao Brasil?
medicina, para evitarcm a emer-
gência dos paises pobres. Fazem
isso, "lançando mâô de artificios
os mais condenavcis, tais como
aborto, eslerilizaçâo etc".
Durante dez anos, entre 1959 e
MS — Sô posso falar do ponto
de vista da imagem que percebo a
1969, o padre Michel Schooyans
residiu no Brasil, lecionando na
sào meus referenciais. A coisa que
partir da Bélgica e França, que
Pontiffcia Universidade Catôlica
me entristece muito, em primeiro
lugar, é o désintéressepelo Brasil.
de Sào Paulo. Mesmo voltando a
A gente percebe, ao mesmo tem
morar na Europa desde o inlcio
po, um desânimo, uma falta de
dos anos 70, manteve a tradicào
confianca dos brasileiros no Bra
de uma visita anual ao pals, nas
sil. Antes havia problemas, difi-
quais semprese estendeaté Forta-
culdades,
leza. As noticias do Brasil, quan-
grande confianca no futuro do
pafs.O Brasil tem recursos fantis-
do esta na Bélgicaou na França,
suas bases européias, chegara
através do clipping - recortes de
Professor de Filosofia Politica,
da a lodo preço. A ouïra se encon-
tar os novos inimigos, as novas
ameaças. Quem seriam estes pai
mo sovietico, onde o individuo
internacional, e o outro, "Da Re-
ses? America do Norte, Europa
rum
Centesimus
Ocidental e o Japào. O objetivo
vale o que ele vale na màquina cstatal, na màquina totalitària do
Anus", onde analisa as enciclicas
maior desta frente séria salvaguar-
Estado.
papais. Michel Schooyans recebeu
O POVO para esta entrevista na
dar os interesses proprios destes
ûltima terça-feira à tarde.
co e tecnolôgico.
onde
procura
mostrar os perigos da nova ordem
Novarum
à
estes
parece que de idcntidade, o que é
preocupanie para o futuro.
ruça cuja piiu/.i deve vci dclcudi-
do, lia *ua anùlne. tlcveiil nxivlituir uma frente ûnica para entren-
tra, evidcnienientc. no comunis-
Liberalismo").
humanos,
falta de confianca cm si, mas me
0 teôtooo • ctomista poKtico belge fc*ch«l Schooyans- Que est*emFortaleza
lançai dois livrosna Europa. Um,
lism ("A Perversâo Totalitària do
também
principalmente. A crise brasileira,
ao que parece, nào é apenas de
Ideologias Contemporâneas e Éti/..i Dérive Ihi.iIu.kc du Litxrta-
sobretudo uma
ticos, nàoapenas naturais, fisicos,
como
jornais.
ca Social, Schooyans acaba de
mas
paises, ligadosao avanço cientHl-
OP — Quais
OP — No Brasil assiste-se a
uma escalada brutal da vfolén-
da, no rwstro da quai surgt
uma campanha pela pena de
morte. Quai a opinlao do senhor sobre este Instftuto?
MS — É claro que a marginalizasemelhanças
çào que a gente nota atualmente
estas duas experiêndas guardam com a realidade de hoje?
MS — Estamos presenciando,
impressiona e chega a ser agressi-
hoje, o surto de um novo totalita
sionado com o numéro de margi-
risme. Conseqiicncia de uma per
va. Estive no Rio de Janeiro, an-
les de vir para cà, e fiquei impres-
OP — Quais sào estes no
vos Inimigos?
da pelos acontedmentos /».„ MS — Neste ponio é que ajwrece
versâo da tradicào libéral. A per-
Leste Europeu?
a reimerpretaçào da ten\B'.'cji que
veisâo libéral e vizinha da traci-
;Mlch«! Schooyan» ^-Salta
aos olhos, inicialmcntc, que a implosào do império sovietico dei-
r»6rconheCejnos:bem| da oposiçào
leste/oeste.À nova ameaçapara a
nais que vivem nas ruas...
OP — 4 sltuaçio ' cher*.
quase, à anarqula.
çào da ultradireita e ambas até se
confundem, no sentido de que a
sim. Eu fui testemunha de uma
segurança dos paises ricos, do
primeira alimenta uma forma de
Ocidente, je nâo vem Ha Uniào
Soviética, mas das populaçôes po-
briga que quase terminou de ma-
anarquismo. A sociedade de ago
ra, sob o prctexlo de criar um
neira feia. Ano passado estive
aqui e se existia tudo isso era em
O POVO — Quai a nova or
dem Internacional deiermtna-
xou um vazio no cenârio mundial.
Scm entrar no mérito do régime
sovietico propriamente dito, a
ûnica existèneia do régime sovieti
grau muito menor. Isso torna évi
dente um mal-estar na sociedade,
co se colocava como um contrape-
Estamos presenciando hoje o surto de
um novo totalitarismo, conseqùência de
uma perversâo da tradicào libéral que é
vizinha da tradicào da ultradireita.
so aos régimes capitalistas de ins-
piraçâo libéral. É évidente que os
novos faios levant o capitalismo a
conhecci um dinamismo novo.
OP — Este noYO dinamismo
Ambas se confundem.
mostrara-se previsfvei ou sur-
glu de uma forma inesperada?
va ordem internacional é algo que
bres do mundo, do sul.
OP — A ameaça passa a
ser, erttào, do mundo pobre?
a discussào sobre a pena de morte
é uma soluçâo um tanio obsoleta.
Jâ disse um dia Dom Hélder, que
condenados à morte todos nos o
mercado mundial, esta deixando
os pobres sem vez. Eles nâo sào
génie, nâo léni diieiio à palavra.
ruas, nào seriam criminosos polenciais. Recorrer à pena de morte
MS — Quando a gente vê alguns
tes, nota-se que a lemâtica da no
que nâo consegue absorver esse
pcssoal. Nesse coniexio acho que
somos. É évidente que muitos dos
que sào marginais, se tivessem tido a oportunidade de uma ouïra
opçào nâo viveriam deitados nas
MICHEL SCHOOYANS
escritos de conselheiros dos Esta-
dos Unidos, dos ûliimos présiden
MS — É uma coisa anârquica,
vem sendo preparado hâ mais de
20 anos. Um antigo conselheiro
do entào présidente norte-
MS — Exatamcnte. A massa dos
A conclusâo disso ludo é que as-
para éliminai a delinqùência séria
pobres passa a constiiuir uma
erro muito grande, pois se toma-
americano
ricos.
Sim como a génie teve que se precaver conira a ameaça do totalita
rismo comunista c nazista, icm
OP — Esta nova ordem favorece o cresdmerrto do radi
que se precaver lambém conira o
totalitarismo de inspiraçào libéral,
calisme da dlretta?
ao quai converti conter a einergên-
Jimmy
Carter,
Zbgnicw Brzicnski, escreveu em
1969 um livro muito intéressante
que tinha como tesecentral a idéia
de que na presença da cvoluçào do
mundo, a America do Norte deveria redéfinir a sua missâo.
OP — Teriamos al um novo
concerto para o chamado "Imperlallsmo" amerfeano...
MS — A idéia de Brzienski é
ameaça ao confono dos paises
ria um remedio nâo correspon
dent ao diagnôstico certo.
OP — Voltando à questào
da nova ordem Internacional, o
senhor acha possivei a Fidel
Castro martter por mutto mais
tempo o isolamento de Cuba?
MS — É claro. Eu entendo que
esta é a principal ameaça de hoje.
cia das massas pobres do mundo.
Nesse
mllltarlsta nesse novo quadro
MS — Considero
atualmente é o surgimento de no
de tensôes mundlals?
va forma de totaliiarismo ou, pelo
MS — Este é um ponio fundamcntal. Hoje em dia. para conter
a emergèneia dos pobres, ao invés
de recorrer as forças armadas
clàssicas, recorre-sc muito mais a
mente impossivel. Primeiro pelo
isolamento gcogràfico e depois,
principalmente, devido à falta de
condiçôes da Uniào Soviéticapara
sustentar Cuba. É uma questàode
lempo e no meu entender isso nào
novas tecnologias. especialmenie
as ligadas as ciéneias da vida, as
consolidar.
sentido o que aconiece
menos, de uma nova ameaça tota
litària. A perversâo da tradicào
socialista deu, no nosso século.
muito simples. Converti constiiuir duas formas de totalitarismo: o
o que vai scr chamado depois a nazismo. isto é, uma éiica da raca.
trilatéral. Os paises ricos do mun- O individuo vale relaiivamentc à
OP — Como flca a questào
isso praiica-
levarâ muito mais tempo para se