Em Santo André, participação expressiva - Sinduscon-SP
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2 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO EDITORIAL Agenda pós-eleitoral Sergio Watanabe* N ão serão fáceis as tarefas do próximo governo, se quiser sustentar o crescimento econômico. Será preciso priorizar a busca de um equilíbrio fiscal, por meio da racionalização das despesas correntes do Orçamento; montar uma estratégia para reduzir a carga tributária, aproveitando a diminuição desses gastos; e reduzir o déficit do balanço de pagamentos, melhorando a qualidade das contas externas. Tudo isso exige forte disposição do futuro governo para: reduzir significativamente a taxa básica de juros; restabelecer gradualmente uma taxa de câmbio que proporcione competitividade às exportações da indústria; e adotar medidas para elevar a oferta de bens e serviços, o que possibilitará o alcance de metas declinantes de inflação. Entretanto, tão importante como enfrentar as questões econômicas, será imprescindível que o próximo governo monte uma agenda para evitar que a cada dois anos assistamos impotentes à eleição de um punhado de candidatos desprovidos de condição moral e credibilidade para exercerem seus mandatos. Felizmente, muitos candidatos éticos e preparados também se elegem. Deles, esperam-se esforços por concretizar uma ampla e corajosa reforma para superar decisivamente os desafios colocados à melhora da representação política. Será preciso retomar o debate sobre o financiamento das campanhas eleitorais, o voto em listas partidárias, a adoção do voto distrital, a obrigatoriedade do sufrágio, a utilização dos mecanismos de referendo e plebiscito, a figura do suplente de senador, dentre outros grandes temas da pauta política. Do próximo governo esperam-se agenda econômica eficaz e reforma política Também será necessário discutir mais profundamente aspectos da legislação eleitoral que inibem a renovação política, como o uso e a divisão do tempo de televisão destinado à propaganda partidária. É humilhante assistir a palhaçadas no horário eleitoral obrigatório que deveria ser dedicado ao debate de propostas. É ultrajante presenciar manipulações acintosas de políticos que praticam o estelionato eleitoral ao iludirem milhões de eleitores. Avanços são imprescindíveis para trazer mais informação aos cidadãos sobre o desempenho dos candidatos eleitos ao longo de seus mandatos. Seria interessante, por exemplo, saber a quantas sessões cada parlamentar compareceu ou faltou, quais os projetos que propôs, os votos que proferiu, sua coerência com as diretrizes partidárias etc. Dos eleitos para o Executivo, mais iluminados pelos holofotes da mídia, esperam-se indicadores de desempenho inteligíveis pela população, em setores como saúde, educação, habitação, infraestrutura, saneamento básico, segurança pública, qualificação profissional etc., bem como prestações de contas frequentes com relação às promessas de campanha. Parte da imprensa e diversas ONGs já se dedicam a monitorar os políticos. Mas a grande maioria da população, na hora de escolher os candidatos, continua desconhecendo aspectos decisivos do desempenho deles. Mecanismos criativos deveriam ser desenvolvidos para que os eleitores possam dar um feedback constante a seus eleitos. De tempos em tempos, seria altamente didático que a opinião pública pudesse, mesmo que seja simbolicamente, “demitir” um político no meio do exercício de seu mandato, por atitudes ou omissões intoleráveis. A sociedade precisa pressionar pela reforma política. Cumpre recordar que foi de iniciativa popular uma das maiores conquistas da democracia brasileira dos últimos tempos, a Lei da Ficha Limpa, cujo projeto de lei obteve 1,6 milhão de assi naturas para entrar no Congresso. * Presidente do SindusCon-SP , entários, críticas Envie seus com as tem de es stõ perguntas e suge : na lu co ta para es .br dusconsp.com presidente@sin REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 3 voz do leitor Presidente Sergio Tiaki Watanabe O inovador BIM Muito esclarecedor o artigo “O inovador BIM” (nº 93, pág. 20), do engenheiro Fernando Augusto Corrêa da Silva. Mais do que uma ferramenta de planejamento, o BIM deverá ajudar na integração entre arquitetos, fabricantes de materiais e sistemas e executores de obras. Maurício Bianchi Vice-Presidente do SindusCon-SP 7 Conjuntura Conjuntura preocupa a construção Setor poderá crescer 12% neste ano 8 Capa SindusCon-SP confere ícones da construção sustentável em Nova York BIM à brasileira Hearst Tower, grife britânica Residencial tem erros e acertos No 1211, pouca ousadia Times Square vira aposta Prédio abriga jornalismo transparente Novo WTC tem certificação SOM projeta edifícios superaltos Escola tem construção sustentável Escritório planeja edifícios verdes Viagens unem aprendizado e amizade Comércio bilateral está forte Conselho poderá regionalizar o LEED 20 Compre Bem CompraCon-SP assina mais 5 convênios 21 Meio Ambiente Madeira é Legal terá novo evento 22 Imobiliário Prefeitura valoriza ação do SindusCon-SP Vice-presidentes Cristiano Goldstein Delfino Paiva Teixeira de Freitas Francisco Antunes de Vasconcellos Neto Haruo Ishikawa José Antonio Marsilio Schwarz José Carlos Molina José Roberto Pereira Alvim Luiz Antônio Messias Marcos Roberto Campilongo Camargo Maristela Alves Lima Honda Mauricio Linn Bianchi Odair Garcia Senra Paulo Brasil Batistella Escreva para esta Seção [email protected] Fax (11) 3334-5646 R. Dona Veridiana 55, 2º andar 01238-010 - São Paulo 25 Qualidade Norma de Desempenho: novo prazo Bauru faz sugestões de alteração 32 Segurança e saúde Megasipat trabalha a cidadania Evento tem público recorde em Ribeirão Sorocaba reúne 420 trabalhadores Em Santo André, participação expressiva 35 Qualificação Iniciado debate sobre currículo na Escola Politécnica da USP 36 SindusCon-SP em ação Áreas contaminadas obtêm consenso Bianchi debate sustentabilidade Políticos fazem visita ao sindicato Selo Azul da Caixa tem apoio Robusti prepara Construbusiness Festa dos 75 anos será em novembro 4 44Antonio Jesus de Britto Cosenza 24 Maria Angelica Covelo Silva – Gestão da Obra 46 28 Maria Angelica Lencione Pedreti – Gestão 48Ercio Thomaz 34 Pedro Luiz Alves – Ponto de Vista 50Vahan Agopyan – Inovação 38 Renato Romano Filho – Jurídico REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Assessoria de Imprensa Rafael Marko - (11) 3334-5662 Nathalia Barboza - (11) 3334-5647 conselho editorial: Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Bianchi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto gerência de mercado: Igor Archipovas Secretaria: Marcia Laurino editor responsável: Rafael Marko REDAÇÃO: Nathalia Barboza (São Paulo) com colaboração das Regionais: Ester Mendonça e Ana Lígia Paschoaletti (Rio Preto) Giselda Braz (Santos) Homero Ferreira (Presidente Prudente) José Carlos Ducatti (São José dos Campos) Marcio Javaroni e Ana Paula Popolin (Ribeirão Preto) Nerli Peres (Sorocaba) Sabrina Magalhães (Bauru) Sueli Osório (Santo André) Vilma Gasques (Campinas) comunicação: Marcelo da Costa Freitas/Chefe de Arte Jecyane Costa/Produtora Gráfica Sanders Caparroz Giuliani/ Designer Gráfico; Andressa Jesus da Silva/Web Designer PUBLICIDADE: Vanessa Dupont [email protected] Tel. (11) 3334-5627 [email protected] Tel. (11) 9212-0312 colunistas Robson Gonçalves - Conjuntura Representantes junto à Fiesp Titulares: Eduardo Capobianco, João Claudio Robusti Suplentes: Sergio Porto, Artur Quaresma Filho SUPERINTENDENTE: Antonio Laskos 40 Regionais Santo André forma 527 profissionais Membros do Concidade tomam posse Bauru contesta cobrança de ISS Jurídico dá orientação em Prudente Rio Preto capacita mestres de obras Curso aborda orçamento São José lança o CompraCon-SP Regional Campinas inaugura sede Ribeirão inicia Copa de Futebol 6 Diretores das Regionais José Batista Ferreira (Ribeirão Preto) José Roberto Alves (São José dos Campos) Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente) Luiz Cláudio Minniti Amoroso (Campinas) Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru) Paulo Piagentini (Santo André) Ricardo Beschizza (Santos) Ronaldo de Oliveira Leme (Sorocaba) Silvio Benito Martini Filho (São José do Rio Preto) – Marketing Marco Antonio Gualtiero Mallamo – Saúde – Soluções Inovadoras ENDEREÇO: R. Dona Veridiana, 55, CEP 01238-010 São Paulo-SP Centro de Atenção ao Associado Tel. (11) 3334-5600 CTP/ impressão: Pancrom Indústria Gráfica Tiragem desta edição: 9 mil exemplares As opiniões dos colaboradores não refletem necessariamente as posições do SindusCon-SP [email protected] www.sindusconsp.com.br “O papel desta revista foi feito com madeira de florestas certificadas FSC e de outras fontes controladas.” * Produtos Gerdau certificados pelos critérios do Selo Ecológico Falcão Bauer: Vergalhão Gerdau GG 50, CA-60 Gerdau, Vergalhão CA-25, Vergalhão Cortado e Dobrado, Tela para Concreto, Tela para Coluna, Tela para Tubo, Malha POP e Treliça. por dentro das melhores e mais sustentáveis obras. produtos Gerdau certificados com selo ecolóGico falcão bauer*. os primeiros produtos de aço da construção civil brasileira a conquistarem esse reconhecimento. Ao construir com produtos Gerdau, você mostra que a natureza tem lugar privilegiado na sua casa – não apenas do lado de fora. Produzidos pela maior recicladora de aço da América Latina, os produtos Gerdau agora estão certificados com o Selo Ecológico Falcão Bauer. Conquistado após a análise do uso adequado de recursos naturais, é um reconhecimento importante que comprova o respeito que os produtos Gerdau têm pelo meio ambiente. Acesse www.gerdau.com.br/seloecologico e saiba mais. CONJUNTURA Investimento produtivo em xeque Robson Gonçalves* O s dados divulgados pelo IBGE relativos ao PIB do segundo trimestre trouxeram muitas notícias relevantes. E, como sempre, há notícias boas e más. Segundo o Instituto, o PIB brasileiro avançou 1,2% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Em termos anualizados, como fazem os norte-americanos, isso corresponde a uma expansão de cerca de 5%. Ainda é um crescimento vigoroso e, felizmente, bem abaixo do observado entre janeiro e março, uma taxa anualizada superior a 11%, incompatível com a capacidade produtiva de nossa economia. Crescimentos do PIB de dois dígitos, isto é, a “taxas chinesas” seriam extremamente saudáveis caso o investimento produtivo fizesse a oferta e a produtividade crescerem em velocidade compatível. Quando isso não ocorre, surge a ameaça de “apagões” os mais variados. Mas, segundo o IBGE, o investimento produtivo cresceu no trimestre 2,4%, o equivalente a quase 10% anuais. Indicam esses números que finalmente estamos trilhando o caminho do crescimento sustentável? Infelizmente, em qualquer país, os dados oficiais do PIB mostram a trajetória passada da atividade econômica. Para saber se estamos no caminho da expansão saudável, é preciso olhar adiante. No Brasil, o investimento produtivo é majoritariamente privado. Mas o que leva um empresário a investir? Ou, o que leva um profissional a buscar um curso de pós-graduação, ampliando seu estoque de capital humano? Todos estão em busca de retorno para 6 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Uma das tarefas do próximo governo será a alteração da política econômica o investimento realizado. Então, para saber se o investimento vai continuar pavimentando a trilha do crescimento saudável, devemos analisar as condições do quadro macroeconômico e as perspectivas de retorno do setor privado. E, infelizmente, esse cenário prospectivo não é favorável. A rapidez com que a economia brasileira se recuperou da crise internacional tem pressionado o mercado de trabalho. Por conta disso, os sindicatos têm obtido reajustes acima da inflação, aumentando o poder de compra dos trabalhadores. E como a maioria desses trabalhadores tem uma disposição a consumir elevada, pelo simples fato de terem uma renda baixa, surgem pressões inflacionárias. Estas, por sua vez, obrigam o Banco Central a elevar os juros para encarecer o crédito e frear a demanda. Mas juros altos atraem capitais estrangeiros especulativos, aumentando a oferta de dólares no país e derrubando a taxa de câmbio. Com dólar baixo, as importações chegam baratas ao mercado brasileiro, ajudando no controle da alta de preços. Resumindo: emprego em alta, melhor distribuição de renda, dólar em queda, eletroeletrônicos chineses e vinhos chilenos mais baratos, turistas brasileiros indo felizes para o exterior... Tudo de bom? Infelizmente, não. Essa é uma lógica estritamente focada na demanda. Em diversos setores, os empresários se vêem hoje diante de pressões de custo devido aos aumentos de salário, crédito mais escasso e mais caro devido à alta dos juros e redução de sua fatia de mercado e de suas margens de lucro por conta da penetração crescente das importações. Diante desse quadro, estaria um empresário estimulado a investir? Certamente, não. Uma das tarefas do próximo governo será alterar esse mix de política macroeconômica, voltando a estimular o crescimento da oferta. No quadro atual, o investimento produtivo está em xeque. * Professor dos MBAs da FGV e consultor da FGV Projetos , entários, críticas Envie seus com as tem stões de perguntas e suge : na lu para esta co [email protected] lve ca robson.gon Conjuntura preocupa a construção Rafael Marko “De dia, o empresário da construção vive o bom sufoco de precisar dar conta do aquecimento do setor; de noite, ele dorme com a macroeconomia solapando a sustentação desse crescimento.” O comentário foi feito pelo diretor de Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, no Workshop de Conjuntura realizado pelo sindicato em setembro. Ele alertou que “quatro fundamentos econômicos estão fora do lugar: a taxa de câmbio (tirando competitividade da indústria), a inflação, os juros altos e o ritmo do crescimento da economia.” “No passado assistimos a calotes da dívida pública e à demolição do setor da construção; hoje, preocupa-nos a possibilidade de um futuro sucateamento da Ana Maria, Watanabe, Zaidan e Gonçalves, no workshop do SindusCon-SP: nuvens no horizonte indústria de bens intermediários (devido à apreciação do real). Isso não será bom nem para o país nem para a construção”, afirmou. “O sucateamento da indústria de insumos não é bom nem para o país nem para o setor” Projeto nacional Para o diretor de Economia, “é tarefa do SindusCon-SP exigir do governo um projeto de desenvolvimento de acordo com os anseios das lideranças nacionais. Isso passa por elevação da oferta e aumento da produtividade, junto com o aumento da eficiência do Estado e a racionalização dos gastos de governo, gerando mais verbas para investimentos.” Já o presidente do sindicato, Sergio Watanabe, alertou que “o bom momento econômico vivido pela construção não vai durar para sempre. As empresas do setor devem aproveitá-lo para se prepararem. Daqui a 3, 5 ou 10 anos, quando a demanda cair, somente as mais competentes sobreviverão, como já aconteceu com nossas empresas no passado.” O representante do sindicato junto à Fiesp, João Claudio Robusti, chegou a questionar se, diante das dificuldades para a obtenção de mão de obra qualificada, o aquecimento da construção deveria continuar no ritmo intenso do momento atual. Setor poderá crescer 12% neste ano No Workshop de Conjuntura, a consultora de projetos da FGV, Ana Maria Castelo, elevou de 8,8% para algo entre 10% a 12% a estimativa de crescimento da indústria da construção em 2010. Segundo a consultora, “a intensidade e a rapidez do crescimento da construção trazem hoje três desafios para a sua sustentação: elevar a qualificação da mão de obra, aumentar a produtividade e desenvolver novos fundings para o financiamento da habitação e da infraestrutura”. “Até julho de 2010, a cadeia da construção já havia recuperado as perdas do final de 2008: a produção física de insumos registrava aumento de 15,23% na comparação com o mesmo período de 2009 e de 3,5% em relação ao mesmo período de 2008; e o faturamento da indústria de materiais, que caíra mais fortemente na crise, apresentava elevação real de 13,84% na comparação com 2009 e de 0,85% em relação a 2008”, informou Ana Maria. Dilema estratégico “Em julho, essa indústria utilizou 90,5% de sua capacidade e com o dólar barato hoje ela enfrenta o seguinte dilema: ou investe para atender a demanda das famílias e das construtoras ou intensifica suas importações baratas. O lado ruim para esse segmento é a perda de competitividade. O lado bom para a construção é que essas importações ajudam a aliviar a pressão da demanda”, disse a consultora. Na mesma linha, o professor da FGV e colunista de Notícias da Construção, Robson Gonçalves, defendeu os seguintes itens de uma agenda para que o crescimento do país se sustente: explicitação do foco da política econômica no crescimento sustentado de longo prazo; recuperação da confiança na solvência das contas públicas; melhora da qualidade das contas externas; definição de uma política de inserção social para além do assistencialismo; estabelecimento de uma política de capacitação de mão de obra; instituição de um modelo de relação entre os setores público e privado para a infraestrutura e a habitação com foco nos mecanismos de financiamento. Veja as apresentações dos palestrantes em www.sindusconsp.com.br , Eventos, clicando em Eventos Realizados. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 7 CAPA Empresários celebram Missão USA com foto no 49º andar do WTC 7 SindusCon-SP visita ícones de Nova York Nathalia Barboza Alguns dos maiores ícones da arquitetura e da construção sustentável nos EUA foram visitados em setembro por 30 empresários, projetistas e consultores que compuseram a 8ª Missão Técnica do SindusCon-SP, organizada pela Diretoria de Relações Internacionais com promoção dos Comitês de Tecnologia e Qualidade (CTQ) e de Meio Ambiente (Comasp). Um dos destaques foi a Hearst Tower, considerada uma das grandes torres sustentáveis do mundo. A visita revelou que, embora os materiais empregados por lá sejam os mesmos que os daqui, há significativas diferenças nas aplicações, variedade de soluções, recursos utilizados e até na ousadia dos projetos, muitos deles de prédios superaltos. Os integrantes da missão puderam 8 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO conhecer outros edifícios de expressão em Nova York e conversar com representantes de dois dos mais importantes escritórios de arquitetura do mundo. Também houve proveitosas visitas em Washington-DC. Mas o ponto alto na agenda foi o dia de palestras na Carnegie Mellon University, em Pittsburgh, onde o assunto em pauta era o BIM (Building Information Modelling). Com os apoios do Itamaraty e do US Commercial Service, ligado ao Departamento de Comércio Exterior dos EUA, a missão foi liderada por Maurício Bianchi, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, e pelo diretor de Relações Internacionais e coordenador de Missões e Eventos do CTQ, Salvador Benevides. A arquiteta Raquel Palhares Macedo, da Arq Tours, coordenou a agenda técnica. A Interbusiness, de Argemiro Villaça, realizou a operação de turismo. O grupo foi formado ainda por Ana Cristina Chalita; Antonio Carlos Franck; Artur Quaresma Filho; Carlos Alberto Borges; Carlos Eduardo Monteiro; Claudio Goldstein; Delfino Teixeira de Freitas; Eduardo Zaidan; Fernando Correa Silva; Fernando Rossi Fernandes; Francisco Graziano; Jorge Batlouni Neto; José Carlos de Arruda Sampaio; José Roberto Bernasconi; Luiz Augusto Contier; Luiz Fernando Ciniello Bueno; Luiz Lúcio Mendonça; Paulo Rogério Sanchez; Pedro Paulo Machado; Raymundo da Silva Dórea; Renato Genioli Jr.; Renato Soffiatti Mesquita; Roberto de Souza; Sergio Porto e Virgílio Augusto Ramos. BIM à brasileira Ferramenta que permite antever os problemas de projeto e antecipar as decisões, estimar os custos e o cronograma da obra com mais precisão, aumentar a confiabilidade do projeto e eliminar erros e retrabalhos, o BIM (Building Information Modeling) está mudando o jeito de projetar nos Estados Unidos. Foi atrás disso e de respostas para as dúvidas de como implementar o sistema à moda brasileira que um grupo de empresários da Missão Técnica USA do SindusCon-SP passou um dia em Pittsburgh, na Carneggie Mellon University, instituição referência no desenvolvimento de sistemas BIM. Para os menos familiarizados com o tema, o arquiteto Jan Reinhardt, sócio e consultor da Adept Project Delivery, comparou o BIM a uma antiga mesa de luz, onde se colocavam várias camadas de folhas de projetos uma em cima da outra, para se ter ideia do conjunto. “É uma mesa de luz, só que em 3D!”, disse. Burcu Akinci, professora de Engenharia Civil e organizadora dos cursos de BIM da universidade, advertiu que o sistema é muito mais do que um software: é um processo. “Engloba as informações de cada um dos componentes e sistemas de uma edificação e relaciona tudo entre si, otimizando o tempo de projetar. Isso é especialmente importante quando se percebe que um único projeto pode conter 98 mil informações diferentes”, disse. O sistema BIM pode conter arquivos, sobre as características físicas e geométricas dos elementos (paredes, portas, tubulações etc.); a relação espacial entre os componentes; regras de parametrização, de distância entre elementos e objetos; e até seus atributos, como especificações, custos, produtividade da mão de obra, metas e cronogramas de entrega. Apesar disso, Burcu garante que o BIM está longe de ser uma “poção mágica” capaz de resolver todos os problemas. “O mais difícil é as pessoas se acostumarem com ele”, completou o diretor de Engenharia Civil e Ambiental, James Garrett. Construtores vão a Pittsburgh saber como implantar a modelagem de projeto Qualidade do projeto Jan Reinhardt, que tem como missão promover o BIM, acredita que o sistema permite aos profissionais fornecer produtos de alta qualidade a baixo custo e com menores riscos de projeto. “Não se faz BIM porque ele é legal ou mais rápido, mas porque ele melhora a qualidade do projeto.” Nos EUA, os usos mais frequentes são para visualizar o projeto, fazer o cronograma da obra e estimar custos, coordenar projetos e Correa, Bianchi e Burcu: novo processo gerenciar facilities. “A coordenação é o uso mais importante, realizada por meio de softwares generalistas”, afirmou Reinhardt. No BIM, os projetos independentes –de arquitetura, estrutura, elétrica e hidráulica– são agregados a um modelo único (federated model), a partir do qual torna-se possível detectar e observar os mínimos erros e desvios. “Um projeto pode ter 10 mil atividades diferentes que precisam ser ligadas umas às outras. Sem o BIM, isso pode levar várias semanas. Então, é sempre bom termos uma ferramenta capaz de nos trazer eficiência”, disse. O software Synchro, por exemplo, é considerado um dos melhores e mais sofisticados para ajudar a reduzir o tempo de atualização e sincronização de tarefas. David Synk, vice-presidente executivo da Synchro, contou ser possível aderir várias funções na tela do software, além de mover O gaúcho Lucio Soilbeman (dir.), recepcionou o grupo do SindusCon-SP na Carneggie Mellon REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 9 “O sistema da Bentley é uma poderosa ferramenta detectora de conflitos de projetos”, defendeu Rob Riley, especialista em construção virtual da Bentley Systems. Segundo ele, a plataforma generalista “processa as tarefas de todas as fases do processo com muita raReinhardt respondeu a uma lista de inquietações da delegação do Brasil pidez” e pode converter imagens em arquivos Adobe PDF, incluine remover, inclusive a programação da do modelos 3D, ou se conectar ao serviço obra. “Pode-se alterar e atualizar automatiGoogle Earth, numa interface com o usuácamente a programação sem que seja nerio fácil de usar, intuitiva e auto-explicativa. cessário gastar semanas mudando todos O software generalista Tekla Structuos detalhes relacionados a isso em todos res, por sua vez, oferece um amplo catáloos níveis envolvidos no projeto”, afirmou. go de possíveis conexões, o que torna fácil a comunicação entre as diferentes equipes Opções de produtos e profissionais envolvidos no projeto. “Sem O BIM é também um processo extreintegração, perde-se uma grande opormamente transparente, pois permite antetunidade de ser mais eficiente”, lembrou ver os conflitos (clashes) que inviabilizariam Burcu Akinci. uma obra. “Muitos erros são resultado de Mesmo assim, Jonathan Widney, comunicação deficiente ou da incapacidapresidente da Solibri, advertiu haver de de compartilhar a tempo informações softwares que, embora promovam a preliminares”, advertiu Stewart Carroll, da detecção de conflitos de projeto, “são Beck Technology, que oferece o DProfiler. apresentados como a solução para os O BIM é ainda trabalho em grupo. “As problemas de projeto e aplicados quanmudanças oriundas de ajustes demandado todos os modelos foram concluídos, dos pela verificação de modelos conflitancomo um verificador final antes apenas tes podem acontecer todo dia, várias vezes de a obra iniciar”. Segundo ele, o resultaao dia, se preciso for”, disse Reinhardt. do é normalmente uma lista interminável “Assim, fica mais fácil todos confiarem no de conflitos entre objetos geométricos modelo, simplificando e potencializando o no modelo, o que obriga muitas vezes trabalho, que se torna mais eficiente.” a focar apenas nos problemas considerados mais severos. “Uma perda de tempo.” A solução seria antecipar o processo para o mais cedo possível, como faz Bianchi, Soilbeman, Benevides, Reinhardt e Garrett comemoram o sucesso do encontro 10 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO o Solibri Model Checker. “A coordenação espacial do nosso produto reflete uma nova forma de utilização das informações acumuladas no BIM. A ideia geral é que os problemas sejam identificados mais cedo e medidas sejam implementadas desde o início. Para isso, o software se vale de regras que lhe são apresentadas, como normas técnicas vigentes e outras estabelecidas (costumizadas). Com isso, quando os desenhos das diferentes áreas são completados, haverá poucos ou nenhum conflito”, revelou. Complexidade Ficou claro que os modelos podem ser tão detalhados quanto o profissional necessitar. É ele quem decide o nível de complexidade dos dados que serão inseridos e compilados no BIM. Widney: software como ponte entre projetos “O software deve proporcionar uma ponte entre o projeto e a construção, entre as estruturas e a manutenção. Tudo deve se ligar”, sugeriu Widney. “Por isso não desperdice tempo em níveis de detalhamento que você não precisa ou que o mercado venha a ditar”, afirmou. “Alguns programas são excelentes em um item, mas o cliente precisa de algo mais detalhista, ou esta característica nem lhe interessa tanto”, completou. “No Brasil, o problema é que não há um sistema único completo e é preciso juntar programas diferentes e que talvez não conversem integralmente entre si”, ponderou Ana Cristina Chalita, gerente de Projetos da Cyrela. xxxxxxxxx A grife é britânica A união perfeita entre duas forças –passado e futuro. É assim que a Hearst Tower pode ser descrita, depois que o arquiteto britânico Norman Foster rascunhou uma torre de losangos radicalmente angulados de vidro que surge de dentro de uma fachada erguida em 1928. A porção antiga é patrimônio histórico de Nova York desde 1988; a nova, inaugurada em 2006, um dos melhores exemplos de sustentabilidade. Norman Foster imprime sua marca de ousadia na sustentável Hearst Tower “Os conceitos de sustentabilidade e de alta tecnologia sempre estiveram presentes nos projetos de Norman Foster, e este não foi diferente. Considero este prédio um passo a mais em relação à torre da Swiss Re, em Londres, sobretudo nas estruturas”, disse a arquiteta Raquel Palhares. “Não é fácil os empreendedores aceitarem um projeto ousado como este”, afirmou o consultor Luiz Augusto Contier. A torre exibe um sistema estrutural de barras de aço em ziguezague –não há vigas verticais– que dão um desenho moderno ao prédio e possibilitaram economizar 20% em peso de aço, se comparado a um edifício convencional. Além disso, 90% do aço utilizado era reciclado, em grande parte vindo dos destroços das Torres Gêmeas. Com 182 metros de altura, 46 andares e 79,5 mil m², grande parte da ousadia da Hearst Tower está em tirar extraordinário proveito da luz e do espaço ao mesmo tempo em que propõe soluções sustentáveis. O átrio de pé-direito triplo é banhado pela luz do sol –controlada por vidros laminados low-E– e conta com uma cascata de água gelada (icefall), que recicla a água da chuva armazenada em reservatórios no subsolo. A intenção é criar uma sensação de calma e contribui para umidificar o ar da Escada rolante e cascata gelada no lobby da Hearst Tower recepção do prédio, economizando ar condicionado. Segundo Victor Liu, gerente de Facilities da Hearst que recebeu o grupo de brasileiros, o sistema de ar-condicionado é de 25% a 30% mais eficiente que a maioria dos prédios e a eficiência energética chegou a 92% dois meses atrás por conta do cuidado da equipe própria de engenharia no gerenciamento do edifício. Também chamou a atenção o esforço no sentido de reciclar os resíduos durante Victor Liu (esq.) guiou visita brasileira ao prédio e depois da obra acabada. “Uma empresa foi contratada para separar os resíduos pobre”. “Para viabilizar a queima, é preciso durante a obra e hoje 95% do lixo molhado acrescentar outros elementos”, comentou. é levado à compostagem”, disse Liu. Para o engenheiro José Carlos SamMobília paio, diretor da A Hearst é uma das maiores publishers JDL, a reciclado mundo e tem em seu catálogo revistas gem do lixo no como Cosmopolitan, Good Housekeeping Brasil ainda é um e Oprah, além de canais de TV, jornais e problema, porempresas de internet. que “o material é Muitas mulheres jornalistas trabalham Torre de vidro parece brotar da fachada tombada pelo patrimônio histórico de NY para as publicações da Hearst, o que justifica, segundo Liu, a instalação de mobília com um toque bem feminino: nas bancadas das redações, há nichos para guardar sapatos e até um espelhinho para maquiagem. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 11 Erros e acertos no residencial O The Solaire (foto ao lado) foi um marco na evolução de edificações residenciais urbanas nos Estados Unidos. A arquiteta Raquel Palhares, consultora técnica da Missão Técnica USA do SindusCon-SP, lembrou que o edifício foi o primeiro a ser erguido e certificado levando à risca o manual de requisitos de sustentabilidade imposto pela autoridade pública responsável pela região de Battery Park, em Manhattan. Com 86,2 metros de altura, 27 andares e 293 apartamentos, o prédio ocupa uma área de 33,2 mil metros quadrados. O Solaire dispõe de um sistema próprio de Telhado verde: sistemas de exaustão e solar tratamento e recirculação de água, painéis fotovoltaicos e vários dispositivos que reduzem em até 65% o consumo energético, a partir de uma matriz híbrida (eólica, elétrica e a gás). Há ainda sistema de tratamento de água para irrigação e sanitários, “um grau abaixo do potável”, afirmou Miroslav Salon, gerente de Facilities do prédio. Um dos telhados verdes do prédio foi projetado para funcionar como área de descanso dos moradores. O outro abriga equipamentos de captação de energia solar, vegetação de fácil manutenção e exaustores das cozinhas. “Ambos têm sistemas de captação de água da chuva”, disse Salon. “Além da certificação concedida para o projeto, o prédio conquistou a certificação para a sua vida útil, porque demonstrou que tem uma operação eficiente. Não temos o costume de fazer isso ainda no Brasil”, destacou o consultor Roberto de Souza. Ícone de Nova York, nem por isso o prédio deixa de ter erros. “As unidades apresentam trincas e são muito acanhadas para a região e para a faixa de preço do lu- gar”, apontou Raquel Palhares. Salon disse que os inquilinos pagam de US$ 3.000 a US$ 8.000 ao mês. Além disso, os painéis fotovoltaicos logo na entrada do prédio são um cartão de visitas, mas reduzem apenas 5% do gasto com energia do prédio. “Não há separação de um metro e meio para evitar uma língua de fogo, como os bombeiros brasileiros exigem”, observou Maurício Bianchi. Somente o necessário Em muitos prédios sustentáveis, a intenção dos investidores é alcançar a certificação, e nada mais. No 1211 Avenida das Américas, exemplo de certificação de edifícios existentes, não houve ousadia em vários itens que poderiam agregar melhorias, avaliaram os componentes da Missão Técnica do SindusCon-SP. Segundo eles, o baixo custo das alterações denota isso: foram apenas US$ 100 mil. No edifício 1211, o foco está na gestão do prédio ao longo de toda a sua vida útil. “Enfatizamos a educação dos locatários e o treino da Os chillers são originais do prédio, da década de 1970 equipe própria de manutenção”, afirmou Joseph McCausland, assistente geral de gerenciamento da Cushman & Wakefield, que administra do prédio. Com 48 andares, o 1211 abriga os estúdios da Fox News nos primeiros 8 pisos e loca os demais para várias empresas. O prédio é o primeiro na cidade em inovação de operação computadorizada, o que atraiu muitos dos interessados. “Tivemos sorte de ter pouca insolação direta”, disse Robert Sweeney, diretor da Cushman. Um programa de computador também bloqueia vazamentos de água e reduz a pressão na tubulação. Além disso, há painéis de controle da temperatura ambiente Diferente: mangueira de incêndio numa sacola e exaustores. Uma sala de gerenciamento garante controle total do prédio. Times Square vira aposta Primeiro prédio a ser desenhado completamente depois de 11/9, o Eleven foi inaugurado neste ano e revela a confiança dos arquitetos do FXFowle na política de Tolerância Zero do prefeito Rudolph Giuliani, que acabou com o tráfico de drogas e a degradação de Times Square. O prédio foi um dos primeiros a colaborar para a revitalização da região. “O impacto dos atentados gerou mudanças estruturais importantes, como o core central em concreto e lajes em aço com uma camada protetora de concreto”, disse o sócio-sênior da FXFowle, Dan Kaplan. A largura das escadas dobrou e os vidros laminados da fachada são seguros contra um possível atentado a bomba. “Outro diferencial é que, no Eleven, podem-se usar 2 elevadores no caso de incêndio.” Entre os andares, uma camada de um metro de espessura ajuda a retardar a propagação do fogo por até uma hora e meia. Chama a atenção no Eleven o volume em “L” do prédio, com o core central recua do e as soluções de fachada diferenciadas –conforme a orientação do edifício em relação ao sol, um lado tem brise e outro não. A fachada Sul (mais ensolarada) tem brises de alumínio perfurado e vidros mais reflexivos que o lado Norte. Voltado para o aluguel comercial, o que parece ser uma raridade na região ainda hoje, segundo a arquiteta sênior Francesca Franchi, da FXFowle, o prédio é um dos mais espetaculares da porção central de Manhattan. Para Kaplan, “o edifício oferece o que os velhos prédios da região não podem ter”. Algumas de suas vantagens, apontou, são a flexibilidade de uso dos andares, com pé-direito alto, as lajes livres, muita luz natural e poucos pilares, além de um aparato sustentável de manutenção. O sistema de ar-condicionado com filtros mantém a qualidade do ar dentro do prédio. “Em certas ocasiões, o ar interno é melhor que o exterior”, disse Kaplan. Em compensação, o aluguel não dá direito a piso elevado, e o locatário precisa puxar todas as redes elétrica, de telefonia e dados desde uma caixa disponível em cada andar. Prédio sedia jornalismo transparente A sede do The New York Times, em Times Square, é fantástica e mostra que ser sustentável vai além da meta de obter uma certificação. Foi assim que a arquiteta Raquel Palhares Macedo, consultora técnica da Missão USA, definiu o edifício que sedia a redação do jornal americano. Com 51 andares, o prédio foi projetado pelo renomado arquiteto italiano Renzo Piano em parceria com os arquitetos da FXFowle e abriga o jornal até o 28° andar. Os demais pavimentos são reservados para aluguel comercial. O que mais impressiona no The New York Times Building é a fachada de vidro e tubos cerâmicos brancos externos redondos, sustentados por estruturas metálicas. Os tubos imitam brises e, assim, colaboram para o controle de incidência da luz solar no prédio. A solução permitiu completar a capa dupla com vidros transparentes que não escondem os ambientes internos de quem estiver passando na 8ª avenida, entre as ruas 41 e 42. Além disso, segundo Rocco Giannetti, sócio e diretor de estúdio do FXFowle, a fachada interna conta com cortinas automáticas sensíveis à luz. Marca registrada da fachada são os brises de tubos cerâmicos brancos No térreo, há um jardim ao ar livre cercado por paredes de vidro. O jardim, que cria um ambiente calmo e sereno no meio de um dos mais densos bairros da cidade, constitui o coração do edifício e o ponto focal do lobby, colorido e arejado. Obstinação pelos ícones Imagem: dbox,cortesia SPI condições exteriores. À noite, sequências programadas de projeção de LED mudam artificialmente os tons da iluminação externa do prédio. A flexibilidade de uso das espaçosas lajes, de 3.500 m² livres, também impressionou. “Queremos atrair empresas que estão aqui próximas, no centro financeiro, e para isso precisamos de áreas extremamente flexíveis que permitam acompanhar as frequentes mudanças de layout típicas destas companhias”, argumentou Lewis. Por outro lado, notou Luiz Fernan do Ciniello Bueno, diretor de Operações da Gafisa, os andares são sempre entregues “secos”, com infraestrutura mínima. “Também vale observar que os prédios não têm piso elevado. No Brasil, somos cobrados por isso”, comentou. Perspectiva de como será o novo WTC, que tenta recuperar pujança e orgulho dos arranha-céus dos EUA A torre 7 do complexo World Trade Center, em Manhattan, foi a última a colapsar pelos atentados de 11 de Setembro a Nova York, em 2001. Ironicamente, ela acabou sendo a primeira a ser reerguido. E se transformou no primeiro arranha-céu de escritórios certificado da história da cidade. Agora, oferece os mais rigorosos controles contra terrorismo e incêndio, segundo Kenneth Lewis, diretor do escritório Skidmore, Owings & Merrill (SOM) de Nova York e gerente do projeto. Com 52 andares e 226 m de altura, o Seven foi construído em cima da subestação de energia elétrica da Edison Company. 14 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Seus atributos de iluminação chamaram a atenção dos participantes da Missão Técnica USA do SindusCon-SP. A fachada de painéis de vidro inclui o sistema spandrel glass, cuja superfície foi projetada para criar a ilusão de profundidade e conta com um sistema de iluminação que evolui naturalmente ao longo do dia, conforme as Canteiros de obras dos edifícios do WTC revelam organização e grandiosidade Segurança A obsessão com a segurança é compreensível. “Isolamos cada andar um do outro e cobrimos o aço com uma camada extra de concreto”, revelou Lewis. Segundo ele, o concreto usado nas estruturas do core chega a 80 MPa. “É duas vezes mais resistente do que o que vínhamos usando”, comparou. Além disso, o Seven conta com um sistema múltiplo de sprinklers e de água que poderá garantir o suprimento no caso de incêndio, sem falar nos geradores extras no topo do prédio para filtrar o ar, evitando a concentração de fumaça, como no 11/9. As escadas, como em todos os novos arranha-céus da cidade, agora são mais largas, para permitir a circulação dos bombeiros. Gigantismo Com 52 andares, a torre 7 será a menor do WTC. Do 49° andar, viam-se erguer os demais edifícios, entre eles a Freedom Tower (One WTC), que subirá a 541,3 metros, com 102 pavimentos. Fazendo juz à tradição de engenhosidade norte-americana na construção de edifícios altos, a torre “evocará o delgado, afilando formas triangulares do mesmo modo que ícones como o Chrysler Building e o Empire State Building”, segundo o programa do escritório SOM. Para o engenheiro Virgílio Augusto Ramos, da consultoria Cia. de Enge- nharia Civil, “impressionou a simplicidade estrutural dos edifícios, mesmo com uma arquitetura tão diferenciada. “No Panamá, vimos prédios de 80 andares cuja estrutura impunha-se à arquitetura. Aqui, ela é simples, mas o efeito plástico é incrível”, disse. Como no Seven, o One terá redundância estrutural, cimento mais denso e altamente aderente. O edifício incluirá filtros biológicos e químicos do ar, escadas pressurizadas extra-largas, vários sistemas de backup para iluminação de emergência e proteção de concreto nos aspersores, além de saídas interligadas redundantes. Todos os sistemas de segurança –escadas de saída, antenas de comunicação, exaustão e poços de ventilação, parte elétrica e elevadores– são envoltos em um núcleo de três metros de espessura de concreto. Detalhe de gruas instaladas no alto de edifício em obra do complexo WTC, que prezam pela agilidade e segurança das novas instalações Escritório tem equipe multidisciplinar O Skidmore, Owings & Merrill (SOM) já está na quinta geração. Um dos maiores escritórios de arquitetura do mundo, o SOM tem sido responsável por projetos de edifícios superaltos em vários países, como o novo World Trade Center, nos EUA (veja na página ao lado) e a Jimmao Tower, em Pequim. Na sede de Nova York, as honras da casa foram feitas pelo sócio Mustafa Abadan e por Nicholas Holt, diretor da equipe técnica do escritório na cidade. “Temos orgulho de sermos apontados como um dos mais inovadores do mundo”, afirmou Holt. Na sua estratégia de atuação está a diversificação de competências da equipe, juntando os conhecimentos de designers e engenheiros experts em todos os tipos de edificações. “Como uma empresa multidisci- Mustafa Abadan (esq.) recebe brindes de Bianchi plinar, o SOM promove um ambiente colaborativo. Esta forma de abordagem é pioneira e tem permitido desenvolvermos soluções novas e originais em nossos projetos”, confirmou Abadan. Focado na sustentabilidade, o SOM tem no currículo 20 empreendimentos certificados LEED. No Brasil, já projetou a sede do Bank of Boston, com parce- rias pontuais, e a sede da Editora Abril, entre outros. Como muitos outros escritórios, o SOM também optou pelo sistema Revit para implementar o BIM. “A ferramenta é útil em projetos de grande envergadura como os que temos feito. Aprendemos que a segurança das edificações é cada vez mais prioritária e as simulações de vento, estruturas, orientação do prédio e insolação que o BIM permite fazer são muito importantes para auxiliar na tomada de decisões”, disse Holt. A utilização do BIM nos projetos do WTC tem possibilitado aumentar a produtividade no canteiro e reduzir o número de trabalhadores envolvidos nas tarefas. “Mesmo assim, embora o Revit prometa baixar até 30% os custos da obra, ainda não vimos isso”, ponderou o diretor. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 15 Sustentável na prática A sustentabilidade como a expressão lógica dos seus valores foi a escolha da Sidwell Friends School, escola de ensino médio particular em Washington-DC onde estudam as filhas de Barack Obama. A escola pretende oferecer aos 800 alunos, da 5ª à 8ª série, um ambiente que valorize o meio ambiente. Para isso, usa suas próprias instalações como uma ferramenta de ensino, medindo e verificando a performance do edifício sede, criando espaços de aprendizagem fora das salas de aula e aproximando a escola da comunidade. Entre as características e sistemas da edificação principal da escola, utilizada como modelo para orientação e educação ambiental dos alunos, está um completo sistema de tratamento de esgoto por meio de tanques e filtros mecânicos enterrados. Segundo o gerente de Facilities da Sidwell, Steve Sawyer, após passar três dias por um lento tratamento, que inclui filtros mecânicos, processos biológicos e raios ultravioletas, a água é aproveitada nas baPlantas encobrem área de tratamento de esgoto e riacho de água da chuva (detalhe) 16 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO cias sanitárias e nas torres de refrigeração. “Depois de uma Num corredor, painel evoca cidadania para além do processo educativo primeira filtragem, então agora só mostramos o sistema pelo que remove partículas sólidas, a água computador”, afirmou Sawyer. servida é tratada com plantas aquáticas, No telhado verde, plantas bastante microorganismos, luz solar, areia etc.”, resistentes filtram a água da chuva e redisse. Um filtro ultravioleta completa o frescam os ambientes internos. Já a água processo de filtragem. da chuva é 100% coletada e circula por um Com isso, a escola armazena uma charmoso riachinho artificial, com pedras, grande quantidade de água num reservaplantas aquáticas e peixes. tório próprio e demanda apenas 10% da água da rede municipal. Índio Outra característica importante da Corpo humano escola, que conquistou certificação máToda a infraestrutura hidráulica da Sixima (Platinum) LEED, por ter se mostradwell parte do subsolo do prédio principal do sustentável tanto da escola. Uma rede em projeto quanto distribui a água para em operação e uso, todos os sete edifíé usar 60% menos cios do campus. “Um energia elétrica. computador controla O telhado do préa distribuição 24 hodio abriga painéis soras por dia”, afirmou. lares e uma torre de Segundo ele, a exaustão cujo formaexposição da tubuto lembra uma cabalação pelo prédio é na típica dos índios intencional. “Os arquinorte-americanos. tetos quiseram isso, Nela, aletas são forporque a intenção é çadas por convecção ajudar na educação a abrirem e liberarem dos alunos. Neste o ar quente, que sai ano, eles estudaram pelo teto e renova a a circulação no corpo atmosfera do prédio. humano fazendo uma Torre de exaustão, que lembra cabana indígena O ar fresco tamcomparação com os bém é muito bem-vindo nas salas de tubos de água”, comentou. aula. Se as janelas de certas salas estão No entanto, a escola deixou de deabertas, os equipamentos de aquecimento monstrar in loco aos estudantes outra e ar condicionado desses ambientes são prática sustentável: a compostagem do desligados e substituídos por um sistema lixo. “As crianças menores ficavam perde ventilação natural. turbadas com o barulho do equipamento, Um equipamento instalado no subsolo faz circular o ar por uma roda cerâmica, responsável por fazer a troca de ar quente/frio, conforme as necessidades no verão ou no inverno. “Com o sistema, pode-se aumentar em 10° F ou baixar em 10° F a temperatura dentro do edifício”, disse Sawyer. Foram instaladas ainda nas salas de aula sensores de luminosidade que aumentam ou reduzem a intensidade da luz conforme a necessidade. As salas também possuem vidros duplos e cortinas pretas para dias muito ensolarados. Além disso, no corredor onde estudam os mais velhos, painéis de conversores de energia solar em eletricidade indicam em tempo real a quantidade gerada pelos painéis solares. “O sistema fornece apenas 5% da energia necessária para consumo da escola, mas nosso objetivo é a educação ambiental dos alunos”, reforçou o gerente da Sidwell. Outra providência simples foi pintar de branco o telhado, o que ajuda a refletir os raios de sol, contribuindo para evitar o efeito “ilha de calor” e reduzindo a demanda pelo ar condicionado. Em alguns pontos do prédio, ainda, há sensores de oxigênio. Se o índice estiver baixo, o sistema bombeia mais O² para o ambiente. A escola preservou 80% das plantas nativas e a biodiversidade da região, o que permitiu a pássaros e outros pequenos animais circularem pelo campus. Biodiversidade A reciclagem de materiais é uma das marcas da fachada. Tábuas de cedro tratado que formaram um dia tonéis de envelhecimento de bebidas funcionam como brises, para minimizar a entrada excessiva de luz natural. Além disso, disse Sawyer, 60% dos resíduos gerados na obra foram para recicladoras ou aterros. Ele lembrou Multidisciplinar: aulas incentivam as descobertas ainda que a escolha de materiais produzidos regionalmente minimizou a necessidade de gasto de energia para transportar os insumos de lugares mais distantes. Aqui prevalece o espírito de equipe Catálogos e amostras de materiais ficam à mão dos arquitetos da Gensler O conceito de pequenos estúdios de arquitetura, com não mais do que 40 pessoas por equipe, é o segredo do Gensler, um dos maiores escritórios de arquitetura do planeta e que já assinou inú- meros projetos de sustentabilidade. O escritório propõe produzir projetos impactantes e que modifiquem os lugares para melhor, comentou Joseph Brancato, gerente da regional Noroeste do Gensler e membro da Diretoria. “Através do poder do design, definimos o que é possível.” Só em NYC, trabalham cerca de 320 profissionais que, divididos em dez times, fazem tudo em cada projeto. “As equipes compartilham informações e talentos com os demais escritórios, seja em NYC, Denver ou New Jersey. Ao contrário do que possa parecer, não há competição entre eles”, garantiu Brancato. “Trata-se de um conceito diferenciado de estúdio de arquitetura, o que gera um clima muito bom de criatividade e de espírito de equipe”, definiu a consultora Raquel Palhares. O escritório faz projetos para o Brasil há 20 anos e os trabalhos se intensificaram de 2008 para cá. Diante disso, o Gensler está prestes a abrir um escritório em São Paulo. O escritório tem 2.300 projetistas e 2.000 projetos em andamento em 34 escritórios nos EUA e outros países. A Gensler também dividiu com os membros da Missão do SindusCon-SP sua experiência na implementação do BIM. Scott Rosenbloom, especialista em Revit, e funcionário da regional que ajuda os profissionais a trabalharem com a ferramenta, comentou que a implantação da modelagem tem sido lenta. Em NYC, o Gensler usa o BIM desde 2008. “Foram 30 anos com AutoCAD e só 2 com o Revit. É preciso paciência para treinar as pessoas e formar uma cultura nova”, ponderou. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 17 Trabalho de excelência Cada vez mais profissionais, as viagens técnicas do SindusCon-SP têm também um caráter de forte amizade, disse o diretor de Relações Internacionais e coordenador de Missões e Eventos do CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade), Salvador Benevides, ao falar da 7ª missão, esta aos Estados Unidos. Benevides conta que as missões técnicas começaram no CTQ e são sempre apoiadas pela Presidência do sindicato. “Já levamos empresários ao Chile, México, Emirados Árabes, China, Panamá e África do Sul”, comentou. Segundo ele, todas são “eminentemente temáticas”. Um bom exemplo, aponta, foi a do México. “Temos orgulho de o grande percentual de conhecimento acumulado naquela viagem ter motivado o setor a sugerir ao governo o que depois se tornou o Programa Minha Casa, Minha Vida”, disse. Ele lembrou ainda da visita a prédios superaltos em Dubai e aos estádios da Copa 2010 na África do Sul. “Nos EUA, a meta foi conhecer a abordagem de sustentabilidade dos construtores e importar informações sobre Grupo reunido em frente à Casa Branca, em Washington-DC: amizade e profissionalismo o BIM (Building Information Modeling). Benevides disse que a avaliação das viagens tem sido a melhor possível. “Os grupos são formados por profissionais de excelência em vários segmentos. As missões são tão reconhecidas que, antes mesmo de lançarmos os próximos destinos, as vagas já estão esgotadas. Comércio bilateral está forte Uma delegação da Missão Técnica cio de dezembro. “O país está vivendo USA foi recebida na Embaixada do Brasil, uma fase de internacionalização do capital em Washington-DC, por Philip Fox-Drumbrasileiro e estamos prontos para apoiar a mond Gough, chefe do Departamento entrada das empresas em outros países”, Comercial, e seu assessor Antonio Cesar disse Gough. da Silva. Ele também falou sobre o grande inLiderados por Maurício Linn Bianchi, teresse dos empresários americanos em vice-presidente do SindusCon-SP, a relação ao mercado brasileiro e ouviu dos delegação foi alertada de que a situação representantes do SindusCon-SP obserdo mercado imobiliário americano ainda preocupa. “Não está boa. A oferta ainda é muito grande e os preços tendem a cair”, afirmou Gough. Os 12 integrantes da Missão foram convidados por Philip Gough a participarem de uma missão comercial aos EUA de empresários brasileiros da construção civil que a Embaixada e a Amcham-Brasil Philip Gough debateu com delegação da Missão USA condições do preparam para o iní- comércio internacional e potencialidades para a construção civil 18 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO vações sobre a pouca competição entre as siderúrgicas nacionais e o preço do aço no Brasil e no Exterior. GBC poderá regionalizar regras do LEED Algumas variações regionais poderão ser aceitas a partir de janeiro de 2011 em itens das diretrizes de certificação LEED para edifícios comerciais feitas pelo Green Building Council (GBC). A informação foi dada em setembro pela vice-presidente de Operações Internacionais da USGBC, Jennivine Kwan, durante visita da Missão Técnica USA à sede da entidade, em Washington-DC. “Queremos que os comitês definam opções de aplicações para cada item das regras”, disse. COMPRE BEM CompraCon-SP assina mais convênios Cinco novos convênios com fornecedores da construção foram firmados nas últimas semanas pela CompraCon-SP (Associação de Compras da Construção Civil no Estado de São Paulo), para oferecer às construtoras associadas vantagens na aquisição de insumos e serviços do setor. Para se associar à CompraCon-SP e poder desfrutar dessas condições vantajosas, a construtora deve entrar em contato com o diretor executivo da associação, Robson Colamaria, pelo e-mail [email protected] , telefone (11) 3334-5678 ou por intermédio do site: www.compracon.com.br . Os novos convênios foram assinados com os seguintes fornecedores: 3M/Pizzimenti – Dotada de grande capacidade logística, a Pizzimenti vai intermediar o fornecimento dos equipamentos de proteção individual (EPIs) e abrasivos da 3M para as associadas da CompraConSP em todo o Estado de São Paulo. Amanco – Por meio de seu distribuidor Arjona, o fabricante de tubos e conexões de PVC (água quente e fria e esgoto) disponibiliza às associadas da CompraCon-SP toda sua linha de materiais com descontos vantajosos. Emmeti – Multinacional com sede na Itália, traz para o Brasil seu novo sistema de dutos flexíveis de alumínio para gás (Sistema GasPex), com custo-benefício vantajoso. FortLev – Fornecedores de sistemas de armazenamento de água (caixas d’água, cisternas, tanques e reservatórios modulares), com condições comerciais diferenciadas. Vert – Fabricantes de kits de portas prontas, com qualidade de exportação. Oferece os materiais com tabelas de preços atrativos e um pós-venda que inclui instalação. 20 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Mais convênios Além destes, a CompraCon-SP continua mantendo os seguintes convênios: Avant/ZXM, proporcionando preços atrativos para locações e aquisições de gruas (torre, base X e sobre trilhos). Belmetal, empresa de transformação de alumínio. Disponibiliza grande linha de esquadrias e sistemas de fachadas, além de projetos específicos. Bellota Ferramentas, que fornece todo tipo de ferramenta para construção civil e gesso em condições competitivas. Comexport, trading que oferece assessoria de importação em materiais de construção de diversos países. Trabalha no desenvolvimento de novos fornecedores, negociando as melhores condições, acompanhando o processo produtivo e realizando os ensaios de qualidade. Acompanha embarque e desembarque/desembaraço. Também pode fazer a logística de distribuição. Docol, fábrica de metais sanitários. Encon/KME Comercial de Condutores Elétricos, distribuidor que disponibiliza os melhores preços dos principais fabricantes de fios e cabos elétricos. Esteves, fornecedor de metais sanitários como sifões, válvulas, flexíveis etc.. Formaplan, fabricante nacional de chapas compensadas. Forsa, fabricante de sistemas de fôrmas de alumínio para concreto. Gerdau, fabricante de vergalhões e outros produtos siderúrgicos. Granilita, produtora de tintas especiais à base de água, produtos que respeitam o ecossistema. Possui grande portfólio de texturas (revestimentos de fachada) com preços competitivos. Grupo Roca, detentor das marcas de louças sanitárias Incepa e Celite. Marmoraria Mendes, fabricante de pisos de mármore e granito. Também desenvolve projetos específicos para bancadas e pias. Mecan Indústria e Locação de Equipamentos para a Construção, disponibiliza para venda e locação andaimes, escoramentos metálicos, elevadores de obra tipo cremalheira, guarda-corpos, com preços diferenciados. Orona, fabricante espanhola de elevadores, empresa de grande destaque no mercado europeu, presente em mais de 80 países e que disponibiliza seus equipamentos no Brasil. Portinari/Cecrisa, envolvendo um mix de produtos em revestimentos cerâmicos. Schneider Electric, atuante desde 1836, transformou-se em especialista global para gestão de energia. Oferece diversas soluções em eficiência energética por meio de tomadas, interruptores, quadros elétricos, disjuntores etc. Supergreen, comercializadora de produtos, sistemas e soluções completas em água e energia, com a visão de excelência ambiental e inovação; os produtos têm baixo impacto ambiental. Viapol, fabricante de impermeabilizantes, tem um mix diversificado de produtos para impermeabilização e químicos. MEIO AMBIENTE “Madeira é Legal” prepara novo evento para novembro Com apoio do Comasp (Comitê de Meio Ambiente) do SindusCon-SP, o segundo evento do Programa Madeira é Legal foi agendado para o dia 23 de novembro, no auditório da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Lançado em março de 2009, o programa é fruto de um protocolo assinado por Governo e Prefeitura de São Paulo, entidades da construção civil e do setor madeireiro, ONGs e institutos de pesquisa. Ao todo, o documento agrega 23 signatários. O programa fortalece as ações voltadas ao uso sustentável da madeira na construção, além de ampliar a abrangência das iniciativas de uso responsável de madeira no Estado de São Paulo. O lançamento do Madeira é Legal foi um marco para a evolução das ações, embora muito já estivesse sendo feito para que a madeira na construção civil fosse corretamente utilizada. Signatários do Protocolo, como SindusCon-SP, IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), FGV, WWF Brasil e as secretarias municipal e estadual de Meio Ambiente, já desenvolviam ações em São Paulo e em todo Brasil de incentivo ao manejo correto na extração da madeira nativa nas florestas, bem como ações de fiscalização e combate à comercialização e ao transporte de madeira ilegal. Francisco Vasconcellos, vice-presidente de Meio Ambiente do SindusCon-SP, lembra que também “uma importante ação de disseminação de conhecimento ao setor da construção foi desenvolvida a partir da publicação e distribuição de um manual elaborado pelo SindusCon-SP em parceria com IPT e Secretaria do Verde e Meio Ambiente”. O manual fornece informações técnicas para que a madeira nativa possa ser usada adequadamente nas obras. Hoje, o programa trata de questões relacionadas à madeira nativa, madeira proveniente de florestas plantadas, madeira industrializada, entre outras. revendedores de madeira. O Sindimasp também tem sido parceiro do SindusConSP no auxílio para que as construtoras e incorporadoras a se inscrevam no Cadastro Técnico Federal do Ibama e no controle do DOF (Documento de Origem Florestal). O evento também marcará a entrega de certificados à primeira turma do Programa de Capacitação de Empresas Construtoras para a Aquisição Sustentável de Madeira na Construção Civil, desenvolvido pelo SindusCon-SP, por meio da participação das empresas do Comasp, em parceria com o WWF-Brasil. Resultados O evento irá mostrar os resultados dos esforços conjuntos alcançados até agora. A Secretaria Estadual do Meio Ambiente apresentará os frutos de seus trabalhos, entre eles o acordo com a Polícia Militar que tem possibilitado uma fiscalização mais rigorosa, uma vez que capacitou as equipes com conhecimento e modernas tecnologias que permitem identificar em tempo real a procedência da madeira transportada e que entra no Estado de São Paulo. A Secretaria divulgará ainda no evento os procedimentos para cadastro junto ao Ibama, uma vez que pelo acordo com este órgão ela assumiu diversas atividades antes por ele executadas. O Sindimasp (Sindicato do Comércio Atacadista de Madeiras do Estado de São Paulo), que agrega as empresas que comercializam Capa do manual editado pelo SindusCon-SP e outras entidades madeira, também revelará dados O novo site do Programa Madeira é positivos. Além do engajamento de seus Legal também estreará contendo inforassociados, o sindicato tem se empenhado mações para as empresas da construção, para que as empresas se capacitem e se sem deixar de lado um espaço destinado cadastrem no CADMadeiras, o que dá seaos consumidores finais, com orientações gurança na compra por parte das construespecíficas de como adquirir corretamente toras. O cadastro estadual tem como meta a madeira. verificar a qualificação e o cumprimento da (Nathalia Barboza) legislação por parte das beneficiadoras e REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 21 IMOBILIÁRIO Prefeitura valoriza ação do SindusCon-SP Foto: Jorge´s Estúdio Fotográfico O processo de licenciamento de projetos de construção em São Paulo ganhou importância por refletir a inserção dos empreendedores imobiliários no município, que buscam junto com a Prefeitura o desenvolvimento da cidade com o mínimo de impacto ao meio ambiente e ao trânsito. Este foi o conceito transmitido pelo secretário municipal adjunto de Infraestrutura Urbana e Obras, Marcos Rodrigues Penido, na abertura do 3º Seminário de Legalização de Empreendimentos, realizado pelo vice-presidente de Imobiliário do SindusCon-SP, Odair Senra. A solenidade reuniu 150 participantes, em setembro. O evento continua em todas as quartasfeiras, até novembro. Além de Penido e Senra, participaram da abertura o secretário municipal da Pessoa Com Deficiência, Marcos Belizário; o chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Habitação, José Frederico Meier Neto; o supervisor de Uso e Ocupação do Solo da Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras, Alfonso Orlandi Neto; o diretor do Depave, Carlos Roberto Fortner; o diretor de Planejamento da CET, Irineu Gnecco Filho, e o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe. Penido afirmou que “a agilidade no licenciamento de empreendimentos se tornou uma necessidade diante da velocidade do desenvolvimento da cidade”. Segundo ele, o melhor preparo da Prefeitura no processo também é fruto de eventos como o seminário, realizados em parceria com os empresários. Já o diretor da CET destacou que a legislação de mitigação do impacto dos Fortner, Senra, Orlandi, Penido, Belizário, Watanabe, Meier e Gnecco: parceria consagrada Polos Geradores de Tráfego trouxe regras claras. Ele elogiou a atuação da Vice-Presidência de Imobiliário do SindusCon-SP pelo “entendimento cada vez maior entre o poder público e a iniciativa privada”. Segundo o secretário Belizário, a orientação dada pelo prefeito Gilberto Kassab é que a legislação seja cumprida, dando a oportunidade aos cidadãos de corrigirem o que está errado. Belizário relatou que, recentemente, uma obra foi paralisada diante da denúncia de que o empreendimento teria sido licenciado para ser construído sobre um córrego, em Área de Preservação Permanente. “A Sehab foi lá, rasgou o terreno e nada encontrou. A Semab, idem. Como havia representação no Ministério Público, “Crescimento veloz de São Paulo obrigou a um licenciamento ágil dos empreendimentos” 22 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO cada secretaria emitiu um laudo e ainda por cima realizamos uma audiência pública. Um mês depois da paralisação, a obra foi liberada”, contou. “Estamos trabalhando para desburocratizar, não permitindo que o poder público crie dificuldades para malandros venderem facilidades. Ninguém aceita mais pagar suborno”, enfatizou. As demais autoridades destacaram a atuação municipal para agilizar os licenciamentos. O presidente do SindusCon-SP ressaltou que o seminário se tornou uma marca do SindusCon-SP, consagrando a iniciativa do sindicato de colocar as empresas em contato direto com os órgãos encarregados do licenciamento. O coordenador de Produção e Mercado, Elcio Sigolo, que organizou o seminário, manifestou satisfação em saber dos técnicos da Prefeitura que as edições anteriores do evento contribuíram para aumentar a interlocução entre os órgãos encarregados dos licenciamentos. (Rafael Marko) GESTÃO DA OBRA Aprofundar o planejamento Maria Angelica Covelo Silva * A s dificuldades em assegurar a qualidade no momento atual mostram a necessidade de mais profundidade no planejamento da qualidade da obra, o chamado Plano da Qualidade da Obra (PQO). Os riscos decorrentes de problemas relativos à qualidade envolvem custos que têm aspectos mensuráveis e aspectos intangíveis de forte impacto sobre a reputação das empresas, numa era em que os clientes colocam sua insatisfação em blogs, filmes no You Tube, Twitter e outras ferramentas de grande repercussão e alcance. Para diminuir os riscos quanto à qualidade, este planejamento deveria considerar: 1) A determinação inicial de desempenho a ser atingido nos 11 itens da NBR 15.575 que consistem na verdade em requisitos de 14 naturezas diferentes para o edifício a ser projetado (sim, o plano da qualidade da obra deveria começar com um plano da qualidade do projeto). 2) Em função destes requisitos, devem-se determinar as normas técnicas a serem atendidas no projeto do edifício. Projetistas e contratante de projeto devem analisar detalhadamente o atendimento a estas normas. Elas devem ser explicitadas em documentos de projeto. 3) O projeto também precisa de um grau de desenvolvimento diferente do que se tem atualmente. Numa época de grande dificuldade de mão de obra capacitada, a falta de um detalhamento de projeto para produção de fato é o pior que pode acontecer, e as incompatibilidades de interfaces entre subsistemas construtivos acentuam os riscos significativamente. 4) A escolha e a determinação da 24 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Agora tudo deve começar pela Norma de Desempenho tecnologia e sistemas construtivos só podem partir do desempenho a ser atingido. Algumas práticas no mercado não são tecnologia de fato, pois passaram a ser aplicadas em prol da redução de custo ou prazo sem desenvolvimento tecnológico, e não há qualidade que suporte falta de engenharia e de tecnologia . 5) As especificações de materiais e componentes deveriam ser feitas por desempenho, utilizando-se as normas de especificações e se exigindo dos fornecedores a comprovação de conformidade dos materiais às respectivas normas. 6) Os serviços também deveriam ter procedimentos baseados em normas técnicas, e boa parte dos engenheiros de produção desconhecem até mesmo a exis- tência de normas de execução de serviços. 7) O treinamento para executar serviços deveria ter planejamento minucioso para ser muito eficaz, com farto material instrucional adequado, com prática focada em ensinar aos trabalhadores o que efetivamente influi sobre a qualidade num serviço. Os métodos de treinamento não podem subestimar o operário. Sem entender o porquê de cada atitude no trabalho, ele não pode mesmo se comprometer com a qualidade. Sem ter o feedback mostrando o que ficou bom e o que não ficou, também não há compromisso. 8) As inspeções de serviços precisam ser muito mais minuciosas e baseadas em conhecimento. Quem está inspecionando serviços atualmente nos canteiros sabe enxergar a real qualidade? Sem conhecimento, não se consegue distinguir a qualidade nos serviços executados. 9) Há muito mais a controlar do que o concreto, e um plano de ensaios detalhado precisa existir. Este plano deve incluir ensaios que demonstrem a conformidade de produtos, ensaios de caracterização de desempenho e ensaios de controle tecnológico. É preciso ter mais profundidade e maior abrangência no que se pratica atualmente como planejamento da qualidade, pois em engenharia a qualidade não é resultante das habilidades individuais de todos os envolvidos, por mais competentes que sejam. * Engenheira civil, mestre e doutora em engenharia, diretora da NGI Consultoria e Desenvolvi- mento , entários, críticas Envie seus com as tem stões de perguntas e suge : na lu para esta co toria.com.br ngi@ngiconsul Norma de Desempenho: novo prazo? Até o dia 27 de outubro, encontra-se no site da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) a consulta pública do Comitê Brasileiro da Construção Civil (CB-02) daquela entidade, de adiar por 15 meses a exigibilidade de projetos de edificações pela Norma de Desempenho de Edificações até 5 Pavimentos, que deveria acontecer a partir de 12 de novembro. O resultado da consulta deverá ser analisado em reunião do CB-02 no início de novembro. Uma possibilidade é que, antes de 12 de novembro, a ABNT publique emenda àquela norma, adiando a exigibilidade. Neste caso, os trabalhos para a elaboração do projeto de alteração da norma já podem se iniciar e irão até por volta de 12 de maio de 2011. Nesse período, partes do texto seriam Setor debate se a exigibilidade de projetos deve ser adiada para 2012 reformuladas, realizando-se as correções e alterações cuja necessidade foi detectada pelo setor da construção nos últimos meses, num trabalho coordenado pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) com o SindusCon-SP e outras entidades representativas dos diversos elos da cadeia produtiva do setor. Nova consulta pública, sobre o novo texto alterado da norma, bem como a realização de eventuais emendas e a consolidação de sua redação final aconteceria nos quatro meses seguintes. Desta forma, a norma já com as alterações de conteúdo seria publicada ao redor de 12 de setembro de 2011. Na sequência, haveria novo prazo de seis meses para que os projetistas conheçam as alterações feitas. Assim, a exigibilidade de projetos de edificações pela nova norma aconteceria a partir de 12 de março de 2012, aproximadamente. No fechamento desta edição, o superintendente do CB-02 e membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, Carlos Borges, estava prestes a convocar reunião a fim de formalizar a Comissão de Estudos que elaboraria o projeto de emenda da norma. (Rafael Marko) Bauru faz sugestões de alteração cobertura. Ao mesmo tempo, o A diretoria da Regional documento estabelece regras Bauru do SindusCon-SP conde manutenção para os adquividou representantes de emrentes, ou seja, as empresas presas associadas, entidades que administram prédios e de classe e uma faculdade para condomínios. compor um Grupo de Estudos “A norma veio para cobrar sobre a Norma de Desempedas empresas qualidade em nho. Durante os debates, o todas as fases, do projeto e grupo identificou alguns pontos execução até os materiais conflitantes e encaminhou suempregados. Isso vai exigir um gestões de melhorias para os esforço de toda a cadeia da integrantes do SindusCon-SP construção para acompanhar que participaram da elaboração as novas determinações, que da NBR 15.575. vêm ao encontro das necessiO grupo, formado por memOs debates reuniram empresários, entidades, professores, prefeitura e Caixa dades do comprador. Ele adquibros da Regional Bauru do re um bem esperando que dure SindusCon-SP, prefeitura, Caimuitos anos”, afirmou o diretor xa, professores da Unesp e Ao longo dos debates, o grupo destada Regional Bauru, Renato Parreira. construtoras, realizou cinco reuniões, em cou as determinações que mais impactam Ele destacou, porém, que o grupo que foram analisadas, tópico a tópico, as diretamente o setor, regras que não exisidentificou pontos da norma que precisam seis partes do documento: requisitos getiam antes. Um exemplo é a determinação ser esclarecidos e outros que podem ser rais, sistemas estruturais, pisos internos, de uma vida útil mínima para o projeto, melhorados, resultando no documento vedações verticais, coberturas e instalaque estipula 40 anos para a estrutura, 13 com sugestões. (Sabrina Magalhães) ções hidrossanitárias. anos para pisos internos e 20 anos para REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 25 GESTÃO EMPRESARIAL Questão de Princípios Maria Angelica Lencione Pedreti * N a coluna anterior, introduzi o tema das mudanças contábeis e da necessidade de padronizar regras, para permitir a comparabilidade entre empresas do mesmo setor, em países diferentes, ou compreender melhor as operações das filiais de uma multinacional espalhadas pelo mundo. Hoje, abordarei alguns fundamentos dessa mudança, os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos que nortearão a transição de uma contabilidade local para uma globalizada. Isso permitirá ao administrador o melhor julgamento sobre como contabilizar determinada operação. Para existir uma contabilidade global, a regra, não restritiva, é con tabilizar a essência da operação, independente de alguma lei. Chamo isso de “a essência sobre a forma”. O primeiro é o Princípio da Entidade: a empresa é uma entidade jurídica independente dos sócios. Isto protege o sócio (seus bens não poderiam ser confiscados por conta de dívidas da companhia), e a empresa (os sócios não usariam os ativos dela em causa própria). É também o que norteia o conceito de Project Finance e o de constituição jurídica de companhias. O segundo, Princípio da Continuidade: a empresa é uma entidade perene, existirá além da existência dos sócios, sofrendo processos sucessórios, mudando de mãos even tualmente, mas sempre com vida infinita. Isso pressupõe que ela seja bem administrada, que seus profissionais percebam as mudanças e atualizem estratégia, tecnologia, produtos e os 28 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Ser uma entidade perene é a base para o mercado avaliar a empresa mercados a serem priorizados, para a companhia prover fluxos de caixa infinitos e, de preferência, crescentes. Este princípio é a base de tudo o que se conhece sobre avaliação de empresas, influenciando portanto os preços das ações e obviamente os retornos dos proprietários. Princípio da Competência: talvez o mais característico da contabilidade. Assume que as receitas competem (daí o nome) ao momento em que o produto foi entregue ou o serviço prestado, independentemente de quando aconteceram os pagamentos por isso. Da mesma forma, os custos ou despesas competem ao período em que o recurso (que estava no ati- vo) foi consumido e também assume que um custo ou despesa só pode ser incorrido para a obtenção de uma receita, que se confrontará com ele na Demonstração de Resultados. Neste sentido, é o princípio que revela o resultado da companhia. O Princípio da Equidade assegura que a contabilidade deva mostrar a verdade, sem a intenção de privilegiar ou proteger um ou outro stakeholder. É o princípio que norteia a contabilização da essência das operações sobre a forma (o que está na lei). Isto porque, em muitos países, existe uma lei contábil que sofre muita interferência de algum stakeholder mais poderoso, como o fisco, por exemplo: nesse caso, a contabilidade seguirá o que é determinado pela lei, independente de contrariar ou não refletir a essência da operação, e acabará por não fazer seu principal trabalho: o de informar a realidade aos stakeholders da companhia. Atrelada a este princípio, está toda a discussão de Disclosure (Transparência) e Governança Corporativa. Ainda muito próximo, o Princípio da Oportunidade garante que toda informação relevante chegue ao conhecimento de todos os stakeholders ao mesmo tempo e na primeira oportunidade, garantindo a todos a mesma chance na tomada de decisão. É o princípio que torna criminosa a prática da Informação Privilegiada. O Princípio da Integração garantirá que o resultado de uma companhia que investe em várias outras reflita tanto o resultado da matriz quanto o das investidas, esclarecendo ques- tões que poderiam, de outra forma, ficar obscuras aos stakeholders. Princípio da Quantificação dos Bens Patrimoniais: todo o patrimônio do ativo da empresa tem que ser quantificável. Implicitamente, ele assume: aquilo que está no ativo da empresa está sob seu controle (e isso ajuda a definir uma série de operações contábeis das empresas). Aliado a ele, estão o Princípio da Expressão Monetária –uma moeda deverá ser eleita para quantificar o patrimônio da companhia–, bem como o Princípio da Terminologia Contábil, o qual garante que a contabilidade seja compreendida por todo o qualquer stakeholder, especialista ou leigo, novamente, dando a todos a mesma oportunidade de informação, ou seja, reforçando a Equidade. Os Princípios de Periodicidade e Uniformidade garantirão que as informações de uma companhia sejam comparáveis ao longo do tempo, É preciso analisar o desempenho da companhia ao longo do tempo possibilitando uma análise temporal do desempenho da empresa. Finalmente, o Princípio da Prudência ou Conservadorismo norteará o julgamento profissional na contabilidade: quanto mais ela refletir a essência da operação, distanciando-se de alguma determinação formal, mais julgamento profissional será necessário para a tomada de decisão quanto aos registros contábeis e mais importante será que o controller conheça o negócio, registrando as operações da maneira mais fidedigna possível, facilitando a tomada de decisões gerenciais para todos os interessados. Neste sentido, quando mais equitativa a contabilidade se colocar, maior a exigência de prudência e menor a necessidade de conservadorismo. Nas próximas edições, discutiremos conceitos em cada ponto relevante, no Brasil e no resto do mundo, com o objetivo de ampliar nosso horizontes gerenciais. * Professora de Contabilidade e Finanças da FGV, mestra em Administração de Empresas, trabalha em Planejamento Estratégico , entários, críticas Envie seus com as stões de tem perguntas e suge : para esta coluna @fgv.br maria.lencione Calendário de treinamentos Dia 5, em São Paulo Técnicas de Apresentação em Público Dias 08, 09 e 10, em Bauru Educação Ambiental na Construção Civil Dia 5, em São Paulo Cadastro, Crédito e Cobrança Dia 9, em São Paulo ICMS na Construção Civil – Aplicação da Substituição Tributária Dia 8, em São Paulo Retenção Previdenciária Cessão de Mão-de-Obra e Empreitada Dia 9, em São Paulo Gestão de Resíduos na Construção Civil Dia 11, em São José dos Campos Contabilidade e Tributação na Construção Civil Dia 12, em São Paulo Valor do Dinheiro no Tempo (Matemática Financeira com uso da HP 12 C) Dia 12, em São Paulo Capacitação e Gestão em Segurança Contra Incêndio Dia 8, em São Paulo Controladoria e Gestão Econômica Dias 10, 11 e 12, em Campinas Educação Ambiental na Construção Civil Dia 16, em Bauru Como Evitar Autuações Fiscais na Construção Civil Dia 8, em Presidente Prudente Orçamento de Obras e Cálculo de BDI Dia 11, em Santos ICMS na Construção civil – aplicação da substituição tributária Dia 17, em São Paulo Os Contratos na Legislação Previdenciária Acesse www.sindusconsp.com.br e conheça o calendário completo de treinamentos NOVEMBRO 2010 Dia 18, em Guaratinguetá INSS na Construção Civil – Importantes Mudanças na Legislação Dia 18, em Campinas O Papel do Líder na formação de Equipes Comprometidas Dia 18, em São Paulo Consórcios PA, SPE e SCP na Construção Civil Estruturação de Negócios Imobiliários Últimas alterações na Legislação Tributária e Societária Dia 19, em São Paulo Entendento a NR 33 Espaços Confinados Dia 22, em Bauru Contabilidade e Tributação na Construção Civil Dia 22, em São Paulo As Novas Tendências da Execução e Fiscalização na Alvenaria Estrutural Dia 23, em São Paulo Contratos Built Suit Dia 23, em São José do Rio Preto Gestão de Resíduos na Construção Civil Dia 23, em São Paulo Análise de Crédito e Cadastro - Pessoa Física e Jurídica Dia 24,em São Paulo Guia Prático Previdenciário junto à Receita Federal Dia 25, em Presidente Prudente Técnicas de Vendas para uma Excelente Negociação Centro de Atenção ao Associado (11) 3334-5600 SEGURANÇA E SAÚDE Megasipat trabalha a cidadania Neste ano, a 11ª edição da Megasipat (Mega Semana Interna de Prevenção de Acidentes) do SindusCon-SP está batendo recordes de público e inovando. Além das recomendações habituais sobre prevenção de acidentes de trabalho e cuidados com a saúde, os trabalhadores participantes estão recebendo novos conteúdos. “Intensificamos uma agenda já iniciada em edições anteriores, com palestras voltadas a promover a cidadania e elevar a auto-estima dos trabalhadores”, relatam os vice-presidentes do SindusCon-SP Haruo Ishikawa (Relações Capital-Trabalho) e Maristela Honda (Responsabilidade Social). No evento, a se realizar na capital paulista em 1 de dezembro e que já está acontecendo nas nove regionais do interior, A exemplo de outras regionais, o evento reuniu número 50% maior de trabalhadores em Ribeirão Temas como doação de órgãos, violência doméstica e estresse são debatidos uma das novidades é a palestra sobre relacionamento pessoal, com ênfase na violência doméstica. A psicóloga Maria Cristina Martins de Camargo, do Centro Integrado da Mulher de Sorocaba, está debatendo com os trabalhadores a questão e apresentando a Lei Maria da Penha, que tipifica a violência doméstica e prevê a prisão do agressor. Outra novidade é uma palestra a cargo do Seconci-SP sobre doação de órgãos. No que se refere à prevenção de acidentes, o tema está sendo abordado em palestras e cenas teatrais sobre novos temas, como depressão e estresse. A prevenção em relação às drogas e às doenças sexualmente transmissíveis também está na programação, bem como os cuidados em relação à saúde bucal e à ergonomia. Há uma sessão de ginástica laboral e o Senai sorteia brindes aos participantes no final do evento. A realização é do SindusCon-SP, em parceria com Senai, Sesi e Seconci-SP. Inscrições para empresas associadas ao sindicato: [email protected] , tel. (11) 3334-5662 na capital, ou com as Regionais no interior. Evento tem público recorde em Ribeirão Realizada em setembro, a 11ª edição da Megasipat bateu recorde de público em Ribeirão Preto, reunindo no Senai cerca de 250 trabalhadores, número 50% maior do que no ano passado. 32 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Participaram da abertura solene o diretor da Regional Ribeirão Preto, José Batista Ferreira; o diretor do Senai, Reginaldo Dias de Souza; o gerente da Unidade Ribeirão Preto do Seconci-SP, Aguinaldo Silva; o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil no município, Carlos Miranda; o diretor do Sesi, Sula Ferreira, e o superintendente da Guarda Municipal, André Luiz Tavares, que representou a prefeita Dárcy Vera. No evento, os trabalhadores passaram gratuitamente por exames clínicos, como de glicemia, acuidade visual, pressão arterial (foto) e hepatite C, realizados pelas equipes do Seconci-SP e do Centro Universitário Barão de Mauá. Também participaram de palestras, apresentações e jogos educativos, sempre com o foco na prevenção de acidentes e segurança do trabalho. “Nosso objetivo é os trabalhadores que participam da Megasipat se tornarem multiplicadores das práticas de prevenção em suas empresas, repassando aos companheiros as políticas de segurança e saúde, contribuindo para o desenvolvimento responsável e seguro de suas funções”, afirmou o diretor da Regional. (Marcio Javaroni e Ana Paula Popolin) Sorocaba reúne 420 trabalhadores A 11ª Megasipat promovida pela Regional Sorocaba do SindusCon-SP reuniu em setembro 420 trabalhadores que participaram das diversas atividades voltadas à saúde e segurança no trabalho. O encontro, em parceria com Senai, Sesi, Seconci e apoiadores, foi realizado no Sesi. Teve início com exames de saúde. Neste ano, pela primeira vez foi incluído o específico para hepatite C. Um caso foi detectado e o trabalhador encaminhado para atendimento médico. Após o café da manhã, os participantes assistiram a palestras que trataram de temas como higiene, moléstias infectocontagiosas e segurança na construção civil, entre outros. Depois do almoço, tiveram prosseguimento as atividades, que incluíram dinâmica de grupo, com o objetivo de socialização. De acordo com Ronaldo de Oliveira Leme, diretor da Regional Sorocaba do SindusCon-SP, a Megasipat é de funda- Funcionários participam de uma atividade em Sorocaba. No destaque, Julio Cesar de Souza Martins, diretor do Sesi; Ronaldo de Oliveira Leme e Jocilei de Oliveira, diretor do Senai mental importância para transmitir conhecimentos e técnicas sobre a prevenção de acidentes de trabalho, conscientizar os trabalhadores sobre diversos outros temas, como saúde e higiene, além de incentivar a integração. (Nerli Peres) Em Santo André, participação expressiva A 11ª Megasipat, realizaO diretor do Sesi, Sérgio da em setembro em Santo Moretti, falou sobre o papel André, foi um sucesso e dos trabalhadores como multeve a participação de 268 tiplicadores dos ensinamentos trabalhadores, que lotaram o aprendidos. “Temos de consauditório do Sesi Theobaldo truir para evoluir, transformar, de Nigris. conscientizar e crescer.” Na abertura do evento, O diretor do Senai, Jorge o vice-presidente de RelaJosé Nunes, enfatizou que a ções Capital-Trabalho do Megasipat é um momento de SindusCon-SP, Haruo Ishireflexão. “Temos de pensar kawa, ressaltou o aumento em segurança todos os dias, do número de trabalhadores Ishikawa (ao centro) na abertura do evento que reuniu 268 trabalhadores no ABCD incorporar os procedimentos que têm comparecido. “Isso necessários na nossa rotina e é sinal de que nosso esforço sempre usar os equipamentos Para o diretor da Regional Santo André está dando resultado. A construção está de proteção.” do SindusCon-SP, Paulo Piagentini, com em grande evolução, estamos contratando Com o tema “Construir para Evoluir”, o aumento do número de obras e dos de 9 mil a 10 mil trabalhadores por mês só a Megasipat tem como objetivos incentifuncionários da construção civil, eventos no Estado de São Paulo, e a prevenção de var a prevenção de acidentes, estimular como este passaram a ser indispensáveis doenças e de acidentes nos canteiros de a produtividade e integrar empregados e para incentivar ainda mais a segurança nos obras é muito importante.” empregadores. (Sueli Osório) canteiros de obra. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 33 MOTIVAÇÃO O desafio dos trainees Pedro Luiz Alves * A lgumas décadas atrás, o mercado não exigia dos calouros recém contratados, em seu primeiro emprego, tantas competências como hoje. Para muitas funções, bastava boa vontade, ótima apresentação, algum grau de instrução e uma habilidade, como datilografia. Olhando para os membros da nova geração Y, penso em como nós, das gerações anteriores, éramos felizes e não sabíamos! Chego a ficar extenuado e sem energia só de pensar em como os jovens de hoje são velozes percorrendo o trajeto profissional –que não possui linha de chegada– na conquista diária de novas habilidades organizacionais, visando ser alguém em um mercado cada vez mais competitivo e estreito. Para exemplificar o modelo da juventude que está ingressando nas empresas, recentemente conduzi um exercício de treinamento, com um grupo de novos trainees, com o propósito de iniciar o desenvolvimento deles no modelo de gestão organizacional. Após dois dias de discussões intensivas sobre as principais competências de liderança do mundo corporativo, descobri que eles eram carentes e não sabiam lidar, principalmente, com as habilidades relacionadas às questões comportamentais. O grupo de jovens era sublime em sua capacidade de interpretar os dados, possuía uma facilidade enorme em produzir resultados, inovar e negociar posições. Porém, quando exigidos a utilizarem suas habilidades na orientação das pessoas, na ação como facilitadores do processo e, principalmente, como participantes de uma equipe, eles demonstravam bastante dificuldade, diferentemente dos modelos 34 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Nova geração traz muitas habilidades mas tem déficit no trabalho em equipe organizacionais anteriores, nos quais o companheirismo às vezes ajudava muito na conquista de oportunidades e no aprendizado. Lógico, eles cresceram aprendendo em um mundo onde as pessoas possuem a necessidade de olhar para frente, focar no futuro e competir com todos, por um espaço cada vez mais escasso nas hierarquias e ciclos organizacionais, enquanto no passado era dado muito mais tempo para aprender, fazer e errar. As escolas ensinam e eles aprofundam seus conhecimentos e habilidades no mundo virtual, nas redes sociais, onde a interação humana é cada vez mais usual, por meio do ato de “teclar” do que mediante a utilização dos sentidos. Além disso, há o distancia- mento da família, pois o modelo hoje é de pais com menos filhos e menos tempo para acompanhar a educação dos jovens. Consequentemente, ao transferir esse modelo de educação e relacionamento para o mundo corporativo, afirmo que teremos empresas cada vez mais focadas e assertivas na busca por resultados, porém, em sentido oposto, também, teremos cada vez mais individualismo, insensibilidade, arbitrariedades, rigor, muito menos participação espontânea, compromisso, apoio uns com os outros e obviamente motivação das pessoas. É muito triste concluir que em um mundo tão evoluído, temos de imaginar corporações tão diferentes daquelas que tínhamos, no que se refere às relações humanas. Gostaria de deixar uma reflexão para unir as convicções modernas, onde se buscam essencialmente resultados, com o passado, quando havia essa preocupação, porém existia também mais contato humano, quando as pessoas se olhavam nos olhos, aprendiam mais vendo fazer do que consultando o mundo das redes virtuais. Acredito que haverá um momento em que um ajuste será inevitável e ele passará pelo resgate do uso mais adequado e humano do tempo, da prática do conhecimento e, principalmente, da compreensão de si mesmo e das relações. Administrador, consultor de RH e diretor da ASTD-Brasil – American Society for Training and Development , entários, críticas Envie seus com as tem de stões perguntas e suge : na lu co para esta r nsultoria.com.b pedro@acaoco Encontro debate formação do engenheiro pela Poli-USP A necessidade de aproximar a formação do estudante de engenharia da realidade das construtoras foi a tônica de reunião em que membros da Diretoria do SindusCon-SP receberam um grupo de professores da Escola Politécnica da USP (Epusp), em setembro, na sede do sindicato. No encontro, o coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, Paulo Sanchez, destacou que “a formação do engenheiro precisa levar em conta a necessidade de ele gerenciar a produção de empreendimentos”. Segundo ele, a inclusão de novas tecnologias no currículo, como o BIM (Building Information Modeling), são fundamentais. O consultor e colunista da revista Notícias da Construção, José Carlos de Arruda Sampaio, sustentou no encontro que o curso da Poli forma bons projetistas, mas é inadequado para o engenheiro que vai trabalhar como “tocador de obra”. “As empresas vem demandando outro tipo de profissional, que hoje consiga calcular um guarda-corpo ou uma bandeja; que conheça a logística dos materiais e domine o ritmo de trabalho no canteiro”, apontou. “Isso sem falar nas questões jurídicas, de responsabilidade civil e criminal”, emendou Maurício Bianchi, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP. Para Sampaio, o curso de engenharia deveria se assemelhar ao de medicina, que se baseia em especialidades: após um tempo de formação básica, o aluno da Poli-USP poderia se especializar por segmentos: empreendimentos imobiliários, obras de saneamento básico, estradas, edificações comerciais e industriais etc. “Precisamos ver o futuro. Ao longo dos próximos dez anos, o Brasil precisará fazer 1,5 milhão de casas por ano, isso sem falar em obras de infraestrutura. Este horizonte é que dimensionará a necessidade de novos profissionais nas obras”, ponderou Sergio Watanabe, presidente do SindusCon-SP. “Hoje já remuneramos melhor o engenheiro que a indústria, mas não estamos recebendo o profissional de que precisamos”, completou Paulo Sanchez. Diretrizes A discussão do SindusCon-SP com representantes da Poli sobre o perfil do curso universitário de Engenharia Civil foi suscitada pela reformulação da grade curricular em curso na universidade, que deve ser implementada em 2012. Os professores, integrantes de um grupo que estuda as possíveis alterações, colocaram à disposição do sindicato as linhas básicas dessa reformulação e se abriram a receber sugestões para aperfeiçoá-la. “Estamos discutindo as diretrizes da estrutura curricular futura, mas acreditamos que conversar com a sociedade é muito importante”, ressaltou o diretor da Poli, José Roberto Cardoso. Mercado pede perfil mais amplo na formação de novos profissionais na USP O presidente da Comissão de Graduação, Paul Jean Jeszensky, reconheceu que “o mercado tem exigido coisas que ainda não estão sendo atendidas”. Segundo ele, a universidade vem tendo a assessoria de um grupo de consultores externos para ajudá-la a pensar a questão. “Nossa proecupação é definir qual o perfil de um engenheiro moderno, não só para atuar na produção mas também na gestão da obra”, afirmou o professor Orestes Gonçalves. “Além do perfil técnico, precisamos começar a dar atenção também ao lado gestor do engenheiro”, completou o professor José Antonio Siqueira, do Departamento de Estruturas e Geotécnica da Poli-USP. Também participaram, pelo SindusCon-SP, o superintendente Antonio Laskos; o engenheiro Francisco Sanchez e o conselheiro Roberto José Falcão Bauer. Pela Epusp, esteve presente ainda o professor Francisco Cardoso, coordenador da Comissão de graduação e da Engenharia Civil. (Nathalia Barboza) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 35 SINDUSCON-SP EM AÇÃO Áreas contaminadas obtêm consenso O SindusCon-SP, o Secovi-SP, a Cetesb e a Câmara Ambiental da Indústria da Construção Civil da Cetesb estão totalmente alinhados na necessidade da adoção de uma série de ações visando à simplificação de procedimentos para obter um fluxo mais eficiente no trabalho de revitalização de áreas para a incorporação imobiliária em São Paulo. Este foi o resultado da visita feita pelo setor ao presidente da Cetesb, Fernando Rei, em setembro. Participaram os presidentes do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, e do Secovi-SP, João Crestana; o vice-presidente de Meio Ambiente do SindusCon-SP e coordenador da Câmara Ambiental da Indústria da Construção da Cetesb, Francisco Vasconcellos; o coordenador do GT Vasconcellos: mais eficiência na revitalização de Pós-Obra do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, Fábio Villas Boas; o vice-presidente do Seco Bianchi debate sustentabilidade O vice-presidente de Tecnologia e Qualidade, Mauricio Bianchi, participou como palestrante da Semana da Engenharia da Universidade Mackenzie, sobre o tema da Sustentabilidade. Ao falar para cerca de 300 alunos, ele relatou as ações de sustentabilidade do Comitê de Meio Ambiente (Comasp), as ações do CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade), bem como os manuais elaborados pelo SindusCon-SP sobre as questões relativas ao meio ambiente. Políticos fazem visita ao sindicato O deputado federal Marcelo Ortiz (PV-SP); o secretário municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Marcos Belizário, também vice-presidente estadual do PV; e o secretário adjunto desta Secretaria, Antonino Grasso, foram recebidos em reunião da Diretoria do SindusCon-SP em setembro. Vieram acompanhados dos conselheiros do sindicato Mauricio Guimarães e Antonio Roberto Machado Suguiyama. Ortiz discorreu sobre os projetos de sua autoria, em tramitação no Congresso, que 36 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO penalizam litigantes de má fé na Justiça do Trabalho e autoridades que criem obstáculos ao exercício profissional da profissão de advogado. Belizário trouxe uma saudação do prefeito Gilberto Kassab e anunciou que a Prefeitura de São Paulo deverá colocar em prática os resultados de seminário sobre acessibilidade realizado no ano passado no SindusCon-SP. Na mesma data, o presidente do sindicato, Sergio Watanabe, recebeu a visita do vereador Jamil Murad (PC do B). vi-SP, Ely Wertheim, e a coordenadora das Câmaras Ambientais da Cetesb, Zoraide Senden Carnicel. Os visitantes manifestaram a preocupação do GT de Áreas Contaminadas da Câmara Ambiental da Construção na adoção de ações, como treinamentos e melhoria de informações para aumentar a eficiência na revitalização daqueles terrenos. O presidente da Cetesb afirmou que a companhia trabalha com o mesmo foco, destacando a importância da iniciativa privada, por ser ela a responsável pela recuperação e devolução à sociedade das áreas referidas. Rei também reforçou a relevância da Câmara Ambiental da Construção para propor ações conjuntas com esse objetivo. Selo Azul da Caixa tem apoio Tratar a questão da sustentabilidade ambiental na construção civil hoje é tão importante como foram no passado as questões relacionadas à qualidade, quando se iniciaram as certificações ISO e PBQP-H. Por isso, o SindusCon-SP apoia iniciativas como o Selo Azul da Caixa, assim como faz em relação às demais iniciativas relacionadas à construção sustentável. As afirmações foram feitas pelo representante do SindusCon-SP junto à Fiesp, João Claudio Robusti, ao representar o presidente do sindicato, Sergio Watanabe, na apresentação do Selo Azul feita pela Caixa, em setembro, no Secovi-SP. Na ocasião, o vice-presidente da Caixa, Jorge Hereda, informou que a instituição está estudando a adoção de estímulos para as empresas que quiserem a certificação voluntária. O setor pede incentivos para as construtoras que aderirem ao Selo. Robusti prepara Construbusiness O ex-presidente do SindusCon-SP e atual representante do sindicato junto à Fiesp, João Claudio Robusti, está coordenando a parte de habitação da 9ª edição do Construbusiness, que se realizará em 29 de novembro, naquela federação. O tema é um dos escolhidos pelo Departamento da Indústria da Construção da Fiesp para a formulação de projetos a serem apresentados no evento e encaminhados aos candidatos eleitos ao governo federal, estadual e às duas esferas do Legislativo. Para sistematizar os estudos e as propostas, Robusti conta com a assessoria da coordenadora de projetos da FGV, Ana Maria Castelo. Para a edição 2010, o Construbusiness também elegeu a área de infraestrutura como prioritária. A comemoração dos 75 anos do SindusCon-SP deverá acontecer em um grande evento, no dia 30 de novembro, no Terraço Daslu, em São Paulo. A festa será exclusivamente para autoridades e outros convidados da Diretoria do sindicato, e para os representantes das empresas e entidades participantes do livro comemorativo dos 75 anos da história do SindusCon-SP, e seus convidados. Segundo o vice-presidente de Marketing, Delfino Paiva Teixeira de Freitas, estão programados uma abertura solene, com a participação de autoridades; um coquetel e um show artístico. Haverá pronunciamentos do presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, e dos ex-presidentes e membros vitalícios do Conselho 21.05.10 09:38 Consultivo Julio Capobianco, Eduardo Capobianco, Sergio Porto, Artur Quaresma Filho e João Claudio Robusti. Cada empresa ou entidade participante do livro terá direito a quatro ingressos para o evento. Ao final, um exemplar será oferecido a cada convidado. Page 1 mcason nambei-anuncio_205x140mm:Layout 1 Festa será em novembro A Nambei investe em modernos laboratórios e tecnologia, garantindo uma produção com qualidade e excelência no atendimento. VENDAS 0800 161819 [email protected] Avenida Ibirapuera, 2033 | 14º andar | São Paulo SP Tel (11) 5056.8900 | Fax (11) 5051.0067 / 5051.4122 www. nambei.com.br OS FIOS E CABOS NAMBEI SÃO PRODUZIDOS COM COBRE ELETROLÍTICO 99,99% DE PUREZA JURÍDICO Questionamento descabido Renato Romano Filho * O processo de subcontratação de trabalhadores se insere na atividade econômica da construção de forma cada vez mais incisiva. Podemos afirmar que essa inserção não decorre apenas da lei, já que, tratando-se de construção civil, há expressa autorização no artigo 455 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) para tanto. Ela decorre também da própria dinâmica da atividade econômica. Não seria demais afirmar que, neste caso, sabiamente a lei respeitou a dinâmica da atividade econômica. Estudo realizado pelo Departamento de Pesquisa e Análise de Mercado da Pini em obras do Município de São Paulo demonstrou que a atividade da construção civil depende da subcontratação. O percentual de subempreiteiros contratados em uma obra, da fundação ao acabamento, atingiu 95% dos canteiros pesquisados. No entanto, por que os serviços são cada vez mais terceirizados? A construção civil vem passando há alguns anos por acentuada transformação. Isso se deve não apenas a novas metodologias construtivas como também à execução de serviços cada vez mais especializados. Estes acabam, inevitavelmente, resultando no surgimento de empresas especializadas. Em uma obra, várias empresas fornecem serviços específicos que se agregam ao produto final. Isso também ocorre na indústria automobilística. No entanto, muito embora a terceirização na construção civil esteja prevista em lei, sua utilização vem sendo questionada pelo Ministério Público do Trabalho em algumas localidades. São vários os 38 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Terceirização na construção civil é legal e consta da convenção coletiva casos de empresas convocadas com o propósito de firmarem Termo de Ajuste de Conduta para não mais terceirizarem serviços. Se aceitarem, serão seriamente comprometidas no exercício da atividade econômica em razão da total dependência do setor à subcontratação. Dia desses, em uma audiência pública convocada pelo Ministério Público do Trabalho em Araraquara para tratar de questões envolvendo a saúde e a segurança do trabalhador da construção civil –um trabalho extraordinário, diga-se, realizado pelo Ministério Público e que conta com o apoio irrestrito do SindusCon-SP–, fomos surpreendidos pela afirmação de uma autoridade presente no sentido de que a cláusula décima das convenções coletivas de trabalho assinadas pelo SindusCon-SP com os diversos sindicatos de trabalhadores do Estado estaria incentivando a informalidade, justamente por estabelecer regras para a terceirização de serviços. Ao contrário do afirmado, a cláusula é parte do esforço de trabalhadores e empregadores para inibir a informalidade. Talvez tenha faltado à autoridade a compreensão de que a cláusula em questão, redigida a quatro mãos pelas partes que mais conhecem as peculiaridades do setor, foi concebida precisamente com o objetivo de se evitar a fraude na terceirização. Ao que parece, o Poder Público, no exercício de suas atribuições e no legítimo interesse de proteger trabalhadores e impedir que irregularidades sejam cometidas, às vezes acaba involuntariamente extrapolando suas prerrogativas e gerando insegurança jurídica. E nem se pense em criar novas regulamentações para impedir a ocorrência de fraudes. A regulamentação em excesso não inibe a fraude e ainda acarreta mais insegurança jurídica. Todos os elementos legais para punir quem frauda contratações e prejudica o trabalhador já se encontram à disposição no nosso ordenamento jurídico para serem aplicados. * Advogado, sócio da Romano, Carvalho Santos e Oliveira, assessor jurídico do SindusCon-SP e membro do Conselho Jurídico da entidade ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna onsp.com.br sc du romano@sin regionais Santo André forma 527 profissionais setor, com a qualificação de Em cerimônia realizada mão de obra.” no Centro Público de EmO diretor do Senai, Jorge prego, Trabalho e Renda de José Nunes, reforçou a imSanto André, foram entreportância do convênio. “Regues mais 527 certificados cebemos a demanda dos dos cursos profissionalizandois lados. Os desempretes da construção civil ofegados muitas vezes não têm recidos gratuitamente pelo qualificação mas querem convênio SindusCon-SP/ emprego. Por outro lado, as Senai, em parceria com a empresas buscam profissioSecretaria de Desenvolvinais. Nossa preocupação é mento Econômico e Trabaatender àqueles que precilho de Santo André. sam de qualificação”, disse. Participaram do evento O pedreiro Aldecir Belmio prefeito de Santo André, ro da Silva, 55 anos, formouAidan Ravin; o secretário se eletricista. Ele afirmou de Desenvolvimento Econô- Diego Silva e Paulo Brito, do Senai; o prefeito Aidan Ravin; a coordenadora da Regional Santo André do SindusCon-SP, Ivone Teixeira, e Jorge Nunes que o curso enriqueceu muimico e do Trabalho, Edson to seus conhecimentos na Para o diretor da Regional Santo S. Melo; o presidente da área. “Atualmente, estou trabalhando André do SindusCon-SP, Paulo PiaCâmara Municipal, Sargento Juliano; como autônomo, fazendo manutengentini, este é mais um exemplo de o então diretor do Departamento de ção em residências, e também faço sucesso da parceria entre a Prefeitura, Geração de Trabalho, Emprego, Quainstalações elétricas. Agora, sinto-me o sindicato e o Senai. “Trabalhando lificação e Renda, Hernán Maximilian mais preparado e vou trabalhar com juntos, trazemos ótimos resultados R. de Vilar, e o diretor do Senai local, segurança.” (Sueli Osório) para a população e as empresas do Jorge José Nunes. Membros do ConCidade tomam posse Os 40 conselheiros do Conselho da Cidade e do Meio Ambiente de São Bernardo do Campo (ConCidade) tomaram posse na Universidade Metodista. A Regional Santo André tem como representante titular no conselho o associado João Luís Raíza, e como suplente o associado Ricardo Di Folco. Para o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, a constituição do ConCidade reforça o processo de participação cidadã e democrática no município. “Essa é uma iniciativa fruto de um processo altamente participativo. Fizemos várias reuniões para a formatação do projeto de lei, aprovado em março Raiza, Marinho e a secretária da Habitação, Tássia Regino 40 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO deste ano pela Câmara Municipal, que culminou com a eleição dos conselheiros em julho.” Segundo João Luís Raíza, o principal trabalho do conselho será fazer alterações no Plano Diretor do município e criar o código de obras, que a Prefeitura pretende aprovar na Câmara Municipal até maio de 2011. O conselho é responsável pela condução da política urbano-ambiental, que compreende as áreas de planejamento e gestão do solo urbano, mobilidade urbana, habitação, saneamento e gestão ambiental. (SO) Bauru contesta ISS Parecer jurídico do SindusCon-SP foi enviado à Prefeitura de Bauru, contestando a recente legislação municipal que elevou consideravelmente o ISS da construção naquele município, ao incluir na base de cálculo do tributo os custos com os materiais e os valores dos serviços das subempreiteiras já tributados. O parecer argumenta que a alteração fere a Lei Complementar 116/03 e o Decreto-Lei 406/68. Segundo essa legislação federal, o valor dos materiais fornecidos pelo prestador de serviços não pode ser computado na base de cálculo, e os valores das subempreiteiras devem ser deduzidos dessa base. Enviaram o documento à Prefeitura, solicitando a revisão imediata da legislação municipal, a Regional Bauru do SindusCon-SP, a Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Bauru (Assenag), o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), o Secovi-SP e o Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (Seesp). Segundo o diretor da Regional, Renato Parreira, “além de alterar a forma de cálculo do ISS, a Prefeitura ainda dificultou a obtenção do Habite-se. Não basta o imóvel estar tecnicamente habitável, ele só é liberado após o pagamente do imposto que foi elevado. Essas alterações tão impactantes foram feitas sem consulta às partes mais interessadas. Seria necessário conversar com as entidades do setor antes de aprovar qualquer modificação nas leis que regem a construção civil, um dos principais geradores de emprego e renda do país.” (Sabrina Magalhães) Romano e Ribeiro analisam cobrança indevida Jurídico orienta sobre o tributo em Prudente A cobrança indevida do ISS foi abordada pelo assessor jurídico do SindusCon-SP Renato Romano, em reunião realizada em setembro com a diretoria da Regional Presidente Prudente. Para o diretor da Regional, Gustavo Ribeiro, os esclarecimentos dados foram relevantes. Além dele, participaram da reunião o conselheiro Norton Guimarães Carvalho e representantes de empresas associadas. (Homero Ferreira) Rio Preto capacita mestres de obras Diariamente o pedreiro Luis Francisco Gomes Martins, 57 anos, sai da obra e junto com outros 30 profissionais participa à noite do curso “Mestre de Obras”, organizado pela Regional São José do Rio Preto do SindusCon-SP em parceria com o Senai. Luis conta que o esforço vale a pena. Ele trabalha há mais de 40 anos na construção civil, e recentemente decidiu capacitar-se em busca de empregos mais estáveis e com maiores benefícios. “Pretendo entrar numa firma grande e por isso tenho que juntar a minha experiência de trabalho com a parte do conhecimento de matemática e cálculos que estou aprendendo aqui.” A classe do professor Edson Xavier Torres está sempre lotada. O curso ajuda quem já tem experiência a visualizar São José lança CompraCon-SP A Regional São José dos Campos promoveu em setembro evento de lançamento festivo da CompraConSP (Associação de Compras da Construção Civil no Estado de São Paulo). Para coordenar as operações locais desta entidade, o empresário Marco Aurélio Vituzzo aceitou convite trazido pelo diretor executivo, Robson Colamaria, representando o presidente Alexandre Oliveira. Três convênios já foram fechados especificamente para as empresas na região, com os fornecedores Konesp, JM Center –distribuidor da Tigre, e Kimafer. Na ocasião, o diretor da Regional, José Roberto Alves, lançou a revista Notícias da Construção Regional São José dos Campos, distribuindo exemplares da primeira edição aos empresários presentes. 42 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO melhor o que está fazendo no canteiro de obras. Segundo Edson, os alunos são experientes, muitos com mais de 20 a 30 anos de profissão. “Ao entender o processo teó rico, o profissional pode corrigir algumas estruturas que ele faz de forma incorreta, o que inclusive aumenta a segurança de todos”, afirma. Vários alunos do curso têm mais de 20 anos de profissão O encanador Dorival Felício Martins, de 43 anos, acredita construção, passando também por que o curso, mais que uma oportunidacomo administrar pessoal, o comporde de aprender, é uma chance de metamento correto na obra. Está sendo lhorar na vida. “Tudo é bem explicativo muito bom.” e mesmo eu, que sei bem hidráulica, (Ester Mendonça e Ana Ligia estou aprendendo muito mais sobre a Paschoaletti) Curso aborda orçamento A Regional São José do Rio Preto do SindusCon-SP, em parceria com a Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Rio Preto (AEAASJRP), realizou em 20 de setembro o curso “Orçamento de Obras e Cálculo de BDI”. O engenheiro e consultor Maçahico Tisaka apresentou os principais fundamentos técnicos e legais básicos para aqueles que lidam com custos, orçamentos de obras e licitações públicas, e as novidades para este setor. Participaram engenheiros, arquitetos orçamentistas, diretores de obra, diretores de planejamento e comercial, e gerenciadores de obra. De acordo com Maçahico, “o curso é muito importante para atualizar os conhecimentos. Houve muitas mudanças na área de orçamentos nos últimos 20 anos. Um dos exemplos são as despesas indiretas que compõem o BDI, as quais passaram, por força de leis, para o setor de custos e isso levou a uma alteração acentuada.” Para o consultor, os alunos buscam a atualização em função das mudanças, principalmente na legislação e na metodologia do cálculo de obra. “Hoje a profissão de orçamentista está mais procurada e mais valorizada. Engenheiros, arquitetos e agrônomos podem se tornar orçamentistas. Nas faculdades não existem cursos específicos de atualização como este para capacitar os profissionais.” Segundo Artur Gonçalves, diretor da Jagoar Construção Civil, “a iniciativa do SindusCon-SP em oferecer o curso é muito importante para o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos profissionais”. De acordo com Silvia Paola Barros Zeinum, engenheira orçamentista da Rodobens, “as explicações foram bem detalhadas e as dúvidas, esclarecidas. Para os iniciantes. é fundamental assistir ao curso; os que já trabalham no tema se reciclam e conhecem as novas leis”. (EM e ALP) Regional Campinas inaugura nova sede Para marcar a inauguração de seu novo escritório, a Regional Campinas do SindusCon-SP reuniu sua diretoria num brinde especial em setembro. Após reunião em que vários assuntos foram discutidos, os integrantes da Regional saudaram o novo espaço que oferece mais conforto aos associados e melhores condições para a realização de eventos e cursos. O escritório, localizado no Condomínio Praça Capital, em Campinas, foi planejado e adaptado para que o associado tenha um ambiente agradável e seguro para suas visitas e reuniões. O diretor da Regional, Luiz Cláudio Amoroso, falou da alegria de ter um sonho realizado com o novo escritório e da satisfação em oferecer um espaço maior Ribeirão inicia copa de futebol A Regional Ribeirão Preto deu início a um de seus eventos anuais mais festejados e tradicionais: a 11ª Copa Cimento Itaú SindusCon-SP de Futebol. Neste ano, são 14 as empresas que montaram times de funcionários pela disputa do campeonato: Base Fundações, Construtora Pagano, Stéfani Nogueira, Copema, Costallat Engenharia, CP Construplan, Goldfarb, Habiarte Barc, Jábali Aude, MCI Maistro, Perdiza Villas Boas, Rodrigues Barizza, Simioni Viesti e SondoBase. A competição deverá seguir até novembro, com jogos aos sábados pela manhã e confraternização entre os participantes após cada rodada. (Marcio Javaroni e Ana Paula Popolin) e mais equipado aos associados. “É um local moderno e reflete o espírito do SindusCon- Amoroso (esq.) e o vice Paulo Batistella (ao centro), na inauguração SP”, disse, ressaltando que espera receber a visita de todos desperdício de recursos, eficiência na os associados no novo endereço, transmissão de dados e segurança onde terão uma atenção merecida e patrimonial. um espaço adequado para a discusO condomínio é corporativo e já são de temas relacionados ao setor. conta com várias empresas associadas Localizado à av. José Rocha no mesmo local. Bondim, 214, Edifício Milão, Sala O novo escritório conta também 111, o escritório foi dimensionado com uma área maior e uma distribuição para o conforto do associado, já que de espaços devidamente planejada. está em um condomínio denominado O auditório multiuso, já equipado com inteligente, moderno e funcional, com tecnologia para a realização de cursos, cabeamento estruturado de energia conta agora com um espaço que comelétrica e internet e com o uso de porta 40 pessoas. alta tecnologia para diminuição do (Vilma Gasques) marketing Reter cliente não é irritá-lo Antonio Jesus de Britto Cosenza * O professor Raimar Richers, 1926/2002 (Eaesp/FGV), afirmava ser marketing uma disciplina voltada a entender, para atender e reter o cliente. É, no fundo, uma grande orelha – EAR. A premissa é: “Se você tem um cliente, você tem um negócio”. O cliente é a razão de ser de qualquer atividade econômica. Para ele devem ser desenhados os produtos e hoje, até com participação ativa dele, são planejados e lançados no mercado. O que ele busca, como benefícios, dará origem à estratégia de posicionamento da marca e aos conceitos criativos das campanhas de comunicação, por meio de redes sociais ou de mídias de massa. Atender as expectativas é “o nome do jogo” para a obtenção de uma vantagem diferenciada dos seus concorrentes. Desta forma trabalham nossas empresas produtivas. Mas tudo isso não parece existir nas empresas de serviços que atuam no Brasil, entre elas as de telefonia, cartões de crédito, bancos e provedores de internet. Elas tentam a qualquer custo evitar a perda de seus clientes. Louvável tentativa, desde que não leve o cliente a se exasperar com discursos abusivos de venda persuasiva. Quem já tentou cancelar uma linha de telefonia fixa, um cartão de crédito, uma assinatura de internet sabe do que estou falando. E as instituições financeiras? Com todas as aquisições, fusões e incorporações realizadas, sobram a nós, reféns, poucas alternativas de facilitadores de negócios, ou bancos, como são conhecidos. Devemos nos conformar com o que nos é proposto ou abrir uma conta em outra 44 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Usemos o direito de denunciar o marketing que nos assedia instituição, mesmo tendo sido clientes por mais de vinte anos. Se a sua conta é de pessoa jurídica e o banco decidiu que aquela agência não mais terá contas desse tipo, caberá a você comunicar a todos os seus clientes os novos números de agência e conta corrente aberta em outra instituição. Você terá um novo gerente, que precisará cumprir as metas de vendas e fará ofertas irrecusáveis de um título de capitalização e de um seguro de vida. E tudo em nome de uma economia mais saudável e de um marketing mais eficaz, com maiores comodidades para os clientes reféns. Tudo é feito em nome e sob as bênçãos de marketing. Mas que marketing é esse que não leva em conta as expec- tativas dos clientes e que, em vez de se relacionar amistosamente com os seus mercados, assedia-os e os ameaça? Que marketing é esse que pressiona com metas inatingíveis as equipes comerciais a ponto de levá-las a atitudes desrespeitosas, agressivas e mal educadas? Que irrita e agride os clientes em vez de entendê-los e atendê-los? Há uma inversão completa de valores, ou mesmo uma inexistência de valores que pode ser fruto da ignorância atrevida sobre os conceitos ou, mais provavelmente, fruto da impunidade permissiva de um país que é o 58º classificado no ranking da competitividade global, vergonha para as escolas de negócios. Necessitamos de um processo educacional. Não temos nenhuma instituição de ensino entre as cem primeiras colocadas no mundo. Somos uma ilha de terror, violência, corrupção, desmandos políticos, agressões às ainda frágeis instituições democráticas, mas consumista e feliz por assim ser. As leis que aqui existem não “pegam como lá”. Não temos uma orelha ou orelhas prontas a identificar oportunidades de mercado, mas ouvidos surdos e desafinados prontos a irritar os clientes com atitudes arrogantes, agressivas e invasivas. O direito ao exercício da cidadania virou piada até em âmbito federal. Só nos resta denunciar. Ainda nos resta o jus sperniandi. Façamos, pois, uso dele. * Consultor de empresas e professor da EAESPFGV e da BBS ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna om.br aeassociados.c nz se co a@ cosenz PREVENÇÃO E SAÚDE Rolando na esteira Mario Antonio Gualtiero Mallamo * D efinir o conceito de vida saudável não é fácil. Para alcançá-la, é preciso combinar diversos fatores, como alimentação equilibrada, atividade física frequente e prevenção de doenças. No Brasil, as doenças cardiovasculares são, há mais de 30 anos, a primeira causa de morte, sendo responsáveis por um terço do total de óbitos, matando um brasileiro a cada dois minutos. Respondem também por 15,5% das internações realizadas pelo SUS em indivíduos na faixa de 30 a 69 anos, sendo classificadas como acidente vascular encefálico, derrame e infarto agudo do miocárdio. Nas próximas décadas, estima-se que esses números devam crescer, devido ao aumento da idade média da população, consequência da maior sobrevida do brasileiro –a expectativa de vida em 1980 era de 59,7 anos para o homem e 65,7 anos para a mulher, e hoje é de 67,6 e 75,2, respectivamente. A perspectiva é de que, em 2025, nosso país terá a sexta maior população de idosos do mundo. Alimentar-se adequadamente e abandonar o sedentarismo não é garantia de vida saudável. A busca pelo bem-estar impõe a prevenção de doenças e, em cardiologia, prevenção quer dizer detecção e controle dos fatores de risco cardiovasculares, ou seja, das condições que predispõem uma pessoa a desenvolver doenças do coração e dos vasos: estresse, alcoolismo, tabagismo, obesidade, hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado e sedentarismo. Eis alguns dados que ilustram o cenário de tais fatores de risco: Colesterol – 30% da população brasileira e 50% da americana têm níveis de colesterol elevados. Destes, 80% desco- 46 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Teste ergométrico é fundamental para prevenir doenças cardiovasculares nhecem esse fato. Diabetes Mellitus – Dois terços das pessoas com diabetes morrem das complicações cardíacas ou cerebrais decorrentes. Tabagismo – Dobra a incidência de doença coronária. As mulheres vêm fumando cada vez mais e as que fumam até 14 cigarros por dia têm o risco de doença cardiovascular triplicado. Hipertensão arterial – Aumenta em cerca de duas vezes o risco de doença das artérias do coração e de sete vezes o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Sedentarismo – A atividade física regular reduz o colesterol, o triglicérides, a glicemia, a pressão arterial, o peso e a tensão emocional, além de trazer outros benefícios à saúde. Uma consulta minuciosa e alguns exames auxiliam o médico na detecção e controle das doenças cardiovasculares, dentre eles o Teste Ergométrico. Ele é de fácil execução e de grande importância na prática clínica. Mediante exercício físico de intensidade progressiva, realizado em esteira, são obtidos dados relacionados às condições gerais do paciente, como: sinais e sintomas sugestivos de doenças cardiovasculares e/ou respiratórias, capacidade física, comportamento da pressão arterial, alterações eletrocardiográficas como distúrbios do ritmo cardíaco normal, além daqueles relacionados à isquemia miocárdica. Recomenda-se a realização do Teste Ergométrico pelo menos anualmente, para homens com idade superior a 30 anos e mulheres com idade superior a 40 anos. No entanto, isso pode ser modificado de acordo com a indicação do médico assistente e a presença de fatores de risco associados a doenças cardiovasculares, sendo que as indicações devem ser individualizadas. Sempre preocupado em oferecer o melhor a seus usuários, desde maio deste ano o Seconci-SP disponibiliza esse exame, oferecendo um importante apoio para o diagnóstico e controle das doenças cardiovasculares e, é claro, para a busca de uma vida mais saudável. * Clínico geral, cardiologista e ergometrista, com pós-graduação em pela de Administração Hospitalar Faculdade de Saúde Pública da Universidade São Paulo ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna br seconci-sp.org. comunicacao@ SOLUÇÕES INOVADORAS Lajes de concreto racionalizadas Ercio Thomaz * O projeto e a execução de lajes de edifícios têm passado por transformações e avanços que compreendem desde os materiais (concretos e aços de alta resistência e concretos auto-adensáveis, com fibras e bombeados) até as diferentes tecnologias (lajes nervuradas, protendidas com monocordoalhas engraxadas, mistas, pré-lajes), passando pelos mais diversificados processos e técnicas de construção, onde se encaixam as lajes nervuradas com cambotas de plástico, as treliçadas e as niveladas ou lajes zero. Avanço considerável se verifica nos sistemas de fôrmas e escoramentos, com o gradual aumento de sistemas industrializados envolvendo escoramentos tipo torre e escoras com cabeças descendentes, moldes em madeira compensada plastificada, fôrmas estruturadas com sistema misto alumínio e madeira etc. Também do ponto de vista das ferramentas e equipamentos verifica-se acentuada melhoria, com o advento de guias e taliscas industrializadas, constituídas por tripé em plástico pregado no assoalho da laje e pescoço com altura regulável por roscas finas, passarelas pré-fabricadas, desempenadeiras de braço longo (bull float), rolo assentador de agregados (rollerbug) e acabadoras de superfície (alisamento com desempenadeira mecânica de pás rotativas - helicóptero). Projeto e execução requerem cuidados rigorosos para um resultado adequado No controle geométrico, a rigidez das fôrmas e escoramentos, aliada ao nivelamento com aparelhos laser e concretos de maior trabalhabilidade, tem resultado em lajes mais planas, com menor necessidade de camadas de regularização e outras vantagens. Fôrmas com prévia marcação das paredes do pavimento e outras singularidades têm facilitado o posicionamento de caixas de elétrica e eletrodutos, ralos e tubulações de água e de gás, cabos de protensão (sem risco de serem atingidos na fixação de guias superiores de paredes drywall) e outros. Nas lajes protendidas, caracterizam os aços das armaduras ativas a elevada resistência (aços CP 190 RB), o diminuto patamar de escoamento e a reduzidíssima relaxação (perda de protensão decorrente da fluência do aço). De modo geral as exigências referentes às disposições construtivas das armaduras protendidas são mais rigorosas que aquelas relativas às armaduras passivas, requerendo-se ainda concretos de maior resistência mecânica. Nessas lajes, o caminhamento dos cabos deve ser criteriosamente estudado pelo projetista da estrutura, devendo ser rigorosamente mantido na sua montagem com o emprego de apoios reguláveis (cadeirinhas) firmemente solidarizados às fôrmas. No sistema de cordoalhas engraxadas, as zonas de ancoragem merecem atenção especial nas fases de projeto e de execução, já que, por não existir atrito entre os cabos e o concreto, a admissão e a manutenção das forças de protensão serão de responsabilidade exclusiva das ancoragens, tanto a ativa como a passiva. Daí a importância de uma pré-blocagem muito bem executada, pois a reação na ancoragem passiva será igual àquela a ser desenvolvida na ativa. Numa ou noutra extremidade do cabo, a resistência ao escor- Exemplos de sistema industrializado de fôrmas e escoramentos, laje protendida com monocordoalhas e destacamento de piso cerâmico pela flexão de laje zero Foto: Ercio Thomaz REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Foto: Eng° Pedro Solera Foto: Marcelo Scanderoli 48 Foto: Construtora Cyrela / eng° Zorzi Foto: Construtora Inpar Exemplo de laje nervurada com cambotas recuperáveis de plástico Trabalhador utiliza desempenadeira de cabo longo sobre uma laje de segurança, sistemas de controle remoto etc. Além disso, os pontos centrais de TV e telefone, que ficavam na sala, foram sendo estendidos praticamente para todos os cômodos da casa, incluindo às vezes até banheiros e cozinhas. Com a eliminação dos contrapisos, grande parte dessa rede de tubos vem sendo às vezes conduzida pelo próprio corpo das lajes zero, redundando em sérios enfraquecimentos do componente estrutural e considerável aumento de flechas. Com a redução da espessura das lajes (protendidas, zero ou nervuradas), intensificaram-se os problemas de fissuras de alvenarias e o destacamento de pisos diretamente aplicados sobre elas, além de surgirem problemas relacionados à vibração e à transmissão acústica entre pavimentos, principalmente aqueles decorrentes de impactos. Para total aproveitamento dos inegáveis avanços tecnológicos, há necessidade de adequação dos projetos e das técnicas construtivas, com previsão mais rigorosa de flechas de curta e longa duração, esquemas adequados de escoramento residual, processos de cura úmida ou com película química e controle da execução da estrutura com eficiente rastreabilidade do concreto lançado. Caso contrário, o desenvolvimento tenderá a ficar sempre pela metade. Foto: Marcelo Scanderoli recursos tecnológicos, as lajes da moderna regamento deve contar com coeficiente de era da construção vêm sendo expostas a segurança sempre igual ou maior que 1,5. situações cada vez mais adversas, reprePara as lajes nervuradas, avanço imsentadas pela diminuição da rigidez (possiportante foi obtido com a substituição dos bilitada pelo emprego dos aços e concretos caixões perdidos em madeira, fontes de de alta resistência), considerável aumento grandes incêndios e infestações por cupins, dos vãos, advento das “lajes planas” pelo emprego de blocos de EPS, concreto (estruturas pilar-laje, algumas vezes até celular, tubos de papelão ou outros matemesmo sem vigas de borda), inadequado riais, culminando o desenvolvimento com o emprego de cimentos pozolânicos ou de emprego de fôrmas recuperáveis, normalalto forno (fonte de importantes fissuras mente cambotas de polietileno (também de retração do concreto), inexistência cada conhecidas por “cabaças” ou “cubetas”), vez mais frequente de processos de cura, com paredes ligeiramente inclinadas para retirada precoce de cimbramentos, acenfacilitar a desenforma. tuado carregamento proveniente de pisos As cambotas em geral são produzidas superiores em processo de concretagem com dimensões padronizadas, com abas e, finalmente, velocidade de construção ininferiores de larguras diferentes: numa compatível com a “anatomia” e a “fisiologia” direção, as mais largas se tangenciam; na para alguns abstrata do “concreto”. outra, as mais estreitas concorrem com Relativamente às lajes zero, a proum sarrafo pregado na fôrma (cabaças palada racionalização tem levado às apoiadas sobre assoalho) ou no topo de vezes a um sério paradoxo. Antigamente, viga (sistema entramado, sem a execução pelas camadas de regularização das lajes do assoalho). O sarrafo funciona como conduziam-se os eletrodutos e tubulaespaçador (garantindo mesma largura das ções de hidráulica, e algumas vezes de nervuras nas duas direções) e guia para gás e de telefone. Com a modernidade, alinhamento das cambotas, possibilitando, os sistemas prediais foram ficando cada com sua retirada após a concretagem, vez mais complexos e congestionados, sacar as cambotas com relativa facilidade. exigindo-se hoje nos edifícios instalações As lajes nervuradas possibilitam a de ar-condicionado central, pisos aqueintrodução de armaduras para combate cidos, TV a cabo, sistemas centrais de a momentos positivos e negativos, reaspiração de pó, instalações de lógica e percutindo na redução considerável de carga /consumo de concreto Utilização de laje nervurada com elementos em EPS e capacidade de vencer vãos acentuados, requerendo-se para tanto a execução de trechos maciços nos apoios sobre os pilares, para fazer frente às elevadas tensões de cisalhamento. A despeito de todos esses * Doutor pela EPUSP, pesquisador do IPT, professor na pós graduação do IPT e do Mackenzie. ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna l.com.br erciothomaz@uo REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 49 INOVAÇÃO Analise os riscos Vahan Agopyan * C ontinuo atendendo a solicitações de leitores e respondendo às suas indagações. Muito salutar, essa interação permite-me perceber melhor as necessidades da comunidade e as dúvidas suscitadas por minhas colunas. Agradeço a todos que me enviam sugestões e comentários, e espero atendê-los num prazo adequado. Hoje vamos abordar os riscos que a implantação de uma inovação pode trazer à empresa. Minha geração de profissionais assistiu infelizmente a quebra de empresas respeitáveis que optaram por “inovações” equivocadas, as quais resultaram muitas vezes em problemas irreversíveis nas edificações ou com custos de recuperação insuportáveis. Temos exemplos de “inovações” frustradas em materiais, componentes e sistemas construtivos, e em menor escala nas metodologias de projeto. Neste último tópico deve-se atentar para o alerta do prof. Ricardo França, publicado na edição anterior de Notícias da Construção, sobre erros primários detectados em projetos, pela aplicação de softwares por profissionais sem a devida experiência. O especialista afirma que alguns projetos são “pueris”. Neste parágrafo o termo inovação está entre parênteses, pois não se podem considerar inovadores novos materiais, sistemas ou processos que não tenham sua aplicação prática tecnicamente solucionada, além da confirmação de sua viabilidade econômica e ambiental. Eles podem talvez ser denominados como novidade. Quando a construção civil está em franca produção, como no momento, em que faltam insumos e profissionais competentes, aumenta a tentação de se 50 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Mesmo inovações consagradas podem requerer algum tipo de adaptação incorporarem novidades, sem os devidos cuidados, para acelerar a execução dos serviços, ou substituir produtos em falta. Muitas vezes a falha não é da inovação, mas da não compreensão do que se está utilizando, pois muitas falhas ocorreram com produtos ou processos de fato inovadores, mas introduzidos no Brasil sem o devido conhecimento sobre eles. Em resumo, uma inovação pode exigir alguma adaptação, nem sempre considerada quando aplicada de imediato ou sem treinamento dos profissionais. Precisamos aceitar também que nem todas as novidades são interessantes para o setor, ou para a cultura de uma empresa. Um conhecimento novo, desenvolvido e avaliado nas condições de obra, e com os profissionais preparados para sua aplicação, não deve apresentar problemas. Mas como sempre há riscos, inerentes a toda inovação, recomenda-se uma análise mais acurada deles. Esta análise baseia-se em metodologias específicas, com forte fundamentação científica, que vem se desenvolvendo muito, principalmente para as obras pesadas. Apesar de ser uma preocupação antiga, sua sistematização se consolidou há poucas décadas. Com o apoio do conhecimento de estatística e de probabilidade, a análise de riscos cresceu na área de projetos, sendo incorporada nas metodologias adotadas, inclusive considerada nas normas. Sua aplicação na construção é mais recente, e foi incentivada lamentavelmente pelos desastres de grandes obras, que empregam grande número de inovações. Para se beneficiar das inovações e melhorar a competitividade da empresa, sem aumentar o risco do negócio, cabe aos profissionais avaliar o desempenho técnico de uma inovação, sua viabilidade econômica e ambiental, e analisar o risco de sua aplicação. Esta análise pode ser uma simples verificação estatística até um estudo cuidadoso, com metodologias mais complexas, em função da responsabilidade e do valor da obra. Não sou especialista neste tipo de análise, mas já há profissionais e empresas competentes atuando no mercado nacional. * Professor Titular da Escola Politécnica da USP e Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna poli.usp.br n@ ya op vahan.ag
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