Em Santo André, participação expressiva - Sinduscon-SP

Transcrição

Em Santo André, participação expressiva - Sinduscon-SP
2
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
EDITORIAL
Agenda pós-eleitoral
Sergio Watanabe*
N
ão serão fáceis as tarefas do próximo governo, se quiser sustentar
o crescimento econômico.
Será preciso priorizar a busca de um
equilíbrio fiscal, por meio da racionalização
das despesas correntes do Orçamento;
montar uma estratégia para reduzir a carga
tributária, aproveitando a diminuição desses gastos; e reduzir o déficit do balanço
de pagamentos, melhorando a qualidade
das contas externas.
Tudo isso exige forte disposição do
futuro governo para: reduzir significativamente a taxa básica de juros; restabelecer
gradualmente uma taxa de câmbio que
proporcione competitividade às exportações da indústria; e adotar medidas para
elevar a oferta de bens e serviços, o que
possibilitará o alcance de metas declinantes de inflação.
Entretanto, tão importante como
enfrentar as questões econômicas, será
imprescindível que o próximo governo
monte uma agenda para evitar que a cada
dois anos assistamos impotentes à eleição
de um punhado de candidatos desprovidos
de condição moral e credibilidade para
exercerem seus mandatos.
Felizmente, muitos candidatos éticos
e preparados também se elegem. Deles,
esperam-se esforços por concretizar uma
ampla e corajosa reforma para superar
decisivamente os desafios colocados à
melhora da representação política.
Será preciso retomar o debate sobre o
financiamento das campanhas eleitorais,
o voto em listas partidárias, a adoção do
voto distrital, a obrigatoriedade do sufrágio,
a utilização dos mecanismos de referendo e plebiscito, a figura do suplente de
senador, dentre outros grandes temas da
pauta política.
Do próximo governo
esperam-se agenda
econômica eficaz
e reforma política
Também será necessário discutir mais
profundamente aspectos da legislação
eleitoral que inibem a renovação política,
como o uso e a divisão do tempo de televisão destinado à propaganda partidária. É
humilhante assistir a palhaçadas no horário
eleitoral obrigatório que deveria ser dedicado ao debate de propostas. É ultrajante
presenciar manipulações acintosas de
políticos que praticam o estelionato eleitoral
ao iludirem milhões de eleitores.
Avanços são imprescindíveis para
trazer mais informação aos cidadãos sobre
o desempenho dos candidatos eleitos ao
longo de seus mandatos. Seria interessante, por exemplo, saber a quantas sessões
cada parlamentar compareceu ou faltou,
quais os projetos que propôs, os votos que
proferiu, sua coerência com as diretrizes
partidárias etc.
Dos eleitos para o Executivo, mais
iluminados pelos holofotes da mídia,
esperam-se indicadores de desempenho
inteligíveis pela população, em setores
como saúde, educação, habitação, infraestrutura, saneamento básico, segurança
pública, qualificação profissional etc., bem
como prestações de contas frequentes
com relação às promessas de campanha.
Parte da imprensa e diversas ONGs
já se dedicam a monitorar os políticos.
Mas a grande maioria da população, na
hora de escolher os candidatos, continua
desconhecendo aspectos decisivos do
desempenho deles.
Mecanismos criativos deveriam ser desenvolvidos para que os eleitores possam
dar um feedback constante a seus eleitos.
De tempos em tempos, seria altamente
didático que a opinião pública pudesse,
mesmo que seja simbolicamente, “demitir” um político no meio do exercício de
seu mandato, por atitudes ou omissões
intoleráveis.
A sociedade precisa pressionar pela
reforma política. Cumpre recordar que
foi de iniciativa popular uma das maiores
conquistas da democracia brasileira dos
últimos tempos, a Lei da Ficha Limpa, cujo
projeto de lei obteve 1,6 milhão de as­­si­
naturas para entrar no Congresso.
* Presidente do SindusCon-SP
,
entários, críticas
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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voz do leitor
Presidente
Sergio Tiaki Watanabe
O inovador BIM
Muito esclarecedor o artigo “O inovador
BIM” (nº 93, pág. 20), do engenheiro Fernando
Augusto Corrêa da Silva. Mais do que uma ferramenta de planejamento, o BIM deverá ajudar
na integração entre arquitetos, fabricantes de
materiais e sistemas e executores de obras.
Maurício Bianchi
Vice-Presidente do SindusCon-SP
7
Conjuntura
Conjuntura preocupa a construção
Setor poderá crescer 12% neste ano
8
Capa
SindusCon-SP
confere ícones
da construção
sustentável
em Nova York
BIM à brasileira
Hearst Tower, grife britânica
Residencial tem erros e acertos
No 1211, pouca ousadia
Times Square vira aposta
Prédio abriga jornalismo transparente
Novo WTC tem certificação
SOM projeta edifícios superaltos
Escola tem construção sustentável
Escritório planeja edifícios verdes
Viagens unem aprendizado e amizade
Comércio bilateral está forte
Conselho poderá regionalizar o LEED
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Compre Bem
CompraCon-SP assina mais 5 convênios
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Meio Ambiente
Madeira é Legal terá novo evento
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Imobiliário
Prefeitura valoriza ação do SindusCon-SP
Vice-presidentes
Cristiano Goldstein
Delfino Paiva Teixeira de Freitas
Francisco Antunes de Vasconcellos Neto
Haruo Ishikawa
José Antonio Marsilio Schwarz
José Carlos Molina
José Roberto Pereira Alvim
Luiz Antônio Messias
Marcos Roberto Campilongo Camargo
Maristela Alves Lima Honda
Mauricio Linn Bianchi
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01238-010 - São Paulo
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Qualidade
Norma de Desempenho: novo prazo
Bauru faz sugestões de alteração
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Segurança e saúde
Megasipat trabalha a cidadania
Evento tem público recorde em Ribeirão
Sorocaba reúne 420 trabalhadores
Em Santo André, participação expressiva
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Qualificação
Iniciado debate sobre currículo na Escola
Politécnica da USP
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SindusCon-SP em ação
Áreas contaminadas obtêm consenso
Bianchi debate sustentabilidade
Políticos fazem visita ao sindicato
Selo Azul da Caixa tem apoio
Robusti prepara Construbusiness
Festa dos 75 anos será em novembro
4
44Antonio Jesus de Britto Cosenza
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Maria Angelica Covelo Silva – Gestão da Obra
46
28
Maria Angelica Lencione Pedreti – Gestão
48Ercio Thomaz
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Pedro Luiz Alves – Ponto de Vista
50Vahan Agopyan – Inovação
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Renato Romano Filho – Jurídico
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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colunistas
Robson Gonçalves - Conjuntura
Representantes junto à Fiesp
Titulares:
Eduardo Capobianco, João Claudio Robusti
Suplentes:
Sergio Porto, Artur Quaresma Filho
SUPERINTENDENTE: Antonio Laskos
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Regionais
Santo André forma 527 profissionais
Membros do Concidade tomam posse
Bauru contesta cobrança de ISS
Jurídico dá orientação em Prudente
Rio Preto capacita mestres de obras
Curso aborda orçamento
São José lança o CompraCon-SP
Regional Campinas inaugura sede
Ribeirão inicia Copa de Futebol
6
Diretores das Regionais
José Batista Ferreira (Ribeirão Preto)
José Roberto Alves (São José dos Campos)
Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente)
Luiz Cláudio Minniti Amoroso (Campinas)
Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru)
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Ricardo Beschizza (Santos)
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– Marketing
Marco Antonio Gualtiero Mallamo – Saúde
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CTP/ impressão: Pancrom Indústria Gráfica
Tiragem desta edição: 9 mil exemplares
As opiniões dos colaboradores não refletem
necessariamente as posições do SindusCon-SP
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www.sindusconsp.com.br
“O papel desta revista foi feito com madeira de florestas
certificadas FSC e de outras fontes controladas.”
* Produtos Gerdau certificados pelos critérios do Selo Ecológico Falcão Bauer: Vergalhão Gerdau GG 50, CA-60 Gerdau,
Vergalhão CA-25, Vergalhão Cortado e Dobrado, Tela para Concreto, Tela para Coluna, Tela para Tubo, Malha POP e Treliça.
por dentro das
melhores e mais
sustentáveis obras.
produtos Gerdau certificados com selo ecolóGico falcão bauer*.
os primeiros produtos de aço da construção civil brasileira a conquistarem esse reconhecimento.
Ao construir com produtos Gerdau, você mostra que a natureza tem lugar privilegiado na sua casa – não apenas
do lado de fora. Produzidos pela maior recicladora de aço da América Latina, os produtos Gerdau agora estão
certificados com o Selo Ecológico Falcão Bauer. Conquistado após a análise do uso adequado de recursos naturais,
é um reconhecimento importante que comprova o respeito que os produtos Gerdau têm pelo meio ambiente.
Acesse www.gerdau.com.br/seloecologico e saiba mais.
CONJUNTURA
Investimento produtivo em xeque
Robson Gonçalves*
O
s dados divulgados pelo IBGE
relativos ao PIB do segundo
trimestre trouxeram muitas
notícias relevantes. E, como sempre,
há notícias boas e más. Segundo o
Instituto, o PIB brasileiro avançou 1,2%
na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Em termos anualizados, como fazem os norte-americanos,
isso corresponde a uma expansão de
cerca de 5%. Ainda é um crescimento
vigoroso e, felizmente, bem abaixo do
observado entre janeiro e março, uma
taxa anualizada superior a 11%, incompatível com a capacidade produtiva de
nossa economia.
Crescimentos do PIB de dois dígitos, isto é, a “taxas chinesas” seriam
extremamente saudáveis caso o investimento produtivo fizesse a oferta e a
produtividade crescerem em velocidade
compatível. Quando isso não ocorre,
surge a ameaça de “apagões” os mais
variados.
Mas, segundo o IBGE, o investimento produtivo cresceu no trimestre 2,4%,
o equivalente a quase 10% anuais.
Indicam esses números que finalmente
estamos trilhando o caminho do crescimento sustentável? Infelizmente, em
qualquer país, os dados oficiais do PIB
mostram a trajetória passada da atividade econômica. Para saber se estamos
no caminho da expansão saudável, é
preciso olhar adiante.
No Brasil, o investimento produtivo
é majoritariamente privado. Mas o que
leva um empresário a investir? Ou, o
que leva um profissional a buscar um
curso de pós-graduação, ampliando
seu estoque de capital humano? Todos estão em busca de retorno para
6
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Uma das tarefas
do próximo governo
será a alteração da
política econômica
o investimento realizado. Então, para
saber se o investimento vai continuar
pavimentando a trilha do crescimento
saudável, devemos analisar as condições do quadro macroeconômico e as
perspectivas de retorno do setor privado.
E, infelizmente, esse cenário prospectivo
não é favorável.
A rapidez com que a economia brasileira se recuperou da crise internacional
tem pressionado o mercado de trabalho.
Por conta disso, os sindicatos têm obtido
reajustes acima da inflação, aumentando o poder de compra dos trabalhadores.
E como a maioria desses trabalhadores
tem uma disposição a consumir elevada,
pelo simples fato de terem uma renda
baixa, surgem pressões inflacionárias.
Estas, por sua vez, obrigam o Banco
Central a elevar os juros para encarecer o crédito e frear a demanda. Mas
juros altos atraem capitais estrangeiros
especulativos, aumentando a oferta de
dólares no país e derrubando a taxa
de câmbio. Com dólar baixo, as importações chegam baratas ao mercado
brasileiro, ajudando no controle da alta
de preços.
Resumindo: emprego em alta, melhor distribuição de renda, dólar em
queda, eletroeletrônicos chineses e
vinhos chilenos mais baratos, turistas
brasileiros indo felizes para o exterior...
Tudo de bom? Infelizmente, não. Essa
é uma lógica estritamente focada na
demanda. Em diversos setores, os empresários se vêem hoje diante de pressões de custo devido aos aumentos de
salário, crédito mais escasso e mais caro
devido à alta dos juros e redução de sua
fatia de mercado e de suas margens de
lucro por conta da penetração crescente
das importações. Diante desse quadro,
estaria um empresário estimulado a
investir? Certamente, não. Uma das
tarefas do próximo governo será alterar
esse mix de política macroeconômica,
voltando a estimular o crescimento da
oferta. No quadro atual, o investimento
produtivo está em xeque.
* Professor dos MBAs da FGV e consultor da FGV Projetos
,
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robson.gon
Conjuntura
preocupa a
construção
Rafael Marko
“De dia, o empresário da construção
vive o bom sufoco de precisar dar conta
do aquecimento do setor; de noite, ele
dorme com a macroeconomia solapando
a sustentação desse crescimento.”
O comentário foi feito pelo diretor de
Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, no Workshop de Conjuntura realizado
pelo sindicato em setembro. Ele alertou que
“quatro fundamentos econômicos estão
fora do lugar: a taxa de câmbio (tirando
competitividade da indústria), a inflação,
os juros altos e o ritmo do crescimento da
economia.”
“No passado assistimos a calotes da
dívida pública e à demolição do setor da
construção; hoje, preocupa-nos a possibilidade de um futuro sucateamento da
Ana Maria, Watanabe, Zaidan e Gonçalves, no workshop do SindusCon-SP: nuvens no horizonte
indústria de bens intermediários (devido
à apreciação do real). Isso não será bom
nem para o país nem para a construção”,
afirmou.
“O sucateamento da
indústria de insumos
não é bom nem para o
país nem para o setor”
Projeto nacional
Para o diretor de Economia, “é tarefa
do SindusCon-SP exigir do governo um
projeto de desenvolvimento de acordo com
os anseios das lideranças nacionais. Isso
passa por elevação da oferta e aumento
da produtividade, junto com o aumento da
eficiência do Estado e a racionalização dos
gastos de governo, gerando mais verbas
para investimentos.”
Já o presidente do sindicato, Sergio
Watanabe, alertou que “o bom momento
econômico vivido pela construção não vai
durar para sempre. As empresas do setor
devem aproveitá-lo para se prepararem.
Daqui a 3, 5 ou 10 anos, quando a demanda cair, somente as mais competentes
sobreviverão, como já aconteceu com
nossas empresas no passado.”
O representante do sindicato junto à
Fiesp, João Claudio Robusti, chegou a
questionar se, diante das dificuldades para
a obtenção de mão de obra qualificada, o
aquecimento da construção deveria continuar no ritmo intenso do momento atual.
Setor poderá crescer 12% neste ano
No Workshop de Conjuntura, a consultora de projetos da FGV, Ana Maria
Castelo, elevou de 8,8% para algo entre
10% a 12% a estimativa de crescimento da
indústria da construção em 2010.
Segundo a consultora, “a intensidade
e a rapidez do crescimento da construção
trazem hoje três desafios para a sua sustentação: elevar a qualificação da mão de
obra, aumentar a produtividade e desenvolver novos fundings para o financiamento da
habitação e da infraestrutura”.
“Até julho de 2010, a cadeia da construção já havia recuperado as perdas do
final de 2008: a produção física de insumos
registrava aumento de 15,23% na comparação com o mesmo período de 2009 e
de 3,5% em relação ao mesmo período
de 2008; e o faturamento da indústria de
materiais, que caíra mais fortemente na crise, apresentava elevação real de 13,84%
na comparação com 2009 e de 0,85% em
relação a 2008”, informou Ana Maria.
Dilema estratégico
“Em julho, essa indústria utilizou 90,5%
de sua capacidade e com o dólar barato
hoje ela enfrenta o seguinte dilema: ou investe para atender a demanda das famílias
e das construtoras ou intensifica suas importações baratas. O lado ruim para esse
segmento é a perda de competitividade. O
lado bom para a construção é que essas
importações ajudam a aliviar a pressão da
demanda”, disse a consultora.
Na mesma linha, o professor da FGV
e colunista de Notícias da Construção,
Robson Gonçalves, defendeu os seguintes
itens de uma agenda para que o crescimento do país se sustente: explicitação do
foco da política econômica no crescimento
sustentado de longo prazo; recuperação da
confiança na solvência das contas públicas;
melhora da qualidade das contas externas;
definição de uma política de inserção social
para além do assistencialismo; estabelecimento de uma política de capacitação de
mão de obra; instituição de um modelo de
relação entre os setores público e privado
para a infraestrutura e a habitação com
foco nos mecanismos de financiamento.
Veja as apresentações dos palestrantes em www.sindusconsp.com.br , Eventos,
clicando em Eventos Realizados.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
7
CAPA
Empresários celebram Missão USA com foto no 49º andar do WTC 7
SindusCon-SP visita
ícones de Nova York
Nathalia Barboza
Alguns dos maiores ícones da arquitetura e da construção sustentável nos
EUA foram visitados em setembro por 30
empresários, projetistas e consultores que
compuseram a 8ª Missão Técnica do SindusCon-SP, organizada pela Diretoria de
Relações Internacionais com promoção
dos Comitês de Tecnologia e Qualidade
(CTQ) e de Meio Ambiente (Comasp).
Um dos destaques foi a Hearst Tower,
considerada uma das grandes torres
sustentáveis do mundo. A visita revelou
que, embora os materiais empregados
por lá sejam os mesmos que os daqui, há
significativas diferenças nas aplicações,
variedade de soluções, recursos utilizados
e até na ousadia dos projetos, muitos
deles de prédios superaltos.
Os integrantes da missão puderam
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
conhecer outros edifícios de expressão
em Nova York e conversar com representantes de dois dos mais importantes
escritórios de arquitetura do mundo.
Também houve proveitosas visitas em
Washington-DC.
Mas o ponto alto na agenda foi o dia de
palestras na Carnegie Mellon University,
em Pittsburgh, onde o assunto em pauta
era o BIM (Building Information Modelling).
Com os apoios do Itamaraty e do US
Commercial Service, ligado ao Departamento de Comércio Exterior dos EUA, a
missão foi liderada por Maurício Bianchi,
vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, e pelo diretor de
Relações Internacionais e coordenador
de Missões e Eventos do CTQ, Salvador
Benevides. A arquiteta Raquel Palhares
Macedo, da Arq Tours, coordenou a agenda técnica. A Interbusiness, de Argemiro
Villaça, realizou a operação de turismo.
O grupo foi formado ainda por Ana
Cristina Chalita; Antonio Carlos Franck;
Artur Quaresma Filho; Carlos Alberto
Borges; Carlos Eduardo Monteiro; Claudio Goldstein; Delfino Teixeira de Freitas;
Eduardo Zaidan; Fernando Correa Silva;
Fernando Rossi Fernandes; Francisco
Graziano; Jorge Batlouni Neto; José
Carlos de Arruda Sampaio; José Roberto
Bernasconi; Luiz Augusto Contier; Luiz
Fernando Ciniello Bueno; Luiz Lúcio
Mendonça; Paulo Rogério Sanchez; Pedro Paulo Machado; Raymundo da Silva
Dórea; Renato Genioli Jr.; Renato Soffiatti
Mesquita; Roberto de Souza; Sergio Porto
e Virgílio Augusto Ramos.
BIM à brasileira
Ferramenta que permite antever os
problemas de projeto e antecipar as decisões, estimar os custos e o cronograma
da obra com mais precisão, aumentar a
confiabilidade do projeto e eliminar erros
e retrabalhos, o BIM (Building Information
Modeling) está mudando o jeito de projetar
nos Estados Unidos. Foi atrás disso e de
respostas para as dúvidas de como implementar o sistema à moda brasileira que um
grupo de empresários da Missão Técnica
USA do SindusCon-SP passou um dia em
Pittsburgh, na Carneggie Mellon University,
instituição referência no desenvolvimento
de sistemas BIM.
Para os menos
familiarizados com
o tema, o arquiteto Jan Reinhardt,
sócio e consultor
da Adept Project
Delivery, comparou
o BIM a uma antiga
mesa de luz, onde
se colocavam várias
camadas de folhas de projetos uma em
cima da outra, para se ter ideia do conjunto.
“É uma mesa de luz, só que em 3D!”, disse.
Burcu Akinci, professora de Engenharia Civil e organizadora dos cursos de BIM
da universidade, advertiu que o sistema
é muito mais do que um software: é um
processo. “Engloba as informações de
cada um dos componentes e sistemas
de uma edificação e relaciona tudo entre
si, otimizando o tempo de projetar. Isso é
especialmente importante quando se percebe que um único projeto pode conter 98
mil informações diferentes”, disse.
O sistema BIM pode conter arquivos,
sobre as características físicas e geométricas dos elementos (paredes, portas,
tubulações etc.); a relação espacial entre os
componentes; regras de parametrização,
de distância entre elementos e objetos; e
até seus atributos, como especificações,
custos, produtividade da mão de obra,
metas e cronogramas de entrega.
Apesar disso,
Burcu garante que
o BIM está longe
de ser uma “poção
mágica” capaz de
resolver todos os
problemas. “O mais
difícil é as pessoas
se acostumarem
com ele”, completou
o diretor de Engenharia Civil e Ambiental, James Garrett.
Construtores vão
a Pittsburgh saber
como implantar a
modelagem de projeto
Qualidade do projeto
Jan Reinhardt, que tem como missão
promover o BIM, acredita que o sistema
permite aos profissionais fornecer produtos de alta qualidade a baixo custo e
com menores riscos de projeto. “Não se
faz BIM porque ele é legal ou mais rápido,
mas porque ele melhora a qualidade do
projeto.”
Nos EUA, os
usos mais frequentes são para visualizar o projeto, fazer o
cronograma da obra
e estimar custos, coordenar projetos e
Correa, Bianchi e Burcu: novo processo
gerenciar facilities. “A coordenação é o uso
mais importante, realizada por meio de
softwares generalistas”, afirmou Reinhardt.
No BIM, os projetos independentes –de
arquitetura, estrutura, elétrica e hidráulica– são agregados a um modelo único
(federated model), a partir do qual torna-se
possível detectar e observar os mínimos
erros e desvios. “Um projeto pode ter 10
mil atividades diferentes que precisam
ser ligadas umas às outras. Sem o BIM,
isso pode levar várias semanas. Então, é
sempre bom termos uma ferramenta capaz
de nos trazer eficiência”, disse.
O software Synchro, por exemplo, é
considerado um dos melhores e mais
sofisticados para ajudar a reduzir o tempo
de atualização e sincronização de tarefas.
David Synk, vice-presidente executivo da
Synchro, contou ser possível aderir várias
funções na tela do software, além de mover
O gaúcho Lucio
Soilbeman (dir.),
recepcionou o grupo
do SindusCon-SP na
Carneggie Mellon
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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“O sistema da Bentley é uma poderosa
ferramenta detectora de
conflitos de projetos”,
defendeu Rob Riley, especialista em construção virtual da Bentley
Systems. Segundo ele,
a plataforma generalista “processa as tarefas
de todas as fases do
processo com muita raReinhardt respondeu a uma lista de inquietações da delegação do Brasil
pidez” e pode converter
imagens em arquivos Adobe PDF, incluine remover, inclusive a programação da
do modelos 3D, ou se conectar ao serviço
obra. “Pode-se alterar e atualizar automatiGoogle Earth, numa interface com o usuácamente a programação sem que seja nerio fácil de usar, intuitiva e auto-explicativa.
cessário gastar semanas mudando todos
O software generalista Tekla Structuos detalhes relacionados a isso em todos
res, por sua vez, oferece um amplo catáloos níveis envolvidos no projeto”, afirmou.
go de possíveis co­ne­xões, o que torna fácil
a comunicação entre as diferentes equipes
Opções de produtos
e profissionais envolvidos no projeto. “Sem
O BIM é também um processo extreintegração, perde-se uma grande opormamente transparente, pois permite antetunidade de ser mais eficiente”, lembrou
ver os conflitos (clashes) que inviabilizariam
Burcu Akinci.
uma obra. “Muitos erros são resultado de
Mesmo assim, Jonathan Widney,
comunicação deficiente ou da incapacidapresidente da Solibri, advertiu haver
de de compartilhar a tempo informações
softwares que, embora promovam a
preliminares”, advertiu Stewart Carroll, da
detecção de conflitos de projeto, “são
Beck Technology, que oferece o DProfiler.
apresentados como a solução para os
O BIM é ainda trabalho em grupo. “As
problemas de projeto e aplicados quanmudanças oriundas de ajustes demandado todos os modelos foram concluídos,
dos pela verificação de modelos conflitancomo um verificador final antes apenas
tes podem acontecer todo dia, várias vezes
de a obra iniciar”. Segundo ele, o resultaao dia, se preciso for”, disse Reinhardt.
do é normalmente uma lista interminável
“Assim, fica mais fácil todos confiarem no
de conflitos entre objetos geométricos
modelo, simplificando e potencializando o
no modelo, o que obriga muitas vezes
trabalho, que se torna mais eficiente.”
a focar apenas
nos problemas
considerados
mais severos.
“Uma perda de
tempo.”
A solução
seria antecipar o
processo para o
mais cedo possível, como faz
Bianchi, Soilbeman,
Benevides,
Reinhardt e Garrett
comemoram
o sucesso do
encontro
10
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
o Solibri Model Checker. “A coordenação
espacial do nosso produto reflete uma
nova forma de utilização das informações
acumuladas no BIM. A ideia geral é que os
problemas sejam identificados mais cedo
e medidas sejam implementadas desde
o início. Para isso, o software se vale de
regras que lhe são apresentadas, como
normas técnicas vigentes e outras estabelecidas (costumizadas). Com isso, quando
os desenhos das diferentes áreas são
completados, haverá poucos ou nenhum
conflito”, revelou.
Complexidade
Ficou claro que os modelos podem
ser tão detalhados quanto o profissional
necessitar. É ele quem decide o nível de
complexidade dos dados que serão inseridos e compilados no BIM.
Widney: software como ponte entre projetos
“O software deve proporcionar uma
ponte entre o projeto e a construção,
entre as estruturas e a manutenção.
Tudo deve se ligar”, sugeriu Widney. “Por
isso não desperdice tempo em níveis de
detalhamento que você não precisa ou
que o mercado venha a ditar”, afirmou.
“Alguns programas são excelentes em um
item, mas o cliente precisa de algo mais
detalhista, ou esta característica nem lhe
interessa tanto”, completou.
“No Brasil, o problema é que não há
um sistema único completo e é preciso
juntar programas diferentes e que talvez
não conversem integralmente entre si”,
ponderou Ana Cristina Chalita, gerente
de Projetos da Cyrela.
xxxxxxxxx
A grife é britânica
A união perfeita entre duas forças –passado e futuro. É assim que a Hearst Tower
pode ser descrita, depois que o arquiteto
britânico Norman Foster rascunhou uma
torre de losangos radicalmente angulados
de vidro que surge de dentro de uma fachada erguida em 1928. A porção antiga
é patrimônio histórico de Nova York desde
1988; a nova, inaugurada em 2006, um dos
melhores exemplos de sustentabilidade.
Norman Foster
imprime sua marca de
ousadia na sustentável
Hearst Tower
“Os conceitos de sustentabilidade e de
alta tecnologia sempre estiveram presentes
nos projetos de Norman Foster, e este não
foi diferente. Considero este prédio um
passo a mais em relação à torre da Swiss
Re, em Londres, sobretudo nas estruturas”,
disse a arquiteta Raquel Palhares. “Não é
fácil os empreendedores aceitarem um
projeto ousado como este”, afirmou o
consultor Luiz Augusto Contier.
A torre exibe um sistema estrutural de
barras de aço em ziguezague –não há vigas verticais– que dão um desenho moderno ao prédio e possibilitaram economizar
20% em peso de aço, se comparado a um
edifício convencional. Além disso, 90% do
aço utilizado era reciclado, em
grande parte vindo dos destroços
das Torres Gêmeas.
Com 182 metros de altura,
46 andares e 79,5 mil m², grande parte da ousadia da Hearst
Tower está em tirar extraordinário
proveito da luz e do espaço ao
mesmo tempo em que propõe
soluções sustentáveis. O átrio de
pé-direito triplo é banhado pela
luz do sol –controlada por vidros
laminados low-E– e conta com
uma cascata de água gelada
(icefall), que recicla a água da
chuva armazenada em reservatórios no subsolo. A intenção é
criar uma sensação de calma e
contribui para umidificar o ar da
Escada rolante e cascata gelada no lobby da Hearst Tower
recepção do prédio, economizando ar condicionado.
Segundo Victor Liu, gerente de Facilities da Hearst que recebeu o grupo de
brasileiros, o sistema de ar-condicionado é
de 25% a 30% mais eficiente que a maioria
dos prédios e a eficiência energética chegou a 92% dois meses atrás por conta do
cuidado da equipe própria de engenharia
no gerenciamento do edifício.
Também chamou a atenção o esforço
no sentido de reciclar os resíduos durante
Victor Liu (esq.) guiou visita brasileira ao prédio
e depois da obra acabada. “Uma empresa
foi contratada para separar os resíduos
pobre”. “Para viabilizar a queima, é preciso
durante a obra e hoje 95% do lixo molhado
acrescentar outros elementos”, comentou.
é levado à compostagem”, disse Liu.
Para o engenheiro José Carlos SamMobília
paio, diretor da
A Hearst é uma das maiores publishers
JDL, a reciclado mundo e tem em seu catálogo revistas
gem do lixo no
como Cosmopolitan, Good Housekee­p­ing
Brasil ainda é um
e Oprah, além de canais de TV, jornais e
problema, porempresas de internet.
que “o material é
Muitas mulheres jornalistas trabalham
Torre de vidro
parece brotar da
fachada tombada
pelo patrimônio
histórico de NY
para as publicações da Hearst, o que
justifica, segundo Liu, a instalação de
mobília com um toque bem feminino: nas
bancadas das redações, há nichos para
guardar sapatos e até um espelhinho para
maquiagem.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
11
Erros e acertos no residencial
O The Solaire (foto ao lado) foi um marco na evolução de edificações residenciais
urbanas nos Estados Unidos. A arquiteta
Raquel Palhares, consultora técnica da
Missão Técnica USA do SindusCon-SP,
lembrou que o edifício foi o primeiro a ser erguido e certificado levando à risca o manual
de requisitos de sustentabilidade imposto
pela autoridade pública responsável pela
região de Battery Park, em Manhattan.
Com 86,2 metros de altura, 27 andares
e 293 apartamentos, o prédio ocupa uma
área de 33,2 mil metros quadrados. O
Solaire dispõe de um sistema próprio de
Telhado verde: sistemas de exaustão e solar
tratamento e recirculação de água, painéis
fotovoltaicos e vários dispositivos que reduzem em até 65% o consumo energético, a
partir de uma matriz híbrida (eólica, elétrica
e a gás). Há ainda sistema de tratamento
de água para irrigação e sanitários, “um
grau abaixo do potável”, afirmou Miroslav
Salon, gerente de Facilities do prédio.
Um dos telhados verdes do prédio foi
projetado para funcionar como área de
descanso dos moradores. O outro abriga
equipamentos de captação de energia
solar, vegetação de fácil manutenção e
exaustores das cozinhas. “Ambos têm
sistemas de captação de água da chuva”,
disse Salon.
“Além da certificação concedida para o
projeto, o prédio conquistou a certificação
para a sua vida útil, porque demonstrou
que tem uma operação eficiente. Não
temos o costume de fazer isso ainda no
Brasil”, destacou o consultor Roberto de
Souza.
Ícone de Nova York, nem por isso o
prédio deixa de ter erros. “As unidades
apresentam trincas e são muito acanhadas
para a região e para a faixa de preço do lu-
gar”, apontou Raquel Palhares. Salon disse
que os inquilinos pagam de US$ 3.000 a
US$ 8.000 ao mês. Além disso, os painéis
fotovoltaicos logo na entrada do prédio são
um cartão de visitas, mas reduzem apenas
5% do gasto com energia do prédio.
“Não há separação de um metro e
meio para evitar uma língua de fogo, como
os bombeiros brasileiros exigem”, observou Maurício Bianchi.
Somente o necessário
Em muitos prédios sustentáveis, a
intenção dos investidores é alcançar a
certificação, e nada mais. No 1211 Avenida
das Américas, exemplo de certificação de
edifícios existentes, não houve ousadia em
vários itens que poderiam agregar melhorias, avaliaram os componentes da Missão
Técnica do SindusCon-SP. Segundo eles,
o baixo custo das alterações denota isso:
foram apenas US$ 100 mil.
No edifício 1211,
o foco está na gestão do prédio ao longo de toda a sua vida
útil. “Enfatizamos a
educação dos locatários e o treino da
Os chillers são
originais do prédio,
da década de 1970
equipe própria de manutenção”, afirmou
Joseph McCausland, assistente geral de
gerenciamento da Cushman & Wakefield,
que administra do prédio.
Com 48 andares, o 1211 abriga os
estúdios da Fox News nos primeiros 8 pisos
e loca os demais para várias empresas.
O prédio é o primeiro na cidade em
inovação de operação computadorizada,
o que atraiu muitos dos interessados.
“Tivemos sorte de ter pouca insolação
direta”, disse Robert Sweeney, diretor da
Cushman.
Um programa de computador também
bloqueia vazamentos de água e reduz a
pressão na tubulação. Além disso, há painéis de controle da temperatura ambiente
Diferente: mangueira de incêndio numa sacola
e exaustores. Uma sala de gerenciamento
garante controle total do prédio.
Times Square
vira aposta
Primeiro prédio a ser desenhado completamente depois de 11/9, o Eleven foi
inaugurado neste ano e revela a confiança
dos arquitetos do FXFowle na política de
Tolerância Zero do prefeito Rudolph Giuliani, que acabou com o tráfico de drogas e
a degradação de Times Square. O prédio
foi um dos primeiros a colaborar para a
revitalização da região.
“O impacto dos atentados gerou mudanças estruturais importantes, como o
core central em concreto e lajes em aço
com uma camada protetora de concreto”,
disse o sócio-sênior da FXFowle, Dan Kaplan. A largura das escadas dobrou e os
vidros laminados da fachada são seguros
contra um possível atentado a bomba. “Outro diferencial é que, no Eleven, podem-se
usar 2 elevadores no caso de incêndio.”
Entre os andares, uma camada de um
metro de espessura ajuda a retardar a propagação do fogo por até uma hora e meia.
Chama a atenção no Eleven o volume
em “L” do prédio, com o core central recua­
do e as soluções de fachada diferenciadas
–conforme a orientação do edifício em
relação ao sol, um lado
tem brise e outro não.
A fachada Sul (mais
ensolarada) tem brises
de alumínio perfurado
e vidros mais reflexivos
que o lado Norte.
Voltado para o aluguel comercial, o que
parece ser uma raridade na região ainda
hoje, segundo a arquiteta sênior Francesca
Franchi, da FXFowle, o prédio é um dos
mais espetaculares
da porção central de
Manhattan.
Para Kaplan, “o edifício oferece o que
os velhos prédios da região não podem
ter”. Algumas de suas vantagens, apontou,
são a flexibilidade de uso dos andares,
com pé-direito alto, as lajes livres, muita
luz natural e poucos pilares, além de um
aparato sustentável de manutenção.
O sistema de ar-condicionado com
filtros mantém a qualidade do ar dentro do
prédio. “Em certas ocasiões, o ar interno é
melhor que o exterior”, disse Kaplan.
Em compensação, o aluguel não dá
direito a piso elevado, e o locatário precisa
puxar todas as redes elétrica, de telefonia
e dados desde uma caixa disponível em
cada andar.
Prédio sedia jornalismo transparente
A sede do The New York Times, em
Times Square, é fantástica e mostra que
ser sustentável vai além da meta de obter
uma certificação. Foi assim que a arquiteta Raquel Palhares Macedo, consultora
técnica da Missão USA, definiu o edifício
que sedia a redação do jornal americano.
Com 51 andares, o prédio foi projetado
pelo renomado arquiteto italiano Renzo
Piano em parceria com os arquitetos da
FXFowle e abriga o jornal até o 28° andar.
Os demais pavimentos são reservados
para aluguel comercial.
O que mais impressiona no The New
York Times Building é a fachada de vidro e
tubos cerâmicos brancos externos redondos, sustentados por estruturas metálicas.
Os tubos imitam brises e, assim, colaboram
para o controle de incidência da luz solar
no prédio. A solução permitiu completar a
capa dupla com vidros transparentes que
não escondem os ambientes internos de
quem estiver passando na 8ª avenida,
entre as ruas 41 e 42.
Além disso, segundo Rocco Giannetti,
sócio e diretor de estúdio do FXFowle, a
fachada interna conta com cortinas automáticas sensíveis à luz.
Marca registrada da fachada são os
brises de tubos cerâmicos brancos
No térreo, há um jardim ao ar livre
cercado por paredes de vidro. O jardim,
que cria um ambiente calmo e sereno no
meio de um dos mais densos bairros da
cidade, constitui o coração do edifício e
o ponto focal do lobby, colorido e arejado.
Obstinação pelos ícones
Imagem: dbox,cortesia SPI
condições exteriores. À noite, sequências programadas de projeção de
LED mudam artificialmente os tons da
iluminação externa do prédio.
A flexibilidade de uso das espaçosas lajes, de 3.500 m² livres, também
impressionou. “Queremos atrair empresas que estão aqui próximas, no
centro financeiro, e para isso precisamos de áreas extremamente flexíveis
que permitam acompanhar as frequentes mudanças de layout típicas destas
companhias”, argumentou Lewis.
Por outro lado, notou Luiz Fernan­
do Ciniello Bueno, diretor de Operações da Gafisa, os andares são
sempre entregues “secos”, com infraestrutura mínima. “Também vale
observar que os prédios não têm piso
elevado. No Brasil, somos cobrados
por isso”, comentou.
Perspectiva de como será o novo WTC, que tenta recuperar pujança e orgulho dos arranha-céus dos EUA
A torre 7 do complexo World Trade
Center, em Manhattan, foi a última a
colapsar pelos atentados de 11 de
Setembro a Nova York, em 2001. Ironicamente, ela acabou sendo a primeira
a ser reerguido. E se transformou no
primeiro arranha-céu de escritórios
certificado da história da cidade.
Agora, oferece os mais rigorosos
controles contra terrorismo e incêndio,
segundo Kenneth Lewis, diretor do
escritório Skidmore, Owings & Merrill
(SOM) de Nova York e gerente do
projeto. Com 52 andares e 226 m de
altura, o Seven foi construído em cima
da subestação de energia elétrica da
Edison Company.
14
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Seus atributos de iluminação chamaram a atenção dos participantes da
Missão Técnica USA do SindusCon-SP.
A fachada de painéis de vidro inclui o
sistema spandrel glass, cuja superfície foi projetada
para criar a ilusão
de profundidade e
conta com um sistema de iluminação
que evolui naturalmente ao longo do
dia, conforme as
Canteiros de obras
dos edifícios do WTC
revelam organização
e grandiosidade
Segurança
A obsessão com a segurança é
compreensível. “Isolamos cada andar
um do outro e cobrimos o aço com
uma camada extra de concreto”, revelou Lewis. Segundo ele, o concreto
usado nas estruturas do core chega a
80 MPa. “É duas vezes mais resistente do que o que vínhamos usando”,
comparou.
Além disso, o Seven conta com
um sistema múltiplo de sprinklers e de
água que poderá garantir o suprimento
no caso de incêndio, sem falar nos geradores extras no topo do prédio para
filtrar o ar, evitando a concentração de
fumaça, como no 11/9. As escadas,
como em todos os novos arranha-céus
da cidade, agora são mais largas, para
permitir a circulação dos bombeiros.
Gigantismo
Com 52 andares, a torre 7 será a
menor do WTC. Do 49° andar, viam-se
erguer os demais edifícios, entre eles a
Freedom Tower (One WTC), que subirá
a 541,3 metros, com 102 pavimentos.
Fazendo juz à tradição de engenhosidade norte-americana na construção
de edifícios altos, a torre “evocará o
delgado, afilando formas triangulares
do mesmo modo que ícones como o
Chrysler Building e o Empire State
Building”, segundo o programa do
escritório SOM.
Para o engenheiro Virgílio Augusto
Ramos, da consultoria Cia. de Enge-
nharia Civil, “impressionou a simplicidade estrutural dos edifícios,
mesmo com uma arquitetura tão
diferenciada. “No Panamá, vimos
prédios de 80 andares cuja estrutura impunha-se à arquitetura.
Aqui, ela é simples, mas o efeito
plástico é incrível”, disse.
Como no Seven, o One terá
redundância estrutural, cimento
mais denso e altamente aderente.
O edifício incluirá filtros biológicos e químicos do ar, escadas
pressurizadas extra-largas, vários
sistemas de backup para iluminação de emergência e proteção de
concreto nos aspersores, além de
saídas interligadas redundantes.
Todos os sistemas de segurança
–escadas de saída, antenas de
comunicação, exaustão e poços
de ventilação, parte elétrica e
elevadores– são envoltos em um
núcleo de três metros de espessura de concreto.
Detalhe de gruas instaladas no alto de edifício em obra
do complexo WTC, que prezam pela agilidade
e segurança das novas instalações
Escritório tem equipe multidisciplinar
O Skidmore, Owings & Merrill
(SOM) já está na quinta geração. Um
dos maiores escritórios de arquitetura
do mundo, o SOM tem sido responsável por projetos de edifícios superaltos
em vários países, como o novo World
Trade Center, nos EUA (veja na página
ao lado) e a Jimmao Tower, em Pequim.
Na sede de Nova York, as honras
da casa foram feitas pelo sócio Mustafa
Abadan e por Nicholas Holt, diretor da
equipe técnica do escritório na cidade.
“Temos orgulho de sermos apontados
como um dos mais inovadores do mundo”, afirmou Holt.
Na sua estratégia de atuação está
a diversificação de competências da
equipe, juntando os conhecimentos de
designers e engenheiros experts em
todos os tipos de edificações.
“Como uma empresa multidisci-
Mustafa Abadan (esq.) recebe brindes de Bianchi
plinar, o SOM promove um ambiente
colaborativo.
Esta forma de abordagem é pioneira e tem permitido desenvolvermos
soluções novas e originais em nossos
projetos”, confirmou Abadan.
Focado na sustentabilidade, o SOM
tem no currículo 20 empreendimentos
certificados LEED. No Brasil, já projetou
a sede do Bank of Boston, com parce-
rias pontuais, e a sede da Editora Abril,
entre outros.
Como muitos outros escritórios, o
SOM também optou pelo sistema Revit
para implementar o BIM. “A ferramenta é
útil em projetos de grande envergadura
como os que temos feito. Aprendemos
que a segurança das edificações é cada
vez mais prioritária e as simulações de
vento, estruturas, orientação do prédio
e insolação que o BIM permite fazer
são muito importantes para auxiliar na
tomada de decisões”, disse Holt.
A utilização do BIM nos projetos
do WTC tem possibilitado aumentar a
produtividade no canteiro e reduzir o
número de trabalhadores envolvidos
nas tarefas. “Mesmo assim, embora
o Revit prometa baixar até 30% os
custos da obra, ainda não vimos isso”,
ponderou o diretor.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
15
Sustentável
na prática
A sustentabilidade como a expressão
lógica dos seus valores foi a escolha da
Sidwell Friends School, escola de ensino
médio particular em Washington-DC onde
estudam as filhas de Barack Obama.
A escola pretende oferecer aos 800
alunos, da 5ª à 8ª série, um ambiente
que valorize o meio ambiente. Para isso,
usa suas próprias instalações como uma
ferramenta de ensino, medindo e verificando a performance do edifício sede,
criando espaços de aprendizagem fora
das salas de aula e aproximando a escola
da comunidade.
Entre as características e sistemas da
edificação principal da escola, utilizada
como modelo para orientação e educação
ambiental dos alunos, está um completo
sistema de tratamento de esgoto por meio
de tanques e filtros mecânicos enterrados.
Segundo o gerente de Facilities da Sidwell,
Steve Sawyer, após passar três dias por
um lento tratamento, que inclui filtros
mecânicos, processos biológicos e raios
ultravioletas, a água é aproveitada nas baPlantas encobrem área de
tratamento de esgoto e riacho
de água da chuva (detalhe)
16
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
cias sanitárias e nas
torres de refrigeração. “Depois de uma Num corredor, painel evoca cidadania para além do processo educativo
primeira filtragem,
então agora só mostramos o sistema pelo
que remove partículas sólidas, a água
computador”, afirmou Sawyer.
servida é tratada com plantas aquáticas,
No telhado verde, plantas bastante
microorganismos, luz solar, areia etc.”,
resistentes filtram a água da chuva e redisse. Um filtro ultravioleta completa o
frescam os ambientes internos. Já a água
processo de filtragem.
da chuva é 100% coletada e circula por um
Com isso, a escola armazena uma
charmoso riachinho artificial, com pedras,
grande quantidade de água num reservaplantas aquáticas e peixes.
tório próprio e demanda apenas 10% da
água da rede municipal.
Índio
Outra característica importante da
Corpo humano
escola, que conquistou certificação máToda a infraestrutura hidráulica da Sixima (Platinum) LEED, por ter se mostradwell parte do subsolo do prédio principal
do sustentável tanto
da escola. Uma rede
em projeto quanto
distribui a água para
em operação e uso,
todos os sete edifíé usar 60% menos
cios do campus. “Um
energia elétrica.
computador controla
O telhado do préa distribuição 24 hodio abriga painéis soras por dia”, afirmou.
lares e uma torre de
Segundo ele, a
exaustão cujo formaexposição da tubuto lembra uma cabalação pelo prédio é
na típica dos índios
intencional. “Os arquinorte-americanos.
tetos quiseram isso,
Nela, aletas são forporque a intenção é
çadas por convecção
ajudar na educação
a abrirem e liberarem
dos alunos. Neste
o ar quente, que sai
ano, eles estudaram
pelo teto e renova a
a circulação no corpo
atmosfera do prédio.
humano fazendo uma Torre de exaustão, que lembra cabana indígena
O ar fresco tamcomparação com os
bém é muito bem-vindo nas salas de
tubos de água”, comentou.
aula. Se as janelas de certas salas estão
No entanto, a escola deixou de deabertas, os equipamentos de aquecimento
monstrar in loco aos estudantes outra
e ar condicionado desses ambientes são
prática sustentável: a compostagem do
desligados e substituídos por um sistema
lixo. “As crianças menores ficavam perde ventilação natural.
turbadas com o barulho do equipamento,
Um equipamento instalado no subsolo
faz circular o ar por uma roda cerâmica, responsável por fazer a troca de ar quente/frio,
conforme as necessidades no verão ou no
inverno. “Com o sistema, pode-se aumentar
em 10° F ou baixar em 10° F a temperatura
dentro do edifício”, disse Sawyer.
Foram instaladas ainda nas salas de
aula sensores de luminosidade que aumentam ou reduzem a intensidade da luz
conforme a necessidade. As salas também
possuem vidros duplos e cortinas pretas
para dias muito ensolarados.
Além disso, no corredor onde estudam
os mais velhos, painéis de conversores
de energia solar em eletricidade indicam
em tempo real a quantidade gerada pelos
painéis solares. “O sistema fornece apenas
5% da energia necessária para consumo
da escola, mas nosso objetivo é a educação ambiental dos alunos”, reforçou o
gerente da Sidwell.
Outra providência simples foi pintar
de branco o telhado, o que ajuda a refletir
os raios de sol, contribuindo para evitar o
efeito “ilha de calor” e reduzindo a demanda
pelo ar condicionado. Em alguns pontos do
prédio, ainda, há sensores de oxigênio. Se
o índice estiver baixo, o sistema bombeia
mais O² para o ambiente.
A escola preservou 80% das plantas
nativas e a biodiversidade da região, o que
permitiu a pássaros e outros pequenos
animais circularem pelo campus.
Biodiversidade
A reciclagem de materiais é uma das
marcas da fachada. Tábuas de cedro
tratado que formaram um dia tonéis de envelhecimento de bebidas funcionam como
brises, para minimizar a entrada excessiva
de luz natural. Além disso, disse Sawyer,
60% dos resíduos gerados na obra foram
para recicladoras ou aterros. Ele lembrou
Multidisciplinar: aulas incentivam as descobertas
ainda que a escolha de materiais produzidos regionalmente minimizou a necessidade de gasto de energia para transportar os
insumos de lugares mais distantes.
Aqui prevalece o espírito de equipe
Catálogos e amostras de materiais
ficam à mão dos arquitetos da Gensler
O conceito de pequenos estúdios
de arquitetura, com não mais do que
40 pessoas por equipe, é o segredo do
Gensler, um dos maiores escritórios de
arquitetura do planeta e que já assinou inú-
meros projetos de
sustentabilidade.
O escritório propõe
produzir projetos
impactantes e que
modifiquem os lugares para melhor,
comentou Joseph
Brancato, gerente
da regional Noroeste do Gensler e
membro da Diretoria. “Através
do poder do
design, definimos o que
é possível.”
Só em
NYC, trabalham cerca
de 320 profissionais que, divididos em dez
times, fazem tudo em cada projeto. “As
equipes compartilham informações e talentos com os demais escritórios, seja em
NYC, Denver ou New Jersey. Ao contrário
do que possa parecer, não há competição
entre eles”, garantiu Brancato. “Trata-se
de um conceito diferenciado de estúdio de
arquitetura, o que gera um clima muito bom
de criatividade e de espírito de equipe”,
definiu a consultora Raquel Palhares.
O escritório faz projetos para o Brasil há
20 anos e os trabalhos se intensificaram de
2008 para cá. Diante disso, o Gensler está
prestes a abrir um escritório em São Paulo.
O escritório tem 2.300 projetistas e
2.000 projetos em andamento em 34 escritórios nos EUA e outros países.
A Gensler também dividiu com os
membros da Missão do SindusCon-SP
sua experiência na implementação do
BIM. Scott Rosenbloom, especialista em
Revit, e funcionário da regional que ajuda
os profissionais a trabalharem com a
ferramenta, comentou que a implantação
da modelagem tem sido lenta. Em NYC, o
Gensler usa o BIM desde 2008. “Foram 30
anos com AutoCAD e só 2 com o Revit. É
preciso paciência para treinar as pessoas e
formar uma cultura nova”, ponderou.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
17
Trabalho de
excelência
Cada vez mais profissionais, as viagens técnicas do SindusCon-SP têm
também um caráter de forte amizade,
disse o diretor de Relações Internacionais
e coordenador de Missões e Eventos do
CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade),
Salvador Benevides, ao falar da 7ª missão,
esta aos Estados Unidos.
Benevides conta que as missões técnicas começaram no CTQ e são sempre
apoiadas pela Presidência do sindicato.
“Já levamos empresários ao Chile, México,
Emirados Árabes, China, Panamá e África
do Sul”, comentou. Segundo ele, todas
são “eminentemente temáticas”. Um bom
exemplo, aponta, foi a do México. “Temos
orgulho de o grande percentual de conhecimento acumulado naquela viagem ter
motivado o setor a sugerir ao governo o
que depois se tornou o Programa Minha
Casa, Minha Vida”, disse. Ele lembrou
ainda da visita a prédios superaltos em
Dubai e aos estádios da Copa 2010 na
África do Sul. “Nos EUA, a meta foi conhecer a abordagem de sustentabilidade dos
construtores e importar informações sobre
Grupo reunido em frente à Casa Branca, em
Washington-DC: amizade e profissionalismo
o BIM (Building Information Modeling).
Benevides disse que a avaliação das
viagens tem sido a melhor possível. “Os
grupos são formados por profissionais
de excelência em vários segmentos. As
missões são tão reconhecidas que, antes
mesmo de lançarmos os próximos destinos, as vagas já estão esgotadas.
Comércio bilateral está forte
Uma delegação da Missão Técnica
cio de dezembro. “O país está vivendo
USA foi recebida na Embaixada do Brasil,
uma fase de internacionalização do capital
em Washington-DC, por Philip Fox-Drumbrasileiro e estamos prontos para apoiar a
mond Gough, chefe do Departamento
entrada das empresas em outros países”,
Comercial, e seu assessor Antonio Cesar
disse Gough.
da Silva.
Ele também falou sobre o grande inLiderados por Maurício Linn Bianchi,
teresse dos empresários americanos em
vice-presidente do SindusCon-SP, a
relação ao mercado brasileiro e ouviu dos
delegação foi alertada de que a situação
representantes do SindusCon-SP obserdo mercado imobiliário americano ainda
preocupa. “Não está
boa. A oferta ainda
é muito grande e os
preços tendem a
cair”, afirmou Gough.
Os 12 integrantes da Missão foram
convidados por Philip
Gough a participarem de uma missão
comercial aos EUA
de empresários brasileiros da construção
civil que a Embaixada
e a Amcham-Brasil Philip Gough debateu com delegação da Missão USA condições do
preparam para o iní- comércio internacional e potencialidades para a construção civil
18
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
vações sobre a pouca competição entre as
siderúrgicas nacionais e o preço do aço no
Brasil e no Exterior.
GBC poderá
regionalizar
regras do LEED
Algumas variações regionais poderão ser aceitas a partir de janeiro
de 2011 em itens das diretrizes de
certificação LEED para edifícios comerciais feitas pelo Green Building
Council (GBC).
A informação foi dada em setembro pela vice-presidente de Operações Internacionais da USGBC,
Jennivine Kwan, durante visita da
Missão Técnica USA à sede da entidade, em Washington-DC. “Queremos que os comitês definam opções
de aplicações para cada item das
regras”, disse.
COMPRE BEM
CompraCon-SP assina mais convênios
Cinco novos convênios com fornecedores da construção foram firmados nas
últimas semanas pela CompraCon-SP (Associação de Compras da Construção Civil
no Estado de São Paulo), para oferecer
às construtoras associadas vantagens na
aquisição de insumos e serviços do setor.
Para se associar à CompraCon-SP
e poder desfrutar dessas condições
vantajosas, a construtora deve entrar em
contato com o diretor executivo da associação, Robson Colamaria, pelo e-mail
[email protected] , telefone
(11) 3334-5678 ou por intermédio do site:
www.compracon.com.br .
Os novos convênios foram assinados
com os seguintes fornecedores:
3M/Pizzimenti – Dotada de grande
capacidade logística, a Pizzimenti vai intermediar o fornecimento dos equipamentos
de proteção individual (EPIs) e abrasivos
da 3M para as associadas da Compra­ConSP em todo o Estado de São Paulo.
Amanco – Por meio de seu distribuidor
Arjona, o fabricante de tubos e conexões de
PVC (água quente e fria e esgoto) disponibiliza às associadas da CompraCon-SP
toda sua linha de materiais com descontos
vantajosos.
Emmeti – Multinacional com sede na
Itália, traz para o Brasil seu novo sistema
de dutos flexíveis de alumínio para gás
(Sistema GasPex), com custo-benefício
vantajoso.
FortLev – Fornecedores de sistemas
de armazenamento de água (caixas
d’água, cisternas, tanques e reservatórios
modulares), com condições comerciais
diferenciadas.
Vert – Fabricantes de kits de portas
prontas, com qualidade de exportação.
Oferece os materiais com tabelas de preços atrativos e um pós-venda que inclui
instalação.
20
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Mais convênios
Além destes, a CompraCon-SP continua mantendo os seguintes convênios:
Avant/ZXM, proporcionando preços
atrativos para locações e aquisições de
gruas (torre, base X e sobre trilhos).
Belmetal, empresa de transformação
de alumínio. Disponibiliza grande linha de
esquadrias e sistemas de fachadas, além
de projetos específicos.
Bellota Ferramentas, que fornece
todo tipo de ferramenta para construção
civil e gesso em condições competitivas.
Comexport, trading que oferece assessoria de importação em materiais de
construção de diversos países. Trabalha
no desenvolvimento de novos fornecedores, negociando as melhores condições,
acompanhando o processo produtivo e
realizando os ensaios de qualidade. Acompanha embarque e desembarque/desembaraço. Também pode fazer a logística de
distribuição.
Docol, fábrica de metais sanitários.
Encon/KME Comercial de Condutores Elétricos, distribuidor que disponibiliza
os melhores preços dos principais fabricantes de fios e cabos elétricos.
Esteves, fornecedor de metais sanitários como sifões, válvulas, flexíveis etc..
Formaplan, fabricante nacional de
chapas compensadas.
Forsa, fabricante de sistemas de fôrmas de alumínio para concreto.
Gerdau, fabricante de vergalhões e
outros produtos siderúrgicos.
Granilita, produtora de tintas especiais
à base de água, produtos que respeitam
o ecossistema. Possui grande portfólio de
texturas (revestimentos de fachada) com
preços competitivos.
Grupo Roca, detentor das marcas de
louças sanitárias Incepa e Celite.
Marmoraria Mendes, fabricante de
pisos de mármore e granito. Também
desenvolve projetos específicos para
bancadas e pias.
Mecan Indústria e Locação de
Equipamentos para a Construção, disponibiliza para venda e locação andaimes,
escoramentos metálicos, elevadores de
obra tipo cremalheira, guarda-corpos, com
preços diferenciados.
Orona, fabricante espanhola de elevadores, empresa de grande destaque no
mercado europeu, presente em mais de
80 países e que disponibiliza seus equipamentos no Brasil.
Portinari/Cecrisa, envolvendo um mix
de produtos em revestimentos cerâmicos.
Schneider Electric, atuante desde
1836, transformou-se em especialista global para gestão de energia. Oferece diversas soluções em eficiência energética por
meio de tomadas, interruptores, quadros
elétricos, disjuntores etc.
Supergreen, comercializadora de produtos, sistemas e soluções completas em
água e energia, com a visão de excelência
ambiental e inovação; os produtos têm
baixo impacto ambiental.
Viapol, fabricante de impermeabilizantes, tem um mix diversificado de produtos
para impermeabilização e químicos.
MEIO AMBIENTE
“Madeira é Legal” prepara
novo evento para novembro
Com apoio do Comasp (Comitê de
Meio Ambiente) do SindusCon-SP, o
segundo evento do Programa Madeira é
Legal foi agendado para o dia 23 de novembro, no auditório da Fundação Getúlio
Vargas, em São Paulo.
Lançado em março de 2009, o programa é fruto de um protocolo assinado
por Governo e Prefeitura de São Paulo,
entidades da construção civil e do setor madeireiro, ONGs e institutos de pesquisa. Ao
todo, o documento agrega 23 signatários.
O programa fortalece as ações voltadas ao uso sustentável da madeira na
construção, além de ampliar a abrangência
das iniciativas de uso responsável de madeira no Estado de São Paulo.
O lançamento do Madeira é Legal foi
um marco para a evolução das ações,
embora muito já estivesse sendo feito para
que a madeira na construção civil fosse
corretamente utilizada. Signatários do Protocolo, como SindusCon-SP, IPT (Instituto
de Pesquisas Tecnológicas), FGV, WWF
Brasil e as secretarias municipal e estadual
de Meio Ambiente, já desenvolviam ações
em São Paulo e em todo Brasil de incentivo
ao manejo correto na extração da madeira
nativa nas florestas, bem como ações de
fiscalização e combate à comercialização
e ao transporte de madeira ilegal.
Francisco Vasconcellos, vice-presidente de Meio Ambiente do SindusCon-SP,
lembra que também “uma importante ação
de disseminação de conhecimento ao setor
da construção foi desenvolvida a partir da
publicação e distribuição de um manual
elaborado pelo SindusCon-SP em parceria com IPT e Secretaria do Verde e Meio
Ambiente”. O manual fornece informações
técnicas para que a madeira nativa possa
ser usada adequadamente nas obras.
Hoje, o programa trata de questões
relacionadas à madeira nativa, madeira
proveniente de florestas plantadas, madeira industrializada, entre outras.
revendedores de madeira. O Sindimasp
também tem sido parceiro do Sindus­ConSP no auxílio para que as construtoras e
incorporadoras a se inscrevam no Cadastro
Técnico Federal do Ibama e no controle do
DOF (Documento de Origem Florestal).
O evento também marcará a entrega de
certificados à primeira turma do Programa
de Capacitação de Empresas Construtoras
para a Aquisição Sustentável de Madeira
na Construção Civil, desenvolvido pelo
SindusCon-SP, por meio da participação
das empresas do Comasp, em parceria
com o WWF-Brasil.
Resultados
O evento irá mostrar os resultados dos
esforços conjuntos alcançados até agora.
A Secretaria Estadual do Meio Ambiente
apresentará os frutos de seus trabalhos,
entre eles o acordo com a Polícia Militar
que tem possibilitado uma fiscalização
mais rigorosa, uma vez que capacitou as equipes com conhecimento e modernas tecnologias que
permitem identificar em tempo real
a procedência da madeira transportada e que entra no Estado de
São Paulo.
A Secretaria divulgará ainda
no evento os procedimentos para
cadastro junto ao Ibama, uma vez
que pelo acordo com este órgão
ela assumiu diversas atividades
antes por ele executadas.
O Sindimasp (Sindicato do Comércio Atacadista de Madeiras do
Estado de São Paulo), que agrega
as empresas que comercializam
Capa do manual editado pelo SindusCon-SP e outras entidades
madeira, também revelará dados
O novo site do Programa Madeira é
positivos. Além do engajamento de seus
Legal também estreará contendo inforassociados, o sindicato tem se empenhado
mações para as empresas da construção,
para que as empresas se capacitem e se
sem deixar de lado um espaço destinado
cadastrem no CADMadeiras, o que dá seaos consumidores finais, com orientações
gurança na compra por parte das construespecíficas de como adquirir corretamente
toras. O cadastro estadual tem como meta
a madeira.
verificar a qualificação e o cumprimento da
(Nathalia Barboza)
legislação por parte das beneficiadoras e
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
21
IMOBILIÁRIO
Prefeitura valoriza ação do SindusCon-SP
Foto: Jorge´s Estúdio Fotográfico
O processo de licenciamento de projetos de construção em São Paulo ganhou
importância por refletir a inserção dos
empreendedores imobiliários no município, que buscam junto com a Prefeitura o
desenvolvimento da cidade com o mínimo
de impacto ao meio ambiente e ao trânsito.
Este foi o conceito transmitido pelo
secretário municipal adjunto de Infraestrutura Urbana e Obras, Marcos Rodrigues
Penido, na abertura do 3º Seminário de
Legalização de Empreendimentos, realizado pelo vice-presidente de Imobiliário do
SindusCon-SP, Odair Senra. A solenidade
reuniu 150 participantes, em setembro.
O evento continua em todas as quar­tasfeiras, até novembro.
Além de Penido e Senra, participaram
da abertura o secretário municipal da Pessoa Com Deficiência, Marcos Belizário; o
chefe de gabinete da Secretaria Municipal
de Habitação, José Frederico Meier Neto;
o supervisor de Uso e Ocupação do Solo
da Secretaria Municipal de Coordenação
das Subprefeituras,
Alfonso Orlandi Neto;
o diretor do Depave, Carlos Roberto
Fortner; o diretor de
Planejamento da
CET, Irineu Gnecco
Filho, e o presidente
do SindusCon-SP,
Sergio Watanabe.
Penido afirmou
que “a agilidade no licenciamento de
empreendimentos se tornou uma necessidade diante da velocidade do desenvolvimento da cidade”. Segundo ele, o melhor
preparo da Prefeitura no processo também
é fruto de eventos como o seminário, realizados em parceria com os empresários.
Já o diretor da CET destacou que a
legislação de mitigação do impacto dos
Fortner, Senra, Orlandi, Penido, Belizário, Watanabe, Meier e Gnecco: parceria consagrada
Polos Geradores de Tráfego trouxe regras
claras. Ele elogiou a atuação da Vice-Presidência de Imobiliário do SindusCon-SP
pelo “entendimento cada vez maior entre
o poder público e a
iniciativa privada”.
Segundo o secretário Belizário,
a orientação dada
pelo prefeito Gilberto
Kassab é que a legislação seja cumprida,
dando a oportunidade aos cidadãos
de corrigirem o que
está errado.
Belizário relatou que, recentemente,
uma obra foi paralisada diante da denúncia de que o empreendimento teria sido
licenciado para ser construído sobre um
córrego, em Área de Preservação Permanente. “A Sehab foi lá, rasgou o terreno e
nada encontrou. A Semab, idem. Como
havia representação no Ministério Público,
“Crescimento veloz de
São Paulo obrigou a
um licenciamento ágil
dos empreendimentos”
22
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
cada secretaria emitiu um laudo e ainda
por cima realizamos uma audiência pública. Um mês depois da paralisação, a obra
foi liberada”, contou.
“Estamos trabalhando para desburocratizar, não permitindo que o poder
público crie dificuldades para malandros
venderem facilidades. Ninguém aceita
mais pagar suborno”, enfatizou.
As demais autoridades destacaram a
atuação municipal para agilizar os licenciamentos. O presidente do SindusCon-SP
ressaltou que o seminário se tornou uma
marca do SindusCon-SP, consagrando a
iniciativa do sindicato de colocar as empresas em contato direto com os órgãos
encarregados do licenciamento.
O coordenador de Produção e Mercado, Elcio Sigolo, que organizou o seminário,
manifestou satisfação em saber dos técnicos da Prefeitura que as edições anteriores
do evento contribuíram para aumentar a
interlocução entre os órgãos encarregados
dos licenciamentos. (Rafael Marko)
GESTÃO DA OBRA
Aprofundar o planejamento
Maria Angelica Covelo Silva *
A
s dificuldades em assegurar a
qualidade no momento atual
mostram a necessidade de mais
profundidade no planejamento da qualidade da obra, o chamado Plano da Qualidade
da Obra (PQO).
Os riscos decorrentes de problemas
relativos à qualidade envolvem custos
que têm aspectos mensuráveis e aspectos intangíveis de forte impacto sobre a
reputação das empresas, numa era em
que os clientes colocam sua insatisfação
em blogs, filmes no You Tube, Twitter e
outras ferramentas de grande repercussão
e alcance.
Para diminuir os riscos quanto à
qualidade, este planejamento deveria
considerar:
1) A determinação inicial de desempenho a ser atingido nos 11 itens da NBR
15.575 que consistem na verdade em
requisitos de 14 naturezas diferentes para
o edifício a ser projetado (sim, o plano da
qualidade da obra deveria começar com
um plano da qualidade do projeto).
2) Em função destes requisitos, devem-se determinar as normas técnicas a serem
atendidas no projeto do edifício. Projetistas
e contratante de projeto devem analisar
detalhadamente o atendimento a estas
normas. Elas devem ser explicitadas em
documentos de projeto.
3) O projeto também precisa de um
grau de desenvolvimento diferente do que
se tem atualmente. Numa época de grande
dificuldade de mão de obra capacitada, a
falta de um detalhamento de projeto para
produção de fato é o pior que pode acontecer, e as incompatibilidades de interfaces
entre subsistemas construtivos acentuam
os riscos significativamente.
4) A escolha e a determinação da
24
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Agora tudo
deve começar
pela Norma de
Desempenho
tecnologia e sistemas construtivos só podem partir do desempenho a ser atingido.
Algumas práticas no mercado não são
tecnologia de fato, pois passaram a ser
aplicadas em prol da redução de custo ou
prazo sem desenvolvimento tecnológico,
e não há qualidade que suporte falta de
engenharia e de tecnologia .
5) As especificações de materiais
e componentes deveriam ser feitas por
desempenho, utilizando-se as normas de
especificações e se exigindo dos fornecedores a comprovação de conformidade dos
materiais às respectivas normas.
6) Os serviços também deveriam ter
procedimentos baseados em normas
técnicas, e boa parte dos engenheiros de
produção desconhecem até mesmo a exis-
tência de normas de execução de serviços.
7) O treinamento para executar serviços deveria ter planejamento minucioso
para ser muito eficaz, com farto material
instrucional adequado, com prática focada em ensinar aos trabalhadores o que
efetivamente influi sobre a qualidade num
serviço. Os métodos de treinamento não
podem subestimar o operário. Sem entender o porquê de cada atitude no trabalho,
ele não pode mesmo se comprometer com
a qualidade. Sem ter o feedback mostrando
o que ficou bom e o que não ficou, também
não há compromisso.
8) As inspeções de serviços precisam
ser muito mais minuciosas e baseadas em
conhecimento. Quem está inspecionando
serviços atualmente nos canteiros sabe
enxergar a real qualidade? Sem conhecimento, não se consegue distinguir a
qualidade nos serviços executados.
9) Há muito mais a controlar do que o
concreto, e um plano de ensaios detalhado precisa existir. Este plano deve incluir
ensaios que demonstrem a conformidade
de produtos, ensaios de caracterização de
desempenho e ensaios de controle tecnológico. É preciso ter mais profundidade e
maior abrangência no que se pratica atualmente como planejamento da qualidade,
pois em engenharia a qualidade não é
resultante das habilidades individuais de
todos os envolvidos, por mais competentes
que sejam.
* Engenheira civil, mestre e doutora em engenharia, diretora da
NGI Consultoria e Desenvolvi-
mento
,
entários, críticas
Envie seus com
as
tem
stões de
perguntas e suge
:
na
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toria.com.br
ngi@ngiconsul
Norma de Desempenho: novo prazo?
Até o dia 27 de outubro, encontra-se
no site da ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas) a consulta pública
do Comitê Brasileiro da Construção Civil
(CB-02) daquela entidade, de adiar por 15
meses a exigibilidade de projetos de edificações pela Norma de Desempenho de
Edificações até 5 Pavimentos, que deveria
acontecer a partir de 12 de novembro.
O resultado da consulta deverá ser
analisado em reunião do CB-02 no início
de novembro. Uma possibilidade é que,
antes de 12 de novembro, a ABNT publique emenda àquela norma, adiando a
exigibilidade.
Neste caso, os trabalhos para a elaboração do projeto de alteração da norma já
podem se iniciar e irão até por volta de 12
de maio de 2011.
Nesse período, partes do texto seriam
Setor debate se a
exigibilidade de
projetos deve ser
adiada para 2012
reformuladas, realizando-se as correções
e alterações cuja necessidade foi detectada pelo setor da construção nos últimos
meses, num trabalho coordenado pela
CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da
Construção) com o SindusCon-SP e outras
entidades representativas dos diversos
elos da cadeia produtiva do setor.
Nova consulta pública, sobre o novo
texto alterado da norma, bem como a
realização de eventuais emendas e a consolidação de sua redação final aconteceria
nos quatro meses seguintes.
Desta forma, a norma já com as alterações de conteúdo seria publicada ao redor
de 12 de setembro de 2011. Na sequência,
haveria novo prazo de seis meses para
que os projetistas conheçam as alterações
feitas. Assim, a exigibilidade de projetos de
edificações pela nova norma aconteceria
a partir de 12 de março de 2012, aproximadamente.
No fechamento desta edição, o superintendente do CB-02 e membro do Comitê de
Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP,
Carlos Borges, estava prestes a convocar
reunião a fim de formalizar a Comissão
de Estudos que elaboraria o projeto de
emenda da norma.
(Rafael Marko)
Bauru faz sugestões de alteração
cobertura. Ao mesmo tempo, o
A diretoria da Regional
documento estabelece regras
Bauru do SindusCon-SP conde manutenção para os adquividou representantes de emrentes, ou seja, as empresas
presas associadas, entidades
que administram prédios e
de classe e uma faculdade para
condomínios.
compor um Grupo de Estudos
“A norma veio para cobrar
sobre a Norma de Desempedas empresas qualidade em
nho. Durante os debates, o
todas as fases, do projeto e
grupo identificou alguns pontos
execução até os materiais
conflitantes e encaminhou suempregados. Isso vai exigir um
gestões de melhorias para os
esforço de toda a cadeia da
integrantes do SindusCon-SP
construção para acompanhar
que participaram da elaboração
as novas determinações, que
da NBR 15.575.
vêm ao encontro das necessiO grupo, formado por memOs debates reuniram empresários, entidades, professores, prefeitura e Caixa
dades do comprador. Ele adquibros da Regional Bauru do
re um bem esperando que dure
SindusCon-SP, prefeitura, Caimuitos anos”, afirmou o diretor
xa, professores da Unesp e
Ao longo dos debates, o grupo destada Regional Bauru, Renato Parreira.
construtoras, realizou cinco reuniões, em
cou as determinações que mais impactam
Ele destacou, porém, que o grupo
que foram analisadas, tópico a tópico, as
diretamente o setor, regras que não exisidentificou pontos da norma que precisam
seis partes do documento: requisitos getiam antes. Um exemplo é a determinação
ser esclarecidos e outros que podem ser
rais, sistemas estruturais, pisos internos,
de uma vida útil mínima para o projeto,
melhorados, resultando no documento
vedações verticais, coberturas e instalaque estipula 40 anos para a estrutura, 13
com sugestões. (Sabrina Magalhães)
ções hidrossanitárias.
anos para pisos internos e 20 anos para
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
25
GESTÃO EMPRESARIAL
Questão de Princípios
Maria Angelica Lencione Pedreti *
N
a coluna anterior, introduzi
o tema das mudanças contábeis e da necessidade de
padronizar regras, para permitir a
comparabilidade entre empresas do
mesmo setor, em países diferentes,
ou compreender melhor as operações
das filiais de uma multinacional espalhadas pelo mundo.
Hoje, abordarei alguns fundamentos dessa mudança, os Princípios
Contábeis Geralmente Aceitos que
nortearão a transição de uma contabilidade local para uma globalizada.
Isso permitirá ao administrador o
melhor julgamento sobre como contabilizar determinada operação.
Para existir uma contabilidade
global, a regra, não restritiva, é con­
tabilizar a essência da operação,
independente de alguma lei. Chamo
isso de “a essência sobre a forma”.
O primeiro é o Princípio da Entidade: a empresa é uma entidade jurídica
independente dos sócios. Isto protege
o sócio (seus bens não poderiam ser
confiscados por conta de dívidas da
companhia), e a empresa (os sócios
não usariam os ativos dela em causa
própria). É também o que norteia o
conceito de Project Finance e o de
constituição jurídica de companhias.
O segundo, Princípio da Continuidade: a empresa é uma entidade
perene, existirá além da existência
dos sócios, sofrendo processos sucessórios, mudando de mãos even­
tualmente, mas sempre com vida infinita. Isso pressupõe que ela seja bem
administrada, que seus profissionais
percebam as mudanças e atualizem
estratégia, tecnologia, produtos e os
28
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Ser uma entidade
perene é a base
para o mercado
avaliar a empresa
mercados a serem priorizados, para
a companhia prover fluxos de caixa
infinitos e, de preferência, crescentes. Este princípio é a base de tudo
o que se conhece sobre avaliação de
empresas, influenciando portanto os
preços das ações e obviamente os
retornos dos proprietários.
Princípio da Competência: talvez o
mais característico da contabilidade.
Assume que as receitas competem
(daí o nome) ao momento em que
o produto foi entregue ou o serviço
prestado, independentemente de
quando aconteceram os pagamentos
por isso. Da mesma forma, os custos
ou despesas competem ao período
em que o recurso (que estava no ati-
vo) foi consumido e também assume
que um custo ou despesa só pode
ser incorrido para a obtenção de uma
receita, que se confrontará com ele na
Demonstração de Resultados. Neste
sentido, é o princípio que revela o
resultado da companhia.
O Princípio da Equidade assegura
que a contabilidade deva mostrar a
verdade, sem a intenção de privilegiar
ou proteger um ou outro stakeholder.
É o princípio que norteia a contabilização da essência das operações
sobre a forma (o que está na lei).
Isto porque, em muitos países, existe uma lei contábil que sofre muita
interferência de algum stakeholder
mais poderoso, como o fisco, por
exemplo: nesse caso, a contabilidade
seguirá o que é determinado pela lei,
independente de contrariar ou não
refletir a essência da operação, e
acabará por não fazer seu principal
trabalho: o de informar a realidade aos
stakeholders da companhia. Atrelada
a este princípio, está toda a discussão de Disclosure (Transparência) e
Governança Corporativa.
Ainda muito próximo, o Princípio
da Oportunidade garante que toda
informação relevante chegue ao conhecimento de todos os stakeholders
ao mesmo tempo e na primeira oportunidade, garantindo a todos a mesma
chance na tomada de decisão. É o
princípio que torna criminosa a prática
da Informação Privilegiada.
O Princípio da Integração garantirá que o resultado de uma companhia
que investe em várias outras reflita
tanto o resultado da matriz quanto o
das investidas, esclarecendo ques-
tões que poderiam, de outra forma,
ficar obscuras aos stakeholders.
Princípio da Quantificação dos
Bens Patrimoniais: todo o patrimônio
do ativo da empresa tem que ser
quantificável. Implicitamente, ele
assume: aquilo que está no ativo
da empresa está sob seu controle
(e isso ajuda a definir uma série de
operações contábeis das empresas).
Aliado a ele, estão o Princípio da
Expressão Monetária –uma moeda
deverá ser eleita para quantificar o patrimônio da companhia–, bem como o
Princípio da Terminologia Contábil, o
qual garante que a contabilidade seja
compreendida por todo o qualquer
stakeholder, especialista ou leigo,
novamente, dando a todos a mesma
oportunidade de informação, ou seja,
reforçando a Equidade.
Os Princípios de Periodicidade
e Uniformidade garantirão que as
informações de uma companhia sejam comparáveis ao longo do tempo,
É preciso analisar
o desempenho
da companhia ao
longo do tempo
possibilitando uma análise temporal
do desempenho da empresa.
Finalmente, o Princípio da Prudência ou Conservadorismo norteará
o julgamento profissional na contabilidade: quanto mais ela refletir a essência da operação, distanciando-se
de alguma determinação formal, mais
julgamento profissional será necessário para a tomada de decisão quanto
aos registros contábeis e mais importante será que o controller conheça
o negócio, registrando as operações
da maneira mais fidedigna possível,
facilitando a tomada de decisões gerenciais para todos os interessados.
Neste sentido, quando mais equitativa
a contabilidade se colocar, maior a
exigência de prudência e menor a
necessidade de conservadorismo.
Nas próximas edições, discutiremos conceitos em cada ponto relevante, no Brasil e no resto do mundo, com
o objetivo de ampliar nosso horizontes
gerenciais.
* Professora de Contabilidade e Finanças da
FGV, mestra em Administração de Empresas,
trabalha em
Planejamento Estratégico
,
entários, críticas
Envie seus com
as
stões de tem
perguntas e suge
:
para esta coluna
@fgv.br
maria.lencione
Calendário de treinamentos
Dia 5, em São Paulo
Técnicas de Apresentação
em Público
Dias 08, 09 e 10, em Bauru
Educação Ambiental na
Construção Civil
Dia 5, em São Paulo
Cadastro, Crédito e
Cobrança
Dia 9, em São Paulo
ICMS na Construção Civil –
Aplicação da Substituição
Tributária
Dia 8, em São Paulo
Retenção Previdenciária Cessão de Mão-de-Obra e
Empreitada
Dia 9, em São Paulo
Gestão de Resíduos na
Construção Civil
Dia 11, em São José dos
Campos
Contabilidade e Tributação
na Construção Civil
Dia 12, em São Paulo
Valor do Dinheiro no Tempo
(Matemática Financeira com
uso da HP 12 C)
Dia 12, em São Paulo
Capacitação e Gestão em
Segurança Contra Incêndio
Dia 8, em São Paulo
Controladoria e Gestão
Econômica
Dias 10, 11 e 12, em Campinas
Educação Ambiental na
Construção Civil
Dia 16, em Bauru
Como Evitar Autuações
Fiscais na Construção Civil
Dia 8, em Presidente
Prudente
Orçamento de Obras e
Cálculo de BDI
Dia 11, em Santos
ICMS na Construção civil –
aplicação da substituição
tributária
Dia 17, em São Paulo
Os Contratos na
Legislação Previdenciária
Acesse www.sindusconsp.com.br e
conheça o calendário completo de treinamentos
NOVEMBRO 2010
Dia 18, em Guaratinguetá
INSS na Construção Civil –
Importantes Mudanças na
Legislação
Dia 18, em Campinas
O Papel do Líder na
formação de Equipes
Comprometidas
Dia 18, em São Paulo
Consórcios PA, SPE e SCP
na Construção Civil Estruturação de Negócios
Imobiliários Últimas alterações na
Legislação Tributária
e Societária
Dia 19, em São Paulo
Entendento a NR 33 Espaços Confinados
Dia 22, em Bauru
Contabilidade e Tributação
na Construção Civil
Dia 22, em São Paulo
As Novas Tendências da
Execução e Fiscalização
na Alvenaria Estrutural
Dia 23, em São Paulo
Contratos Built Suit
Dia 23, em São José do Rio
Preto
Gestão de Resíduos na
Construção Civil
Dia 23, em São Paulo
Análise de Crédito e
Cadastro - Pessoa Física
e Jurídica
Dia 24,em São Paulo
Guia Prático Previdenciário
junto à Receita Federal
Dia 25, em Presidente
Prudente
Técnicas de Vendas para
uma Excelente Negociação
Centro de Atenção ao Associado (11) 3334-5600
SEGURANÇA E SAÚDE
Megasipat
trabalha a
cidadania
Neste ano, a 11ª edição da Megasipat
(Mega Semana Interna de Prevenção de
Acidentes) do SindusCon-SP está batendo
recordes de público e inovando. Além das
recomendações habituais sobre prevenção
de acidentes de trabalho e cuidados com
a saúde, os trabalhadores participantes
estão recebendo novos conteúdos.
“Intensificamos uma agenda já iniciada em edições anteriores, com palestras
voltadas a promover a cidadania e elevar
a auto-estima dos trabalhadores”, relatam
os vice-presidentes do SindusCon-SP Haruo Ishikawa (Relações Capital-Trabalho)
e Maristela Honda (Responsabilidade
Social).
No evento, a se realizar na capital
paulista em 1 de dezembro e que já está
acontecendo nas nove regionais do interior,
A exemplo de outras regionais, o evento reuniu número 50% maior de trabalhadores em Ribeirão
Temas como doação
de órgãos, violência
doméstica e estresse
são debatidos
uma das novidades é a palestra sobre
relacionamento pessoal, com ênfase na
violência doméstica. A psicóloga Maria
Cristina Martins de Camargo, do Centro
Integrado da Mulher de Sorocaba, está
debatendo com os trabalhadores a questão e apresentando a Lei Maria da Penha,
que tipifica a violência doméstica e prevê
a prisão do agressor.
Outra novidade é uma palestra a cargo
do Seconci-SP sobre doação de órgãos.
No que se refere à prevenção de acidentes,
o tema está sendo abordado em palestras
e cenas teatrais sobre novos temas, como
depressão e estresse.
A prevenção em relação às drogas e
às doenças sexualmente transmissíveis
também está na programação, bem como
os cuidados em relação à saúde bucal e
à ergonomia. Há uma sessão de ginástica
laboral e o Senai sorteia brindes aos participantes no final do evento.
A realização é do SindusCon-SP, em
parceria com Senai, Sesi e Seconci-SP.
Inscrições para empresas associadas
ao sindicato: [email protected] ,
tel. (11) 3334-5662 na capital, ou com as
Regionais no interior.
Evento tem público recorde em Ribeirão
Realizada em setembro, a 11ª edição
da Megasipat bateu recorde de público em
Ribeirão Preto, reunindo no Senai cerca de
250 trabalhadores, número 50% maior do
que no ano passado.
32
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Participaram da abertura solene o diretor da Regional Ribeirão Preto, José Batista
Ferreira; o diretor do Senai, Reginaldo Dias
de Souza; o gerente da Unidade Ribeirão
Preto do Seconci-SP, Aguinaldo Silva; o
presidente do Sindicato dos Trabalhadores
da Construção Civil no município, Carlos
Miranda; o diretor do Sesi, Sula Ferreira,
e o superintendente da Guarda Municipal,
André Luiz Tavares, que representou a
prefeita Dárcy Vera.
No evento, os trabalhadores passaram
gratuitamente por exames clínicos, como
de glicemia, acuidade visual, pressão
arterial (foto) e hepatite C, realizados
pelas equipes do Seconci-SP e do Centro
Universitário Barão de Mauá. Também
participaram de palestras, apresentações
e jogos educativos, sempre com o foco
na prevenção de acidentes e segurança
do trabalho.
“Nosso objetivo é os trabalhadores
que participam da Megasipat se tornarem
multiplicadores das práticas de prevenção
em suas empresas, repassando aos
companheiros as políticas de segurança e
saúde, contribuindo para o desenvolvimento responsável e seguro de suas funções”,
afirmou o diretor da Regional.
(Marcio Javaroni e Ana Paula Popolin)
Sorocaba reúne 420 trabalhadores
A 11ª Megasipat promovida pela Regional Sorocaba do SindusCon-SP reuniu
em setembro 420 trabalhadores que participaram das diversas atividades voltadas
à saúde e segurança no trabalho.
O encontro, em parceria com Senai,
Sesi, Seconci e apoiadores, foi realizado
no Sesi. Teve início com exames de saúde.
Neste ano, pela primeira vez foi incluído o
específico para hepatite C. Um caso foi
detectado e o trabalhador encaminhado
para atendimento médico.
Após o café da manhã, os participantes assistiram a palestras que trataram de
temas como higiene, moléstias infe­ctocontagiosas e segurança na construção
civil, entre outros. Depois do almoço,
tiveram prosseguimento as atividades,
que incluíram dinâmica de grupo, com o
objetivo de socialização.
De acordo com Ronaldo de Oliveira
Leme, diretor da Regional Sorocaba do
SindusCon-SP, a Megasipat é de funda-
Funcionários participam de uma atividade em Sorocaba.
No destaque, Julio Cesar de Souza Martins, diretor do Sesi;
Ronaldo de Oliveira Leme e Jocilei de Oliveira, diretor do Senai
mental importância para transmitir conhecimentos e técnicas sobre a prevenção
de acidentes de trabalho, conscientizar os
trabalhadores sobre diversos outros temas,
como saúde e higiene, além de incentivar
a integração.
(Nerli Peres)
Em Santo André, participação expressiva
A 11ª Megasipat, realizaO diretor do Sesi, Sérgio
da em setembro em Santo
Moretti, falou sobre o papel
André, foi um sucesso e
dos trabalhadores como multeve a participação de 268
tiplicadores dos ensinamentos
trabalhadores, que lotaram o
aprendidos. “Temos de consauditório do Sesi Theobaldo
truir para evoluir, transformar,
de Nigris.
conscientizar e crescer.”
Na abertura do evento,
O diretor do Senai, Jorge
o vice-presidente de RelaJosé Nunes, enfatizou que a
ções Capital-Trabalho do
Megasipat é um momento de
SindusCon-SP, Haruo Ishireflexão. “Temos de pensar
kawa, ressaltou o aumento
em segurança todos os dias,
do número de trabalhadores Ishikawa (ao centro) na abertura do evento que reuniu 268 trabalhadores no ABCD
incorporar os procedimentos
que têm comparecido. “Isso
necessários na nossa rotina e
é sinal de que nosso esforço
sempre usar os equipamentos
Para o diretor da Regional Santo André
está dando resultado. A construção está
de proteção.”
do SindusCon-SP, Paulo Piagentini, com
em grande evolução, estamos contratando
Com o tema “Construir para Evoluir”,
o aumento do número de obras e dos
de 9 mil a 10 mil trabalhadores por mês só
a Megasipat tem como objetivos incentifuncionários da construção civil, eventos
no Estado de São Paulo, e a prevenção de
var a prevenção de acidentes, estimular
como este passaram a ser indispensáveis
doenças e de acidentes nos canteiros de
a produtividade e integrar em­pregados e
para incentivar ainda mais a segurança nos
obras é muito importante.”
empregadores.
(Sueli Osório)
canteiros de obra.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
33
MOTIVAÇÃO
O desafio dos trainees
Pedro Luiz Alves *
A
lgumas décadas atrás, o mercado não exigia dos calouros
recém contratados, em seu
primeiro emprego, tantas competências
como hoje. Para muitas funções, bastava
boa vontade, ótima apresentação, algum
grau de instrução e uma habilidade, como
datilografia.
Olhando para os membros da nova
geração Y, penso em como nós, das
gerações anteriores, éramos felizes e
não sabíamos! Chego a ficar extenuado
e sem energia só de pensar em como os
jovens de hoje são velozes percorrendo o
trajeto profissional –que não possui linha
de chegada– na conquista diária de novas
habilidades organizacionais, visando ser
alguém em um mercado cada vez mais
competitivo e estreito.
Para exemplificar o modelo da juventude que está ingressando nas empresas,
recentemente conduzi um exercício de
treinamento, com um grupo de novos
trainees, com o propósito de iniciar o desenvolvimento deles no modelo de gestão
organizacional.
Após dois dias de discussões intensivas sobre as principais competências de
liderança do mundo corporativo, descobri
que eles eram carentes e não sabiam lidar,
principalmente, com as habilidades relacionadas às questões comportamentais.
O grupo de jovens era sublime em sua
capacidade de interpretar os dados, possuía uma facilidade enorme em produzir
resultados, inovar e negociar posições.
Porém, quando exigidos a utilizarem suas
habilidades na orientação das pessoas,
na ação como facilitadores do processo
e, principalmente, como participantes de
uma equipe, eles demonstravam bastante
dificuldade, diferentemente dos modelos
34
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Nova geração traz
muitas habilidades
mas tem déficit no
trabalho em equipe
organizacionais anteriores, nos quais o
companheirismo às vezes ajudava muito na conquista de oportunidades e no
aprendizado.
Lógico, eles cresceram aprendendo
em um mundo onde as pessoas possuem
a necessidade de olhar para frente, focar
no futuro e competir com todos, por um
espaço cada vez mais escasso nas hierarquias e ciclos organizacionais, enquanto
no passado era dado muito mais tempo
para aprender, fazer e errar. As escolas
ensinam e eles aprofundam seus conhecimentos e habilidades no mundo virtual,
nas redes sociais, onde a interação humana é cada vez mais usual, por meio do ato
de “teclar” do que mediante a utilização
dos sentidos. Além disso, há o distancia-
mento da família, pois o modelo hoje é de
pais com menos filhos e menos tempo
para acompanhar a educação dos jovens.
Consequentemente, ao transferir esse
modelo de educação e relacionamento
para o mundo corporativo, afirmo que teremos empresas cada vez mais focadas e
assertivas na busca por resultados, porém,
em sentido oposto, também, teremos cada
vez mais individualismo, insensibilidade,
arbitrariedades, rigor, muito menos participação espontânea, compromisso, apoio
uns com os outros e obviamente motivação das pessoas. É muito triste concluir
que em um mundo tão evoluído, temos
de imaginar corporações tão diferentes
daquelas que tínhamos, no que se refere
às relações humanas.
Gostaria de deixar uma reflexão para
unir as convicções modernas, onde se
buscam essencialmente resultados, com
o passado, quando havia essa preocupação, porém existia também mais contato
humano, quando as pessoas se olhavam
nos olhos, aprendiam mais vendo fazer
do que consultando o mundo das redes
virtuais.
Acredito que haverá um momento em
que um ajuste será inevitável e ele passará
pelo resgate do uso mais adequado e
humano do tempo, da prática do conhecimento e, principalmente, da compreensão
de si mesmo e das relações.
Administrador, consultor de RH e diretor da
ASTD-Brasil – American Society for Training
and
Development
,
entários, críticas
Envie seus com
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tem
de
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pedro@acaoco
Encontro debate formação
do engenheiro pela Poli-USP
A necessidade de aproximar a formação do estudante de engenharia da
realidade das construtoras foi a tônica de
reunião em que membros da Diretoria
do SindusCon-SP receberam um grupo
de professores da Escola Politécnica da
USP (Epusp), em setembro, na sede do
sindicato.
No encontro, o coordenador do
Comitê de Tecnologia e Qualidade do
SindusCon-SP, Paulo Sanchez, destacou que “a formação do engenheiro
precisa levar em conta a necessidade
de ele gerenciar a produção de empreendimentos”. Segundo ele, a inclusão de
novas tecnologias no currículo, como o
BIM (Building Information Modeling), são
fundamentais.
O consultor e colunista da revista
Notícias da Construção, José Carlos
de Arruda Sampaio, sustentou no encontro que o curso da Poli forma bons
projetistas, mas é inadequado para o
engenheiro que vai trabalhar como “tocador de obra”. “As empresas vem demandando outro tipo de
profissional, que hoje
consiga calcular um
guarda-corpo ou uma
bandeja; que conheça a logística dos
materiais e domine o
ritmo de trabalho no
canteiro”, apontou.
“Isso sem falar nas
questões jurídicas,
de responsabilidade civil e criminal”,
emendou Maurício Bianchi, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do
SindusCon-SP.
Para Sampaio, o curso de engenharia
deveria se assemelhar ao de medicina, que se baseia em especialidades:
após um tempo de formação básica, o
aluno da Poli-USP poderia se
especializar por segmentos:
empreendimentos imobiliários,
obras de saneamento básico,
estradas, edificações comerciais
e industriais etc.
“Precisamos ver o futuro. Ao
longo dos próximos dez anos, o
Brasil precisará fazer 1,5 milhão
de casas por ano, isso sem falar
em obras de infraestrutura. Este
horizonte é que dimensionará
a necessidade de novos profissionais nas obras”, ponderou
Sergio Watanabe, presidente do
SindusCon-SP. “Hoje já remuneramos melhor o engenheiro que
a indústria, mas não estamos
recebendo o profissional de que precisamos”, completou Paulo Sanchez.
Diretrizes
A discussão do SindusCon-SP com
representantes da Poli sobre o perfil do
curso universitário de Engenharia Civil
foi suscitada pela reformulação da grade
curricular em curso
na universidade, que
deve ser implementada em 2012. Os
professores, integrantes de um grupo que
estuda as possíveis
alterações, colocaram
à disposição do sindicato as linhas básicas dessa reformulação e se abriram a receber sugestões
para aperfeiçoá-la.
“Estamos discutindo as diretrizes da
estrutura curricular futura, mas acreditamos que conversar com a sociedade é
muito importante”, ressaltou o diretor da
Poli, José Roberto Cardoso.
Mercado pede perfil
mais amplo na
formação de novos
profissionais na USP
O presidente da Comissão de Graduação, Paul Jean Jeszensky, reconheceu que “o mercado tem exigido coisas
que ainda não estão sendo atendidas”.
Segundo ele, a universidade vem tendo
a assessoria de um grupo de consultores externos para ajudá-la a pensar a
questão.
“Nossa proecupação é definir qual o
perfil de um engenheiro moderno, não
só para atuar na produção mas também
na gestão da obra”, afirmou o professor
Orestes Gonçalves. “Além do perfil técnico, precisamos começar a dar atenção
também ao lado gestor do engenheiro”,
completou o professor José Antonio Siqueira, do Departamento de Estruturas
e Geotécnica da Poli-USP.
Também participaram, pelo SindusCon-SP, o superintendente Antonio
Laskos; o engenheiro Francisco Sanchez
e o conselheiro Roberto José Falcão
Bauer. Pela Epusp, esteve presente ainda
o professor Francisco Cardoso, coordenador da Comissão de graduação e da
Engenharia Civil.
(Nathalia Barboza)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
35
SINDUSCON-SP EM AÇÃO
Áreas contaminadas obtêm consenso
O SindusCon-SP, o Secovi-SP, a Cetesb e a Câmara Ambiental da Indústria
da Construção Civil da Cetesb estão
totalmente alinhados na necessidade da
adoção de uma série de ações visando
à simplificação de procedimentos para
obter um fluxo mais eficiente no trabalho
de revitalização de áreas para a incorporação imobiliária em São Paulo.
Este foi o resultado da visita feita
pelo setor ao presidente da Cetesb,
Fernando Rei, em setembro. Participaram os presidentes do SindusCon-SP,
Sergio Watanabe, e do Secovi-SP, João
Crestana; o vice-presidente de Meio
Ambiente do SindusCon-SP e coordenador da Câmara Ambiental da Indústria
da Construção da Cetesb, Francisco
Vasconcellos; o coordenador do GT
Vasconcellos: mais eficiência na revitalização
de Pós-Obra do Comitê de Tecnologia
e Qualidade do SindusCon-SP, Fábio
Villas Boas; o vice-presidente do Seco­
Bianchi debate sustentabilidade
O vice-presidente de Tecnologia e
Qualidade, Mauricio Bianchi, participou
como palestrante da Semana da Engenharia da Universidade Mackenzie, sobre
o tema da Sustentabilidade.
Ao falar para cerca de 300 alunos,
ele relatou as ações de sustentabilidade
do Comitê de Meio Ambiente (Comasp),
as ações do CTQ (Comitê de Tecnologia
e Qualidade), bem como os manuais
elaborados pelo SindusCon-SP sobre
as questões relativas ao meio ambiente.
Políticos fazem visita ao sindicato
O deputado federal Marcelo Ortiz
(­PV-SP); o secretário municipal da Pessoa
com Deficiência e Mobilidade Reduzida,
Marcos Belizário, também vice-presidente
estadual do PV; e o secretário adjunto
desta Secretaria, Antonino Grasso, foram
recebidos em reunião da Diretoria do
SindusCon-SP em setembro.
Vieram acompanhados dos conselheiros do sindicato Mauricio Guimarães
e Antonio Roberto Machado Suguiyama.
Ortiz discorreu sobre os projetos de sua
autoria, em tramitação no Congresso, que
36
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
penalizam litigantes de má fé na Justiça do
Trabalho e autoridades que criem obstáculos ao exercício profissional da profissão
de advogado.
Belizário trouxe uma saudação do
prefeito Gilberto Kassab e anunciou que a
Prefeitura de São Paulo deverá colocar em
prática os resultados de seminário sobre
acessibilidade realizado no ano passado
no SindusCon-SP.
Na mesma data, o presidente do sindicato, Sergio Watanabe, recebeu a visita do
vereador Jamil Murad (PC do B).
vi-SP, Ely Wertheim, e a coordenadora
das Câmaras Ambientais da Cetesb,
Zoraide Senden Carnicel.
Os visitantes manifestaram a preocupação do GT de Áreas Contaminadas
da Câmara Ambiental da Construção na
adoção de ações, como treinamentos e
melhoria de informações para aumentar
a eficiência na revitalização daqueles
terrenos.
O presidente da Cetesb afirmou que
a companhia trabalha com o mesmo
foco, destacando a importância da iniciativa privada, por ser ela a responsável
pela recuperação e devolução à sociedade das áreas referidas. Rei também
reforçou a relevância da Câmara Ambiental da Construção para propor ações
conjuntas com esse objetivo.
Selo Azul da
Caixa tem apoio
Tratar a questão da sustentabilidade
ambiental na construção civil hoje é tão importante como foram no passado as questões relacionadas à qualidade, quando se
iniciaram as certificações ISO e PBQP-H.
Por isso, o SindusCon-SP apoia iniciativas
como o Selo Azul da Caixa, assim como
faz em relação às demais iniciativas relacionadas à construção sustentável.
As afirmações foram feitas pelo representante do SindusCon-SP junto à Fiesp,
João Claudio Robusti, ao representar o
presidente do sindicato, Sergio Watanabe,
na apresentação do Selo Azul feita pela
Caixa, em setembro, no Secovi-SP.
Na ocasião, o vice-presidente da Caixa,
Jorge Hereda, informou que a instituição
está estudando a adoção de estímulos
para as empresas que quiserem a certificação voluntária. O setor pede incentivos
para as construtoras que aderirem ao Selo.
Robusti prepara
Construbusiness
O ex-presidente do SindusCon-SP
e atual representante do sindicato
junto à Fiesp, João Claudio Robusti,
está coordenando a parte de habitação da 9ª edição do Construbusiness,
que se realizará em 29 de novembro,
naquela federação. O tema é um dos
escolhidos pelo Departamento da Indústria da Construção da Fiesp para a
formulação de projetos a serem apresentados no evento e encaminhados
aos candidatos eleitos ao governo
federal, estadual e às duas esferas
do Legislativo. Para sistematizar os
estudos e as propostas, Robusti conta
com a assessoria da coordenadora de
projetos da FGV, Ana Maria Castelo.
Para a edição 2010, o Construbusiness também elegeu a área de
infraestrutura como prioritária.
A comemoração dos 75 anos do
SindusCon-SP deverá acontecer
em um grande evento, no dia 30 de
novembro, no Terraço Daslu, em São
Paulo.
A festa será exclusivamente para
autoridades e outros convidados da
Diretoria do sindicato, e para os representantes das empresas e entidades
participantes do livro comemorativo
dos 75 anos da história do SindusCon-SP, e seus convidados.
Segundo o vice-presidente de
Marketing, Delfino Paiva Teixeira
de Freitas, estão programados uma
abertura solene, com a participação
de autoridades; um coquetel e um
show artístico.
Haverá pronunciamentos do presidente do SindusCon-SP, Sergio
Watanabe, e dos ex-presidentes
e membros vitalícios do Conselho
21.05.10
09:38
Consultivo Julio Capobianco, Eduardo
Capobianco, Sergio Porto, Artur Quaresma Filho e João Claudio Robusti.
Cada empresa ou entidade participante do livro terá direito a quatro
ingressos para o evento. Ao final,
um exemplar será oferecido a cada
convidado.
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Festa será em novembro
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JURÍDICO
Questionamento descabido
Renato Romano Filho *
O
processo de subcontratação
de trabalhadores se insere na
atividade econômica da construção de forma cada vez mais incisiva.
Podemos afirmar que essa inserção não
decorre apenas da lei, já que, tratando-se
de construção civil, há expressa autorização no artigo 455 da CLT (Consolidação
das Leis do Trabalho) para tanto. Ela
decorre também da própria dinâmica da
atividade econômica. Não seria demais
afirmar que, neste caso, sabiamente
a lei respeitou a dinâmica da atividade
econômica.
Estudo realizado pelo Departamento
de Pesquisa e Análise de Mercado da
Pini em obras do Município de São Paulo
demonstrou que a atividade da construção civil depende da subcontratação.
O percentual de subempreiteiros contratados em uma obra, da fundação ao
acabamento, atingiu 95% dos canteiros
pesquisados.
No entanto, por que os serviços são
cada vez mais terceirizados?
A construção civil vem passando há
alguns anos por acentuada transformação. Isso se deve não apenas a novas
metodologias construtivas como também
à execução de serviços cada vez mais
especializados. Estes acabam, inevitavelmente, resultando no surgimento
de empresas especializadas. Em uma
obra, várias empresas fornecem serviços
específicos que se agregam ao produto
final. Isso também ocorre na indústria
automobilística.
No entanto, muito embora a terceirização na construção civil esteja prevista
em lei, sua utilização vem sendo questionada pelo Ministério Público do Trabalho
em algumas localidades. São vários os
38
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Terceirização na
construção civil é
legal e consta da
convenção coletiva
casos de empresas convocadas com o
propósito de firmarem Termo de Ajuste
de Conduta para não mais terceirizarem
serviços. Se aceitarem, serão seriamente
comprometidas no exercício da atividade
econômica em razão da total dependência
do setor à subcontratação.
Dia desses, em uma audiência pública convocada pelo Ministério Público do
Trabalho em Araraquara para tratar de
questões envolvendo a saúde e a segurança do trabalhador da construção civil –um
trabalho extraordinário, diga-se, realizado
pelo Ministério Público e que conta com o
apoio irrestrito do SindusCon-SP–, fomos
surpreendidos pela afirmação de uma
autoridade presente no sentido de que a
cláusula décima das convenções coletivas
de trabalho assinadas pelo SindusCon-SP
com os diversos sindicatos de trabalhadores do Estado estaria incentivando a
informalidade, justamente por estabelecer
regras para a terceirização de serviços.
Ao contrário do afirmado, a cláusula
é parte do esforço de trabalhadores e
empregadores para inibir a informalidade.
Talvez tenha faltado à autoridade a compreensão de que a cláusula em questão,
redigida a quatro mãos pelas partes que
mais conhecem as peculiaridades do setor, foi concebida precisamente com o objetivo de se evitar a fraude na terceirização.
Ao que parece, o Poder Público, no
exercício de suas atribuições e no legítimo interesse de proteger trabalhadores e
impedir que irregularidades sejam cometidas, às vezes acaba involuntariamente
extrapolando suas prerrogativas e gerando insegurança jurídica.
E nem se pense em criar novas regulamentações para impedir a ocorrência de
fraudes. A regulamentação em excesso
não inibe a fraude e ainda acarreta mais insegurança jurídica. Todos os elementos legais para punir quem frauda contratações
e prejudica o trabalhador já se encontram à
disposição no nosso ordenamento jurídico
para serem aplicados.
* Advogado, sócio da Romano, Carvalho Santos
e
Oliveira, assessor jurídico do SindusCon-SP e
membro do
Conselho Jurídico da entidade
ntários, críticas,
Envie seus come
stões de temas
perguntas e suge
:
para esta coluna
onsp.com.br
sc
du
romano@sin
regionais
Santo André forma 527 profissionais
setor, com a qualificação de
Em cerimônia realizada
mão de obra.”
no Centro Público de EmO diretor do Senai, Jorge
prego, Trabalho e Renda de
José Nunes, reforçou a imSanto André, foram entreportância do convênio. “Regues mais 527 certificados
cebemos a demanda dos
dos cursos profissionalizandois lados. Os desempretes da construção civil ofegados muitas vezes não têm
recidos gratuitamente pelo
qualificação mas querem
convênio SindusCon-SP/
emprego. Por outro lado, as
Senai, em parceria com a
empresas buscam profissioSecretaria de Desenvolvinais. Nossa preocupação é
mento Econômico e Trabaatender àqueles que precilho de Santo André.
sam de qualificação”, disse.
Participaram do evento
O pedreiro Aldecir Belmio prefeito de Santo André,
ro da Silva, 55 anos, for­mouAidan Ravin; o secretário
se eletricista. Ele afirmou
de Desenvolvimento Econô- Diego Silva e Paulo Brito, do Senai; o prefeito Aidan Ravin; a coordenadora
da Regional Santo André do SindusCon-SP, Ivone Teixeira, e Jorge Nunes
que o curso enriqueceu muimico e do Trabalho, Edson
to seus conhecimentos na
Para o diretor da Regional Santo
S. Melo; o presidente da
área. “Atualmente, estou trabalhando
André do SindusCon-SP, Paulo PiaCâmara Municipal, Sargento Juliano;
como autônomo, fazendo manutengentini, este é mais um exemplo de
o então diretor do Departamento de
ção em residências, e também faço
sucesso da parceria entre a Prefeitura,
Geração de Trabalho, Emprego, Quainstalações elétricas. Agora, sinto-me
o sindicato e o Senai. “Trabalhando
lificação e Renda, Hernán Maximilian
mais preparado e vou trabalhar com
juntos, trazemos ótimos resultados
R. de Vilar, e o diretor do Senai local,
segurança.”
(Sueli Osório)
para a população e as empresas do
Jorge José Nunes.
Membros do ConCidade tomam posse
Os 40 conselheiros do Conselho
da Cidade e do Meio Ambiente de São
Bernardo do Campo (ConCidade) tomaram posse na Universidade Metodista. A
Regional Santo André tem como representante titular no conselho o associado
João Luís Raíza, e como suplente o
associado Ricardo Di Folco.
Para o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, a constituição do ConCidade reforça o
processo de participação cidadã e democrática no município.
“Essa é uma iniciativa fruto de
um processo altamente participativo. Fizemos várias reuniões
para a formatação do projeto
de lei, aprovado em março
Raiza, Marinho e a secretária
da Habitação, Tássia Regino
40
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
deste ano pela Câmara Municipal, que
culminou com a eleição dos conselheiros
em julho.”
Segundo João Luís Raíza, o principal
trabalho do conselho será fazer alterações no Plano Diretor do município e
criar o código de obras, que a Prefeitura
pretende aprovar na Câmara Municipal
até maio de 2011.
O conselho é responsável pela condução da política urbano-ambiental, que
compreende as áreas de planejamento
e gestão do solo urbano, mobilidade
urbana, habitação, saneamento e gestão
ambiental.
(SO)
Bauru contesta ISS
Parecer jurídico do SindusCon-SP
foi enviado à Prefeitura de Bauru, contestando a recente legislação municipal
que elevou consideravelmente o ISS
da construção naquele município, ao
incluir na base de cálculo do tributo os
custos com os materiais e os valores
dos serviços das subempreiteiras já
tributados.
O parecer argumenta que a alteração fere a Lei Complementar 116/03 e
o Decreto-Lei 406/68. Segundo essa
legislação federal, o valor dos materiais
fornecidos pelo prestador de serviços
não pode ser computado na base de
cálculo, e os valores das subempreiteiras devem ser deduzidos dessa base.
Enviaram o documento à Prefeitura, solicitando a revisão imediata da
legislação municipal, a Regional Bauru
do SindusCon-SP, a Associação dos
Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos
de Bauru (Assenag), o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), o Secovi-SP e
o Sindicato dos Engenheiros do Estado
de São Paulo (Seesp).
Segundo o diretor da Regional, Renato Parreira, “além de alterar a forma
de cálculo do ISS, a Prefeitura ainda
dificultou a obtenção do Habite-se.
Não basta o imóvel estar tecnicamente habitável, ele só é liberado após o
pagamente do imposto que foi elevado. Essas alterações tão impactantes
foram feitas sem consulta às partes
mais interessadas. Seria necessário
conversar com as entidades do setor
antes de aprovar qualquer modificação
nas leis que regem a construção civil,
um dos principais geradores de emprego e renda do país.”
(Sabrina Magalhães)
Romano e Ribeiro analisam cobrança indevida
Jurídico orienta
sobre o tributo
em Prudente
A cobrança indevida do ISS foi abordada pelo assessor jurídico do SindusCon-SP Renato Romano, em reunião
realizada em setembro com a diretoria
da Regional Presidente Prudente.
Para o diretor da Regional, Gustavo
Ribeiro, os esclarecimentos dados foram
relevantes. Além dele, participaram da
reunião o conselheiro Norton Guimarães
Carvalho e representantes de empresas
associadas.
(Homero Ferreira)
Rio Preto capacita mestres de obras
Diariamente o pedreiro Luis Francisco Gomes Martins, 57 anos, sai da
obra e junto com outros 30 profissionais
participa à noite do curso “Mestre de
Obras”, organizado pela Regional São
José do Rio Preto do SindusCon-SP em
parceria com o Senai.
Luis conta que o esforço vale a pena.
Ele trabalha há mais de 40 anos na
construção civil, e recentemente decidiu
capacitar-se em busca de empregos
mais estáveis e com maiores benefícios.
“Pretendo entrar numa firma grande
e por isso tenho que juntar a minha
experiência de trabalho com a parte do
conhecimento de matemática e cálculos
que estou aprendendo aqui.”
A classe do professor Edson Xavier
Torres está sempre lotada. O curso ajuda quem já tem experiência a visualizar
São José lança
CompraCon-SP
A Regional São José dos Campos
promoveu em setembro evento de
lançamento festivo da Compra­ConSP (Associação de Compras da
Construção Civil no Estado de São
Paulo). Para coordenar as operações
locais desta entidade, o empresário
Marco Aurélio Vituzzo aceitou convite
trazido pelo diretor executivo, Robson
Colamaria, representando o presidente Alexandre Oliveira. Três convênios
já foram fechados especificamente
para as empresas na região, com
os fornecedores Konesp, JM Center
–distribuidor da Tigre, e Kimafer.
Na ocasião, o diretor da Regional,
José Roberto Alves, lançou a revista
Notícias da Construção Regional
São José dos Campos, distribuindo
exemplares da primeira edição aos
empresários presentes.
42
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
melhor o que está fazendo no canteiro de obras.
Segundo Edson, os alunos são experientes, muitos com mais de 20 a 30
anos de profissão. “Ao
entender o processo teó­
rico, o profissional pode
corrigir algumas estruturas que ele faz de forma
incorreta, o que inclusive
aumenta a segurança de
todos”, afirma.
Vários alunos do curso têm mais de 20 anos de profissão
O encanador Dorival
Felício Martins, de 43 anos, acredita
construção, passando também por
que o curso, mais que uma oportunidacomo administrar pessoal, o comporde de aprender, é uma chance de metamento correto na obra. Está sendo
lhorar na vida. “Tudo é bem explicativo
muito bom.”
e mesmo eu, que sei bem hidráulica,
(Ester Mendonça e Ana Ligia
estou aprendendo muito mais sobre a
Paschoaletti)
Curso aborda orçamento
A Regional São José do Rio Preto
do SindusCon-SP, em parceria com a
Associação dos Engenheiros, Arquitetos
e Agrônomos de Rio Preto (AEAASJRP),
realizou em 20 de setembro o curso “Orçamento de Obras e Cálculo de BDI”. O
engenheiro e consultor Maçahico Tisaka
apresentou os principais fundamentos
técnicos e legais básicos para aqueles
que lidam com custos, orçamentos de
obras e licitações públicas, e as novidades para este setor.
Participaram engenheiros, arquitetos orçamentistas, diretores de obra,
diretores de planejamento e comercial,
e gerenciadores de obra. De acordo
com Maçahico, “o curso é muito importante para atualizar os conhecimentos.
Houve muitas mudanças na área de
orçamentos nos últimos 20 anos. Um
dos exemplos são as despesas indiretas
que compõem o BDI, as quais passaram,
por força de leis, para o setor de custos
e isso levou a uma alteração acentuada.”
Para o consultor, os alunos buscam
a atualização em função das mudanças, principalmente na legislação e na
metodologia do cálculo de obra. “Hoje
a profissão de orçamentista está mais
procurada e mais valorizada. Engenheiros, arquitetos e agrônomos podem se
tornar orçamentistas. Nas faculdades
não existem cursos específicos de
atua­lização como este para capacitar
os profissionais.”
Segundo Artur Gonçalves, diretor da
Jagoar Construção Civil, “a iniciativa do
SindusCon-SP em oferecer o curso é
muito importante para o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos profissionais”.
De acordo com Silvia Paola Barros
Zeinum, engenheira orçamentista da
Rodobens, “as explicações foram bem
detalhadas e as dúvidas, esclarecidas.
Para os iniciantes. é fundamental assistir
ao curso; os que já trabalham no tema
se reciclam e conhecem as novas leis”.
(EM e ALP)
Regional Campinas
inaugura nova sede
Para marcar a inauguração de seu
novo escritório, a Regional Campinas
do SindusCon-SP reuniu sua diretoria
num brinde especial em setembro. Após
reunião em que vários assuntos foram
discutidos, os integrantes da Regional
saudaram o novo espaço que oferece
mais conforto aos associados e melhores condições para a realização de
eventos e cursos.
O escritório, localizado no Condomínio Praça Capital, em Campinas, foi
planejado e adaptado para que o associado tenha um ambiente agradável e
seguro para suas visitas e reuniões. O
diretor da Regional, Luiz Cláudio Amoroso, falou da alegria de ter um sonho
realizado com o novo escritório e da satisfação em oferecer um espaço maior
Ribeirão inicia
copa de futebol
A Regional Ribeirão Preto deu
início a um de seus eventos anuais
mais festejados e tradicionais: a 11ª
Copa Cimento Itaú SindusCon-SP de
Futebol.
Neste ano, são 14 as empresas
que montaram times de funcionários
pela disputa do campeonato: Base
Fundações, Construtora Pagano,
Stéfani Nogueira, Copema, Costallat
Engenharia, CP Construplan, Goldfarb, Habiarte Barc, Jábali Aude,
MCI Maistro, Perdiza Villas Boas,
Rodrigues Barizza, Simioni Viesti e
SondoBase.
A competição deverá seguir até
novembro, com jogos aos sábados
pela manhã e confraternização entre
os participantes após cada rodada.
(Marcio Javaroni e Ana Paula
Popolin)
e mais equipado aos
associados. “É um local
moderno e reflete o
espírito do Sindus­Con- Amoroso (esq.) e o vice Paulo Batistella (ao centro), na inauguração
SP”, disse, ressaltando
que espera receber a visita de todos
desperdício de recursos, eficiência na
os associados no novo endereço,
transmissão de dados e segurança
onde terão uma atenção merecida e
patrimonial.
um espaço adequado para a discusO condomínio é corporativo e já
são de temas relacionados ao setor.
conta com várias empresas associadas
Localizado à av. José Rocha
no mesmo local.
Bondim, 214, Edifício Milão, Sala
O novo escritório conta também
111, o escritório foi dimensionado
com uma área maior e uma distribuição
para o conforto do associado, já que
de espaços devidamente planejada.
está em um condomínio denominado
O auditório multiuso, já equipado com
inteligente, moderno e funcional, com
tecnologia para a realização de cursos,
cabeamento estruturado de energia
conta agora com um espaço que comelétrica e internet e com o uso de
porta 40 pessoas.
alta tecnologia para diminuição do
(Vilma Gasques)
marketing
Reter cliente não é irritá-lo
Antonio Jesus de Britto Cosenza *
O
professor Raimar Richers,
1926/2002 (Eaesp/FGV), afirmava ser marketing uma disciplina voltada a entender, para atender e
reter o cliente. É, no fundo, uma grande
orelha – EAR. A premissa é: “Se você tem
um cliente, você tem um negócio”.
O cliente é a razão de ser de qualquer
atividade econômica. Para ele devem ser
desenhados os produtos e hoje, até com
participação ativa dele, são planejados e
lançados no mercado. O que ele busca,
como benefícios, dará origem à estratégia de posicionamento da marca e aos
conceitos criativos das campanhas de
comunicação, por meio de redes sociais
ou de mídias de massa.
Atender as expectativas é “o nome do
jogo” para a obtenção de uma vantagem
diferenciada dos seus concorrentes.
Desta forma trabalham nossas empresas
produtivas.
Mas tudo isso não parece existir nas
empresas de serviços que atuam no
Brasil, entre elas as de telefonia, cartões
de crédito, bancos e provedores de
internet. Elas tentam a qualquer custo
evitar a perda de seus clientes. Louvável
tentativa, desde que não leve o cliente a
se exasperar com discursos abusivos de
venda persuasiva.
Quem já tentou cancelar uma linha
de telefonia fixa, um cartão de crédito,
uma assinatura de internet sabe do que
estou falando.
E as instituições financeiras? Com todas as aquisições, fusões e incorporações
realizadas, sobram a nós, reféns, poucas
alternativas de facilitadores de negócios,
ou bancos, como são conhecidos. Devemos nos conformar com o que nos é
proposto ou abrir uma conta em outra
44
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Usemos o direito
de denunciar o
marketing que
nos assedia
instituição, mesmo tendo sido clientes por
mais de vinte anos.
Se a sua conta é de pessoa jurídica
e o banco decidiu que aquela agência
não mais terá contas desse tipo, caberá a
você comunicar a todos os seus clientes
os novos números de agência e conta
corrente aberta em outra instituição.
Você terá um novo gerente, que precisará
cumprir as metas de vendas e fará ofertas
irrecusáveis de um título de capitalização
e de um seguro de vida. E tudo em nome
de uma economia mais saudável e de
um marketing mais eficaz, com maiores
comodidades para os clientes reféns.
Tudo é feito em nome e sob as bênçãos de marketing. Mas que marketing é
esse que não leva em conta as expec-
tativas dos clientes e que, em vez de se
relacionar amistosamente com os seus
mercados, assedia-os e os ameaça?
Que marketing é esse que pressiona
com metas inatingíveis as equipes comerciais a ponto de levá-las a atitudes
desrespeitosas, agressivas e mal educadas? Que irrita e agride os clientes em
vez de entendê-los e atendê-los? Há uma
inversão completa de valores, ou mesmo
uma inexistência de valores que pode
ser fruto da ignorância atrevida sobre os
conceitos ou, mais provavelmente, fruto
da impunidade permissiva de um país
que é o 58º classificado no ranking da
competitividade global, vergonha para as
escolas de negócios.
Necessitamos de um processo educacional. Não temos nenhuma instituição de
ensino entre as cem primeiras colocadas
no mundo. Somos uma ilha de terror, violência, corrupção, desmandos políticos,
agressões às ainda frágeis instituições
democráticas, mas consumista e feliz por
assim ser. As leis que aqui existem não
“pegam como lá”.
Não temos uma orelha ou orelhas
prontas a identificar oportunidades de mercado, mas ouvidos surdos e desafinados
prontos a irritar os clientes com atitudes
arrogantes, agressivas e invasivas. O direito ao exercício da cidadania virou piada
até em âmbito federal.
Só nos resta denunciar. Ainda nos
resta o jus sperniandi. Façamos, pois,
uso dele.
* Consultor de empresas e professor da
EAESP­FGV e da BBS
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om.br
aeassociados.c
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se
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cosenz
PREVENÇÃO E SAÚDE
Rolando na esteira
Mario Antonio Gualtiero Mallamo *
D
efinir o conceito de vida saudável
não é fácil. Para alcançá-la, é
preciso combinar diversos fatores,
como alimentação equilibrada, atividade
física frequente e prevenção de doenças.
No Brasil, as doenças cardiovasculares
são, há mais de 30 anos, a primeira causa
de morte, sendo responsáveis por um terço
do total de óbitos, matando um brasileiro
a cada dois minutos. Respondem também
por 15,5% das internações realizadas pelo
SUS em indivíduos na faixa de 30 a 69
anos, sendo classificadas como acidente
vascular encefálico, derrame e infarto
agudo do miocárdio.
Nas próximas décadas, estima-se que
esses números devam crescer, devido ao
aumento da idade média da população,
consequência da maior sobrevida do brasileiro –a expectativa de vida em 1980 era
de 59,7 anos para o homem e 65,7 anos
para a mulher, e hoje é de 67,6 e 75,2,
respectivamente. A perspectiva é de que,
em 2025, nosso país terá a sexta maior
população de idosos do mundo.
Alimentar-se adequadamente e abandonar o sedentarismo não é garantia de
vida saudável. A busca pelo bem-estar
impõe a prevenção de doenças e, em
cardiologia, prevenção quer dizer detecção
e controle dos fatores de risco cardiovasculares, ou seja, das condições que
predispõem uma pessoa a desenvolver
doenças do coração e dos vasos: estresse, alcoolismo, tabagismo, obesidade,
hipertensão arterial, diabetes, colesterol
elevado e sedentarismo.
Eis alguns dados que ilustram o cenário de tais fatores de risco:
Colesterol – 30% da população brasileira e 50% da americana têm níveis de
colesterol elevados. Destes, 80% desco-
46
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Teste ergométrico
é fundamental para
prevenir doenças
cardiovasculares
nhecem esse fato.
Diabetes Mellitus – Dois terços das
pessoas com diabetes morrem das complicações cardíacas ou cerebrais decorrentes.
Tabagismo – Dobra a incidência de
doença coronária. As mulheres vêm fumando cada vez mais e as que fumam até
14 cigarros por dia têm o risco de doença
cardiovascular triplicado.
Hipertensão arterial – Aumenta em
cerca de duas vezes o risco de doença
das artérias do coração e de sete vezes o
risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Sedentarismo – A atividade física
regular reduz o colesterol, o triglicérides,
a glicemia, a pressão arterial, o peso e a
tensão emocional, além de trazer outros
benefícios à saúde.
Uma consulta minuciosa e alguns
exames auxiliam o médico na detecção
e controle das doenças cardiovasculares,
dentre eles o Teste Ergométrico. Ele é de
fácil execução e de grande importância na
prática clínica. Mediante exercício físico
de intensidade progressiva, realizado em
esteira, são obtidos dados relacionados
às condições gerais do paciente, como:
sinais e sintomas sugestivos de doenças
cardiovasculares e/ou respiratórias, capacidade física, comportamento da pressão
arterial, alterações eletrocardiográficas
como distúrbios do ritmo cardíaco normal,
além daqueles relacionados à isquemia
miocárdica.
Recomenda-se a realização do Teste
Ergométrico pelo menos anualmente, para
homens com idade superior a 30 anos e
mulheres com idade superior a 40 anos. No
entanto, isso pode ser modificado de acordo com a indicação do médico assistente e
a presença de fatores de risco associados
a doenças cardiovasculares, sendo que
as indicações devem ser individualizadas.
Sempre preocupado em oferecer o
melhor a seus usuários, desde maio deste ano o Seconci-SP disponibiliza esse
exame, oferecendo um importante apoio
para o diagnóstico e controle das doenças
cardiovasculares e, é claro, para a busca
de uma vida mais saudável.
* Clínico geral, cardiologista e ergometrista,
com pós-graduação em
pela
de
Administração Hospitalar
Faculdade de Saúde Pública da Universidade
São Paulo
ntários, críticas,
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br
seconci-sp.org.
comunicacao@
SOLUÇÕES INOVADORAS
Lajes de concreto racionalizadas
Ercio Thomaz *
O
projeto e a execução de lajes
de edifícios têm passado por
transformações e avanços que
compreendem desde os materiais (concretos e aços de alta resistência e concretos
auto-adensáveis, com fibras e bombeados)
até as diferentes tecnologias (lajes nervuradas, protendidas com monocordoalhas
engraxadas, mistas, pré-lajes), passando
pelos mais diversificados processos e
técnicas de construção, onde se encaixam
as lajes nervuradas com cambotas de
plástico, as treliçadas e as niveladas ou
lajes zero.
Avanço considerável se verifica nos
sistemas de fôrmas e escoramentos, com
o gradual aumento de sistemas industrializados envolvendo escoramentos tipo torre
e escoras com cabeças descendentes,
moldes em madeira compensada plastificada, fôrmas estruturadas com sistema
misto alumínio e madeira etc. Também
do ponto de vista das ferramentas e
equipamentos verifica-se acentuada melhoria, com o advento de guias e taliscas
industrializadas, constituídas por tripé em
plástico pregado no assoalho da laje e
pescoço com altura regulável por roscas
finas, passarelas pré-fabricadas, desempenadeiras de braço longo (bull float),
rolo assentador de agregados (rollerbug)
e acabadoras de superfície (alisamento
com desempenadeira mecânica de pás
rotativas - helicóptero).
Projeto e execução
requerem cuidados
rigorosos para um
resultado adequado
No controle geométrico, a rigidez das
fôrmas e escoramentos, aliada ao nivelamento com aparelhos laser e concretos de
maior trabalhabilidade, tem resultado em
lajes mais planas, com menor necessidade de camadas de regularização e outras
vantagens. Fôrmas com prévia marcação
das paredes do pavimento e outras singularidades têm facilitado o posicionamento
de caixas de elétrica e eletrodutos, ralos
e tubulações de água e de gás, cabos de
protensão (sem risco de serem atingidos
na fixação de guias superiores de paredes
drywall) e outros.
Nas lajes protendidas, caracterizam
os aços das armaduras ativas a elevada
resistência (aços CP 190 RB), o diminuto
patamar de escoamento e a reduzidíssima
relaxação (perda de protensão decorrente
da fluência do aço). De modo geral as
exigências referentes às disposições
construtivas das armaduras protendidas
são mais rigorosas que aquelas relativas às
armaduras passivas, requerendo-se ainda
concretos de maior resistência mecânica.
Nessas lajes, o caminhamento dos
cabos deve ser criteriosamente estudado
pelo projetista da estrutura, devendo ser
rigorosamente mantido na sua montagem
com o emprego de apoios reguláveis
(cadeirinhas) firmemente solidarizados às
fôrmas. No sistema de cordoalhas engraxadas, as zonas de ancoragem merecem
atenção especial nas fases de projeto e
de execução, já que, por não existir atrito
entre os cabos e o concreto, a admissão
e a manutenção das forças de protensão
serão de responsabilidade exclusiva das
ancoragens, tanto a ativa como a passiva.
Daí a importância de uma pré-blocagem
muito bem executada, pois a reação na
ancoragem passiva será igual àquela a ser
desenvolvida na ativa. Numa ou noutra extremidade do cabo, a resistência ao escor-
Exemplos de sistema industrializado de fôrmas e escoramentos, laje protendida com monocordoalhas e destacamento de piso cerâmico pela flexão de laje zero
Foto: Ercio Thomaz
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Foto: Eng° Pedro Solera
Foto: Marcelo Scanderoli
48
Foto: Construtora Cyrela / eng° Zorzi
Foto: Construtora Inpar
Exemplo de laje nervurada com cambotas recuperáveis de plástico
Trabalhador utiliza desempenadeira de cabo longo sobre uma laje
de segurança, sistemas de controle remoto
etc. Além disso, os pontos centrais de TV e
telefone, que ficavam na sala, foram sendo
estendidos praticamente para todos os
cômodos da casa, incluindo às vezes até
banheiros e cozinhas. Com a eliminação
dos contrapisos, grande parte dessa rede
de tubos vem sendo às vezes conduzida
pelo próprio corpo das lajes zero, redundando em sérios enfraquecimentos do
componente estrutural e considerável
aumento de flechas.
Com a redução da espessura das
lajes (protendidas, zero ou nervuradas),
intensificaram-se os problemas de fissuras
de alvenarias e o destacamento de pisos
diretamente aplicados sobre elas, além
de surgirem problemas relacionados à
vibração e à transmissão acústica entre
pavimentos, principalmente aqueles decorrentes de impactos.
Para total aproveitamento dos inegáveis avanços tecnológicos, há necessidade
de adequação dos projetos e das técnicas
construtivas, com previsão mais rigorosa
de flechas de curta e longa duração, esquemas adequados de escoramento residual,
processos de cura úmida ou com película
química e controle da execução da estrutura com eficiente rastreabilidade do concreto
lançado. Caso contrário, o desenvolvimento
tenderá a ficar sempre pela metade.
Foto: Marcelo Scanderoli
recursos tecnológicos, as lajes da moderna
regamento deve contar com coeficiente de
era da construção vêm sendo expostas a
segurança sempre igual ou maior que 1,5.
situações cada vez mais adversas, reprePara as lajes nervuradas, avanço imsentadas pela diminuição da rigidez (possiportante foi obtido com a substituição dos
bilitada pelo emprego dos aços e concretos
caixões perdidos em madeira, fontes de
de alta resistência), considerável aumento
grandes incêndios e infestações por cupins,
dos vãos, advento das “lajes planas”
pelo emprego de blocos de EPS, concreto
(estruturas pilar-laje, algumas vezes até
celular, tubos de papelão ou outros matemesmo sem vigas de borda), inadequado
riais, culminando o desenvolvimento com o
emprego de cimentos pozolânicos ou de
emprego de fôrmas recuperáveis, normalalto forno (fonte de importantes fissuras
mente cambotas de polietileno (também
de retração do concreto), inexistência cada
conhecidas por “cabaças” ou “cubetas”),
vez mais frequente de processos de cura,
com paredes ligeiramente inclinadas para
retirada precoce de cimbramentos, acenfacilitar a desenforma.
tuado carregamento proveniente de pisos
As cambotas em geral são produzidas
superiores em processo de concretagem
com dimensões padronizadas, com abas
e, finalmente, velocidade de construção ininferiores de larguras diferentes: numa
compatível com a “anatomia” e a “fisiologia”
direção, as mais largas se tangenciam; na
para alguns abstrata do “concreto”.
outra, as mais estreitas concorrem com
Relativamente às lajes zero, a proum sarrafo pregado na fôrma (cabaças
palada racionalização tem levado às
apoiadas sobre assoalho) ou no topo de
vezes a um sério paradoxo. Antigamente,
viga (sistema entramado, sem a execução
pelas camadas de regularização das lajes
do assoalho). O sarrafo funciona como
conduziam-se os eletrodutos e tubulaespaçador (garantindo mesma largura das
ções de hidráulica, e algumas vezes de
nervuras nas duas direções) e guia para
gás e de telefone. Com a modernidade,
alinhamento das cambotas, possibilitando,
os sistemas prediais foram ficando cada
com sua retirada após a concretagem,
vez mais complexos e congestionados,
sacar as cambotas com relativa facilidade.
exigindo-se hoje nos edifícios instalações
As lajes nervuradas possibilitam a
de ar-condicionado central, pisos aqueintrodução de armaduras para combate
cidos, TV a cabo, sistemas centrais de
a momentos positivos e negativos, reaspiração de pó, instalações de lógica e
percutindo na redução considerável de
carga /consumo de concreto
Utilização de laje nervurada com elementos em EPS
e capacidade de vencer vãos
acentuados, requerendo-se
para tanto a execução de
trechos maciços nos apoios
sobre os pilares, para fazer
frente às elevadas tensões de
cisalhamento.
A despeito de todos esses
* Doutor pela EPUSP, pesquisador do IPT, professor na pós graduação do
IPT e do Mackenzie.
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l.com.br
erciothomaz@uo
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
49
INOVAÇÃO
Analise os riscos
Vahan Agopyan *
C
ontinuo atendendo a solicitações
de leitores e respondendo às suas
indagações. Muito salutar, essa
interação permite-me perceber melhor as
necessidades da comunidade e as dúvidas
suscitadas por minhas colunas. Agradeço
a todos que me enviam sugestões e comentários, e espero atendê-los num prazo
adequado.
Hoje vamos abordar os riscos que a
implantação de uma inovação pode trazer
à empresa.
Minha geração de profissionais assistiu
infelizmente a quebra de empresas respeitáveis que optaram por “inovações” equivocadas, as quais resultaram muitas vezes
em problemas irreversíveis nas edificações
ou com custos de recuperação insuportáveis. Temos exemplos de “inovações”
frustradas em materiais, componentes e
sistemas construtivos, e em menor escala
nas metodologias de projeto.
Neste último tópico deve-se atentar
para o alerta do prof. Ricardo França,
publicado na edição anterior de Notícias
da Construção, sobre erros primários
detectados em projetos, pela aplicação
de softwares por profissionais sem a
devida experiência. O especialista afirma
que alguns projetos são “pueris”. Neste
parágrafo o termo inovação está entre
parênteses, pois não se podem considerar
inovadores novos materiais, sistemas ou
processos que não tenham sua aplicação
prática tecnicamente solucionada, além da
confirmação de sua viabilidade econômica
e ambiental. Eles podem talvez ser denominados como novidade.
Quando a construção civil está em
franca produção, como no momento,
em que faltam insumos e profissionais
competentes, aumenta a tentação de se
50
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Mesmo inovações
consagradas podem
requerer algum
tipo de adaptação
incorporarem novidades, sem os devidos
cuidados, para acelerar a execução dos
serviços, ou substituir produtos em falta.
Muitas vezes a falha não é da inovação,
mas da não compreensão do que se está
utilizando, pois muitas falhas ocorreram
com produtos ou processos de fato inovadores, mas introduzidos no Brasil sem o
devido conhecimento sobre eles.
Em resumo, uma inovação pode exigir
alguma adaptação, nem sempre considerada quando aplicada de imediato ou sem
treinamento dos profissionais.
Precisamos aceitar também que nem
todas as novidades são interessantes para
o setor, ou para a cultura de uma empresa.
Um conhecimento novo, desenvolvido e
avaliado nas condições de obra, e com os
profissionais preparados para sua aplicação, não deve apresentar problemas. Mas
como sempre há riscos, inerentes a toda
inovação, recomenda-se uma análise mais
acurada deles.
Esta análise baseia-se em metodologias específicas, com forte fundamentação
científica, que vem se desenvolvendo
muito, principalmente para as obras pesadas. Apesar de ser uma preocupação
antiga, sua sistematização se consolidou
há poucas décadas. Com o apoio do
conhecimento de estatística e de probabilidade, a análise de riscos cresceu na área
de projetos, sendo incorporada nas metodologias adotadas, inclusive considerada
nas normas. Sua aplicação na construção
é mais recente, e foi incentivada lamentavelmente pelos desastres de grandes
obras, que empregam grande número de
inovações.
Para se beneficiar das inovações e
melhorar a competitividade da empresa,
sem aumentar o risco do negócio, cabe
aos profissionais avaliar o desempenho
técnico de uma inovação, sua viabilidade
econômica e ambiental, e analisar o risco
de sua aplicação. Esta análise pode ser
uma simples verificação estatística até um
estudo cuidadoso, com metodologias mais
complexas, em função da responsabilidade
e do valor da obra. Não sou especialista
neste tipo de análise, mas já há profissionais e empresas competentes atuando no
mercado nacional.
* Professor Titular da Escola Politécnica da USP
e
Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP
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n@
ya
op
vahan.ag

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