Untitled - Sinduscon-SP

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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
EDITORIAL
Brechas perigosas
S
ão benéficas algumas das determinações das Medidas Provisórias
(MPs) baixadas pelo governo federal, relativas ao Programa Minha Casa,
Minha Vida (PMCMV) e à construção e
reforma de estádios de futebol. Mas uma
das MPs alterou novamente a Lei 8.666,
colocando em risco a concorrência que
deve presidir as licitações públicas.
Uma das boas novas foi o aumento,
de R$ 60 mil para R$ 75 mil, do valor máximo dos imóveis do PMCMV que podem
se beneficiar da alíquota reduzida de IR,
PIS/Cofins e CSLL. Além disso, a alíquota,
de 1% da receita do contrato de construção, valerá até 2014, segundo a MP 497.
A mesma Medida desonerou materiais,
bens e serviços, criando o Regime Especial de Tributação (Recom) para construção, ampliação, reforma ou modernização
de estádios a serem utilizados na Copa
das Confederações de 2013 e na Copa
do Mundo de 2014. Também foram desoneradas as subvenções econômicas concedidas às empresas que investirem em
novas tecnologias.
Novo colunista
A partir desta edição, o professor dos
MBAs da Fundação Getulio Vargas e
consultor da FGV Projetos, Robson
Gonçalves, assume a coluna Conjuntura. Ele substituirá o professor Paulo
Gala, que precisou se dedicar a outros
projetos profissionais.
Também por razões profissionais,
o professor Luiz Henrique Ceotto necessitou suspender temporariamente
suas colaborações para a coluna Qualidade e Produtividade, devendo retomálas na edição de outubro.
Sergio Watanabe*
MPs que mudam
Lei de Licitações
podem cercear a
ampla concorrência
Outra MP, a 496, facilitou aos municípios a contratação de financiamentos autorizados pelo Conselho Monetário Nacional, para obras de infraestrutura com vistas à Copa de 2014 e às Olimpíadas de
2016.
Já a MP 495 alterou a Lei de Licitações (Lei 8.666). Em vigor desde 20 de
julho, ela possibilita ao poder público exigir que as empresas participantes de concorrências públicas promovam, “em favor
da administração pública ou daqueles por
ela indicados, medidas de compensação
comercial, industrial, tecnológica ou acesso a condições vantajosas de financiamento, cumulativamente ou não, na forma estabelecida pelo Poder Executivo Federal”.
Ou seja, um edital de concorrência para
a construção de casas populares poderá
prever que a licitação será vencida pela
construtora que obtiver crédito para os futuros mutuários, beneficiando algumas
empresas de porte com condições de negociar esse financiamento junto aos bancos, e alijando do mercado as demais. E
quanto mais o poder público restringe o
número de participantes de uma concorrência, mais fácil se torna o acerto prévio
para a escolha do vencedor.
Da mesma forma, preocupa que a MP
deixe para o Poder Executivo Federal estabelecer a forma pela qual tais compensações poderão ser exigidas dos licitantes. O risco é de se privilegiar vantagens
financeiras momentâneas em detrimento
da ampla concorrência.
Essa brecha para a concentração do
mercado de obras públicas e até para governantes inescrupulosos dirigirem as concorrências às empresas com as quais tenham se acertado previamente não pode
ficar aberta.
Em maio, a Lei de Licitações já havia
sido modificada pela MP 489, que permitiu inversão de fases e até dispensa de
ampla publicidade nas licitações para as
obras da Copa e das Olimpíadas. Até então, a reforma da Lei de Licitações vinha
sendo debatida no Congresso, com a participação da sociedade.
O governo deveria retirar dos textos
das MPs 489 e 495 os dispositivos que
limitam a concorrência, voltando a discutir
o tema no Congresso.
* PRESIDENTE DO SINDUSCON-SP
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
3
VOZ
DO
ESCREVA PARA ESTA SEÇÃO
LEITOR
[email protected] - Fax (11) 3334-5646
R. Dona Veridiana 55, 2º andar - 01238-010 São Paulo
PREVENÇÃO A ACIDENTES
Agradeço a atenção do SindusCon-SP ao nosso
convite para celebrarmos de forma pró-ativa o Dia
Nacional de Prevenção de Acidentes, em 27 de
julho. Neste sentido, a edição 849 do Janela no dia
25 /7 foi uma excelente contribuição do SindusConSP. Certamente, porém, o mais importante são as
ações desenvolvidas continuadamente, no que o
SindusCon-SP é também exemplar e merecedor de
nossas homenagens.
Antonio Carlos Mendes Gomes
(Presidente da Comissão de Política de Relações Trabalhistas da CBIC)
PAINÉIS ARQUITETÔNICOS
Vamos reproduzir em nossa revista um artigo do
professor Ercio Thomaz que li na revista Notícias
da Construção, intitulado "Painéis arquitetônicos"
(edição 91, julho de 2010).Nossa cidade,Votuporanga,
passa por um momento de reformulação na sua
principal rua comercial e o texto cairá muito bem.
Ester Alkimim
(Diretora de Redação da Revista Casanova)
RETIFICAÇÕES
Na 2ª frase do 6º parágrafo do artigo “Redefinindo
o conceito”, do professor Vahan Agopyan (edição 90,
junho de 2010), a edição qualificou a Lei do Bem como
sendo de inovação, quando ela é de incentivos fiscais.
No último parágrafo do artigo “Sinergia na construção”, do mesmo articulista (edição 91, julho de
2010), o correto é dizer que nenhum dos operários da obra sofreu acidente com afastamento do
trabalho nesses três anos.
6
Capa
22
Meio Ambiente
Setor quer
prazo maior e
alterações na
Norma de
Desempenho
Sindicato colabora com governo estadual
30
SindusCon-SP em Ação
Mercadante fala em PAC paulista
Sindicato quer qualificar trabalhador já
Ourinhos programa qualificação
Agricultores irão para a construção
Banco japonês faz visita
Trabalhadores homenageiam Ishikawa
Criada Diretoria de Assuntos Estratégicos
Zaidan preside o Conselho Consultivo
Evento debaterá habitação sustentável
12
Imobiliário
32
Relações do trabalho
Seminário de legalização terá caso real
Guia foi o primeiro fruto
Sindicato aumenta prevenção a acidentes
GT discutirá certificação profissional
16
Insumos
38
Notícias das Regionais
Faltam operadores de grandes máquinas
Aço importado continua com preço atrativo
Bauru celebra 25 anos de atuação
Lançada a cartilha “Obra Legal”
Santo André lança Banco de Currículos
Sorocaba participa de Conselho
Audiência discute questões trabalhistas
Ribeirão inova no ConstruSer
Regional terá novos cursos
Jurídico também atende em São José
Empresários confraternizam em Santos
Regional luta contra a dengue
Prudente tem curso de mestre de obras
Missão de Campinas visita Portugal
10
Eleições 2010
18
Missões Técnicas
Rumo aos EUA, para ver Green Buildings
21
Qualidade e produtividade
Construção tem 19 novas normas técnicas
COLUNIST
AS
COLUNISTAS
5
ROBSON GONÇALVES - CONJUNTURA
14
CELSO PETRUCCI – FINANCIAMENTO
36
JOSÉ CARLOS DE ARRUDA SAMPAIO – DESAFIOS NO
CANTEIRO
44
ANA CAROLINA ZORICIC E PRISCILA GONÇALVES –
JURÍDICO
20
MARIA ANGELICA COVELO SILVA – GESTÃO DA OBRA
24
PEDRO LUIZ ALVES– MOTIVAÇÃO
46
RICARDO OLIVEIRA PERES - PREVENÇÃO E SAÚDE
28
MARIA ANGELICA LENCIONE PEDRETI – GESTÃO
48
ERCIO THOMAZ - SOLUÇÕES INOVADORAS
34
ANTONIO JESUS DE BRITTO COSENZA – MARKETING
50
VAHAN AGOPYAN – INOVAÇÃO
Presidente
SERGIO TIAKI WATANABE
Vice-presidentes
CRISTIANO GOLDSTEIN
DELFINO PAIVA TEIXEIRA DE FREITAS
FRANCISCO ANTUNES DE VASCONCELLOS NETO
HARUO I SHIKAWA
JOSÉ ANTONIO MARSILIO SCHWARZ
JOSÉ CARLOS MOLINA
JOSÉ ROBERTO PEREIRA ALVIM
LUIZ ANTÔNIO MESSIAS
MARCOS ROBERTO CAMPILONGO CAMARGO
MARISTELA ALVES LIMA HONDA
MAURICIO LINN BIANCHI
ODAIR GARCIA SENRA
PAULO BRASIL BATISTELLA
Diretores das Regionais
JOSÉ BATISTA FERREIRA (RIBEIRÃO PRETO)
JOSÉ ROBERTO ALVES (SÃO JOSÉ DOS CAMPOS)
LUÍS GUSTAVO RIBEIRO (PRESIDENTE PRUDENTE)
LUIZ CLÁUDIO MINNITI AMOROSO (CAMPINAS)
RENATO TADEU PARREIRA PINTO (BAURU)
PAULO PIAGENTINI (SANTO ANDRÉ)
RICARDO BESCHIZZA (S ANTOS)
RONALDO DE OLIVEIRA LEME (SOROCABA)
SILVIO BENITO MARTINI FILHO (SÃO JOSÉ DO RIO PRETO)
Representantes junto à Fiesp
Titulares:
EDUARDO CAPOBIANCO, JOÃO CLAUDIO ROBUSTI
Suplentes:
SERGIO PORTO, ARTUR QUARESMA FILHO
Assessoria de Imprensa
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EDUARDO MAY ZAIDAN, JOSÉ ROMEU FERRAZ NETO, MAURÍCIO LINN BIANCHI, FRANCISCO ANTUNES DE VASCONCELLOS
NETO, ODAIR SENRA, SALVADOR BENEVIDES, SERGIO PORTO
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MARCIO JAVARONI E ANA PAULA POPOLIN (RIBEIRÃO PRETO)
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“O papel desta revista foi feito com madeira de florestas
certificadas FSC e de outras fontes controladas.”
CONJUNTURA
Surpresa nos juros
E
m sua reunião de julho, o Copom
(Comitê de Política Monetária) surpreendeu o mercado. A Selic foi
elevada em meio ponto percentual, enquanto a aposta majoritária era de alta
de 0,75.
O aspecto mais relevante dessa decisão não está nesse um quarto de ponto e sim no que se sinaliza para o futuro
da política monetária. O que mais gerou
estranheza foi o Banco Central ter revelado uma postura muito diferente da que
constava no Relatório de Inflação, publicado em julho, fazendo surgir dúvidas
sobre os próximos passos da autoridade monetária. E esse tipo de incerteza é
um grande inimigo dos empresários,
sobretudo em ano de sucessão.
Antes do anúncio da Selic de julho,
predominava o diagnóstico de que a
economia brasileira estava super-aquecida e o crescimento da demanda à frente do suportado pela capacidade produtiva estava pressionando a inflação. O
remédio esperado seria o tradicional ciclo de alta de juros. Tudo indicava que o
Bacen elevaria a Selic em 0,75 p.p.,
como vinha fazendo desde abril. A desaceleração da demanda viria com o encarecimento e a escassez de crédito, resultado do maior apetite dos bancos por
títulos públicos, remunerados com uma
Selic mais “generosa”.
No Relatório de Inflação de junho,
documento que expressa de forma mais
completa sua visão sobre o estado da
economia do país, o Bacen carregou nas
cores do excesso de demanda. Por conta disso, formou-se grande consenso de
que a Selic subiria rápido, fechando o
ano em 12%. Ao optar pela elevação de
meio ponto, a autoridade monetária deixou os analistas um tanto confusos. Afi-
Robson Gonçalves*
Decisão pode
indicar trajetória
de elevação mais
longa da Selic
nal, a atividade econômica teria mudado tanto em questão de dias? Ou o Bacen teria optado por um ciclo de alta de
juros mais suave e mais longo? Ou ainda, teria o Bacen cedido a pressões políticas por conta do calendário eleitoral?
A atual diretoria do Bacen sempre
pautou sua atuação por critérios técnicos. Assim, até prova em contrário, devese afastar a hipótese de influências eleitoreiras. Ao mesmo tempo, os números
relativos ao mercado de trabalho e à
oferta de crédito indicam que o ritmo de
expansão da demanda continua forte.
Não parece razoável, portanto, supor que
tenha havido desaceleração expressiva
entre junho e julho.
Mas a “prova dos nove” da política
de juros é o comportamento da inflação.
Afinal, no Regime de Metas, a Selic é
fixada visando mantê-la próximo do
“alvo” de 4,5% no ano. No início de julho,
precisamente entre a publicação do Relatório de Inflação e a reunião do Copom, o IBGE anunciou que o IPCA, índice utilizado no Regime de Metas, teve
variação zero em junho. Poucos dias
depois, o IPCA-15, uma prévia do índice
de julho, acusou variação negativa de
cerca de 0,1%. Assim, ao que tudo indica, o mais provável é que o Bacen tenha
mantido o diagnóstico de demanda excessivamente aquecida. Mas, observando a desaceleração surpreendente da
inflação, optou por mudar ligeiramente o
tratamento.
Objetivamente, isso significa que o
custo do crédito, tanto para consumidores quanto para empresários, deverá
subir mais lentamente ao longo do segundo semestre. Mas o ciclo de alta de
juros poderá ser mais longo. Tudo isso, é
claro, supondo que o próximo governo
dará continuidade ao Regime de Metas
de Inflação, tal como ele funciona no Brasil desde 1999. Teremos que esperar
para ver. Mas, ao menos, o nível de incerteza criado com a decisão do Copom
de julho parece ser menor do que se
pensou no primeiro momento.
* PROFESSOR DOS MBAS
TOR DA FGV PROJETOS
DA
FGV
E CONSUL-
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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CAPA
Construção Civil
quer prazo maior e
alterações na Norma
de Desempenho
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Correção
de rumo
Nathalia Barboza
O
s próximos passos da
Norma de Desempenho (NBR 15.575) ficaram de ser dados em uma reunião que as principais entidades
da construção civil, lideradas
pela CBIC (Câmara Brasileira da
Indústria da Construção), entre
elas o SindusCon-SP, solicitaram
para se realizar após o fechamento desta edição, com a Diretoria da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
O cerne da questão é o prazo de exigibilidade da aplicação
da Norma de Desempenho em
projetos de edificações a serem
protocolados nas prefeituras. O
prazo estabelecido na norma é
12 de novembro de 2010.
A decisão de pedir a reunião
com a ABNT foi tomada durante
um workshop no SindusCon-SP,
promovido em julho pela CBIC
e pela Caixa Econômica Federal. Revelaram-se as dificuldades que o setor terá para atender integralmente aos ditames
da norma, embora cumprimento da grande maioria de suas
exigências seja perfeitamente
factível, sobretudo para aqueles
que seguem as normas técnicas
vigentes. Por isso as entidades
querem a prorrogação do prazo
de exigência do seu uso.
A NBR 15.575 introduz o
conceito de que uma edificação precisará ter determinados parâmetros de desempenho ao longo de toda a sua vida
útil, para proporcionar segurança, durabilidade, qualidade e conforto térmico e
acústico aos seus ocupantes. Embora ela
tenha sido elaborada para edifícios com
até cinco pavimentos, o mercado acredita que diversos de seus itens devam servir de parâmetro para o projeto e a edificação de prédios maiores.
A ABNT pode aceitar a uma prorrogação e eventualmente reabrir a Comissão de Estudo da NBR 15.575. Pensando nisso, um grupo de trabalho já começou a estudar mais profundamente os
pontos deficientes do texto normativo, os
impactos que a implementação da norma poderá provocar em toda sua cadeia
produtiva (fabricantes, projetistas, construtores e incorporadores) e as possíveis
soluções. “O importante é haver o comprometimento de todo o setor”, afirma o
superintendente do Comitê da Construção (CB-02) da ABNT, Carlos Alberto
Borges.
Para as entidades da construção civil, é fundamental que um novo prazo
não signifique renúncia à norma, mas
sirva para debatê-la naquilo que vem se
mostrando inexequível. “Há incorreções
de redação e de posicionamento de algumas tabelas, que foram publicadas em
lugar errado”, admitiu o superintendente
do CB-02 no workshop. “O que queremos é criar condições para podermos
atender à norma”, confirmou José Car-
los Martins, vice-presidente da CBIC.
“Precisamos ser competentes para não
estendermos o prazo demais; é preciso
fazer rapidamente a tarefa de casa”, advertiu Mario William Esper, gerente de
Relações Institucionais da ABCP.
Ficou patente, por exemplo, a necessidade de se modernizar a estrutura de
produção e geração de normas técnicas,que precisam ser pensadas para
induzir a inovação e vir acompanhadas
de ações que viabilizem esta inovação.
Para o setor, elas devem ser acessíveis,
inclusive financeiramente, para que as
empresas de todos os portes possam
efetivamente proporcionar aos consumidores mais segurança e qualidade, sem
impactar desnecessariamente o custo
dos produtos e serviços.
Conversa necessária
Para Maria Salette Weber, coordenadora-geral do PBQP-H, a conversa com
a ABNT demonstrará segurança para os
órgãos públicos como o Ministério das
Cidades, ao qual o programa da qualidade está ligado.
Depois de apontar itens da norma
que “merecem uma conversa”, o gerente do Gidur (Gerência de Desenvolvimento Urbano) da filial São Paulo da Caixa,
Luiz Zigmantas, garantiu que a instituição “abriu mão de legislar internamente
sobre o assunto e vai aceitar o que a
sociedade definir para a norma”. Contudo, afirmou que, “psicologicamente, é importante saber que a norma está em vigor, para estimular em cada um o avanço”. Ele anunciou que exigências adicionais serão feitas para a aprovação de
projetos pela Caixa. “Haverá incrementos de análise de vários itens, como o
desempenho estrutural de paredes com
espessura menor do que 14 cm”, disse.
Ao abrir o workshop, o presidente
do SindusCon-SP, Sergio Watanabe,
afirmou que a Norma de Desempenho
“representou a maior inovação dos últimos tempos na construção civil brasileira”. Segundo ele, as inovações da norma beneficiarão a população que usufruirá das futuras edificações brasileiras.
Melvin Fox, presidente da
Abramat, lembrou que os fabricantes de materiais terão de fornecer informações sobre o nível de desempenho de seus
produtos, o que demanda tempo e recursos. “Teremos uma
forte demanda por ensaios, o
que será um problema, pois não
temos laboratórios suficientes”,
comentou.
Luiz Carlos Barbosa Lima,
presidente da Anicer (fabricantes de material cerâmico), disse
ter dúvidas em relação a produtos regionalizados, que atendem bem ao consumidor do
Nordeste, mas não proporcionariam conforto térmico de
acordo com o que pede a norma no Sul do país.
“É fundamental operar alguns ajustes para compatibilizar a Norma de Desempenho
com as normas vigentes de
placas cerâmicas”, alertou Ana
Paula Menegazzo, gerente
executiva do CCB/Anfacer.
Segundo ela, “há conflito em
relação ao coeficiente de atrito dos pisos exigido pela NBR
13.818 e a nova norma, cujos
valores não teriam representatividade nos ensaios”. Além
disso, comentou, “para atender à nova norma, o piso não
poderia ser liso nem brilhante, o que é hoje uma exigência
do mercado e representa 90%
da produção nacional”.
No evento da CBIC e da
Caixa, estiveram presentes
também Marcos Otávio Bezerra
Prates, diretor do Departamento de Competitividade Industrial do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior e representantes dos
principais laboratórios de tecnologia do país, dos Sinduscons
de vários Estados, construtoras
e profissionais autônomos.
Para mercado, não há
hoje como atender a
desempenhos térmico
e acústico
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
7
Estudo revela conflitos da norma
Desempenho acústico
O CTQ (Comitê de Tecnologia
Uma das partes mais polêmie Qualidade) do SindusCon-SP
cas
da norma é a que exige o deconvidou a consultora Maria Ansempenho acústico. Para Maria
gelica Covelo Silva, da NGI ConAngelica, no entanto, “o nível mísultoria, para falar, em um seminimo não passa em lugar nenhum
nário ocorrido em julho, sobre as
do mundo; é muito básico”. Para
novas exigências da Norma de
ruídos de impacto em pisos, por
Desempenho (NBR 15.575) e as
exemplo, a tolerância é de 80 dB.
necessidades para seu atendi“Ainda assim, é possível que as
mento. Segundo ela, são menos
construtoras tenham de mudar as
de dez os novos itens polêmicos,
tipologias de pisos usadas.”
em grande parte os referentes
Outro item diz respeito à veaos requisitos de desempenho
Brises externas devem contribuir para a eficiência energética
dação. “Não temos ainda caracacústico e térmico, além de detaterização dos caixilhos de alumínio quanvez de ‘meios’” e agora o produto deve ter
lhes sobre segurança no uso e operação,
to à isolação acústica. De qualquer forma
características que o capacitem para cumfuncionalidade e acessibilidade, estanisso depende do tipo de caixilho, do vidro
prir os objetivos e funções para os quais
queidade, qualidade do ar, saúde e higiee da instalação”, alerta. O mesmo acontefoi projetado.
ne, durabilidade, segurança estrutural e
ce com as portas e paredes de alvenaria.
Para
a
consultora,
a
introdução
de
inosegurança contra incêndio.
Segundo ela, “também não temos qualvações ou racionalização sem o conceito
"A norma estabelece um novo pataquer atuação setorial para que o poder
de desempenho “pode levar a conflitos
mar de engenharia que, na verdade, já
público atue sobre as fontes geradoras
entre requisitos, comprometendo o comdeveria ter sido adotado há 20 anos”, diz.
de ruídos nas cidades”, diz.
portamento
do
edifício
perante
o
usuário
Segundo ela, a norma “muda a prática de
Em termos de desempenho térmico,
ao longo da vida útil”.
pensar e trabalhar em termos de ‘fins’ em
ficou claro que faltam especialistas para
fazer as simulações computacionais necessárias. “Esta deveria ser feita na implantação (análise de viabilidade) do projeto”, afirma. “E precisamos de um catáloO seminário do CTQ revelou a neNa exposição feita pela consultora,
go de transmitâncias térmicas das parecessidade de criação de um guia voltaficou evidente a necessidade de caracdes e cobertura comumente utilizadas” (o
do às construtoras com orientações preterização dos materiais pelos fabricanquanto de calor que passa de fora para
cisas sobre a aplicação da Norma de
tes, de modo a permitir aos projetistas
dentro da edificação).
Desempenho.
atender às exigências. A necessidade de
Visando a eficiência energética, a
A proposta havia partido da consulos projetistas se capacitarem no atendiNorma de Desempenho também cria potora Maria Angelica, que destacou a immento da norma também é patente. “É
lêmica ao definir requisitos de sombreaportância de criação de um banco de
preciso capacitá-los não só para aplicamento externo. “Nada a ver com cortinas
dados dos ensaios realizados para farem a Norma de Desempenho mas tamblackout e sim com venezianas ou brizer a caracterização dos sistemas consbém porque as exigências em relação a
ses”, diz.
trutivos existentes.
projetos de eficiência energética serão
Pela norma, as janelas dos dormitóA sugestão do guia foi elogiada pelo
cada vez maiores”, afirmou.
rios, para qualquer região climática do
diretor da Regional Ribeirão Preto, José
O seminário foi aberto pelo vice-prepaís, devem ter dispositivos externos ao
Batista Ferreira, que representou as emsidente de Tecnologia e Qualidade, Mauvidro para permitir o controle de sompresas do Interior do Estado. “O guia é
rício Bianchi, e pelo coordenador do
bra, ventilação e escurecimento, a crifundamental sobretudo para as empreCTQ, Paulo Sanchez, que enfatizaram a
tério do usuário. Já as paredes extersas menores espalhadas pelas Regionecessidade de união da cadeia produnas devem se adequar à transmitância
nais e que têm mais dificuldade em obter
tiva e mais prazo para a aplicação da
térmica e às áreas mínimas de abertuinformações confiáveis”, disse Batista.
norma aos projetos.
ras para ventilação.
(NB)
Construtor pede guia prático
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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ELEIÇÕES 2010
Mercadante fala em PAC paulista
O candidato do PT ao governo estadual, Aloizio Mercadante, afirmou que
“São Paulo necessita de um PAC paulista, com o Estado indutor do desenvolvimento e planejador, realizando
projetos estruturantes, prioritários e
sem contingenciamento”.
A afirmação foi feita no primeiro dos
debates deste ano da construção civil
paulista com os candidatos a governador, em julho, no Instituto de Engenharia. Intitulado “A Construção do Desenvolvimento Sustentado”, o evento reuniu os presidentes do SindusCon-SP,
Sergio Watanabe; da Apeop, Luciano
Amadio; do Instituto de Engenharia,
Aluizio de Barros Fagundes; do Secovi-SP, João Crestana; do Sinaenco de
São Paulo, José Roberto Bernasconi,
e do Sinicesp, Marlus Renato
Dall’Stella, e cerca de 70 pessoas.
Respondendo a uma indagação do
presidente do SindusCon-SP, Mercadante afirmou que na habitação pretende fechar uma parceria entre a
CDHU e o governo federal, para construir 100 mil unidades habitacionais por
ano no Estado. “São Paulo precisa colocar R$ 1,5 bilhão para viabilizar mais
empreendimentos no Programa Minha
Casa Minha Vida.”
Segundo o candidato, mais habitação para a faixa de 0 a 10 salários mínimos poderia ser edificada nas ZEIS
(Zonas Especiais de Interesse Social)
e em bairros paulistanos onde a população declinou e há infraestrutura ociosa, como Cambuci, Consolação, Jardim Paulista, Pari, Perdizes, República, Sacomã, Sé e Vila Mariana.
Entretanto, respondendo a outra indagação de Watanabe, o candidato criticou a PEC que vincula recursos do Or-
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Fotos: Jorge´s Estúdio Fotográfico
Rafael Marko
Watanabe com Mercadante: mais habitação
çamento para combater o déficit habitacional, porque “isso engessa o Estado
e tolhe a capacidade de planejar”.
Ensino profissionalizante
Respondendo a mais uma indagação do presidente do SindusCon-SP,
Mercadante anunciou que, se eleito,
pretende ampliar o Bolsa Família no
Estado e destinar os recursos do programa Renda Cidadã para custear a
educação técnica de jovens carentes.
Ele defendeu um ensino médio profissionalizante em período integral e a
elaboração de programas de qualificação profissional em parceria com a
construção civil. Prometeu, ainda, aumentar o número de vagas nos cursos
de engenharia das universidades estaduais.
O candidato também se comprometeu a levar o desenvolvimento para todas as regiões do Interior; criar um conselho estadual e vários conselhos regionais de desenvolvimento; e montar
uma agência de financiamento paulista, “porque com a atual não dá para
contar”, alfinetou.
Ele anunciou que pretende renego-
ciar os contratos com as concessionárias das rodovias estaduais, buscando
reduzir as tarifas de pedágio e cobrar
por quilômetro rodado, tendo como
contrapartida o alongamento dos prazos das concessões; retomar o transporte por ferrovia; construir o trecho sul
do ferroanel, duplicar a rodovia dos
Tamoios e expandir o porto de São
Sebastião.
Expansão do metrô
Com a meta de construir 100 km de
metrô até 2014 na capital paulista, Mercadante afirmou que tenciona estender
as linhas Verde até a Penha, e Lilás até
a Chácara Klabin, implantar a linha Laranja e a 2ª fase da Amarela. Disse pretender duplicar a capacidade de transporte da CPTM, introduzir corredores intermunicipais de ônibus e estimular o
transporte coletivo complementar em
faixa exclusiva ou por monotrilho.
Nas licitações, defendeu a introdução de um cadastro técnico prévio. “Aí
sim podemos manter a inversão de fase
da lei estadual, porque na hora de decidir pelo preço, só participariam as empresas previamente cadastradas. Além
disso, governo e iniciativa privada precisam sentar à mesa e chegar a um consenso, para que a construtora que estiver cadastrada, atender tecnicamente
e oferecer o melhor preço ou a melhor
combinação técnica-preço vença a licitação sem maiores discussões.”
O candidato ainda defendeu o aumento dos investimentos no saneamento, de modo a reduzir perdas no
sistema, universalizar o acesso à
água e esgoto via PPPs (Parcerias
Público-Privadas), promover o uso
racional da água e oferecer contrapartidas a municípios que recuperem
as matas ciliares.
Sindicato quer
a qualificação
do trabalhador
já nesta gestão
Em seu debate com 150 pessoas
da construção civil no início de agosto,
o candidato do PSDB ao governo estadual, Geraldo Alckmin, respondendo a
uma indagação do presidente do SindusCon-SP, comprometeu-se a criar
centros de capacitação técnica básica
e escolas para jovens adultos, para formar e qualificar mão de obra nas regiões administrativas do Estado. Watanabe então sugeriu a Alckmin que, diante da escassez de mão de obra qualificada no setor, conversasse com o
governador Alberto Goldman, também
do PSDB, para que
os centros de capacitação e as escolas para jovens
adultos sejam implementados ainda na presente
gestão.
Alckmin acrescentou que pretende facultar aos alunos do ensino médio que tenham uma formação técnica
à noite, obtendo dois diplomas. Também prometeu expandir os cursos da
engenharia das faculdades estaduais.
Watanabe, Crestana, Alckmin, Fagundes, Amadio, Bernasconi e Dall’Stella, no debate
Fundo Garantidor para complementar,
via subsídio, o custo das moradias para
famílias de 0 a 3 salários mínimos. Criados em 2008, esses fundos até hoje
ainda estão em formação. Desta forma,
ele afirmou que pretende viabilizar a
implementação do Programa Minha
Casa Minha Vida no município de São
Paulo para aquela faixa de renda.
Ao contrário de Mercadante, ele se
disse favorável à PEC da Habitação,
que destina 2% do Orçamento da União
e 1% daquele dos Estados e Municípios para subsidiar a habitação de interesse social. Afirmou que, mesmo
quando a Justiça
proibiu a vinculação de um ponto
percentual
do
ICMS à habitação
paulista, o seu governo e posteriormente o de José
Serra assumiram o
compromisso de
continuar destinando o montante equivalente à Secretaria da Habitação.
Formação profissional
não deve ser deixada
para o próximo governo,
sugere o SindusCon-SP
Fundo Paulista de HIS
Confrontado por Watanabe com a
promessa feita no mesmo ciclo de debates pelo candidato do PT, Aloizio
Mercadante, de que construiria 100 mil
habitações por ano, Alckmin afirmou
que pretende utilizar o Fundo Paulista
de Habitação de Interesse Social e o
Licitações com pré-qualificação
Em relação à inversão de fases nas
licitações praticada no Estado de São
Paulo, ele afirmou que pretende introduzir uma pré-qualificação técnica, no
que obteve o apoio da Apeop.
Prometeu criar uma Secretaria de
Desenvolvimento e Gestão Urbana,
para fazer as articulações entre os
municípios e entre estes e o Estado nas
regiões metropolitanas paulistas. Segundo ele, seu governo terá uma interlocução com um fórum de lideranças
empresariais.
Ampliar a infraestrutura
Alckmin destacou que o Estado de
São Paulo recuperou a capacidade de
investimento, tendo hoje uma relação
dívida sobre receita corrente líquida de
1,5 (contra 2,28 em 1995). Segundo
ele, isto possibilitou recorrer a novas
fontes de financiamento, como o Banco Mundial.
Prometeu intensificar o transporte
ferroviário, ampliar o metrô paulistano,
construir o Ferroanel Sul, criar dutovias para o escoamento do etanol do Interior para os portos no litoral, completar o Rodoanel, duplicar a rodovia dos
Tamoios, realizar concessões para a
ampliação dos 31 aeroportos estaduais e estimular o transporte coletivo
sobre trilhos ou em faixa própria nas
regiões metropolitanas.
Para o Senado
Acompanhando o candidato, compareceram os candidatos ao Senado
Orestes Quercia e Aloisio Nunes, e os
deputados federais José Anibal e Fernando Chucre.
Próximos debates
Após o fechamento desta edição,
estavam programados mais dois debates, com os candidatos Fabio Feldmann
(PV) e Celso Russomano (PP), a serem reportados na próxima edição.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
11
IMOBILIÁRIO
Caso real será a novidade do
3° Seminário de Legalização
Evento revelará
meandros do
licenciamento de
empreendimentos
O SindusCon-SP, por meio de sua
Vice-presidência de Imobiliário, inovará mais uma vez. Em 29 de setembro,
começará o 3º Seminário de Legalização de Empreendimentos no Município
de São Paulo, que desta vez analisará
um caso real para facilitar o entendimento dos procedimentos e fluxos dos processos nos órgãos da cidade pelos quais
um empreendimento deve passar para
ser legalizado.
O evento deverá ajudar, de forma
prática e objetiva, as construtoras a entenderem melhor como são os procedi-
mentos de aprovação junto às Secretarias e departamentos paulistanos: Aprov
(Departamento de Aprovações) e Parsolo (Departamento de Parcelamento do
Solo e Intervenções Urbanas), ligados
à Sehab (Secretaria de Habitação); Depav (Departamento de Áreas Verdes) e
Decont (Departamento de Controle da
Qualidade Ambiental), da SVMA (Secretaria do Verde e Meio Ambiente); CET
(Companhia de Engenharia de Tráfego),
da SMT (Secretaria Municipal de Transportes); Convias (Departamento de Controle de Uso de Vias Públicas), ligado à
Siurb (Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras); e a SMPED (Secretaria
da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida).
Segundo Elcio Sigolo, coordenador
da Área de Produção e Mercado do SindusCon-SP, o seminário tem como característica promover muita interação e
sinergia entre os participantes e os técnicos dos órgãos municipais, convergin-
Guia foi o primeiro fruto
Lançado em 2009, o
Guia de Procedimentos para
Aprovação de Empreendimentos Imobiliários em São
Paulo foi fruto do 1° Seminário de Legalização de Empreendimentos, promovido
pelo SindusCon-SP em
2008. O documento contém
as orientações básicas para
quem necessita legalizar um empreendimento na cidade e contou com a cola-
12
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
boração de técnicos das
secretarias e autarquias municipais.
A intenção da cartilha é
levar às construtoras a informação que está por detrás
do balcão da Prefeitura. “O
guia é uma peça orientativa
colabora muito com a legalização em São Paulo”, afirma o vice-presidente de Imobiliário
do SindusCon-SP, Odair Senra.
do o fluxo de informações para uma melhor fluidez na análise dos processos. “O
estudo do caso demonstrará todos os
passos que o processo percorre ao longo da cadeia de aprovação”, diz o coordenador.
Neste ano, o seminário passou de 12
módulos para 8, que acontecerão sempre às quartas-feiras, das 9h às 12h, na
sede do SindusCon-SP. “Além da tradicional cerimônia de abertura, no primeiro
dia do evento o seminário também terá a
presença de técnicos da Prefeitura que
detalharão o fluxo de desenvolvimento de
cada um dos módulos e darão pormenores do caso a ser analisado ao longo das
semanas seguintes”, informa Sigolo.
Segundo ele, no 8º módulo, o seminário será encerrado por uma mesa redonda com a presença de técnicos de todos os órgãos da Prefeitura envolvidos
no evento. "É uma forma de interagir e
discutir todas as dúvidas pendentes", diz.
As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas. Mais informações:
[email protected] ou (11)
3334-5600.
(NB)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
13
FINANCIAMENTO
Queda bruta à vista
A
possibilidade de os recursos da
Caderneta de Poupança destinados ao crédito imobiliário
cumprirem a exigibilidade do governo
daqui a dois ou três anos, conforme vem
sendo anunciado pela Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito
Imobiliário e Poupança), traz para o setor o risco de uma possível queda bruta
desse funding.
A destinação de recursos para alimentar o SBPE (Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo) cresceu de forma acelerada. Nos últimos oito anos, o
montante saltou de R$ 1,77 bilhão, em
2002, para os atuais R$ 50 bilhões previstos pela Abecip até o mês de dezembro deste ano.
Se calcularmos um crescimento desse volume em torno de 10% a 20%, teremos o investimento de R$ 65 bilhões a
R$ 80 bilhões até 2013.
A partir de 2014, porém, poderemos
ter de retornar aos patamares de 2007,
quando foram destinados pouco mais de
R$ 18 bilhões para a aquisição e a produção de novos imóveis. Isso porque os
bancos privados passarão a investir somente o montante de retorno dos valores captados. Cabe lembrar aqui que a
Caderneta de Poupança continua surpreendendo a todos, tendo neste ano um
incremento líquido nunca visto.
Essa queda pode gerar inúmeros impactos no mercado imobiliário, principalmente quanto ao volume de atendimentos com financiamento para a compra de
imóveis, com juros e prazos adequados.
Isto é o que podemos deduzir, visto que
os parâmetros da economia em geral
permitem estimar para os próximos anos
um crescimento mínimo do PIB (Produto
Interno Bruto) de 4,5% ao ano, e a quase
14
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Celso Petrucci *
É hora de estímulo
à securitização e
alternativas para o
crédito imobiliário
certa manutenção do crescimento do
mercado de crédito imobiliário.
Talvez isso não signifique aumento
das taxas de juros praticadas pelos
agentes financeiros na concessão de financiamentos tanto à produção quanto
à aquisição, mas poderão ser criados
critérios mais rigorosos que os atuais na
avaliação desses créditos.
Por outro lado, é sabido que, para os
bancos, as operações com garantia imobiliária são mais atrativas para incrementar seus ativos e, consequentemente,
valorizar suas ações.
No Brasil, o crédito imobiliário precisa de estímulos constantes e permanentes, pois há um déficit habitacional a ser
solucionado, além da necessidade de
atender o crescimento vegetativo anual,
estimado em mais de 1 milhão de domicílios.
Só temos duas fontes de recursos
para o financiamento: a poupança e o
FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço), e esse último já é responsável
por atender aproximadamente 70% de
todo o mercado, principalmente famílias
de mais baixa renda.
Agora se torna mais do que necessário intensificar os debates acerca de
fontes alternativas de recursos para o
setor imobiliário e estimular o mercado
de securitização com lastro imobiliário,
que ainda é muito pequeno. Atualmente, a oferta de títulos registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
emitidos como CRI (Certificados de Recebíveis Imobiliários) é de menos de 1
bilhão –volume acumulado de janeiros
de julho.
Deve-se lembrar, sempre, que a construção civil e imobiliária sofre com as
oscilações e mudanças de regra e depende de uma série de fatores para o
seu sucesso.
Esse segmento exerce preponderante papel social e econômico para o país.
Devemos manter o equilíbrio do crédito,
pois sem dinheiro não há como produzir
imóveis, gerar empregos e renda.
* ECONOMISTA-CHEFE DO SECOVI-SP, DIRETOR-EXECUTIVO DA VICE-PRESIDÊNCIA DE INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA DO
SINDICATO E MEMBRO TITULAR DO CONSELHO CURADOR
DO
FGTS
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Envie seus co
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gestões de
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ce ls op et ru cc i@
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
15
INSUMOS
Quem se habilita?
O que seria dos prazos das obras se
não fosse o uso cada vez mais intensivo
de equipamentos de grande porte, como
gruas, bombas de concreto e guinchos
com cremalheiras nos canteiros? “Estes
equipamentos são necessários e fundamentais para ajudar o crescimento do setor com mais produtividade, pois não é
possível industrializar as obras sem eles”,
afirma Mauricio Bianchi, vice-presidente de
Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP.
Para Bianchi, ao contrário do que aconteceu no pico de atividade do setor antes
da crise financeira internacional, quando
a falta de máquinas à disposição para alugar e até para comprar tirava o sono dos
construtores, hoje a maior preocupação é
a escassez no mercado de trabalho de
quem saiba operá-las. Segundo a Alec (Associação Brasileira das Empresas Locadoras de Bens Móveis), há no Brasil de
650 a 700 gruas. Outras 300 devem fazer
parte do patrimônio das construtoras. “Neste ano, mais de 100
máquinas já entraram no país”, contabiliza Paulo Carvalho, diretor da Alec.
Alexandre Oliveira, diretor da
C o m p ra C o n - S P,
conta que a cooperativa das construtoras
paulistas tem viabilizado um grande número de negócios com fornecedores do
material. “Um convênio com a Avant, que
vende e loca gruas, é responsável por 8
gruas locadas por nossas associadas”,
exemplifica.
“É fácil comprar gruas, mas a mão de
obra está difícil de encontrar, pois capacitar adequadamente leva mais tempo”, diz
Bianchi. É o mesmo caso dos mestres de
obras, que exigem treinamento e experiência. Eles não se formam bons profissionais
antes de 6 anos”, concorda Carvalho.
De acordo com o diretor da Alec, as
empresas correm para dar conta de sua
própria demanda porque é difícil encontrar gente no mercado. “Não há ociosidade,
porque os salários estão altos”. Pensando
nisso as principais empresas locadoras investem em programas de treinamento de
operadores e equipes de montagem. “Temos feito 4 turmas de novos operadores
por mês, às vezes até a cada 20 dias. Mesmo assim, está difícil encontrar quem passe nos testes básicos de escrita”, revela.
Tarimba
Quando o assunto é grua, diz Carvalho, “não se trata apenas de comprar o
equipamento”. Ele adverte que o mercado
tem hoje o dobro de empresas ofertantes
destes equipamentos, mas é melhor adquirir uma solução integrada, que envolva
ainda “engenharia, serviço de montagem
e manutenção”.
“Operadores e
montadores precisam ter nuitos anos
de ‘tarimba’. Tanto os
operadores quanto
os funcionários de
manutenção preventiva e corretiva e
o próprio equipamento devem passar pelos engenheiros, que nos dão os ARTs
(Atestados de Capacidade Técnica) indicando que eles estão preparados e adequados para a sua função sem colocar em
risco a vida das pessoas”, afirma Bianchi.
Mesmo assim, a inquietação em relação à escassez de equipamentos ainda
existe. Bianchi revela que as empresas
estão mais vigilantes em relação à qualidade das gruas importadas. “As que chegam ao Brasil devem ser inspecionadas.
Não podemos admitir equipamentos sem
Falta de operadores
qualificados de grandes
máquinas preocupa
16
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
qualidade, pois a eles é atribuída muita
responsabilidade.”
A maior dificuldade de lidar com o aluguel destes equipamentos, diz, é escolher empresas que tenham pessoal devidamente treinado e capacitado para garantir o desempenho deles.
“O mercado de guindastes está meio
parado. Muita empresa começou a investir, sobretudo em máquinas de médio porte, e os preços caíram muito, invertendo a
relação entre oferta e demanda na área
de locação”, informa Carvalho. Segundo
ele, a frota de guindastes de 70 toneladas
parados em São Paulo fez o preço da hora
de locação baixar de cerca de R$ 400, em
2007, para algo entre R$ 200 ou R$ 250.
Em relação às gruas, entretanto, o equilíbrio de valores se manteve e os locadores
têm unidades para pronta entrega.
Materiais bons
O segmento de elevadores de obra
também encontrou equilíbrio, garante o
diretor de Elevadores de Obras da Alec,
Julio Tadashi Ivasse. “Hoje, não há mais
falta de equipamentos e o prazo máximo
de espera é de 15 dias”, afirma.
Ivasse diz que algumas construtoras
optaram por comprar elevadores, buscando minimizar os problemas de logística das
obras mais distantes dos grandes centros.
“Quem tem obras no Amapá, Manaus ou
no Espírito Santo percebeu que vale a pena
investir na aquisição.” Segundo ele, além
de a demanda ter diminuído em relação
ao pico de 2008, a oferta também foi incrementada. “Os locadores estão investindo
em bons materiais”, garante.
(Nathalia Barboza)
Aço importado continua atrativo
O mercado mundial de aço tem vivido
neste ano períodos de alta volatilidade,
como se estivesse em uma zona de turbulência, no rastro de mudanças substanciais no preço do minério de ferro, nos prazos menores dos contratos, agora trimestrais, e nos preços à vista (spot prices). No
Brasil, o mercado está bastante estocado
–há produtos nas
prateleiras tanto das
distribuidoras quanto dos consumidores finais, o que tem
segurado um certo
ímpeto altista de
preço.
Além disso, dados do IABr (Instituto Aço Brasil) mostram
uma disparada no volume de importação
no primeiro semestre, quando as compras
externas subiram 148,4%, alcançando a
marca de 2,732 milhões de toneladas,
mesmo que o preço final não seja mais
tão vantajoso quanto o de dois anos atrás.
Embora o preço do aço importado esteja mais próximo do praticado pelas siderúrgicas nacionais, o mercado percebeu
que importar vergalhão continua sendo
uma boa alternativa, a despeito dos riscos
da operação, como a variação cambial e a
defasagem entre a data do pedido e a da
entrega.
Roberto Milani, vice-presidente da trading Comexport, acredita que o consumidor final demanda condições idênticas às
que os fornecedores nacionais oferecem
de serviço e logística. “O construtor deve
receber o produto no próprio canteiro e
pagar a carga em reais”, afirma. “Todo material precisa estar dentro das especificações e das normas técnicas vigentes”, completa Basilio Jafet, diretor da área de material de construção da Comexport.
“Não há bola de cristal. O jeito é apostar no longo prazo e o importante é mostrar coerência na forma como fazer a importação”, afirma Milani. A Comexport vem
importando há dois anos regularmente aço
da siderúrgica turca Ekinciler. “O objetivo é
prover mais alternativas para o construtor”, diz. Para Mauricio Bianchi, vice-presidente do SindusCon-SP, “ter aço turco em
linha é melhor para o produtor e para o
Brasil”.
Jafet conta que, em 2008, a trading
contratou da usina turca uma produção dedicada, primeiro em
pequenas quantidades, de aço CA-50.
Tanto a usina quanto os lotes de produtos foram certificados por institutos
brasileiros e internacionais. “Quando começamos a aumentar as quantidades importadas, outras empresas passaram a fazer o mesmo”, lembra o diretor, que procura agora criar condições favoráveis para
que também as pequenas construtoras tenham acesso ao mercado importador. “Admitimos a entrega de uma carreta (cerca
de 30 toneladas), mas a venda de aço cortado e dobrado é mais difícil, porque as
quantidades muito pequenas tornam os
preços não competitivos”, comenta.
Para que o fluxo de negócios dê certo, adverte Jafet, “é preciso que haja uma
Preço final do vergalhão
vindo do Exterior está
mais equilibrado agora
forte parceria com as empresas construtoras”.
A importação de insumos não é nova
só para as empresas do setor. A trading
só entrou na área de materiais de construção há 3 ou 4 anos. “Foi um chamado
das próprias grandes construtoras, preocupadas com o aumento da demanda
logo após os primeiros IPOs”, pondera
Milani. Depois disso, a parceria com as
grandes construtoras para importação tornou-se realidade em muitos casos, como
para a aquisição de componentes hidráulicos e elétricos, materiais de acabamento, porcelanato, equipamentos pesados
e pisos elevados. “A importação também
é benéfica para a economia como um todo.
Além de segurar a inflação, pode suprir
picos de demanda e elevar o padrão de
qualidade dos produtos brasileiros”, afirma Jafet.
Entretanto, segundo ele, “não vale a
pena trazer alguns materiais, como tubos
de cobre, que já vêm do Chile com valores convenientes, e cimento, que é altamente perecível e tem um frete que se
torna muito caro”. Para Jafet, o chamado
Custo Brasil também tem a ver com isso,
mas “a maior dificuldade é mesmo com
transporte e armazenagem”.
(NB)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
17
MISSÕES TÉCNICAS
Missão Técnica vai aos EUA
em busca de Green Buildings
Projetos criteriosos, consciência
ambiental e preocupação com o entorno são algumas das qualidades
evidentes em muitos dos empreendimentos altos erguidos nos últimos
anos em Nova York. É em busca de
exemplos como o prédio da Rua 42
com a 8ª Avenida no Eleven Times
Square, que o SindusCon-SP realizará a Missão Técnica USA “Green
Buildings em Nova York e Washington”, de 4 a 12 de setembro.
O grupo, composto por 29 empresários e importantes executivos do
setor, será liderado pelo diretor de Relações Internacionais do SindusConSP, Salvador Benevides. A missão tem
o apoio do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, via Itamaraty, e incluirá um compromisso oficial na Embaixada do Brasil em Washington-DC,
capital dos Estados Unidos.
As visitas focarão o atualíssimo
tema da sustentabilidade. “O programa envolve um criterioso olhar sobre
as questões de sustentabilidade e
meio ambiente nas cidades, e inclui
visitas técnicas aos principais Green
Buildings de Nova York e Washington, alguns deles considerados os primeiros e maiores do mundo, e aos
escritórios que os projetam e que utilizam largamente tecnologias de BIM
(Building Information Moduling) ”, revela Benevides.
Durante uma
semana, o grupo
visitará empreendimentos, escritórios de arquitetura e construtoras.
“Teremos contato
com diversas corporações e profissionais seriamente envolvidos com as questões de
sustentabilidade na construção civil”,
diz o diretor.
mos procurando a cada viagem profissionalizar mais ainda nossas missões”, afirma Benevides.
O SindusCon-SP também recebeu
o suporte do Consulado Geral dos
Estados Unidos em São Paulo. Para
ajudar a Missão, visitaram o sindicato o
vice-diretor comercial do consulado,
Scott Shaw, e a especialista em Desenvolvimento de
Negócio, Marina
Konno.
O grupo visitará
prédios, escritórios
de arquitetura
e construtoras
Assessoria técnica
A missão terá como novidade a
contratação da arquiteta Raquel Palhares, da Arqtours. A profissional tem
larga experiência e será responsável
por toda a agenda técnica da viagem. Ela acompanhará o grupo e dará suporte no que for necessário. “Esta-
Raquel,
Benevides,
Marina e Shaw,
no SindusCon-SP
Maçã “verde”
Nova York tem a
construção sustentável como prioridade há muito tempo. Em dezembro de 2006, o prefeito
Michael Bloomberg comprometeu-se
a reduzir as emissões de gases de efeito de estufa em mais de 30% até 2030.
Para enfrentar este desafio, exigiu mudanças significativas na infraestrutura dos edifícios e lançou no ano seguinte o PlaNYC, um modelo “verde”
para Nova York com 127 ações de redução de emissões. Uma parcela importante do plano ocorreu a partir de
dezembro de 2009, quando um pacote legislativo passou a incentivar o retrofit de grandes prédios.
A cidade de Nova York atingiu um
novo marco em fevereiro de 2010,
quando foram lançadas 111 recomendações para tornar “verdes” as
leis e os regramentos para a construção civil na “Big Apple”.
(Nathalia Barboza)
GESTÃO DA OBRA
Dilemas da construção
A
qualidade na construção civil
nunca esteve tão em evidência
como nestes tempos recentes
em que o setor se tornou um negócio
atrativo, trazendo novos entrantes (que
nem sempre conhecem os verdadeiros
riscos da atividade de fazer o produto
que querem vender) e novos cenários
de competição.
Num país onde não se pode, por lei,
exigir experiência maior que seis meses
na função em que se está contratando;
num país onde o empresário que demite
um funcionário, por este não ter o desempenho adequado para a empresa, é punido com a multa do Fundo de Garantia;
num país em que um edifício de sete andares com 28 apartamentos vendidos a
R$ 90 mil cada um desaba em Salvador–
BA (em 17 de julho de 2010), matando 4
pessoas na casa ao lado, sendo que a
obra toda foi executada sem alvará de
construção, como é difícil viabilizar a qualidade na engenharia e na construção!
Temos outra grande dificuldade: a falta de cultura de atendimento a normas.
Contrariamente aos países desenvolvidos, as normas técnicas no Brasil são
entendidas por muitos como “facultativas”
e, por considerarem as normas “exageradas”, ou porque “sempre fizeram diferente e nunca nada aconteceu”, muitos
profissionais de projeto e seus contratantes, assim como muitos fabricantes não
utilizam as normas técnicas em seus processos e produtos.
Normas técnicas não são feitas para
que alguns sigam e outros não. São a
referência estabelecida por um setor e um
país para assegurar que a saúde, a integridade e a segurança dos usuários de
um produto ou serviço sejam garantidas.
No Brasil, as normas são obrigatórias,
20
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Maria Angelica Covelo Silva *
É preciso seguir
normas técnicas
e rever as que
se desatualizaram
segundo artigos específicos do Código
de Defesa do Consumidor, do Código
Civil e até mesmo da Lei de Licitações.
No entanto, é muito baixa nossa cultura
de seguir normas, exigir a comprovação
de que elas foram seguidas e, muito menos, participar na elaboração de normas
e na sua revisão/atualização.
O que seria de nós consumidores se
todos os setores da economia não atendessem normas –automóveis, remédios,
instituições financeiras, indústria e serviços de alimentos, entre outros? Mas
na construção civil muitos acham que a
norma é exagerada, que não precisa ser
seguida.
Não há qualidade quando parâmetros de engenharia que definem o desempenho dos produtos e serviços são igno-
rados. Aquele edifício de Salvador não
teria desabado se tivesse sido construído
de acordo com as normas de fundações,
de estruturas, sejam de projeto sejam de
execução, sejam de materiais empregados. Mas ainda há quem ache que não
seguir normas não gera riscos.
Muitas normas estão mesmo desatualizadas. Mas aqueles que não se movimentam para contribuir para sua atualização não ficam com o direito de não
aplicá-las. A lei é clara: se estão em vigor,
devem ser atendidas.
Isso desperta a necessidade de mobilização de todos em conhecer as exigências de normas, de saber o que devem atender em sua atividade ou produto. Não há sistema de gestão da qualidade que suporte projetos, materiais, componentes, sistemas construtivos e serviços de execução que passam longe dos
requisitos de normas.
Para aqueles que querem conhecer
as principais normas a atender na produção de edifícios, vejam no site
www.ngiconsultoria.com.br/links/Normas
técnicas a lista de principais normas separadas por incidência em projeto (por
especialidade), em materiais, componentes e sistemas, controle tecnológico, execução e manutenção.
* ENGENHEIRA CIVIL, MESTRE E DOUTORA EM ENGENHARIA,
DIRETORA DA NGI CONSULTORIA E DESENVOLVIMENTO
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QUALIDADE E PRODUTIVIDADE
Construção tem 19
novas normas técnicas
O CB-02 (Comitê Brasileiro da
Construção Civil) da ABNT publicou
19 normas técnicas (NBRs) no primeiro semestre de 2010. Entre elas, várias referentes a importantes insumos
do setor, como tintas, blocos cerâmicos e chapas de gesso para drywall.
A nova norma de blocos cerâmicos,
por exemplo, deve estimular a concepção dos projetos com base em padronização mais clara e critérios mais rígidos, dentro da realidade brasileira e
não mais em parâmetros vindos de
normas estrangeiras.
A NBR 15.813, por sua vez, estabelece os requisitos específicos para
fabricação, aceitação e/ou recebimento de tubos de PPR tipo 3 para instalações prediais de água quente e fria,
aplicados por processos térmicos de
fusão.
Outro destaque é a NBR
14.762 – Dimensionamento de estruturas de aço
constituídas por
perfis formados a
frio. A norma estabelece os requisitos básicos a serem obedecidos no dimensionamento de perfis estruturais
de aço formados a frio destinados a
estruturas de edifícios.
mas técnicas publicadas de janeiro a
junho de 2010:
´ ABNT NBR 11702:2010 – Tintas para
construção civil – Tintas para edificações não industriais – Classificação
´ NBR 14715-1:2010 – Chapas de
gesso para drywall – Parte 1: Requisitos
´ NBR 14715-2:2010 – Chapas de
gesso para drywall – Parte 2: Métodos de ensaio
´ NBR 14762:2010 – Dimensionamento de estruturas de aço constituídas por perfis formados a frio
´ NBR 14940:2010 – Tintas para construção civil – Método para avaliação
de desempenho de tintas para edificações não industriais – Determinação da resistência à abrasão úmida
´ NBR 15494:2010 – Tintas para construção civil – Tinta
brilhante à base
de solvente com
secagem oxidativa – Requisitos de
desempenho de
tintas para edificações não industriais
´ NBR 158121:2010 – Alvenaria estrutural – Blocos cerâmicos – Parte 1: Projetos
´ NBR 15812-2:2010 – Alvenaria estrutural – Blocos cerâmicos – Parte 2:
Execução e controle de obras
´ NBR 15813-1 a 3:2010 – Sistemas
de tubulações plásticas para instalações prediais de água quente e fria –
Parte 1: Tubos de polipropileno copolímero random (PPR) tipo 3 – Requisitos; Parte 2: Conexões de PPR – Re-
Comitê da Construção
da ABNT publica textos
normativos de tintas,
blocos e tubos de PPR
Consulta nacional
A ABNT também mantém até 2/9 outras 6 em Consulta Nacional. A etapa
é feita inteiramente em: www.abntonli
ne.com.br/consultanacional .
Confira a seguir a relação das nor-
quisitos; Parte 3: Tubos e conexões
de PPR – Montagem, instalação, armazenamento e manuseio
´ NBR 15821:2010 – Tintas para construção civil – Método para avaliação
de desempenho de tintas para edificações não industriais – Determinação do grau de resistência de tintas,
vernizes e complementos, em emulsão na embalagem ao ataque de microorganismos
´ NBR 15844:2010 – Rochas para revestimento – Requisitos para granitos
´ NBR 15845:2010 – Rochas para revestimento – Métodos de ensaio
´ NBR 15846:2010 – Rochas para revestimento – Projeto, execução e inspeção de revestimento de fachadas
de edificações com placas fixadas por
insertos metálicos
´ NBR 15849:2010 – Resíduos sólidos urbanos – Aterros sanitários de
pequeno porte – Diretrizes para localização, projeto, implantação, operação e encerramento
´ NBR 15856:2010 – Geomembranas
e produtos correlatos – Determinação
das propriedades de tração
´ NBR 5648:2010 – Tubos e conexões
de PVC-U com junta soldável para
sistemas prediais de água fria – Requisitos
´ NBR 5688:2010 – Tubos e conexões
de PVC-U para sistemas prediais de
água pluvial, esgoto sanitário e ventilação – Requisitos
Para adquirir estas e outras normas técnicas, visite o site
www.abntcatalogo.com.br ou ligue
para (11) 3017-3600.
(NB)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
21
MEIO AMBIENTE
Em busca da sustentabilidade
O Grupo de Trabalho (GT) de Sustentabilidade da Câmara Ambiental
da Construção Civil, ligada à Cetesb,
passa a ser o legítimo suporte técnico
ao governo sobre assuntos de construção sustentável que poderão ser incorporados nas ações referentes à
Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC), afirmou Casemiro Tércio Carvalho, coordenador de Planejamento Ambiental da Secretaria do
Meio Ambiente do Estado de São Paulo, em entrevista a Notícias da Construção.
A PEMC objetiva disciplinar as
adaptações necessárias aos impactos
derivados das mudanças climáticas,
bem como contribuir para reduzir em
20% a concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera até 2020, tendo
por base o ano de 2005.
Com isso, o GT será a primeira das
três instâncias envolvidas no âmbito da PEMC. Segundo Casemiro
Carvalho, a ideia
é “fortalecer a Câmara Ambiental
como espaço de
orientação e discussão destes temas”. O grupo é coordenado pela engenheira Lilian Sarrouf, que também
é coordenadora técnica do Comitê de
Meio Ambiente do SindusCon-SP e foi
indicada pelo Comasp para ocupar o
cargo no GT. “O Grupo de Trabalho,
por ser formado por entidades que representam os principais agentes do
setor de construção civil, universidades, ONGs e governo, legitima as propostas que serão apresentadas para
a regulamentação do Programa Estadual de Construção Sustentável”, afirma Lilian.
A Lei que criou o PEMC (Lei 13.798,
de 9/11/2009) gerou ainda um Comitê
Gestor, cuja incumbência é acompanhar a elaboração e a implementação
dos planos e programas ligados à sustentabilidade, e um Conselho Estadual
de Mudanças Climáticas, de caráter
consultivo, com a finalidade de avaliar
e monitorar o cumprimento da meta global e das metas setoriais e intermediárias a serem definidas na comunicação estadual. “O Comitê terá a missão
de ajudar a internalizar no governo o
que for decidido na Câmara Ambiental”, reforça Carvalho.
Segundo ele,
os encaminhamentos foram divididos em dois blocos: o de edificações públicas e o
de grandes obras
públicas. “No primeiro eixo, queremos usar a força
indutora do governo para incentivar nos
editais de licitação ações nos moldes
da sustentabilidade”, diz Carvalho. Segundo ele, as construções antigas serão retrofitadas com base em critérios
de melhoria de desempenho dos edifícios, levando em conta os parâmetros
como o do Selo Procel Edifica.
Visando as grandes obras (estradas, por exemplo), o governo vai buscar atuar junto às empresas públicas
Grupo coordenado pelo
SindusCon-SP dará
suporte à política de
mudanças climáticas
22
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
(DAEE, Sabesp, Dersa) no sentido de
capacitar os engenheiros e arquitetos
a buscarem critérios de sustentabilidade na concepção de novos projetos,
nas obras e até na operação. “Também
queremos encontrar formas de aferição
de resultados. Por isso, nos próximos
meses, promoveremos rodadas de debates setoriais para que as empresas
mostrem as boas práticas e digam como
é possível realizar aferições seguras”,
comenta Carvalho.
Decreto
O empenho do governo em implementar a política de mudanças climáticas tomou novo impulso em 24 de junho com a assinatura pelo governador
Alberto Goldman do Decreto 55.947,
que regulamenta a Lei 13.798.
Até o fim do segundo semestre, o
governo deverá apresentar o Inventário de Gases de Efeito Estufa do Estado de São Paulo, que será a base das
emissões paulistas, possibilitando o
cumprimento da meta prevista na lei.
“O governo tem de fazer a lição de casa,
mas o empresário também deve se
preparar para o aumento da competitividade”, afirma Carvalho.
O decreto institui ainda programas
e planos voltados a inovação tecnológica, energia, transporte, educação
ambiental e a ações emergenciais e
mapeamento de áreas de risco. O texto define também a meta para que
Programa Estadual de Construção
Sustentável seja regulamentado até o
final de 2010. (Nathalia Barboza)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
23
MOTIVAÇÃO
Gerando energia
U
ma das unidades de uma empresa onde recentemente conduzi
um treinamento de líderes passava por um processo complicado. As pessoas estavam desmotivadas por não conseguirem atingir os objetivos nos últimos
11 meses. Os acionistas estavam a ponto
de interromper a operação, quando resolveram dar uma última oportunidade para
as 800 pessoas que trabalhavam lá. Escolheram como diretor um profissional de
carreira da unidade central e lhe deram a
missão de reverter o cenário em curto prazo. O resultado foi fenomenal!
Como era de se esperar, num primeiro
instante as pessoas sentiram desconfiança e medo. A missão do novo diretor seria
encerrar a operação? Demitir muita gente
para adequar os custos? Seres catastróficos que somos, ninguém imaginava que
a missão dele era recuperar a unidade com
tudo e todos que estavam lá dentro!
O novo diretor assumiu há três meses
e orientou o responsável por Recursos
Humanos a reunir todo pessoal em pequenos grupos, começando pelos líderes,
para, “olho no olho”, expor sua missão e o
que esperava de cada um. Também orientou o responsável pela Comunicação a
divulgar um informe “claro, objetivo e transparente”, com todos os dados históricos
da unidade no último ano, os desafios para
os próximos meses e as recompensas em
caso de obtenção dos resultados. O objetivo era mostrar que o discurso não vinha
de alguém “distante”, que todos indistintamente deveriam praticá-lo e que ninguém
poderia alegar “ignorância” dos fatos.
A recompensa para a obtenção dos
resultados, imaginem só, era a participação em uma “balada” para celebrar o momento, fora do horário de expediente e sem
nenhum “tostão” a mais no bolso!
24
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Pedro Luiz Alves *
Conexão emocional
entre equipe e sua
liderança é básica
para atingir o alvo
A seguir, o novo diretor determinou à
área de Operação a consolidação, atualização constante dos resultados e a comunicação diária aos profissionais, para
que acompanhassem a evolução dos indicadores. Ele passou a percorrer os setores e a conversar com as pessoas, incentivando-as a realizar, reconhecendo
a contribuição individual e referindo-se
a elas pelo nome, demonstrando respeito
e o reconhecimento da importância de
cada um.
Em pouco tempo, todos na unidade
olhavam para um mesmo foco –“atingir os
resultados, conectados emocionalmente
uns aos outros”; e lutaram muito mais que
antes, dirigidos para um mesmo propósito, com muito respeito e consideração. O
resultado não poderia ser outro senão o
“brilho nos olhos de todos” e obviamente a
surpreendente recuperação da unidade.
A partir deste exemplo, constatei que,
para as pessoas se mobilizarem rumo a
um propósito, basta que alguém bem intencionado possa olhar nos seus olhos e
dizer claramente o que espera delas, que
acredita nelas e que acompanhe e reconheça pontualmente as grandes e as pequenas conquistas obtidas. Isso, sem dúvida, gera uma energia contagiante nas
pessoas.
O pessoal realizou a “balada”. Convidado a participar, fui presenteado com
uma demonstração de reconhecimento
de todos os profissionais da unidade ao
novo diretor. Eles simplesmente prepararam uma coreografia maravilhosa para
homenageá-lo e depois o convidaram
para dançarem juntos. Adivinhe o que ele
fez? “Uniu-se aos seus colegas e dançou”, e neste momento uma energia tomou conta de todo o ambiente e foi inexplicável, não consigo descrever a sensação fantástica de estar ali, fazendo parte
daquele momento mágico. Por isso, no
dia seguinte, acordei e agradeci a vida
por ter me proporcionado a oportunidade
de renovar minha convicção de que o ser
humano vale a pena.
ADMINISTRADOR, CONSULTOR DE RH E DIRETOR DA
ASTD-BRASIL – AMERICAN SOCIETY FOR TRAINING AND
DEVELOPMENT
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mentários, críti
Envie seus co
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
25
GESTÃO EMPRESARIAL
Mais importante que o lucro
N
os últimos meses, temos atentado
ao orçamento planejado e aos
controles dos resultados ocorridos,
versus o estimado inicialmente. Obviamente, todos os resultados se refletirão na conta mais importante para a empresa, qual
seja, a conta caixa. O leitor poderá se perguntar: mais importante que o lucro?
Sim, porque pagamos contas com o
dinheiro do caixa e não com os lucros. Em
outras palavras, lucros são conceitos econômicos, que obviamente representam
uma das origens do caixa da companhia,
mas nem são eles os únicos responsáveis
pelo caixa, nem são sempre iguais ao caixa. Por exemplo, se a empresa efetua uma
venda a prazo, ela terá lucro, pois teve receita, mas não terá caixa até que receba
pela venda a prazo.
É por este motivo que o tema deste
artigo, a Demonstração de Fluxo de Caixa, se tornou uma demonstração financeira obrigatória para as Sociedades
Anônimas.
Primeiramente, devemos refletir sobre
o que a empresa pode fazer com seu cai-
Maria Angelica Lencione Pedreti *
A Demonstração
do Fluxo de Caixa
permite planejar
as ações futuras
xa. Existem três decisões estratégicas que
a companhia poderá tomar, sempre na
mesma ordem, a fim de
criar valor: a primeira é a
Atividades Operacionais
$$$
decisão de investimento:
quanto deverá investir e
Lucro líquido antes dos dividendos
117,50
Ajustes
em quais ativos fixos. A
Ajustes não caixa
segunda se refere à forDepreciação
100,00
Ajustes devidos ao capital de giro
ma de financiamento: se
Aumento em contas a receber
(60,00)
a empresa tem disponiAumento em estoques
(200,00)
bilidade de caixa, ela poAumento em contas a pagar
30,00
Aumento em “accruals”
10,00
derá decidir se deseja
Caixa líquido oriundo de atividades operacionais
(2,50)
saldar dívidas, ou se preAtividades de investimento de longo prazo
fere contrair mais dívida
Caixa usado para adquirir ativos fixos
(230,00)
para reduzir os investiAtividades de financiamento
mentos dos sócios. A últiVenda de investimentos de longo prazo
65,00
ma decisão, se ainda soAumento em contas a pagar
50,00
brar caixa, será sobre
Aumento em títulos
174,00
Pagamentos de dividendos preferenciais e ordinários (61,50)
como devolvê-lo aos sóCaixa líquido advindo de operações de financiamento
Resumo
Mudança líquida no caixa
Caixa no início do ano
Caixa ao final do ano
227,50
(5,00)
15,00
10,00
cios, ou seja, a decisão de dividendos.
A Demonstração de Fluxo de Caixa
reflete justamente estes pontos, conforme
se observa na estrutura que está na tabela
desta página.
Observe na tabela que a Demonstração de Fluxo de Caixa se inicia com o Lucro do Exercício. De fato, ele é a primeira
fonte de caixa em que podemos pensar,
mas, como comentamos, ter lucro hoje não
quer dizer que a empresa tenha caixa no
mesmo momento. Além disso, para o cálculo do lucro, existem despesas como a
depreciação de equipamentos, que servem para refletir contabilmente que o equipamento está se desgastando e que um
dia um novo investimento deverá ser feito.
Mas a depreciação não significa saída de
caixa no momento em que ela é a despesa que deduz o lucro.
Por conta disso, a primeira parte da
Demonstração de Fluxo de Caixa apresenta o lucro, primeira fonte de caixa da
operação, ajustado para o conceito de
caixa, ou seja, devolvendo a depreciação
que foi subtraída, como despesa, mas que
não representou efetiva saída de caixa. O
resultado representa o que chamamos de
geração bruta de caixa.
Outra forma de gerar ou consumir caixa através das operações é através da
administração da política de capital de giro
da empresa. Assim, quando a empresa
concede mais crédito aos clientes, ela abre
mão da entrada de caixa, o que funciona
como se houvesse uma saída de caixa. O
mesmo acontece quando ela compra mais
estoques.
Por outro lado, quando ela restringe a
política de crédito, haverá entradas de caixa oriundas dos recebimentos das contas
com clientes. A empresa pode, ainda, se
financiar com os fornecedores, obtendo
maiores prazos de pagamento; neste caso,
isto funcionaria como entrada de caixa. Isto
tudo pode ser visualizado na segunda
parte da Demonstração, que resulta na Geração Operacional de Caixa, ou seja: o
caixa gerado seja pelo lucro das operações, devidamente ajustado, seja pela boa
administração de capital de giro.
A seguir, a demonstração relacionará
os investimentos em ativos fixos que consumirão o caixa da empresa ou os desinvestimentos, vendas de imobilizado, que
originarão mais caixa para a companhia.
Finalmente, vem a decisão de financiamento, emitindo novas dívidas ou pagando dívidas existentes, o que originará caixa na primeira situação e consumirá na
segunda. Da mesma forma, a decisão de
dividendos consumirá caixa, oposta à decisão de novos aportes de capital, quando
os acionistas investirão mais dinheiro na
companhia para alguma das decisões
estratégicas que comentamos.
O resultado refletirá as três decisões
apresentadas, e mostrará como cada uma
delas gerou caixa ou consumiu caixa no
período analisado.
Obviamente, o importante é ter uma
operação geradora de recursos, ou seja,
que a companhia consiga gerar caixa suficiente para sustentar suas operações e
seus novos investimentos, na medida do
possível, sem precisar recorrer a novos financiamentos ou aporte de capital aos
sócios. Também não é necessário sempre
devolver dinheiro aos sócios, através de
dividendos, desde que os investimentos
que precisaram do dinheiro em questão
tenham um retorno justificável, ou seja,
maior que o custo de capital da companhia.
Finalmente, se em algum momento de
sua vida uma empresa for tomadora de
recursos, cabe investigar: ela é tomadora
agora, pois seus fluxos, ainda incipientes,
são insuficientes para sustentar o crescimento da companhia, dadas as necessidades do mercado, ou é tomadora de recursos (em contraposição à geradora de
caixa), pois suas operações são fracas, não
conseguem gerar caixa e não há perspectivas de mercado de que consigam um
dia?
Uma companhia pequena que precisa de caixa para crescer num mercado promissor pode ser merecedora de investimentos, ao passo que uma companhia
com operações não saudáveis nem sustentáveis, que não tem perspectivas de
crescimento, merece uma reestruturação,
antes de qualquer investimento.
* PROFESSORA DE CONTABILIDADE E FINANÇAS DA FGV,
MESTRA EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS, TRABALHA EM
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
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SINDUSCON-SP EM AÇÃO
Ourinhos programa requalificação
O SindusCon-SP aceitou
bianco e a vice-presidente Mao convite feito pelo prefeito de
ristela Honda.
Ourinhos, Toshio Misato, para
Misato destacou que o procolaborar na requalificação
grama visará absorver os trade trabalhadores que serão
balhadores que forem desligaempregados na construção
dos da cultura da cana de açúcivil naquele município. O concar, a ser inteiramente mecanivite foi feito pelo prefeito em
zada. Segundo ele, Ourinhos,
visita ao SindusCon-SP em
110 mil habitantes, situada no
julho, quando participou da
entroncamento rodoferroviário
reunião da diretoria da entido Oeste paulista que dá acesdade, acompanhado dos se- Capobianco, Watanabe, o prefeito Toshio Misato e Maristela, na reunião
so tanto ao Paraná como a
cretários Luis Augusto Perino
Mato Grosso do Sul, já possui
(Desenvolvimento Econômico) e Roberto
indústrias nos ramos alcooleiro, alimentíno). Entre outros, estiveram presentes o
Alves de Oliveira (Desenvolvimento Urbacio e de máquinas e equipamentos.
representante à Fiesp Eduardo Capo-
Banco japonês faz visita
O presidente do SindusCon-SP,
Sergio Watanabe, recebeu em julho a
visita dos representantes do Iwata
Shinkin Bank que preparavam uma
missão econômica de empresários japoneses ao Brasil em agosto.
O diretor executivo do banco Yuma
Nagai e o consultor Etsuo Ishikawa estiveram acompanhados de Fernando
Vieira do Nascimento, assessor institucional da Caixa Econômica Federal, que
mantém relações com a instituição financeira da província de Shizuoka.
Ao lado do diretor de Relações Internacionais do sindicato, Salvador
Benevides, e da gerente de Incorporação da construtora Simétrica, Yoshiko Muto, Watanabe colocou o SindusCon-SP à disposição da missão econômica e relatou a intenção do sindicato de promover uma missão técnica
ao Japão em 2011.
Segundo Nagai, a visita econômica deverá trazer ao país cerca de 10
empresários japoneses dos mais di-
30
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
versos segmentos, em comemoração
aos 60 anos do banco.
Bola da vez
Nagai contou que, em junho, o
banco promoveu um seminário sobre
o Brasil, com as presenças dos presidentes da Caixa e da Petrobras, e de
250 empresários locais.
“No Japão, foi um fato inédito acontecer um seminário deste vulto com
tantos empresários querendo conhecer o Brasil”, destacou Nagai. “Aos
poucos, os japoneses têm percebido
que o Brasil é a bola da vez.”
O executivo comentou que, com o
aumento de interesse pelo Brasil, o
banco decidiu ajudar as empresas do
Japão “a dar o segundo passo”. Embora a atuação do Iwata Bank seja regional, o banco criou em 2007 uma
unidade de apoio no Brasil, com um
balcão de atendimento que disponibiliza todas as informações logísticas,
tributárias e jurídicas.
Cortadores de cana
irão para construção
O SindusCon-SP participará de uma
ação para requalificar trabalhadores que
seja dispensados da colheita de cana de
açúcar e empregá-los na construção civil.
O assunto foi debatido em reunião de um
grupo de trabalho do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social
(CDES), órgão ligado à Presidência da
República.
O vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa, participou da reunião representando o presidente da CBIC, Paulo Simão,
em julho, na Fiesp. Ele esteve acompanhado da gerente de Estratégia e Produtividade do sindicato, Roseane Petronilo.
O grupo de trabalho espera que a iniciativa se realize em Bauru e Ribeirão
Preto e seja um piloto para as demais regiões planas do país onde a cultura da
cana de açúcar passará a ser inteiramente
mecanizada.
Estima-se que boa parte dos 100 mil
cortadores de cana possam ser aproveitados na construção civil.
Trabalhadores homenageiam Ishikawa
O vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP, Haruo
Ishikawa, foi homenageado pela Feticom-SP (Federação dos Trabalhadores
nas Indústrias da Construção e do Mobiliário do Estado de São Paulo), com
o troféu “Oscar da Construção Civil”, por
sua atuação frente às negociações trabalhistas junto aos sindicatos dos trabalhadores e pelos trabalhos que vem
realizando na área de Segurança, Saúde e Medicina do Trabalho.
A cerimônia de entrega do prêmio
aconteceu em julho, na Colônia de Férias da federação, em Mongaguá (SP),
durante evento de comemoração dos 67
anos do maior sindicato representativo
Ishikawa, com o “Oscar da Construção Civil”
dos trabalhadores do interior paulista.
Na ocasião, o presidente da
Feticom-SP, Emilio Alves Ferreira
Junior, atribuiu a premiação à “preocupação diária” do vice-presidente com
a saúde e à segurança do trabalhador.
Entre os presentes, estiveram o
prefeito de Mongaguá, Paulo Wiazwski Filho; o deputado estadual Campos Machado; o presidente da CNTI
(Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria), José Calixto
Ramos; e diretores da Feticom e de
outros sindicatos.
No evento, Ishikawa representou o
presidente do SindusCon-SP, Sergio
Watanabe.
Nova diretoria é criada
Zaidan preside o
Conselho Consultivo
O Conselho Consultivo do SindusConSP elegeu em julho, para sua presidência, o conselheiro Eduardo Zaidan (foto),
em substituição a José Romeu Ferraz
Neto. Zaidan, que já presidiu o Conselho,
atualmente é diretor de Economia do SindusCon-SP.
Para a 1ª vice-presidência, o Conselho elegeu Roberto José Falcão Bauer,
que também integra a Comissão Permanente de Negociação do SindusCon-SP
atuante na área trabalhista. Para a 2ª vicepresidência, foi eleito o diretor-adjunto da
Regional Campinas, Marcio Benvenutti.
A convite da presidência do SindusCon-SP, o conselheiro José Romeu Ferraz Neto assumiu a Diretoria de Assuntos
Estratégicos do sindicato, que cuidará das
articulações institucionais da entidade.
Ferraz Neto deverá representar o sindicato como membro do Conselho Consultivo da Adit (Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil)
que reúne construtoras, incorporadoras e
agentes de turismo deste setor.
Já participa da Adit, na qualidade de
coordenador do Conselho Imobiliário, o
vice-presidente de Meio Ambiente do SindusCon-SP, Francisco Vasconcellos.
Ferraz Neto fará articulações institucionais
Fórum debaterá habitação sustentável
O SindusCon-SP recebeu em junho a
visita de Zenaida Verver y Vargas Muñoz,
Marcela León Michaud e Karla Santacruz
León, representantes do Grupo Mad –
Marketing & Advertising. Elas convidaram
o presidente do SindusCon-SP, Sergio
Watanabe, e o diretor de Relações Internacionais do sindicato, Salvador Benevides, a participarem do Foro Internacional
de Vivienda Sustentable 2010, a ser reali-
zado no México, em 9 e 10 de setembro.
O fórum tem por objetivo divulgar e promover novas práticas, tecnologias e casos de sucesso nacionais e internacionais
em construção sustentável. Os temas principais no evento serão meio ambiente, planejamento, comunidade e outros aspectos relevantes para a América Latina.
Veja mais em www.forointernacionalde
viviendasustentable.com/.
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
31
TRABALHO
Cresce a
prevenção
a acidentes
O presidente do SindusCon-SP,
Sergio Watanabe, aproveitou o Dia
Nacional da Prevenção ao Acidente
de Trabalho (27 de julho) para anunciar o calendário 2010 da Megasipat
(Mega Semana Interna de Prevenção
de Acidentes). O evento começará em
1° de setembro, na Regional Ribeirão
Preto do sindicato, e percorrerá as demais Regionais no Estado de São Paulo até chegar à Capital, em 1° de dezembro (ver anúncio à pág. 51).
A Megasipat, que acontece há 11
anos, no segundo semestre na Capital e nas Regionais do SindusCon-SP, é uma
das principais
ações conjuntas
das Vice-presidências de Relações Capital-Trabalho e Responsabilidade Social
em prol da saúde e segurança, bem
como da qualidade de vida dos trabalhadores da construção civil.
Ao longo destes anos, o evento já
atingiu 13.586 trabalhadores, que se tornaram, depois de um dia inteiro de atividades e palestras lúdicas, multiplicadores das práticas prevencionistas em
1.869 construtoras filiadas ao sindicato.
O projeto, que conta com a parceria do Sesi, Senai, Seconci e apoiadores, tem por meta conscientizar os
trabalhadores das empresas associa-
Atividade de interação na Megasipat 2009 da Regional de Presidente Prudente
das para as questões relativas ao universo da segurança do trabalho.
Ação cotidiana
Segundo o vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa, “todo dia é
de prevenção de acidentes no sindicato”. Por isso a entidade também promove o PSS (Programa SindusConSP de Segurança), que disponibiliza
técnicos de Segurança do Trabalho às
empresas associadas ao sindicato,
com o objetivo de orientá-las na aplicação dos procedimentos incluídos
na NR 18 (Norma
Regulamentadora
que dispõe sobre
Condições e Meio
Ambiente de Trabalho na Indústria
da Construção Civil). A adesão é espontânea, gratuita e por empresa.
Em parceria com o Senai-SP, o
PSS vem desenvolvendo há cinco
anos ações de orientação e acompanhamento sobre os procedimentos a
serem adotados e contribuindo para a
proteção e saúde do trabalhador e das
condições de meio ambiente do trabalho nos canteiros de obra.
Paralelamente, o SindusCon-SP
empenha-se em várias outras ações
setoriais, como nas parceiras com a
entidade “Trabalho e Vida” na realiza-
Ações têm por objetivo
formar multiplicadores
das práticas
prevencionistas
32
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
ção de seminários sobre saúde, segurança e qualidade de vida, e com o
Seconci (Serviço Social da Construção Civil) para a confecção e a orientação aos trabalhadores do uso correto do protetor solar nos canteiros de
obra.
O SindusCon-SP também divulga
artigos sobre SST na revista Notícias
da Construção e atua fortemente junto ao governo e trabalhadores nas
reuniões do CPR NR 18 e do CPN
NR18 (Conselhos Per manentes
Regionais e Nacional da NR 18), além
de ser o interlocutor nas negociações
trabalhistas com os sindicatos dos trabalhadores. Desde este mês, o vicepresidente do SindusCon-SP Haruo
Ishikawa está na coordenação nacional do CPN NR18.
Ishikawa lembra que o grande aumento do contingente empregado pelo
setor a partir de 2005 trouxe a tarefa
de formar a consciência de profissionais que nunca haviam trabalhado no
setor. “O SindusCon-SP espera com
estas ações contribuir para a redução
dos acidentes de trabalho, procurando conscientizar a sociedade sobre a
importância da prevenção e das doenças do trabalho, bem como permitir
que as empresas de pequeno e médio porte possam ser atendidas e assim reverter sua participação em um
benefício para seus trabalhadores e
familiares”, diz Ishikawa.
(NB)
GT discutirá certificação profissional
No início do mês, uma reunião realizada no SindusCon-SP criou o Grupo
de Trabalho (GT) Qualificação e Certificação Profissional, conforme havia sido
deliberado na última reunião do CTECH (Comitê Nacional de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação) –organismo gestor do PBQP-H composto
por integrantes de toda a cadeia produtiva da construção civil. O SindusConSP foi representado pelos vice-presidentes Mauricio Bianchi (Tecnologia e
Qualidade) e Haruo Ishikawa (Relações
Capital-Trabalho).
Coube à coordenadora geral do
PBQP-H, Maria Salette Weber, liderar a
constituição do GT que, em sua primeira rodada de discussão, definiu uma linha de atuação setorial frente às inúmeras ações que vêm sendo desenvolvidas a fim de viabilizar a certificação
de trabalhadores da construção civil.
Uma delas é a elaboração interministerial de um decreto que estabelece as
bases para o SNCP (Sistema Nacional
de Certificação Profissional). Salette disse que o texto encontrou ressonância
no Ministério da Educação, que já prometeu, em consonância com o Ministério do Trabalho, injetar recursos em programas de qualificação e de certificação de mão de obra.
Competências de saber
Entre as propostas do GT está a contratação de um consultor que possa atuar junto às comissões de estudo (CEs)
das normas técnicas de certificação, no
âmbito do CB-90/ABNT. O trabalho dentro da ABNT está adiantado e o GT verificou a necessidade de agir com rapidez
para que o setor seja ouvido. “As normas
têm de levar em consideração as competências de saber dos trabalhadores
mais experientes e não os diplomas”,
afirmou Ishikawa. Segundo Laura Marcelini, da Abramat (fabricantes de materiais de construção), “a definição sobre o
que vai ser certificável [dentro das CEs]
será uma decisão setorial”.
“A certificação é uma ideia boa, mas
colocada em hora errada. Ainda hoje,
grande parte dos nossos trabalhadores
sequer tem o hábito de escovar os dentes. Nosso objetivo deveria ser a capacitação. Além disso, teríamos primeiro
de criar uma espécie de Exame da Ordem para o engenheiro que manda no
pedreiro”, pondera Bianchi. Ficou também clara a necessidade de ter uma
referência única para os parâmetros de
qualificação e certificação.
O GT é formado ainda por representantes da CBIC, Abrafati (setor de tintas) e Antac. Outras entidades serão
envolvidas em breve.
(NB)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
33
MARKETING
Pescando na internet
A
última matéria da McKinsey
Quarterly trata do uso das redes sociais como ferramenta
de marketing.
É fundamental que as empresas que
pretendam se utilizar dessa ferramenta não
o façam de forma a colocar em risco suas
marcas institucionais ou seus produtos. A
dinâmica e a rapidez existentes no mundo
digital exigem uma constante atualização
e inovação para que valha a pena uma
navegação de alguns minutos por parte
de um integrante do mercado. Além disso,
só haverá interesse em voltar a uma determinada comunidade quando se sabe que
serão encontradas novas atividades, informações, notícias e curiosidades pertinentes ao perfil dos integrantes. Se forem criados jogos, inove, constantemente nas regras, tornando-os mais disputados e mais
instigantes. Inove também nas modalidades de competição, dando oportunidades
para experiências inusitadas e gratificantes, além de divertidas.
Não se acomode com apenas dois ou
três níveis de competição.
Adicione outros níveis de dificuldade e
promova os vencedores a categorias especiais, proporcionando um reconhecimento que extrapole o limite da rede à qual
eles pertencem. O mundo virtual permite a
cada um e a todos que tenham o seu momento de glória.
As empresas não podem perder essa
oportunidade para conquistar adeptos
para as suas marcas. Os heróis digitais
serão os advogados da marca no mundo
real.
Para obter os frutos de uma comunicação “boca a boca”, positiva, a respeito
de uma organização ou de uma marca
de produto, é preciso que os sites, os
blogs, os twitters, os facebooks das mar-
34
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Antonio Jesus de Britto Cosenza *
Utilizar as redes
sociais demanda
bastante inovação
e atualização
cas tragam informações e assuntos úteis
para os públicos alvo que elas pretendem influenciar.
Quando não há uma percepção, por
parte do mercado, de que vale a pena navegar e integrar uma comunidade virtual,
a empresa poderá desperdiçar a oportunidade e, pior, causar um impacto negativo para a(s) sua(s) marca(s). A mesma rapidez com que se constrói uma marca a
partir do mundo virtual também pode levála à destruição ou a perdas reais de demanda e, portanto, de faturamento, na economia real.
Como ser útil para o(s) segmento(s)
de mercado que nos interessa(m)? Algumas “dicas” ajudam a conquistar um boca
a boca positivo.
Em primeiro lugar, não polua a sua fer-
ramenta virtual. Excesso de pop up’s e de
movimentos irrita até mesmo o mais “nerd”
dos adolescentes. Aborde assuntos que
enriqueçam as informações sobre o produto ou serviço e auxiliem na percepção
de seus diferenciais em relação aos demais. É viável estender essas informações
a “by products” e mesmo a produtos complementares e acessórios. Utilize atividades lúdicas quando forem condizentes
com o público alvo. Jogos e disputas são
sempre instigadores, mas não se esqueça de dar destaque aos que ganharam e
de classificá-los para que sejam reconhecidos pela comunidade que integram.
Todos gostam de ser recompensados e reconhecidos pelos seus grupos
sociais.
Assim, proporcione o devido destaque
para aqueles que colaborarem com opiniões interessantes e mesmo para os que
se destacarem entre os demais participantes de cada uma das redes criadas por
você para as marcas.
Crie itens virtuais que possam ser ostentados pelos participantes. Todos gostam de sinalizar o(s) grupo(s) a que
pertence(m) e a posição que nele(s)
ocupa(m). É comportamento recorrente em
nosso mercado.
A vantagem do boca a boca gerado
nas redes é que ele é conquistado e, portanto, tem credibilidade, é autêntico.
* CONSULTOR DE EMPRESAS E PROFESSOR DA EAESPFGV
E DA
BBS
cas,
mentários, críti
Envie seus co
as
gestões de tem
perguntas e su
na:
para esta colu
.com.br
nzaeassociados
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co
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cosenz
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
35
DESAFIOS NO CANTEIRO
Estratégia de guerra
A
construção vem passando por
profundas transformações nos
últimos três anos. Empresas chegaram a quadruplicar seu VGV. O número
de trabalhadores formais atingiu o recorde de 2,69 milhões.
Hoje o problema é a falta de pessoal
qualificado. O tema não é novo. Há anos
os consultores vêm orientando as empresas para fazerem uma reestruturação
produtiva, adotando novas tecnologias
e formas de organização, visando redução dos custos e melhorias na execução com segurança e preservação do
meio ambiente.
Muitas construtoras optaram pela terceirização, mas esta pode ser um autoengano. O simples fato de terceirizar não
significa faturar mais. Aconteceria se os trabalhadores fossem qualificados, se soubessem fazer melhor e mais barato, mas
não é o que acontece.
A qualificação não é considerada prioridade na maioria das empresas. Valorizam-se mais a gestão de projetos, equipamentos e materiais do que a gestão das
pessoas e a metodologia de execução.
Isso é notado pelo nível das empresas
subcontratadas, formadas em muitos casos por pessoas sem a mínima comprovação de instrução, qualificação e experiência em obras e que, depois de contratadas, não conseguem atingir os resultados
planejados. Nos contratos entre as partes,
não há garantia absoluta. Raros são os
casos em que os prejuízos foram ressarcidos, e mesmo com a retenção de 15% do
valor do contrato, subcontratadas já abandonaram obras.
É preciso desenvolver sistematicamente um novo padrão de atitude, conhecimento e habilidade para que o trabalhador se desempenhe de forma adequada.
36
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
José Carlos de Arruda Sampaio *
Precisamos de um
plano nacional para
qualificar um grande
número de pessoas
Treinar para qualificar, dentro de uma estratégia de guerra.
A formação para a qualificação pode
ser realizada em massa e de forma rápida, começando por um Plano Nacional de
Qualificação para a Construção –PNQC.
Ele pode ser concebido por profissionais
indicados pelos Ministérios da Educação,
do Trabalho e da Ciência e Tecnologia, por
aqueles ligados aos sindicatos e os experientes no assunto.
Os materiais para treinamento devem
ser redigidos de forma simples, clara e inteligente, abordando questões comportamentais e técnicas, gerais e específicas
para cada função. Instrutores seriam formados em todo o país para realizar os cursos teóricos e práticos.
Ginásios de esportes subutilizados,
grandes galpões, estacionamentos, subsolos de obras devem ser utilizados para
o treinamento em massa. Instrutores treinados com material didático podem treinar trabalhadores que atuem ou não no
setor, durante um dia por semana, à noite, e em período que cubra os treinamentos gerais.
Os treinamentos específicos separados por função poderiam acontecer na
obras em que os trabalhadores atuam. Os
demais profissionais poderão ser apadrinhados por alguma empresa para também
participarem do processo.
O mais importante é que o programa
qualifique e que o treinamento desenvolva em cada um orgulho pelo trabalho, ação
com criatividade e conhecimento das etapas do processo, para que o trabalhador
priorize a qualidade com segurança e preservação do meio ambiente, e coloque
toda a potencialidade adquirida na execução de sua atividade.
W. E. Deming, maior consultor da qualidade do Japão e EUA, dizia que “para
obter qualidade é preciso treinar, treinar e
continuar treinando”. O treinamento precisa atingir resultados e ser orientado para
melhorar a qualidade dos produtos e serviços. Mentalizar no trabalhador o fazer
certo da primeira vez e sempre. O mais
importante do bordado é o avesso. Através dele avaliamos a qualidade de quem
executou o trabalho. Pensem nisso.
* CONSULTOR DE EMPRESAS E DIRETOR DA JDL QUALIDADE, SEGURANÇA NO
TRABALHO E MEIO AMBIENTE
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
37
REGIONAIS
Bauru celebra 25 anos de atuação
Bauru nos últimos 18
A Regional Bauru do
meses, que coordeSindusCon-SP complenou diversos projetos
tou 25 anos de atuação
e estudos no período.
no Centro-Oeste paulista
Também comparee celebrou seu aniversáceu, entre outros, o
rio com a inauguração de
diretor da Delegacia
nova sede e muitos prode Mogi das Crujetos. Para comemorar, a
zes, Orlando Pozzadiretoria reuniu associani Júnior
dos, parceiros e amigos
Durante a cerimôpara uma confraternizania, a diretoria prestou
ção em julho. Abriu as nouma homenagem às
vas instalações e lançou
duas primeiras ema cartilha “Obra Legal”,
presas associadas
fruto de aproximadamenna região: Construtote um ano de debates
ra LR Ltda. e Prata
com várias entidades liAgostinho, Parreira, Amoroso e Pozzani ouvem Watanabe na inauguração da nova sede
Construtora Ltda.
gadas à construção civil
“São empresas que
(ver pág. seguinte).
estão conosco desde o início e ambas
Na oportunidade, o presidente do
O prefeito da cidade, Rodrigo Agosprestaram relevante contribuição para o
SindusCon-SP, Sergio Watanabe, destinho, reiterou a afirmação e acrescendesenvolvimento da representatividade
tacou que o setor está numa fase extretou que só a administração pública tem
do SindusCon-SP no Interior do Estamamente positiva e vive um período de
atualmente 40 obras em projeto ou ando”, afirmou o diretor da Regional Bauintenso aquecimento. Segundo ele, Baudamento. “E o SindusCon-SP é uma
ru, Renato Parreira.
ru, localizada no coração de São Paulo,
entidade que respeito muito”, afirmou.
A nova sede fica na rua Capitão
está entre as regiões que mais contriO diretor da Regional Campinas, Luiz
Gomes Duarte, 19-26, Cidade Nova
buem para o bom desempenho da consCláudio Amoroso, chamou a atenção
(Sabrina Magalhães)
Universitária.
trução civil paulista.
para a grande evolução da Regional
Santo André lança Banco de Currículos
Para aproximar as construtoras e
os profissionais da área, a Regional
Santo André lançou o Banco de Currículos e Serviços, reunindo ofertas
de pessoas que buscam trabalho na
construção, ele ficará à disposição
das construtoras, agências de empregos e prestadoras de serviços
especializados que tenham vagas. “É
mais um serviço da Regional para
seus associados”, diz o diretor da Re-
38
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
gional, Paulo Piagentini.
A diretora-adjunta Rosana Carnevalli
elogia a iniciativa. “Temos falta de mão
de obra qualificada; há muitas obras em
andamento e os cursos do Senai não
conseguem suprir a demanda por profissionais”, diz. Segundo ela, essa rede
será importante para as empresas encontrarem os profissionais necessários.
Para o diretor da Escola Senai, Jorge José Nunes, a iniciativa é muito inte-
ressante, mas necessita de boa divulgação e orientação aos trabalhadores
sobre como preparar seus currículos.
“Eles devem deixar claro o tempo e a
experiência em que atuam na função
e também colocar contatos que ajudem a localizá-los facilmente.”
Informações e cadastro de currículos: [email protected]
ou 4990-6433 ou r. Cel. Ortiz 96, San(Sueli Osório)
to André.
Lançada a cartilha “Obra Legal”
A Regional Bauru do SindusConSP lançou em julho a cartilha “Obra
Legal”, um guia para quem vai construir e quer ter uma obra legalizada junto a todos os órgãos fiscalizadores. A
publicação foi realizada em parceria
com Assenag, Crea, IAB, Seplan e
Seesp, e o apoio de diversas entidades ligadas à construção.
“Pesquisas recentes mostraram que,
só no município de Bauru, o número de
construções irregulares representa cerca de 50% dos imóveis existentes. São
obras feitas com mão de obra informal,
em desacordo com as normas técnicas
vigentes, sem aprovação da Prefeitura,
que não recolhem impostos, enfim,
construções que podem causar desde
multas e problemas para vender o imóvel até uma interdição”, comentou o diretor da Regional, Renato Parreira.
Presente no lançamento, o prefeito
de Bauru, Rodrigo Agostinho, destacou
que a iniciativa será um instrumento re-
levante para o desenvolvimento
da sociedade. “Dizer que temos
50% dos imóveis em situação irregular significa que metade da
cidade não estava no papel. Esperamos que a cartilha ajude a
mudar isso”, disse.
Representando os patrocinadores do projeto, o diretor do Grupo Cidade, Renato Zaiden, lembrou que a comunicação é fundamental para quem pretende
mudar conceitos na sociedade.
“Há anos tenho um lema para minha vida: Quem quer fazer arruma um jeito; quem não quer, arruma uma desculpa. Acho que a
resposta do SindusCon-SP está
aqui”, destaca.
“É importante lembrar que, na
imensa maioria das vezes, o barato sai caro. Por isso, insistimos:
se for construir, faça uma Obra Legal!”,
disse Parreira. (Sabrina Magalhães)
Capa da publicação criada
para combater a construção
informal na região de Bauru
Publicação mostra caminho das pedras
De acordo com a cartilha “Obra
Legal”, o primeiro passo é fazer um
bom planejamento financeiro da
obra. “É recomendável calcular os
custos de cada etapa e definir de
onde virão os recursos necessários para que você não tenha que
interromper a construção no meio
do caminho. Quando você paralisa
uma obra, corre o risco de perder
parte do serviço por deterioração,
sem contar que o preço dos materiais será cada vez maior”, ressalta Parreira.
O segundo passo mostra o que
deve ser observado na hora de escolher o terreno. “Dependendo das
características do solo e do relevo,
o gasto com terraplenagem, arrimo,
fundação e infraestrutura acaba
sendo maior do que o valor da própria obra”, adverte.
O terceiro passo é contratar profissionais habilitados para a elaboração dos projetos arquitetônico, hidráulico e elétrico da obra. “Por lei,
você só pode iniciar a construção
depois de receber aprovação da
prefeitura sobre o projeto arquitetônico. Mas se você definir como serão as instalações hidráulicas e elétricas nesta etapa, vai evitar quebras de parede e desperdício de
material mais tarde”, comenta.
O quarto passo mostra todas as
opções que o proprietário tem para
a execução da obra: por conta própria, com empreiteiro ou com uma
construtora. E indica as vantagens
e desvantagens de cada alternati-
va. “Além disso, a cartilha mostra
que é fundamental fazer um contrato formal de trabalho com todos
os profissionais envolvidos, citando as responsabilidades de cada
um na execução da obra.”
O quinto passo explica como fazer para obter todas as certidões e
os registros necessários para a legalização. “Quem segue as recomendações e recolhe os devidos tributos em cada etapa da obra não terá
dificuldades em obter a documentação. Do contrário, terá que pagar um
bom valor em impostos e multas para
regularizar tudo no final.”
Para facilitar o acompanhamento de todas essas etapas, a cartilha ainda apresenta um check list .
(SM)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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Sorocaba participa de Conselho
Foto: Paulo Ochandio - Secom PMS
lisar a concessão de benefíO diretor da Regional Socios às empresas industriais
rocaba do SindusCon-SP, Roe de serviços instaladas ou
naldo Oliveira Leme, e a viceque venham se instalar no
presidente de Responsabilidamunicípio; recomendar ao
de Social do SindusCon-SP,
chefe do Executivo a aprovaMaristela Alves de Lima Honção ou não da redução ou
da, são os representantes da
isenção de impostos e taxas.
entidade no Conselho MuniciPara Ronaldo de Oliveipal de Desenvolvimento Ecora Leme, a atuação do CMnômico e Social (CMDES) desDES é de grande importânte município.
cia na definição do futuro da
Junto com outros 17 conseTanigawa, Maristela, Lippi e Leme, na posse na sede da prefeitura
cidade. “A comissão analisa,
lheiros e 17 suplentes, Ronalinclusive, a concessão de indo Leme e Maristela Honda focentivos
fiscais
às empresas que pretenram empossados pelo prefeito de Sorocaria Municipal de Desenvolvimento Econôdem
se
instalar
no
município, e esse é um
ba, Vitor Lippi, em julho, durante solenidamico, Câmara Municipal, Secovi, Senai,
fator bastante complicado”.
de na prefeitura, que contou com a particiSesi, meios de comunicação, sindicatos e
Segundo Maristela Honda, é funpação do secretário municipal de Desenentidades classistas.
damental
que o SindusCon-SP esteja
volvimento Econômico, Mario Tanigawa,
Entre as atribuições do Conselho, espresente
em
todas as áreas de desenentre outras autoridades.
tão assessorar o Executivo na definição
volvimento. “O CMDES fomenta o deOs novos conselheiros e seus suplenda política de desenvolvimento econômisenvolvimento e ajuda a nortear a cites, sob a presidência do executivo Carlos
co do município; promover discussões endade. Nossa participação no Conselho
Vitório Zaim, da Johnson Controls, têm
tre diversos representantes da sociedade
é uma contribuição que oferecemos a
mandato de 24 meses. O CMDES é intecivil, buscando captar tendências de oporesse desenvolvimento ordenado”, afirgrado por representantes de vários segtunidades e necessidades para o desenmou a vice-presidente.
(Nerli Peres)
mentos da sociedade civil, como Secretavolvimento econômico do município; ana-
Audiência discute questões trabalhistas
Representantes do SindusCon-SP, de
sindicatos dos trabalhadores e de mais de
70 construtoras compareceram à audiência realizada pelo Ministério Público do
Trabalho na Câmara Municipal de Sorocaba, em julho, com o objetivo de fornecer
informações sobre o “Programa Nacional
de Combate às Irregularidades Trabalhistas na Indústria da Construção Civil”.
O vice-presidente de Capital-Trabalho
do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa, elogiou a atuação do MPT e falou sobre a
importância do aprimoramento da segurança do trabalho na construção, mas ressalvou: “O alto índice de acidentes do trabalho do setor decorre de pequenas obras
informais”. Ele destacou os projetos que o
SindusCon-SP realiza com os sindicatos
dos trabalhadores e com a Feticom.
40
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
O diretor da Regional Sorocaba do SindusCon-SP, Ronaldo Leme, destacou o
trabalho realizado com o Senai, para qualificação de técnicos de segurança nos
canteiros de obras. A vice-presidente de
Responsabilidade Social, Maristela Honda, falou da importância da participação
do SindusCon-SP nas áreas de saúde, segurança e social, citando as ações do Construser, Megasipat e do Seconci.
Diminuir acidentes
O procurador do Trabalho Alessandro
Santos de Miranda destacou que a intenção do Ministério é diminuir o número de
acidentes, eliminar as doenças laborais e
melhorar o meio ambiente do trabalho na
construção. Ele apresentou dados sobre o
segmento e informou que existem várias
irregularidades, como falta de registro em
carteira e menores de 18 anos trabalhando. “Queremos trabalhar junto com os sindicatos, no sentido de que não haja acidentes de trabalho na construção civil, que
é tão importante para o desenvolvimento”,
afirmou, acrescentando que as empresas
poderão esclarecer todas a dúvidas junto
ao MPT.
Silvio Beltramelli Neto, procurador do
Trabalho em Sorocaba, informou que em
60 dias após a notificação que todas as
empresas de construção civil receberam
para regularizarem sua situação, começarão a ser feitas as diligências, baseadas
num check list elaborado pelo Ministério.
“As medidas para aquelas empresas que
não se adequaram poderão ser administrativas ou judiciais”, disse.
(NP)
Ribeirão inova no ConstruSer
O ConstruSer (Encontro Estadual da
Construção Civil em Família), projeto do
SindusCon-SP que reúne o trabalhador e
seus familiares em um dia voltado à educação, incentivo à cultura, lazer, entretenimento e aprendizado, além de atividades
que possibilitem a geração de renda, será
expandido na Regional Ribeirão Preto,
onde a ideia nasceu, em 2006.
Inicialmente, o programa será realizado duas vezes por mês, em parceria com
o Sesi, oferecendo todos os cursos disponibilizados pela escola e voltados às mulheres. Aos filhos, serão disponibilizadas
diversas opções de lazer, acompanhadas
de perto por monitores. “Vamos dar continuidade à ideia do ConstruSer, que é promover a valorização da família”, disse o
diretor da Regional, José Batista Ferreira.
Sobre os cursos, já estão confirmadas
a Manhã de Beleza, em parceria com o
Sesi e com a participação da Natura e da
Embeleze. Durante a manhã, acontecerão
workshops, serão sorteados produtos Natura e as participantes terão à disposição
cinco cabeleireiros e duas manicures.
Outra oficina confirmada é a de Customização em Camisetas para Mulheres.
Além dessas, estão sendo estudadas outras oficinas e cursos.
Para as crianças, serão realizadas diversas atividades de lazer, como cama elástica, jogos de mesa, jogos gigantes da
água “leté” e pintura em cavalete.
A divulgação está sendo feita diretamente nos canteiros de obras das empresas associadas, via Programa SindusConSP de Segurança.
Homenagem
A Câmara Municipal de Ribeirão Preto (SP) concedeu o título de cidadania ao
professor Carlos Antonio Ferreira, o Sula,
grande parceiro da Regional Ribeirão Pre-
to do SindusCon-SP. Diretor do Sesi na
cidade, Sula é um dos principais apoiadores do ConstruSer, projeto de que participa desde a primeira edição. “O título é extremamente merecido”, disse Batista.
(Marcio Javaroni e Ana Paula Popolin)
Novos cursos
A Regional Ribeirão Preto, em parceria com o Senai, segue promovendo os
cursos de Eletricista Instalador (com NR10) e Eletricista Instalador Residencial,
Pintor de Obras, Pedreiro Revestidor e
Pedreiro Assentador.
Em agosto, começaram as aulas para
dez turmas. Para os próximos meses, estão previstos novos cursos gratuitos, na
Escola Municipal de Ensino Profissional
Básico Dr. Celso Charuri. Informações:
[email protected] ou (16)
3623-1340.
(MJ e APP)
Jurídico também
atende São José
A exemplo de outras regionais do SindusCon-SP, a de São José dos Campos
tem recebido a adesão de novas empresas e está oferecendo o serviço de atendimento jurídico para as associadas.
Com caráter preventivo, o atendimento é dado pelos profissionais especializados da Assessoria Jurídica do sindicato. É
proporcionado a partir da solicitação da
associada que envia a sua dúvida com
antecedência para que se levante a legislação pertinente.
A associada recebe todas as orientações necessárias com atendimento individual em horário previamente agendado. A
prestação do serviço é gratuita, o que representa um retorno significativo.
Segundo o assessor jurídico Renato Romano, estas consultas são de grande valia para as empresas, que têm a
oportunidade de contatar diretamente
os advogados.
(José Carlos Ducatti)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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Empresários confraternizam em Santos
O tradicional churrasco de confraternização dos empresários da Baixada Santista agitou as dependências do Tênis Club
de Santos, no último dia 17, reunindo construtores, familiares, patrocinadores, amigos
e parceiros do setor na região.
Segundo o diretor da Regional Santos, Ricardo Beschizza, quase cem pessoas compareceram e trocaram experiên-
cias profissionais.
“O período marcado por bons negócios, lançamentos de empreendimentos
inovadores e pela expectativa de desenvolvimento da região a partir da chegada
da Petrobras para a exploração do pré-sal
e da ampliação do porto são alguns dos
motivos responsáveis pelo clima de otimismo na região. Tudo isso, refletiu no clima
de confraternização, foi um verdadeiro sucesso”, disse Beschizza.
Como de costume, o churrasco foi realizado em conjunto pela Regional Santos
do SindusCon-SP, pela ASSECOB- Associação dos Empresários da Construção
Civil da Baixada Santista e Secovi, com
patrocínio da Votorantin, Fundamenta e H.
Quintas-Tigre.”
(Giselda Braz)
Regional luta
contra dengue
A décima turma reúne trabalhadores da construção de toda a região do oeste paulista
Prudente promove mais um
curso de mestre de obras
A Regional Presidente Prudente do
SindusCon-SP realiza o curso de mestre
de obras em parceria com a Escola Senai Santo Paschoal Crepaldi. Estão em
andamento as aulas da décima turma, iniciadas em junho com a participação de
38 alunos, trabalhadores da construção.
“A qualificação profissional na construção é oportuna e importante. Parcerias
como essa são muito bem-vindas para
Prudente e região”, diz o secretário de
Planejamento, Desenvolvimento Urbano
e Habitação, Laércio Alcântara.
Entre os alunos está o pedreiro Pedro
Paco Dias, de 56 anos, do município de
Taciba. “Fiquei sabendo do curso pela
rádio comunitária e me inscrevi. Pretendo assistir a todas as aulas e aprender
cada vez mais”, diz Dias, que trabalha no
setor desde 1977.
42
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
O diretor da escola, Sebastião Andrade, diz que o boom da construção provoca o aumento na busca de qualificação
profissional, o que é confirmado pelo diretor da Regional, Luis Gustavo Ribeiro.
Para Ribeiro, o curso melhora a qualidade do serviço executado e o comprometimento geral do trabalhador que passa a evitar o desperdício de material, aumentar a produtividade, utilizar equipamentos de segurança e se relacionar
melhor com os colegas de trabalho.
Na Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Urbano e Habitação, são protocolados por dia, em média, 37 projetos de construção. Até o final
de 2010 eram 85 mil imóveis construídos
e 20 mil terrenos baldios, com as novas
construções restam agora 17 mil terrenos
baldios.
(Homero Ferreira)
A Regional Santos engajou-se na luta
contra a dengue. Em trabalho com a Sucen, o técnico de segurança do SindusCon-SP, Waldir Ferreira Santana, passou
a atender pedidos de palestras sobre cuidados para se evitar criadouros do mosquito transmissor da dengue.
“O trabalho de prevenção de acidentes vem sendo realizado há anos e os
resultados já estão aí. Os empresários solicitam e os trabalhadores esperam ansiosos o nosso técnico de segurança para
esclarecer dúvidas e orientar sobre prevenção”, diz o diretor da Regional, Ricardo Beschizza, destacando que o engajamento do sindicato também na luta contra a dengue está tendo boa repercussão
no setor.
“O trabalhador é o maior patrimônio
das empresas, por isso o SindusCon-SP
tem investido pesado na prevenção e resolveu aderir também à luta contra a dengue, já que a doença tem causado várias
vítimas na região”, prossegue Beschizza.
Nessa nova etapa, o SindusCon-SP
promove palestras e exibe vídeo da Sucen nos canteiros de obras para mostrar
como se devem evitar criadouros do mosquito ou mesmo acabar com os já existentes. “Essa ação evita problemas na vizinhança e garante a segurança dos próprios trabalhadores que passam o dia
todo naquele ambiente”, diz Beschizza.
(GB)
Missão de
Campinas
faz visita
a Portugal
Com o objetivo de atrair investimentos europeus, o diretor da Regional Campinas do SindusCon-SP, Luiz Cláudio
Amoroso, e o diretor adjunto Márcio Benvenutti participaram de missão de negócios deste município, que visitou Portugal
em julho.
“Foi uma missão muito importante
porque mostramos o polo de desenvolvimento da região de Campinas, que cresce mais que a média nacional e comporta investimentos estrangeiros em parceria com empresas regionais”, comentou
Amoroso.
Com 30 empresas, institutos de tecnologia, universidades e entidades empresariais, a comitiva participou do evento Campinas-Portugal: Expansão do Centro Tecnológico de Campinas e Região
para a Europa, realizado em Cascais,
onde foi montado um estande do SindusCon-SP que apresentou a entidade e as
oportunidades do mercado regional como
Amoroso e Benvenutti ladeiam Celso Marcos, na residência do embaixador em Lisboa
vantagens para atrair os investimentos.
Segundo Amoroso, o destaque foi o
setor da construção civil, que está estagnada em Portugal, mas em grande expansão no Brasil. “Acertamos um evento
apenas do setor, que deverá acontecer
até o final do ano, para apresentarmos as
oportunidades que temos e conhecermos
os bons exemplos de Portugal, como o
processo de restauração e preservação
de prédios históricos.”
A programação incluiu feira, rodadas
de negócios, apresentações da administração municipal de Campinas, palestras
e exposições de cases.
Além dos empresários e autoridades
municipais, participaram o embaixador do
Brasil em Portugal, Celso Marcos, e representantes da Agência Brasileira de
Estande do SindusCon-SP em Cascais
Promoção de Exportações (Apex), do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio Exterior e do BNDES.
(Vilma Gasques)
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
43
JURÍDICO
De olho nos cartéis
C
artéis são acordos explícitos ou
implícitos entre concorrentes
para, principalmente, fixação de
preços ou quotas de produção, divisão
de clientes e de mercados de atuação
(Cartilha “Combate a Cartéis em Licitações” da Secretaria de Direito Econômico
do Ministério da Justiça –SDE). Trata-se
não só de ilícito administrativo, que pode
resultar na imposição de pesadas multas
a empresas e administradores, mas também de crime, punível com até cinco anos
de prisão. No ramo da construção civil, a
SDE investigou cartéis nos mercados de
vergalhões de aço, britas, cimento, entre
outros.
A prática de cartel em licitações, segundo o “Guia de Análise de Denúncias
sobre Possíveis Infrações Concorrenciais
em Licitações” (Portaria 51/09 da SDE), visa
a restringir ou eliminar a rivalidade entre
participantes, para aumentar o preço pelo
qual a administração pública contratará
bem ou serviço, ou diminuir o valor pelo
qual ativo ou direito será vendido e, assim,
aumentar o lucro dos conspiradores.
Dentre os exemplos mais típicos de infrações concorrenciais em licitações, destacam-se: 1) acordo de preços; 2) definição prévia do vencedor e das condições
de adjudicação; 3) divisão de conjunto de
licitações entre membros do cartel, tendo
por critério clientes ou regiões geográficas; 4) não comparecimento ou retirada
de proposta já formulada para favorecer
concorrente ou ser subcontratado pelo
vencedor; 5) apresentação de proposta
com vícios ou preço excessivamente elevado para conferir aparência de concorrência, e 6) acordo para rodízio de concorrentes como vencedores de licitação.
Outras práticas também podem despertar preocupação em processos licitató-
44
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Ana Carolina Zoricic e Priscila Brolio Gonçalves *
Contratações para
Copa e Olimpíadas
deverão atender à
exigência da SDE
rios, como a constituição de consórcios
entre concorrentes e a atuação de sindicatos e associações. No primeiro caso, as
autoridades costumam analisar se as empresas consorciadas tinham condições de
apresentar propostas individuais, de modo
a evitar diminuição desnecessária do número de licitantes. Já sindicatos/associações podem ser responsabilizados por facilitar conluio entre concorrentes, principalmente ao sugerir ou viabilizar tabelas de
custos/preços mínimos. A simples troca de
informações comerciais entre concorrentes, dentro ou fora de associações, já pode
ser considerada ilícita.
As autoridades públicas possuem diversas ferramentas para detectar e combater cartéis. Além de denúncias de concorrentes e de agentes públicos (pregoei-
ros e membros da comissão de licitação)
e do programa de leniência (cooperação
de parte envolvida na prática ilícita), a SDE
tem acordos com Ministérios Públicos e
outras entidades e pode realizar buscas e
apreensões com autorização judicial. Há
ainda casos em que a SDE utiliza provas
obtidas no âmbito de investigações criminais, como escutas telefônicas.
Diante da perspectiva de aumento no
volume de obras públicas com a realização da Copa e das Olimpíadas no Brasil,
autoridades concorrenciais estabeleceram como prioridade a repressão a cartéis em licitações. Nesse contexto, editouse a já mencionada Portaria 51/09 e se
instituiu o “Modelo de Declaração de Elaboração Independente de Proposta”, a
ser exigido em todas as contratações de
obras e serviços associados àqueles
eventos esportivos.
No momento em que os holofotes se
voltam para o combate a cartéis em licitações, o setor da construção civil –que, segundo as autoridades, já apresenta características favoráveis à formação de acordos entre concorrentes (concentração,
barreiras à entrada, produtos homogêneos, tecnologia madura)– deve redobrar
a atenção para evitar envolvimento (mesmo involuntário) em ilícitos.
* ADVOGADAS DA EQUIPE CONCORRENCIAL DE VELLA
PUGLIESE BUOSI GUIDONI
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mentários, críti
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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PREVENÇÃO E SAÚDE
A saúde da mulher
A
infecção pelo HPV (Papiloma Vírus Humano) é considerada a doença sexualmente transmissível (DST) mais comum atualmente.
São conhecidos aproximadamente
150 tipos de HPV, sendo 35 a 40 tipos
reconhecidos como infectantes da mucosa genital, local em que causam desde infecções sem sintomas, até verrugas genitais e, principalmente, o câncer do colo do útero.
Atualmente esse vírus é a causa de
mais de 99% dos casos dessa neoplasia maligna, o segundo tipo de câncer
mais comum entre as mulheres, ficando atrás apenas do de mama. Estimase que aproximadamente 70% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas com um ou mais tipos de HPV em
algum momento da vida, 20% delas
apresentarão sinais de infecção e, destas, não mais que 10% poderão desenvolver o câncer do colo do útero.
O tabagismo e a baixa ingestão de
vitaminas também estão relacionados
como fatores de risco, que podem ser
potencializados quando associados à
multiplicidade de parceiros sexuais, à
iniciação sexual precoce e ao uso de
contraceptivos orais.
Segundo estimativas do Instituto
Nacional de Câncer (Inca), no Brasil são
diagnosticados anualmente cerca de 20
mil casos novos de câncer do colo do
útero, com um risco estimado de 20 casos para cada 100 mil mulheres.
Registros recentes apontam para
cerca de quatro mil óbitos ao ano causados por essa doença.
Apesar de números impactantes, assim como outras lesões malignas, quando diagnosticado em fase inicial, o cân-
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Ricardo Oliveira Peres *
Novo equipamento
ajuda a detectar
neoplasia maligna
do colo de útero
cer do colo do útero tem altos índices
de cura. Para isso, basta que a mulher
tenha o compromisso com a sua saúde
e procure atendimento ginecológico
preventivo anualmente.
O setor da construção civil conta
com um importante aliado na promoção de ações preventivas: o SeconciSP, voltado não somente para a população masculina, mas também preocupado e estruturado para cuidar da saúde da mulher, contando com profissionais experientes e capacitados, que
dispõem de um amplo rol de exames
complementares para o apoio do diagnóstico médico.
Um bom exemplo é que, recentemente, o Seconci-SP investiu na aquisição de moderno equipamento para a
prevenção do câncer cervical. Trata-se
de um colposcópio com alta resolução
e sistema de captação de imagem.
Tal aparelhagem, associada ao
atendimento médico e de enfermagem
humanizados, além de aumentar com
a citologia oncótica (Papanicolaou), o
diagnóstico das lesões pré-malignas e
do câncer, proporciona o acompanhamento do exame pela paciente com
conforto e oportunidade de dirimir suas
dúvidas.
Quais mulheres que após a infecção pelo HPV desenvolverão a doença
e serão acometidas pelo câncer? A
ciência ainda não tem uma resposta
precisa para essa questão, portanto não
se deve arriscar. Informação e prevenção, estas são as melhores armas para
combater um problema que ronda silencioso a população feminina no Brasil, em especial as mais jovens.
Mas não vamos continuar reforçando
as estatísticas da saúde pública. Invista
na saúde de suas trabalhadoras e das
dependentes dos seus profissionais, a fim
de que consultem a equipe de Ginecologia do Seconci-SP para o exame preventivo anual. Com essa atitude, daremos um
grande passo para diminuir a incidência
do câncer do colo do útero.
* GINECOLOGISTA E OBSTETRA, COM EXTENSÃO NAS
ÁREAS DE VIDEOLAPAROSCOPIA, CIRURGIA GINECOLÓGICA E
COLPOSCOPIA, É RESPONSÁVEL PELOS EXAMES DE
COLPOSCOPIA REALIZADOS NO SECONCI-SP.
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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SOLUÇÕES INOVADORAS
Revestimentos em argamassa
A
execução de revestimentos em
argamassas, particularmente em
fachadas de edifícios altos, tem
se modernizado com a oferta de argamassas industrializadas e aditivos, disponibilidade de diversos equipamentos etc. Quando industrializadas, pode-se contar com o
fornecimento a granel de argamassas intermediárias (areia e cal hidratada) e de
argamassas já na formulação final, em
sacos ou em silos.
No caso dos silos, há de se prever com
antecedência os locais de instalação, as
fundações (há silos com capacidade de
até 30 toneladas), o acesso às carretas
que transportam os silos e a capacidade
instalada de energia elétrica no canteiro,
pois as bombas que impulsionarão o material desde a base da obra até os andares são dotadas de motores de grande potência. Há de se considerar ainda que cada
silo será alimentado com uma única composição, isto é, para dispor de traços diferentes (assentamento, contrapisos, revestimento interno e externo) haveria necessidade de vários silos, o que é praticamente inviável nas obras correntes.
A qualidade do revestimento depende fundamentalmente de dois fatores: preparação/limpeza da base e constituição/
dosagem da argamassa. No primeiro, há
necessidade de bases regularizadas
(complementação de encunhamentos,
preenchimento de vazios), com adequada porosidade e rugosidade superficial,
higroscopicidade corrigida e eficiente limpeza. Quanto às argamassas, necessitam
Ercio Thomaz *
O projeto deve
prever recursos
para assegurar
a durabilidade
adequadas propriedades tanto no estado
fresco (coesão, consistência, trabalhabilidade, retenção de água) como no estado
endurecido (boa aderência, reduzida retração de secagem, capacidade de deformação). A forma de preparação da argamassa também é muito importante, devendo-se priorizar as argamassadeiras de batelada em detrimento daquelas de produção contínua (rosca sem fim), nas quais é
bem mais difícil o controle da relação água/
aglomerantes. Betoneiras não são adequadas para argamassas.
A modernização dos processos de produção das estruturas de concreto tem dificultado cada vez mais a aderência entre
este material e os emboços ou massas
únicas, já que os concretos de alta resistência apresentam porosidade cada vez
mais reduzida, as fôrmas metálicas ou plastificadas resultam em superfícies cada vez
mais lisas e os desmoldantes, mesmo que
hidrossolúveis, podem obstruir parcialmente os poros superficiais do concreto, dificultando o “enraizamento” dos cristais resultantes das reações de hidratação dos
aglomerantes.
Dessa forma, quanto maior a classe
de resistência do concreto, maiores os
cuidados na limpeza e preparação, contando-se com a possível aplicação de detergentes neutros, hidrojateamento a alta
pressão e eventual emprego de água
quente. Para CADs com resistência igual
ou superior a 50MPa, é vital a remoção da
nata superficial e a ligeira escarificação do
concreto, o que pode ser feito com a utilização de esmerilhadeira/discos diamantados.
As argamassas de revestimento de
fachadas são os materiais cimentícios aplicados nas condições mais adversas possíveis: pequena espessura, grande área
exposta, dificuldade de execução de cura
úmida, perda simultânea de água por absorção da base e evaporação para o ambiente. Tudo isso se contrapondo às várias
funções que a argamassa desempenha
nas fachadas, envolvendo estanqueidade à água, durabilidade/proteção da obra
Gabaritos para requadração de janelas, utilização de frisador com guias laterais e aplicação de gabarito para execução de molduras na fachada
Fotos: Construtora Inpar
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Foto: Construtora Norberto Odebrecht
Foto: Marcelo Scanderoli
Foto: Construtora Adolpho Lindenberg
Desempenadeiras para cantos externos e internos, projeção de argamassa com canequinha e projeção do insumo com bocal isolado
A introdução de telas no revestimento (vidro álcali-resistente, metal expandido, arames eletrossoldados etc.), nos encontros
das alvenarias com a estrutura e em outros pontos passíveis de fissuração, visa
conferir ao material tenacidade e ductilidade, podendo-se aumentar substancialmente sua capacidade de absorver esforços de tração e cisalhamento antes de fissurar. A adição de elastômeros e de fibras
de vidro ou de polipropileno às argamassas também vêm nessa direção.
Na aplicação convencional, a argamassa deve ser fortemente chapada, sendo em seguida apertada contra a base
com a própria colher. Com os processos
de projeção mecânica, consegue-se melhorar a produtividade do serviço e, muito
mais que isso, melhor adensamento do
material e grande homogeneidade ao longo de todo o revestimento.
Há basicamente dois tipos de projeção: através de bocais isolados (extrusão
do material em geral a pressões moderadas), ou de bocais múltiplos, de pequeno
diâmetro e alta pressão (“canequinha”). No
primeiro caso, há necessidade de o pedreiro, com a colher, forçar contra a base o
material recém-aplicado.
Para se conseguir efetivo aumento da
produtividade com os processos de projeção do chapisco e/ou do emboço, há necessidade de se adequar o planejamento
e a logística, ou seja, não pode faltar material nas proximidades dos misturadores;
podem ser necessários a utilização de balancins elétricos ou de maior número de
argamassadeiras, a previsão de balancins
de catraca com maior extensão, o remanejamento de pedreiros em mais de um
balancim etc. A implantação de centrais
de argamassa a
cada cinco ou seis
pavimentos, e a
alimentação dos
andares abaixo
com a argamassa
fluindo por gravidade através de
funis e dutos/mangotes é uma alternativa bem interessante.
Além dos equipamentos de mistura, transporte e
projeção, outros
Preparação de CAD
dispositivos favo- com esmerilhadeira
recem a execução
racionalizada dos revestimentos em argamassa, incluindo-se aí gabaritos para vãos
de portas e janelas, gabaritos para a execução de molduras, pré-moldados ornamentais em EPS ou GFRC, desempenadeiras metálicas para regularização de
cantos internos e externos, frisadores acoplados a guias (“manezinho”) e outros. Bicos de irrigação, mangueiras perfuradas
e outros dispositivos do gênero facultam a
realização de cura úmida em chapiscos e
emboços, providência indispensável para
garantir a longevidade dos revestimentos
de fachada com argamassa.
Foto: Construtora R. Yazbek
grossa, contribuição para o conforto térmico e acústico, resistência ao fogo e outras.
Parte fundamental nos revestimentos
em argamassa, o chapisco, por alguns
encarado somente como ponte de aderência, desempenha múltiplas funções:
suporte da argamassa recém-aplicada,
regularização higroscópica da base, redutor da perda precoce de água e camada
de impermeabilização. Dessa forma, o
chapisco deve cobrir sempre toda extensão da base, recomendando-se empregar chapisco industrializado nos elementos estruturais.
Relativamente à tecnologia das argamassas, constitui importante modificação
a continuada eliminação da cal virgem e a
gradativa substituição da cal hidratada por
aditivos plastificantes, retentores de água,
incorporadores de ar, adesivos, fungicidas
etc. Aditivos não são “poções milagrosas”:
não conseguirão vencer bases engorduradas ou empoeiradas nem impedir fissuras de retração em argamassas mal dosadas, aplicadas no verão sobre bases ressecadas e sob temperaturas de 30°C, o
que se verifica com relativa frequência na
nossa construção.
Diversos recursos de projeto devem
ser previstos para auxiliar a argamassa a
vencer as deformações impostas, a chuva, a poluição, o vento e o sol ao longo da
vida do edifício: juntas de controle, frisos,
testeiras, pingadeiras, molduras e outros
detalhes construtivos visando afastar a
água das fachadas e dividir o revestimento em panos de dimensões moderadas,
minimizando as ações decorrentes da retração de secagem, movimentações higrotérmicas etc.
As argamassas são materiais frágeis.
* DOUTOR PELA EPUSP, PESQUISADOR DO IPT, PROFESSOR NA PÓS GRADUAÇÃO DO IPT E DO MACKENZIE.
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REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
49
INOVAÇÃO
Projeto integrado
M
uitas inovações importantes
ocorreram na construção civil,
nas últimas décadas, na área
de projetos. Estas inovações estão contribuindo bastante para a modernização do
setor industrial no país.
Desde a simples compatibilização de
projetos, que começou de forma decisiva
na década de 80 e aliviou a tarefa de improvisação com a qual o engenheiro de
obras convivia para a execução das construções, o setor de projetos vem inovando as suas técnicas e se aperfeiçoando
continuamente.
O engenheiro de obras também se
beneficiou com a adoção do chamado
projeto executivo, que procura detalhar
os procedimentos de serviços do canteiro, reservando ao engenheiro a gestão
desses serviços. Destaca-se que as inovações mencionadas são de metodologias, mas também tivemos, nas últimas
três décadas, mudanças conceituais decisivas, decorrentes do avanço do conhecimento, principalmente nos projetos de
estruturas e de sistemas prediais.
Há mais de três anos, nesta mesma
coluna, destaquei a importância das soluções de projeto integrado, conhecido
pela sigla inglesa IDS –Integrated Design
Solutions. Neste texto, foi alertado que devemos entender o termo projeto no seu
sentido amplo, vindo do inglês design,
não se restringindo apenas aos desenhos
e especificações da obra, mas incorporando todas as etapas do empreendimento, da concepção à manutenção. Da mesma forma o termo integrado também tem
o sentido da língua inglesa, não sendo
uma somatória de partes, mas a combinação de vários processos que resultam
no todo, com sinergia.
Os avanços nesta área são marcan-
50
REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
Vahan Agopyan*
Estamos passando
por uma revolução
bastante inovadora
na área de projetos
tes e num ritmo muito intenso. Já está sendo estudada no país a introdução de ferramentas poderosas para a modelagem
de todo o processo. Ferramentas como o
BIM –Building Information Modeling começam a ser disponibilizadas no país, e
vários grupos as estão analisando para
tentar aplicá-las na construção brasileira.
Os progressos na metodologia de desenvolvimento do projeto continuam muito grandes. Reparem que estou utilizando o termo projeto no singular, pois por
princípio o projeto de uma construção é
um objeto único, desenvolvido por uma
equipe multidisciplinar. No fim do ano passado, começou a ser disseminada a idéia
de soluções que contemplem o projeto
desde a sua concepção até a entrega da
edificação ou obra de arte, o conceito de
IDDS –Integrated Design and Delivery Solutions, que já mencionei há alguns meses. No Congresso Trienal do CIB (Conselho Internacional da Construção), realizado em Salford (Reino Unido), em maio
último, a maioria dos artigos sobre projeto já estavam com a abordagem do IDDS.
No site do CIB, www.cibworld.nl, pode-se
ter acesso ao documento básico sobre
IDDS (White Paper on IDDS) e aos anais
do evento mencionado.
Em resumo, estamos passando por
uma verdadeira revolução no campo do
projeto, com mudanças radicais de paradigmas, cujo objetivo final é propiciar
uma melhoria em todo o sistema, e principalmente assimilar as inovações em
todos os setores, especialmente dentro
do canteiro. Por fim, para aqueles que
desejam ver um resultado real dessa
abordagem holística de projeto integrado, recomendo visitar o site do projeto
“Lumenhaus” que é uma residência sustentável, projetada com a abordagem de
IDDS (www.lumenhaus.com). Esta casa
utiliza, em larga escala, a energia solar
e foi desenvolvida pela Universidade
Técnica de Virgínia (Virginia Tech). Ela
ganhou uma competição de residências
solares, a European Union Solar Decathlon, realizada em junho pela União
Européia, em Madri.
* PROFESSOR TITULAR DA ESCOLA POLITÉCNICA DA USP
E PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO DA USP
cas,
mentários, críti
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gestões de te
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n@ po li. us p. br
va ha n. ag op ya
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