Janeiro - Adventist World
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Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia Ja n e i ro 2 01 0 compreendendo a Palavra 8 O Que Acontece aos Desamparados 20 Lista de Dons de Deus 26 O que é Apostasia? Jane iro 2010 AÇÃO EM IGREJA Editorial............................. 3 Notícias S A N D R A B L A C K M E R 3 Notícias do Mundo A R T I G O D E 7 Os Estados Unidos por Dentro Visão Mundial 8 O Que Acontece aos Desamparados C A P A Compreendendo a Palavra Por Marcos Paseggi...................................................................... 16 Essas palavras serão traduzidas para, pelo menos, uma dúzia de idiomas. Esse é nosso tributo aos que traduzem. SAÚDE NO MUNDO A Hérnia de Hiato pode se Transformar em Câncer? ..................... 11 Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless DEVOCIONAL Podemos Sempre Contar com a Proteção de Deus? Por J. Stanley McCluskey ............................................................ 12 Essa é uma pergunta que não podemos ignorar. VIDA Janela PERGUNTAS BÍBLICAS O que é Apostasia? ....... 26 Por Angel Manuel Rodríguez ADVENTISTA Vivendo o Amor de Deus Por Bárbara Ann Norton Kay ..................................................... 14 A emocionante e arriscada vida de um piloto missionário. CRENÇAS FUNDAMENTAIS Lista de Dons de Deus Por James Park ............................... 20 ESTUDO BÍBLICO A Eterna Recompensa do Apocalipse ................ 27 Por Mark A. Finley Deus concede dons para a edificação de Sua igreja. DESCOBRINDO O ESPÍRITO DE PROFECIA Tornando os Escritos de Ellen White Atrativos Para as Crianças Por Cindy Tutsch .................. 22 As crianças não podem apreciá-los se não os lerem. HERANÇA ADVENTISTA Mineápolis, 1888 Por Gerhard Pfandl .................................. 24 Quais eram os assuntos? Quais foram os resultados? Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 6, nº 1, janeiro de 2010. 2 Adventist World | Janeiro 2010 INTERCÂMBIO MUNDIAL 29 Cartas 30 O Lugar de Oração 31 Em Dia Com a AWR O Lugar das Pessoas ............................. 32 Tradução: Sonete Magalhães Costa www.portuguese.adventistworld.org A Igreja em Ação EDITORIAL Entrada Para um Novo Ano H á três anos, visitei, na companhia de amigos, as escavações da antiga Laodiceia, famosa cidade cuja igreja era “morna”. Os arqueólogos marcaram onde as ruas um dia se cruzavam, onde ficava o maior prédio público. Hoje, entretanto, nada que esteja em pé é mais alto que a altura da cintura. Laodiceia agora é basicamente uma coleção de cacos de coisas quebradas: cacos de mármore, fragmentos de colunas, pedaços de blocos dos antigos prédios. Eu me afastei do resto do grupo, feliz por ter um momento de serenidade. Então, virei para um lugar e senti que minha respiração travou por um momento, como quando você vê algo antigo e familiar em um lugar inesperado. Ali, com uma altura de quase dois metros, os arqueólogos tinham reconstruído a antiga entrada de Laodiceia, exatamente onde caíra séculos atrás. O mármore estava intacto e o portal gigante emoldurava o brilhante céu azul. Naquele dia, ouvi as palavras de Jesus em meu coração, tão claras como se eu estivesse naquela igreja, para quem um dia, há tanto tempo, foi dito: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei Com ele, e ele, comigo” (Ap 3:20). Naquele dia, nasceu em meu coração a resposta para o Senhor, da mudança pela qual tenho orado muitas vezes por mês desde então, e que repito agora ao me deparar com o limiar de um novo ano: “Sim, Senhor, eu abro a porta. Por favor, entra, agora e sempre. Nunca mais fiques de pé batendo à porta, como alguém que não sabe se é bem-vindo. Entra! Quero que Te sintas em casa! Fica à vontade e descansa. Faze deste coração, desta vida, Tua habitação. Estou abrindo a porta. Decidi mudar.” Ao você entrar em 2010, procure suas próprias palavras para saudar o Senhor da mudança. Ele tem prazer em habitar onde quer que Ele seja bem-vindo, onde quer que seja amado, onde quer que seja obedecido. Neste novo ano, que você descubra a “alegria de cada coração amoroso” – “Cristo em você, a esperança da glória” (Cl 1:27, NVI). — Bill Knott ■ A companhia de construção sem fins lucrativos “Maranatha Volunteers International” completou, em 2009, seu quadragésimo aniversário de trabalho voluntário, construindo escolas, igrejas, clínicas, orfanatos e hospitais. Maranatha, um ministério apoiado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, já trabalhou com mais de sessenta mil voluntários e completou projetos em sessenta e três países desde sua organização, no início de 1969. A maior mudança em 40 anos foi a habilidade da organização de responder às necessidades das igrejas do mundo, disse Kyle Fiess, vice-presidente de marketing e projetos da Maranatha. “Por vinte anos, a organização atendeu a vários projetos por ano. Agora, ela funciona em vários países do mundo e os projetos continuam aumentando”, disse Fiess. Até agora, a companhia recebeu mais de cem mil pedidos para construção de igrejas, número com o qual a organização pode lidar mais facilmente devido à recente compra de equipamentos, dizem seus líderes. Os projetos em execução incluem a “Igreja de Um Dia”, projeto que fornece construções rápidas para milhares de adventistas em todo o mundo e o “Exercício Perfeito”, projetos de construção, tendo como alvo voluntários em idade do ensino médio. “O Exercício Perfeito começou com R A J M U N D Grupo de Adventistas Leigos Completa 40 Anos Construindo Igrejas D A B R O W S K I / A N N NOTÍCIAS DO MUNDO QUARENTA ANOS: Don Noble, presidente da Maranatha Volunteers International, participa das reuniões administrativas anuais de 2009, da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Maranatha comemorou seu quadragésimo aniversário em 2009, um marco de décadas de projetos de construção concluídos ao redor do mundo. Janeiro 2010 | Adventist World 3 A Igreja em Ação NOTÍCIAS DO MUNDO um pequeno grupo de adolescentes, mas agora acolhe cerca de duzentos participantes por verão”, disse Fiess. No próximo verão, será realizado o vigésimo Exercício Perfeito. Embora o número de voluntários esteja crescendo regularmente, a organização ainda está sendo afetada pela crise econômica, disse Fiess. Novos métodos de construção, planejamento meticuloso e “a direção de Deus” levarão em frente o trabalho da organização na próxima década, diz Don Noble, presidente da Maranatha. “Planejamos aumentar nossa capacidade de construir mais igrejas e escolas, o que vai atender às necessidades de crescimento da igreja e envolver mais voluntários na construção, com mais oportunidades de extensão relacionadas com esses projetos.” — Megan Brauner, Adventist News Network Mantidas as Finanças da Igreja Adventista na América do Norte ■ Apesar do declínio de dízimos, os adventistas do sétimo dia na América do Norte retornaram aos 893,1 milhões de dólares em dízimos, durante o ano economicamente difícil de 2008, 3,4 milhões a menos do que foi recebido no ano anterior, segundo relatório dos administradores das divisões, no dia 6 de novembro de 2009. Um adicional de 23,6 milhões de dólares foi doado pelos membros como ofertas para as missões, uma queda de 405.000 em relação a 2008. G. Thomas Evans, tesoureiro da Divisão Norte-Americana (DNA), disse RELATÓRIO DA DNA: G. Thomas Evans, tesoureiro da Divisão Norte- Americana, apresenta relatório durante reuniões administrativas de fim de ano da Igreja Adventista. M A R K A . K E L L N E R / A D V E N T I S T W O R L D aos delegados das comissões de fim de ano da DNA que várias circunstâncias econômicas estão afetando as doações das congregações adventistas do sétimo dia, entre elas, o estado da economia global, desvalorização dos preços de moradia, o colapso bancário e a volatilidade ainda presente no mercado de ações. Reagindo à situação financeira geral da divisão, Evans disse que algumas perdas em investimentos em 2008 estão sendo recuperadas e espera que o mercado continue melhorando em 2010. Nenhum aumento na folha de pagamento foi previsto para a DNA, o que sugere que os funcionários da Associação Geral, que seguem a política de remuneração da DNA, também não irão receber aumentos salariais no próximo ano. Ao falar sobre a situação financeira da divisão, Evans cita Ellen G.White, co-fundadora pioneira do movimento: “Se eu olhasse para as nuvens escuras, os problemas e perplexidades que vêm a mim no meu trabalho, não teria tempo para fazer mais nada. Mas eu sei que há luz e glória, além das nuvens. Pela fé eu alcanço a glória, através das trevas.” — Mark A. Kellner, editor de Notícias Adventistas lideram campanha contra violência em sintonia com nova iniciativa da ONU ■ Cerca de um mês após os adventistas do sétimo dia lançarem a EndItNow (Pare Agora), campanha nacional para o término da violência contra mulheres e meninas, as Nações Unidas anunciaram uma iniciativa global similar. Assembleia da Associação Geral Nota oficial: A quinquasésima nona Assembleia da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia será realizada entre os dias 23 de junho a 3 de julho de 2010, no Georgia World Congress Center, em Atlanta, Georgia, E.U.A. A primeira reunião terá início às 14h30m, do 23 de junho de 2010. Todos os delegados credenciados deverão estar presentes nesse horário. — Jan Paulsen, Presidente da Associação Geral; Matthew A Bediaco, Secretário da Associação Geral. No dia 6 de novembro de 2009, o Fundo de Desenvolvimento para Mulheres das Nações Unidas (UNIFEM) lançou um Web site para incentivar esforços individuais que visam a erradicar a violência contra mulheres. O Web site da iniciativa Diga Não – Unidos pelo Fim da Violência Contra Mulheres aborda o problema de modo generalizado; estimativas mostram que cerca de 70 por cento de todas as mulheres já foram vítimas de algum tipo de violência e demonstram apoio acompanhando os esforços para combater o problema. “Sabemos que a violência contra mulheres é um problema que tem solução”, disse Inés Alberdi, diretoraexecutiva da UNIFEM, durante visita a pacientes na clínica de saúde para mulheres vítimas de violência sexual, em Nairóbi, Quênia. Contando com o apoio de indivíduos, governos e grupos da sociedade civil, a campanha tem a meta de realizar cem mil esforços contra a violência, até março de 2010 e um milhão até o fim do mesmo ano. Para mais informações sobre o que a Igreja Adventista está fazendo para erradicar a violência contra mulheres e assinar o abaixo-assinado, visite enditnow.org. Para mais informação sobre o Say No (Diga Não), visite unifem.org. — Rede Adventista de Notícias Tribunal Sul-Africano Favorece Igreja Adventista A Igreja Adventista do Sétimo Dia da África do Sul pode reorganizar suas associações ou unidades administrativas das congregações locais, decidiu o Tribunal Superior da Orange Free State, uma província Sul-Africana. Embora o Juiz J. Van Der Merwe tenha decidido que as congregações poderiam interpor recurso contra a união, também constatou que a união agiu corretamente e negou provimento ao recurso dos demandantes. Inicialmente, os membros de seis congregações da Associação Transvaal e duas congregações da Associação do Cabo iniciaram, respectivamente, ações contra a União Associação da África do Sul (SAL) e Divisão SulAfricana e do Oceano Índico (SID). Sua ação pretendia anular a decisão da comissão administrativa da SAU de reestruturar e realinhar os territórios da associação, alinhados com nova política adotada pela Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, organização que dirige a igreja em todo o mundo. As congregações da Associação do Cabo retiraram posteriormente o processo. A reorganização que os opositores pediram que o tribunal declarasse inválida foi realizada em consonância com a política da Igreja Adventista do Sétimo Dia, adotada em 2005, e significa que a ex-associação Transvaal e Associação Trans-unidades Orange podem ser fundidas em uma nova Associação Norte. Traz também fim ao litígio, de acordo com Francois Louw, presidente da Igreja na África Austral União Europeia e da igreja na União Sul-Africana. Quase um terço dos 112 mil adventistas do sétimo dia da África do Sul são membros das igrejas da Associação do Cabo e da Associação Trans-Orange, segundo estatísticas de 2007 dos arquivos da sede mundial. R A J M U N D D A B R O W S K I / R E D E A D V E N T I S TA D E N O T Í C I A SEGUINDO EM FRENTE: Francois Louw, presidente da União Sul-Africana dos Adventistas do Sétimo Dia, fala durante o Concílio Anual, em Silver Spring, Maryland. A União ganhou recentemente uma importante batalha legal sobre a reorganização de associações locais. Janeiro 2010 | Adventist World 5 A Igreja em Ação NOTÍCIAS DO MUNDO Líderes Encorajam a Autossuficiência Financeira A África Centro-Ocidental ainda enfrenta grandes desafios Por Ansel Oliver, diretor assistente de notícias para a Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, com reportagem de Abidjan, da Costa do Marfim George Egwakhe está lutando contra a mentalidade da pobreza. Filho de agricultores da Nigéria, Egwakhe agora encoraja os líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia da África Centro-Ocidental a abandonar a frase “Sou pobre”. “Não concordo com essa mentalidade; não aceito isso”, diz Egwakhe, tesoureiro associado da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, nos Estados Unidos. Seus comentários foram feitos numa entrevista durante o almoço na sede da divisão África Centro-Ocidental, onde os líderes se reuniram para as comissões administrativas do fim de 2009. Logo após o relatório do tesoureiro, vários delegados pediram um aumento nas subvenções para suas regiões. Tanto Agwakhe como o presidente da divisão rejeitaram a ideia. “Não me fale sobre pobreza”, Egwakhe disse a cerca de trinta delegados durante animada discussão no plenário. “Se vocês não acreditam em autossustento, estão no lugar errado.” Mais tarde, durante o almoço, Egwakhe disse que os líderes estrangeiros da igreja não poderiam responder do modo como ele fez naquela manhã. Ele cresceu no território da divisão e teve que trabalhar como agricultor durante cinco anos para conseguir custear seus estudos. A Divisão África Centro-Ocidental, onde há mais de 830 mil adventistas, enfrenta alguns dos maiores desafios da denominação, dizem os líderes da igreja. Além de estar na zona da malária, é uma região de instabilidade política e econômica. A moeda flutua descontroladamente e a região, neste ano, perdeu cerca de 30 por cento da subvenção da sede mundial, por causa da variação nas taxas de câmbio. O transporte pela área também é extremamente caro; uma viagem à Europa ou aos Estados Unidos pode ser mais barata do que viajar pelo território da divisão. O maior desafio, entretanto, diz Egwakhe, é lutar contra a mentalidade de que o dinheiro sempre virá da igreja de outras regiões do mundo. Muitos na África Centro-Ocidental são agricultores e vivem com o equivalente a apenas alguns dólares americanos por dia. Como evidenciado por Egwakhe aos delegados, a primeira área do país a se tornar autossuficiente, há mais de trinta anos, foi a região rural do leste da Nigéria. “Eles eram agricultores e vejo alguns deles aqui hoje”, disse Egwahe aos delegados. Não é a quantidade de riqueza que 6 Adventist World | Janeiro 2010 Acima: ÊNFASE NA AUTOSSUFICIÊNCIA: George Egwakhe, tesoureiro associado da Igreja Adventista, fala a líderes da igreja em Abidjan, na Costa do Marfim, no dia 9 de novembro de 2009. Ele e outros líderes da igreja estão desafiando as igrejas locais e regiões a se tornarem autossuficientes. Esquerda: PALESTRANTE: Gilbert Wari, presidente da Divisão África Centro-Ocidental, em seu principal discurso nas reuniões do fim de 2009, em Abidjan, Costa do Marfim, dia 8 de novembro de 2009. A N S E L O L I V E R / A N N importa, mas como essa riqueza é administrada, disse ele. No início de 2009, a divisão realizou seu primeiro seminário sobre mordomia, que atraiu cerca de 300 delegados para Gana. Seminários similares estão programados para o próximo ano, em todo o território da divisão, para enfatizar uma vida responsável e a administração de recursos. Em resposta aos delegados, o presidente da divisão, Gilber Wari, colocou o dedo indicador na fronte e disse: “O desenvolvimento começa aqui; prepare sua mente para o desenvolvimento.” JANELA A N O C R I S T I T I G A L B I A Os Estados Unidos por Dentro Por Hans Olson O s Estados Unidos da América do Norte são o terceiro maior país do mundo, tanto em área geográfica como em população. A maior parte desse país localiza-se na região central do continente, entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Outras partes dos Estados Unidos não são conectadas ao continente, como o maior Estado da nação, o Alaska, na extremidade noroeste da América do Norte, e o Havaí, um estado-arquipélago, no Oceano Pacífico, a mais de três mil quilômetros de distância da costa sudoeste do continente. O primeiro explorador europeu oficial a chegar ao lugar que viria se tornar os Estados Unidos foi o espanhol Juan Ponce de León, que chegou à Flórida em 1513. Todo o país, na época, era habitado pelos nativos americanos, que chegaram ao continente muito tempo antes. Os espanhóis foram seguidos por comerciantes de peles, franceses, na região dos grandes lagos, que chegaram por onde hoje é o Canadá. Os ingleses chegaram logo depois, estabelecendo várias colônias ao longo da costa atlântica. Em meados do século XVIII, treze colônias britânicas distintas foram estabelecidas. Não contentes com as regras britânicas, os colonos declararam independência dos ingleses no dia 4 de julho de 1776. Pelos 183 anos seguintes, os Estados Unidos se expandiram das treze colônias originais para uma nação com 50 Estados. Partes dos Estados Unidos foram originalmente governadas pelos ingleses, franceses, mexicanos, russos, espanhóis e repúblicas independentes. OS ESTADOS UNIDOS Capital: Washington, Distrito de Colúmbia Idioma Oficial: Inglês Religião: Protestante, 52%; Católica Romana, 24%; Judaísmo, 2%; outras, 22%. População: 302,2 milhões* Membros adventistas: 1 milhão* População adventista per capita: 1:302* * Arquivos Estatísticos da Associação Geral, 140º Relatório CANADÁ Estatístico Anual. Washington D.C. E.U.A. É um dos países mais etnicamente diversos do mundo, devido, em parte, à política de imigração liberal nos séculos XIX e XX. Sua economia, também, é uma das maiores do mundo. O tamanho do país, os recursos naturais e a revolução industrial do século XIX fizeram dele uma usina de produção. Adventistas nos Estados Unidos A Igreja Adventista teve seu início nos Estados Unidos como resultado do Grande Reavivamento do século XIX, quando as pessoas esperavam pela segunda vinda de Cristo. Muitos adventistas faziam parte do movimento dirigido por Guilherme Miller, os quais acreditavam que Cristo retornaria no dia 22 de outubro de 1844. Quando Cristo não retornou, muitos abandonaram o movimento. Tiago e Ellen White, José Bates e muitos outros criam que Cristo ainda voltaria, mas em data desconhecida. A Igreja Adventista começou a se espalhar por todos os Estados Unidos. Em Battle Creek, Michigan, surgiram várias instituições: a Review and Herald Publishing Association (a editora da igreja), o Sanatório Battle Creek e o Colégio Battle Creek. A primeira sede da Associação Geral também foi estabelecida ali. Oceano Pacífico ALASCA MÉXICO Golfo do México HAVAÍ Hoje, a Igreja Adventista nos Estados Unidos possui 15 colégios e universidades, 59 hospitais e mais de cem escolas de ensino médio. Embora os adventistas nos Estados Unidos representem menos de dez por cento dos membros da igreja mundial, suas doações para as missões somam mais de cinquenta por cento do total arrecadado por ano. Os Estados Unidos são apenas um dos três países que formam a Divisão Norte-Americana. Essa Divisão é a anfitriã do “Siga a Bíblia”, neste mês. “Siga a Bíblia” é uma iniciativa patrocinada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia para estimular um interesse mais profundo na leitura da Bíblia. A jornada começou no outono de 2008 e culminará na Assembleia da Associação Geral, em Atlanta, Georgia (EUA), em junho de 2010. Para saber mais sobre a missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia ao redor do mundo, visite: www.AdventistMission.org. Janeiro 2010 | Adventist World 7 Oceano Atlântico A Igreja em Ação VISÃO MUNDIAL Por Kari Paulsen R ecentemente, numa sexta-feira à noite, eu me assentei no auditório da Associação Geral para ouvir os relatórios da linha de frente da obra missionária no mundo − plantadores de igrejas, pioneiros da Missão Global e missionários. Ouvi histórias de um pequeno grupo de ministérios vibrantes, onde o evangelismo da amizade está estreitando laços e fazendo a igreja crescer de uma forma que vai muito além da simples adição de números de membros nos registros da igreja. Enquanto assistia, minha mente vagou inexoravelmente para outro lugar e outra época, e mais uma vez senti o calor da amizade de um pequeno grupo de crentes que, para mim, representa um momento crucial de minha vida, o “faça ou deixe” de minha jornada espiritual. Círculo Solidário O local era a Noruega, em uma pequena igreja do interior. Nós nos encontrávamos em quartos alugados, uma sala e cozinha da casa de uma jovem viúva. A congregação, de cerca de trinta pessoas, era composta de trabalhadores, agricultores e pedreiros. Para um observador ocasional, essas pessoas não chamavam a atenção. Não havia nenhum luxo na vizinhança e os programas e cultos eram bem simples. Para uma conturbada garota de 15 anos, esse grupo era um refúgio de aceitação calorosa, um lugar em que eu poderia crescer na compreensão dessa estranha e nova fé que eu havia encontrado. Um lugar em que, pela primeira vez, consegui sentir forte conexão com minha família espiritual – uma união que resistiu ao teste de muitos anos e muitos desafios. Kari and Jan Paulsen serviram a igreja como parceiros de ministério na África, Europa e América do Norte. 8 O QueaosAcontece Adventist World | Janeiro 2010 Desampara São necessárias apenas algumas pessoas para moldar uma vida Encontrar esse grupo foi a culminação de uma procura que comecei quatro anos antes. Com 11 anos de idade, fui submetida a uma cirurgia do coração e, nas semanas seguintes, em meio à dor e ao medo, orei para quem quer que fosse que estivesse “lá em cima”, conservasse minha vida, e eu me tornaria cristã. Todos na Noruega pertenciam à igreja do Estado e a religião era ensinada na escola, mas minha família não frequentava a igreja. Eu não tinha a menor ideia do que significava ser uma cristã na prática. Será que eu deveria fazer o Pai Nosso antes de dormir e agradecer antes das refeições? Nas aulas de preparação para a Primeira Comunhão nos davam uma Bíblia e nos ensinavam o catecismo, mas isso me confundiu mais ainda. “Por quê?” eu perguntava ao ministro: “Por que há um grande trecho dos Dez Mandamentos sobre guardar o sétimo dia, e o catecismo diz apenas para nos lembrarmos do dia de descanso? E por que Jesus, no Novo Testamento, foi batizado adulto? Não há nenhuma menção sobre batismo por aspersão.” “Não se preocupe com isso”, era a resposta. “Você conhece hebraico ou grego? Simplesmente aceite o que estou dizendo.” Eu, entretanto, continuava curiosa e não me esqueci da promessa que fizera a Deus. Quando o acaso me levou para esse pequeno grupo de adventistas do sétimo dia, eles me “adotaram”. Não me fizeram muitas perguntas. Não me criticaram ou disseram o que eu estava fazendo de errado. Toques Pessoais Duas mulheres, em particular, tornaram-se no que considero as minhas cinco “mães em Israel” – compassivas, dedicadas, que, nos meus primeiros anos de crença, moldaram profundamente minha jornada espiritual e ajudaram a aprofundar as raízes da minha fé. A primeira foi a esposa do meu professor, na escola. Nossa “igreja”, sala de estar durante a semana, era usada como a escola da igreja e o professor e sua esposa, Maj Britt, tornaram-se minha fortaleza. Eles me emprestaram livros, como Caminho a Cristo, que me causou profunda impressão, e outros devocionais e obras doutrinárias. Eles me matricularam no curso bíblico de A Voz da Profecia. Maj Britt, mulher sueca, tocava violão e cantava muito bem. Tinha um toque maternal e oferecia carinho e bons conselhos em igual medida. Transparecia grande paz e alegria. Ela recitava longas porções das Escrituras, cantava os hinos e recordava passagens dos escritos de Ellen White. dos? RETRATO DO SERVIÇO: (De cima para baixo, em sentido horário) Kari e Jan Paulsen posam com os dois filhos mais velhos no dia da ordenação do pastor Paulsen ao ministério evangélico. O casal nunca poderia imaginar que, um dia, ele (pastor Paulsen) serviria como presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Sanatório Hultafors, onde a autora trabalhou antes de ingressar na faculdade. A segunda mulher, Tulla, também era uma inspiração espiritual para mim. Crescera com o estigma de ilegitimidade, um terrível fardo naquela época. Eu não teria dado meus primeiros passos em direção à fé sem o apoio de minha família – na verdade, meus pais eram totalmente contra. Eu era uma vergonha para eles. Parei de comer porco, não ia mais aos bailes que eu amava e comecei a guardar o sábado. Após ser batizada aos 17 anos, por amor a meus pais, e por mim mesma, eu precisava de certa independência. O professor e sua esposa conseguiram um emprego para mim no Sanatório Hultafors (da igreja), na Suécia, a um dia de viagem de trem. Troquei de trem em Oslo e Gottenberg, de modo que quando cheguei às 8 da noite, a estação estava fechada. A pessoa do sanatório que deveria me buscar não estava lá. Eu falava um dialeto norueguês bem obscuro e a única pessoa mais próxima de mim era o agente ferroviário, que falava sueco, o que soava como chinês aos meus ouvidos. Finalmente, ele compreendeu o lugar para onde eu gostaria de ir e me apontou a direção correta. O sanatório localizava-se no alto de uma colina e, enquanto eu caminhava por aquela estrada íngrime, em zigue-zague, carregando minha mala, me senti sozinha e perdida. Para meu alívio, encontrei uma garota que falava norueguês. Ela descobriu onde era o meu quarto, ajudou na minha acomodação e me convidou para uma festa naquela noite, para conhecer alguns outros jovens. “Fica um pouco além do bosque”, ela disse. “Caminhe para trás, o quanto você puder e lá está a casa. Você vai encontrar.” E encontrei. Bati à porta e, quando ela se abriu, ficou claro que era uma festa dançante, e meu coração quase parou. Não era isso que eu esperava da minha nova família da igreja. Voltei para o meu quarto e chorei até cair no sono. Janeiro 2010 | Adventist World 9 A Igreja em Ação VISÃO MUNDIAL As últimas palavras de Maj Britt para mim, antes de eu deixar meu país em direção à Suécia, foram: “Lembre-se, Kari, você vai encontrar poucas pessoas com asas na igreja.” Essa é uma verdade sobre a natureza humana que tem me ajudado, ao longo dos anos, nas muitas vezes em que fui magoada e geralmente digo a mim mesma: “É, Kari, em você também não estão nascendo asas!” O Senhor, em Sua bondade, não me deixou sem apoio. Mais tarde, naquela semana, fui a uma reunião de oração e me encontrei com uma senhora que também se tornou “mãe em Israel” para mim: uma fisioterapeuta de 60 anos, chamada Elza. Sua amizade me acolheu por todo o inverno, até que deixei Hultafors para ingressar na faculdade. Ali encontrei outra conselheira, uma professora chamada Esther, que foi incansável em me encorajar. Mais tarde, após ter me casado e meu esposo, Jan, estar trabalhando como pastor na Noruega, a esposa do presidente da associação tornou-se mais uma de minhas professoras espirituais. Ela foi um modelo para mim do que significa ser uma esposa de pastor: honesta, graciosa e hospitaleira, mostrando bondade cristã da mais alta qualidade. de um violão solitário. Eu posso ter me esquecido da letra dos hinos que cantava, mas ainda sinto a incrível sensação de aceitação que me envolvia, o sentimento de estar conectada espiritualmente a uma família. Isso é tão vivo para mim hoje, como era quando ainda estava entre eles. Sem a aceitação fazer a diferença na decisão de uma pessoa de permanecer na fé ou abandoná-la. Elas me ensinaram a nunca subestimar o poder da hospitalidade, que é algo tão simples. Elas me ensinaram o poder da verdadeira amizade, a amizade que diz: “Quero saber das suas lutas, de seus sonhos. Vou separar um tempo para ouvi-la.” A descrição do profeta Isaías sobre o tipo de jejum que é aceitável ao Senhor bate em uma tecla para mim: “Porventura, não é este o jejum que escolhi ... que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados?” (Is 58:6, 7). É tão fácil convidar nossos amigos para o almoço do sábado, e agradável também. Ou convidar uma pessoa “importante” de nossa congregação, aqueles que têm “sucesso” ou que estão ocupando posições de sucesso na igreja. São porém, os desabrigados, um gatinho vesgo como eu, que realmente precisava. Ao adotar um desabrigado, um jovem que acabou de chegar a uma cidade para estudar; uma jovem família que luta sem parentes por perto; um recém-converso que enfrenta problemas para se adaptar ao que para ele é um ambiente estranho – podemos evitar que muita gente simplesmente saia pela porta de trás. Eu poderia estar entre os que saíram mas fui apoiada pelas cordas da amizade e do amor que me mantiveram segura até que eu tivesse a chance de crescer e ser fortalecida na fé. Eu era uma desabrigada que fui abrigada e abraçada. Oro todos os dias para que Deus me dê a coragem e a abnegação para procurar por outros desabrigados também. “Lembre-se, Kari, Nosso Dever com os Outros Ao longo dos anos, tenho pensado muito naquela pequena igreja em meu país, que me alimentou quando dei meus vacilantes primeiros passos espirituais, e meu senso de gratidão tem crescido. Nós nos sentávamos juntos, com as Bíblias abertas, numa sala de estar alugada, cantando hinos ao som 10 Adventist World | Janeiro 2010 na igreja você vai encontrar poucas pessoas com asas.” daquele grupo, e sem o interesse deles por mim, sem a atmosfera de amor que me circundou, eu não estaria aqui. Acabei reconhecendo, também, quanto devo a essas cinco mulheres de fé que me doaram o presente do seu tempo e atenção. Em geral, elas não tinham muito em comum, mas estão intrinsecamente ligadas em minha mente por uma característica: uma compaixão genuína que as impulsionou no desejo de “negar a si mesmas” em favor de outra pessoa. Elas me ensinaram que a bondade simples é um ato espiritual da mais alta ordem, é um dom sagrado que pode A S A Ú D E N O M U N D O Hérnia de Hiato Pode se Transformar em Cancer? Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless Tenho uma pequena hérnia de hiato e, quando me alimento tarde da noite, sinto forte azia e refluxo ácido. Minha esposa diz que se eu não cuidar, posso contrair câncer no esôfago. Qual é seu conselho? refluxo gastresofágico é um mal muito comum, afetando entre catorze a vinte por cento dos adultos. A doença é pouco vaga em sua O de rotina e seu médico pode informá-lo sobre os resultados. É aconselhável a redução de alimentos gordurosos, muito condimentados e coisas picantes. Elevar a cabeceira da cama pode reduzir o refluxo. Você disse que come tarde da noite. A cirurgia tem provado não ser sucesso absoluto, e sua utilização tem diminuído significativamente desde 1999. definição, porque o diagnóstico é baseado na queixa pessoal de azia crônica. O ácido do estômago, que é o ácido clorídrico, sobe até o esôfago ou garganta. Isso ocorre especialmente quando a pessoa está deitada, e mais ainda se estiver com excesso de peso ou com o estômago cheio. O problema é detectado mais frequentemtente em indivíduos com hérnia de hiato, quando o estômago é empurrado para o tórax, através do diafragma. Curiosamente, os achados endoscópicos, isto é, o que é visto internamente, utilizando-se um tubo estreito chamado endoscópio, nem sempre mostram resultados mais graves naqueles que se queixam de sintomas severos. O refluxo pode causar dores no peito que se assemelha ao ataque cardíaco ou doença da vesícula biliar. O ácido pode causar ulceração ou estreitamento, assim como a metaplasia de Barrett, que pode levar ao câncer de esôfago. A biópsia do esôfago pode ser realizada na endoscopia M E R L E P O I R I E R É mais aconselhável uma refeição leve no início da noite, pelo menos quatro horas antes de dormir. A perda de peso também ajuda. Há consideráveis evidências que mostram que o bloqueio da produção de ácido pelo estômago resulta na redução dos sintomas. Há dois tipos de medicamentos que ajudam. Um grupo é chamado de inibidores da bomba de prótons; o outro, antagonista dos receptores da histamina. Os inibidores da bomba de prótons agem melhor nas esofagites do que os bloqueadores de histamina, mas ambos são eficazes na maioria dos pacientes. O problema é que essa é uma doença crônica e pode ser necessário uso prolongado de medicamento. Se a pessoa afetada puder perder peso, dormir com a cabeceira da cama mais alta uns vinte centímetros, e comer cedo à noite, a medicação pode ser evitada. A cirurgia tem provado não resultar em sucesso absoluto, e sua utilização tem diminuído significativamente desde 1999. Em resumo, não é aconselhável o consumo de frutas cítricas, tomates, cebola, bebidas gasosas ou comidas picantes. Alimentos gordurosos, café, chá e bebidas cafeinadas, incluindo chocolate e menta, tendem a causar refluxo gástrico. O abandono do consumo do álcool e do fumo e a redução do peso corporal podem ajudar a reduzir o problema. Allan R. Handysides, M.B., Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG, é diretor do Departamento de Saúde da Associação Geral. Peter N. Landless, M.B., B.Ch., M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C., é diretor-executivo da ICPA e diretor-associado do Departamento de Saúde. Janeiro 2010 | Adventist World 11 D E V O C I O N A L Podemos Sempre Contar com a Protecãoeus? O que aprendi com as tragédias pessoais F requentemente nos lembramos das maravilhosas promessas da Bíblia, como o Salmo 91, especialmente os versos 11 e 12: “Porque aos Seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra.” Alguma vez você já se perguntou: ONDE ESTÃO ESSES ANJOS? Cinco Tragédias Pessoais Betty, minha esposa e eu já estivemos envolvidos em cinco grandes acidentes de carro, com ferimentos graves em todos eles: 1. O primeiro aconteceu numa noite em que eu estava ajoelhado no escuro, tentando colocar correntes nos pneus 12 Adventist World | Janeiro 2010 D de nosso carro, enquanto Betty segurava uma lanterna. De repente, um carro escorregou e atravessou a pista fazendome voar até a traseira do nosso carro. Fiquei muito machucado nesse acidente. Enquanto estava deitado na cama do hospital, não podia deixar de pensar: Por que os anjos não me protegeram? 2. Numa autoestrada de cascalho, de pouco movimento, nosso carro capotou várias vezes antes de aterrissar num leito de pedras. Betty e eu estávamos feridos e o carro totalmente destruído, mas nossa maior preocupação eram nossos filhos. Ronald, de três anos, não reclamou de nada. Mas Harvey, de um ano, ficou gravemente ferido e simplesmente não parava de chorar. O socorro médico mais próximo estava a mais de 300 de Por J. Stanley McCluskey quilômetros, e pelos dois dias seguintes ninguém pôde nos levar até lá. Pense quanto nos estressamos e nos preocupamos! Onde estavam os anjos? 3. Estávamos trafegando por uma via principal quando, de repente, um carro veio da rua transversal e atingiu nossa porta direita, onde Betty estava sentada. Imagine como ela ficou ferida! E nosso carro virou ferro velho. O motorista do outro carro disse que o sol o havia ofuscado. Por que, então, os anjos não nos protegeram? 4. Estávamos indo de carro para casa, numa estrada na montanha, quando começou a nevar – a primeira nevada da estação. Ao chegarmos a um trecho estreito da estrada, onde havia montanha de um lado e precipício K E N K I S E R / M O D I F I C A D A D I G I TA L M E N T E do outro, um carro escorregou e nos atingiu de frente. Betty ficou seriamente ferida, mas eu, mesmo mancando, pude verificar se havia mais alguém ferido no outro carro. As duas senhoras idosas que ali estavam disseram que fomos uma resposta à suas orações, porque impedimos que caíssem no precipício. Mas por que, então, os anjos não nos protegeram? 5. No último acidente, uma grande pickup nos atingiu no lado do motorista, ferindo Betty e a mim severamente, deixando-me sem condições de trabalhar. Para piorar, o outro motorista tinha o seguro mínimo; assim, tivemos de usar grande parte de nossas economias para cobrir as despesas do carro. Por que isso aconteceu? ONDE ESTÃO OS TAIS ANJOS? Compreendendo as Promessas Frequentemente, ouvimos histórias maravilhosas em que realmente vemos a proteção de Deus. Mas, ao revermos Note, porém, que faltava alguma coisa naquilo que o inimigo disse. “Quando Satanás citou a promessa: ‘Aos Seus anjos dará ordem a Teu respeito’ (Mt 4:6), omitiu as palavras: ‘para Te guardarem em todos os Teus caminhos’ (Sl 91:11); isto é, em todos os caminhos da escolha de Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 125). “Reconhece-O em todos os teus caminhos”, diz a Bíblia, “e Ele endireitará as tuas veredas” (Pv 3:6). Permitido por Deus Esse caminho “escolhido por Deus” não nos assegura uma vida fácil, e sim Sua proteção e cuidado. Considere essas palavras de encorajamento: “A presença do Pai circundou a Cristo e nada Lhe sobreveio sem que o infinito amor permitisse, para a bênção do mundo. Aí estava Sua fonte de conforto, e ela existe para nós. Aquele que estiver impregnado do Espírito de Cristo habita em Cristo. Nada lhe Em Romanos 5:1-5, Paulo explica. Não deveríamos apreciar apenas a paz e a certeza que vêm do relacionamento de fé com Cristo, mas deveríamos também nos regozijar nas tribulações, “sabendo que a tribulação produz a paciência e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado.” Ellen White assim se expressou: “O fato de sermos chamados a suportar a prova mostra que o Senhor Jesus vê em nós alguma coisa de precioso que deseja desenvolver” (A Ciência do Bom Viver, p. 471). E o anjo do Senhor se acampa, sim, ao redor dos que O temem, e os livra (veja Sl 34:7; Jr. 29:11). O Deus eterno, sem dúvida, é nosso refúgio “e por baixo estão os braços eternos” (Dt 33:27). Tenhamos bom ânimo. As divinas promessas de proteção e cuidado são certas. Ouça as palavras da última Frequentemente, ouvimos histórias maravilhosas nas quais realmente vemos a proteção de Deus. Mas, ao revermos nossa vida, às vezes parece que essa proteção não existe. nossa vida, às vezes parece que essa proteção não existe. Será que os anjos ajudam mais alguns filhos de Deus do que outros? Será que ajudam em certos lugares e horários apenas? E o que dizer de Davi, que provavelmente escreveu os Salmos antes de nós? Ele fugiu, por muitos anos, para salvar a própria vida, não foi? E Jesus que, após Seu batismo, foi levado para o deserto, ficando sem água e alimento por quarenta dias? Ironicamente, o próprio inimigo citou o Salmo 91 para Ele: “Se és Filho de Deus”, disse ele a Jesus, “atira-Te abaixo, porque está escrito: Aos Seus anjos ordenará a Teu respeito que te guardem; e: eles Te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra” (Mt 4:6). pode tocar a não ser pela permissão de nosso Senhor; e todas as coisas que são permitidas ‘contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus’” [Rm 8:28] (O Maior Discurso de Cristo, p. 71). Essa permissão de Deus é evidente na vida de Jó. Quando Satanás quis tentá-lo com provações, Deus impôs os limites. Foi assim também com Cristo quando, no Jardim do Getsêmani, implorou por alívio. Deus trata conosco em termos de tempo e eternidade. Satanás está sempre procurando nos destruir e Cristo nos advertiu de que enfrentaríamos dificuldades. Deus, porém, usará cada provação para construir nosso caráter. passagem (Jr 29:11): “Porque Eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais.” “Não temas, porque Eu sou contigo; não te assombres, porque Eu sou teu Deus; Eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da Minha justiça” (Is 41:10). J. Stanley McCluskey é farmacêutico e administrador de saúde jubilado. Ele escreve de Naches, Washington, EUA. Janeiro 2010 | Adventist World 13 V I D A A D V E N T I S T A “AMA, AMA!” Uma chamada débil, mas urgente, chegou ao rádio do capitão Norton. Um homem foi picado por uma cobra, numa aldeia remota, no meio da selva. “Por favor, o senhor pode vir?” a voz suplicava. Robert (Bob) Elwin Norton, piloto da Aviação Médica Adventista (AMA), na Venezuela, voava em direção a Ciudad Bolívar, para a manutenção de rotina no avião, quando chegou o chamado. Outros pilotos o estavam avisando de que era muito arriscado aterrissar naquele lugar específico, mas Bob decidiu confiar em Deus e atender ao pedido de socorro. Ao se aproximar e ter uma visão do local, pensou: “É pior do que eu imaginava!” − Não posso aterrissar ali!” – Bob disse a Deus. − Sim, você pode. Eu não trouxe você até aqui para ajudar essa gente? uma voz parecia falar-lhe. − Está bem, Senhor, mas precisas ficar comigo aqui, e não apenas um de Teus anjos. − Eu estou bem aqui com você! – garantia a voz ao piloto nervoso. Uma grande paz invadiu o coração de Bob, e ele aterrissou o avião com segurança na pista de 600 metros. Bob, então, levou o homem até a clínica médica, onde recebeu a ajuda necessária. Por causa daquele voo, espalhou-se a notícia de que o avião da AMA poderia chegar a muitas aldeias para ajudar a todos os necessitados, mesmo em condições não adequadas. Muitos dos indígenas começaram a requisitar o avião, como sendo deles, chamando-o de “anjo de misericórdia”. Chamado para o Serviço Em 2001, Bob e Neiba Norton ouviram um chamado de Deus: “Vocês aceitariam dedicar a vida ao Meu trabalho?” Eles venderam o negócio e a casa que tinham nos Estados Unidos, e foram, pela fé, para a região Gran Sabana, na Venezuela, onde estabeleceram seu lar, confiando que Deus supriria suas necessidades. Embora diariamente enfrentassem muitos desafios e não recebessem salário, nunca questionaram a decisão que tomaram. Bob fez incontáveis voos em sua avioneta Cesnna 182, comprada com donativos para um propósito específico: prover atendimento de emergência e salvar muitas vidas. Sempre que Necessário, a AMA Estará Lá Antes de Bob começar a voar pelas aldeias, muitas pessoas que morreram teriam sobrevivido se tivessem recebido assistência médica. Bob, porém, cria que Deus era o real piloto do seu avião, dando-lhe sabedoria e habilidade para manobrar em pistas curtas e irregulares. Bárbara Ann Norton Kay, irmã de Robert Norton, gosta de descansar, aos sábados, de seu trabalho na agricultura e na estufa. Ela se sente renovada ao entrar em contato com a natureza e com Deus. Ela escreve de Bryant, Alabama, Estados Unidos. 14 Adventist World | Janeiro 2010 PILOTO MISSIONÁRIO: Neiba e Robert Norton posam ao lado de seu Cessna 182. Vivendo o mor A Por Barbara Ann Norton Kay O Amor de Deus em Ação Ao Bob decolar e aterrissar nas pistas da selva, levando mulheres com gravidez de risco, crianças doentes, vítimas de acidentes, gente precisando de cirurgia de emergência e outros, os indígenas aprenderam sobre um Deus que os ama. Bob nunca pregou um sermão com palavras, mas viveu como Jesus viveu, misturando-se com as pessoas como quem deseja só o bem delas. “Queremos conhecer mais sobre o seu Jesus”, diziam sempre a Bob. “Por favor, traga-nos um professor.” Assim, Bob levou obreiros leigos a essas aldeias para estudar a Bíblia com eles. Então, levou pastores para batizar os que entregaram a vida a Jesus. Outro Resgate Em um dos milhares de voos de emergência que Bob fez, ele levava um bebê que lutava pela vida. A seguir, Bob conta a história com suas próprias palavras: Eu estava num voo de retorno após deixar uma equipe médica em uma aldeia, quando recebi um chamado urgente de um operador de rádio. “Você pode voar direto para Wonken para socorrer um bebê com pneumonia?” C O U R T E S I A D E B Á R B A R A A N N N O R T O N K AY Rapidamente mudei a direção, enquanto conferia o tempo e o combustível, e então peguei o microfone: “Estarei em Wonken em 20 minutos. Diga aos pais para esperarem por mim na pista de pouso.” Quando aterrissei, descobri que a criança estava pior do que imaginei. Ela parava de respirar e a mãe esfregava firmemente suas costinhas para estimulá-la a respirar outra vez. Eu precisava de oxigênio e de alguém para ventilá-la, mas não havia nem um nem outro. Rapidamente, embarquei a família no avião e orei por todo o percurso até Santa Elena, para que Deus poupasse a vida daquele bebê... Após trinta minutos de voo, aterrissamos, mas a ambulância que solicitamos não estava no aeroporto. Saltei do avião e fui procurar por alguém que quisesse transportar, de carro, aquela família desesperada até o hospital. Durante todos os dias que se seguiram, mantive aquela menininha em minhas orações, mas tinha medo de Deus de Piloto missionário sacrifica-se ao máximo para ajudar o próximo perguntar se ela havia sobrevivido. No dia de Ação de Graças (2006), recebi um telefonema de nosso operador de rádio perguntando quando eu poderia levar aquela família de volta para casa. − Como está a criancinha? – perguntei. − Ela está tão bem que poderá voltar para casa amanhã – disse ele. Na manhã seguinte, a alegria na face da mãe, enquanto me agradecia por tê-los ajudado, aqueceu meu coração. Dou graças a Deus por ter curado um de seus pequeninos e por ter me dado a oportunidade de ajudá-Lo. Deus é Quem Sustém Em 2006, outras organizações missionárias de aviação foram fechadas pelo governo da Venezuela. Várias tentativas também foram feitas para fechar o projeto AMA, mas em todas as instâncias parecia que Deus acalmava os corações dos oficiais do governo que vinham investigar, pois sempre acabavam endossando o trabalho de aviação. Quando as pessoas perguntavam a Bob como ele ainda continuava voando, ele dizia: “É porque esse é um projeto de Deus, não meu. Enquanto Ele quiser que o projeto continue, ninguém poderá pará-lo.” Voo Final No dia 16 de fevereiro de 2009, Bob fez seu último voo. Com ele estavam a bordo Neiba, sua esposa e companheira de trabalho, Glady, amiga do casal, uma criança com a mãe que retornavam para casa, uma garota que necessitava de uma cirurgia de apendicite de emergência, e sua mãe. Mas tragicamente parece que a selva simplesmente os engoliu – avião, piloto e passageiros. A busca prolongada foi em vão. A última transmissão de rádio feita por Bob para o coordenador de voo e operador de rádio foi incompreensível. Tudo o que se sabe é que eles estão perdidos, imagina-se, devido a falhas mecânicas. Em esforço conjunto, a Defesa Civil da Venezuela e uma equipe de resgate voluntária continuam a procurar pelos destroços. Só Deus sabe o que aconteceu. Por muitas vezes, Deus operou milagres para Bob, meu irmão, abrindo caminhos entre as nuvens, parando chuvas, providenciando recursos e protegendo-o. Desta vez, porém, Ele não o fez. Contudo, confio que Deus está no controle. Necessidade Constante RESGATE REMOTO: O piloto missionário Robert Norton transportava muitas pessoas de áreas remotas da Venezuela para instituições de saúde onde pudessem receber o atendimento médico de que necessitavam. Meu coração sofre com o povo das selvas da Venezuela que, outra vez, não têm ninguém para ajudá-los. Lamento a perda num lugar em que a necessidade é tão grande. Nada, entretanto, pode parar o avanço do trabalho de Deus. As sementes do amor do evangelho que Bob e Neiba semearam estão frutificando entre o povo indígena ali. “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham” (Ap 14:13). Nossa família abraça a bendita esperança. Para ler mais sobre o ministério de aviação de Norton, visite www.medicalaviation.org e clique em “AMA Venezuela”. Janeiro 2010 | Adventist World 15 A R T I G O D E C A PA compreendendo a Palavra Por Marcos Paseggi Como os tradutores adventistas ajudam no avanço da missão da igreja A primeira frase não parecia ser um grande desafio. “Jesus is the greatest magnet”, dizia em inglês. Eu sabia as palavras e sabia muito bem como dizê-las em espanhol e escrevi em meu laptop: Jesús es el más grande imán (Jesus é o maior ímã). De repente, deu um estalo em minha mente. Em espanhol, imán tanto é magnético como ímã, que também pode ser o diretor dos rituais muçulmanos de oração. Como eu respeito essa profissão religiosa, em particular, e os muçulmanos em geral, compreendi imediatamente que tal frase, como traduzira, não teria o sentido proposto pelo contexto. Humilhado em minhas habilidades de tradutor, apenas marquei a frase e continuei, esperando que mais tarde surgisse uma alternativa aceitável. Embora não sejam notados, os tradutores adventistas do sétimo dia realizam uma tarefa vital para o cumprimento da Grande Comissão, a qual consiste em levar a mensagem a “cada nação, e tribo, e língua, e povo” (Ap 14:6). Embora alguns sejam profissionais, muitos são voluntários, que, como trabalho paralelo, ou mesmo gratuitamente, têm a mesma paixão de levar a mensagem em idiomas que podem ser compreendidos por um público-alvo. À medida que a Igreja Adventista avança no século XXI, é muito difícil saber quantos homens e mulheres (fora os que são contratados pelas casas publicadoras da igreja) atualmente trabalham nos projetos de tradução para a igreja com contratos mais ou menos formais. Os tradutores, entretanto, têm acompanhado as publicadoras adventistas desde o começo da igreja. Primeiros Tradutores Adventistas Os fundadores da igreja compreenderam rapidamente a importância dos tradutores para o avanço do evangelho. Nos anos 1870, Tiago White, que acreditava na obra de levar o evangelho a terras distantes, usou alguns dos tradutores que já trabalhavam na Review and Herald para lecionar 16 Adventist World | Janeiro 2010 línguas estrangeiras no Colégio Battle Creek, na esperança de formar mais jovens autores. É claro que, como a maioria dos monolíngues, White subestimou o tempo e o esforço necessários para dominar uma segunda língua, e as aulas não foram muito adiante.1 A essa altura, Ellen White já havia escrito, apoiando a formação de jovens no ofício da tradução, embora como o marido, ela parecesse não compreender plenamente quão difícil era para os nativos de língua inglesa reproduzir os materiais da igreja em outras línguas, com qualidade para ser publicado.2 Houve grande avanço em 1874, quando John Andrews foi para a Suíça como o primeiro missionário oficial da igreja. Andrews, que conhecia o hebraico, grego e latim, dedicou-se a aprender francês e alemão. Estudou incansavelmente a gramática francesa de modo a habilitá-lo a avaliar quando um artigo para o Les Signes dês Temps (edição francesa da Sinais dos Tempos) estava pronto para ser publicado. Traduziu também artigos do inglês para o francês, embora, normalmente, utilizasse como revisores pessoas cujo francês era a língua nativa.3 Ao longo dos anos, Ellen White compreendeu melhor o trabalho dos tradutores. Ela definiu duas características como essenciais para os tradutores da igreja: eles deveriam ser “educados” e ter “o temor de Deus”.4 Admitiu ainda que, para traduzir em nível de publicação, os tradutores cuja língua nativa não fosse o inglês deveriam aprender a editar em seu próprio idioma para só então traduzir os seus escritos do inglês para a língua nativa.5 O que ela disse, então, ainda é considerado como a melhor prática no ofício de tradução. Sem dúvida, a experiência de Ellen White no período que passou na Europa foi transformadora. Quando chegou a Basel, descobriu que havia grande interesse na tradução do O Grande Conflito para o francês e o alemão. Houve duas tentativas de tradução para o francês e três diferentes versões em alemão, trabalho realizado por colaboradores bem-intencionados, embora, nas palavras de Willie White, “fosse difícil encontrar mais de duas pessoas que elogiassem qualquer uma delas”.6 Os dois problemas básicos resultavam das ilustrações de Ellen White, as quais, “em alguns casos, eram malcompreendidas pelos tradutores e, ... quando compreendidas, os tradutores não conheciam o suficiente da fraseologia religiosa de sua própria língua para fazer uma tradução correta”.7 Como resolveram esse problema? Bem, Ellen White, os tradutores, editores e revisores começaram a se reunir, todos os dias, para discutir cada capítulo e, assim, terem certeza de que o resultado final eram as palavras da Sra. White. Desse modo, “os tradutores conseguiam captar o espírito da obra e traduziam melhor”.8 Tanto quanto sabemos, essa foi a primeira equipe de tradutores adventistas do sétimo dia.9 Atualmente, graças à Internet, os tradutores não precisam trabalhar em um mesmo local. Na verdade, podem trabalhar em qualquer lugar, em qualquer horário e facilmente discutir as ideias como uma equipe, como faziam em Basel, há tanto tempo. Agora usam o espaço cibernético como escritório. Contudo, os desafios de trabalhar com a linguagem ainda continuam os mesmos. Tudo em um Dia de Trabalho Frequentemente, os tradutores têm que lidar com assuntos que não são facilmente compreendidos pelos outros. É comum a idéia de que qualquer pessoa que possua um conhecimento satisfatório de duas línguas pode ser um tradutor. Esse, porém, não é o caso. Em primeiro lugar, cada idioma é um mundo em si mesmo, com suas próprias regras gramaticais, sistema de pontuação específico, frase e redação. Na maioria dos casos, a tradução literal de uma frase pode não corresponder, em significado, na língua para a qual se traduz. A tradução implica procurar uma “equivalência dinâmica”, na qual o sentido original tanto é mantido como “recriado” numa nova frase para que, de algum modo, comunique a ideia original do autor. Isso implica mudança na ordem das palavras, sentenças ou estrutura do parágrafo, ou até deixar de lado a primeira e a segunda opção e começar a escrever do zero. É necessário dominar a língua para a qual se traduz para “processar” o uso de expressões idiomáticas, figuras de linguagem e metáforas. Finalmente, em todos os idiomas há alguns termos “não traduzíveis” e referências culturais que, de algum modo, devem ser explanadas ou “interpretadas” para que sejam completamente compreendidas pelo público-alvo. Como diz Lars Hoem, tradutor do inglês para o norueguês para a Casa Publicadora Adventista Norueguesa: “Se qualquer americano ler ‘vestir-se como Don King’, é muito provável que ele ou ela saiba que você está se referindo ao famoso empresário de boxe, que se veste extravagantemente; mas, para o norueguês comum, isso simplesmente não faz sentido. Por outro lado, para os leitores noruegueses, o termo ‘Kollenbrølet’ é imediatamente reconhecido como o grito do público [que é] ouvido quando o primeiro esquiador aparece poucas centenas de metros antes da linha de chegada. Isso pode ser um pouco mais incompreensível para leitores de outra cultura.”10 Marcos Paseggi é tradutor oficial do inglês para o espanhol. Mora em Ottawa, Ontário, Canadá, e se dedica a projetos freelance para várias instituições e organizações adventistas. É um dos principais tradutores da edição em espanhol da Adventist World. Janeiro 2010 | Adventist World 17 Traduzir é muito mais que mudar uma palavra ou frase para outro idioma. Quando se trabalha com conceitos bíblicos, o desafio é semelhante. Hoem tem mais um exemplo: “Como você explicaria o conceito de ‘Cordeiro de Deus’ a um esquimó que nunca viu um cordeiro na vida? Qual é o melhor conceito para descrever ‘inocência’ a um esquimó? Quem sabe um ‘bebê foca’? Apesar de todas essas barreiras culturais e linguísticas, para os adventistas interessados em linguagem e comunicação escrita, dificilmente haverá melhor atividade para aplicar suas aptidões do que a arte e o ofício da tradução; e mais, fazê-lo com a convicção de que esse trabalho está ajudando a levar avante a missão da igreja, não apenas compartilhando o evangelho, mas fortalecendo os crentes, antigos e novos. Monique Lemay, tradutora adventista do inglês para o francês, que mora em Quebec, Canadá, diz: “O de que gosto na tradução é o rigor, precisão e preocupação com detalhes que fazem toda a diferença no produto final. Não é necessário dizer que recebo bênçãos espirituais maravilhosas ao traduzir para a igreja.… Creio que traduzir livros e revistas para os crentes que falam francês, é, de fato, uma missão.”11 Traduzindo a Palavra De João Wycliffe a Martinho Lutero (e também a João Ferreira de Almeida), os estudiosos da Bíblia, com o conhecimento de línguas, têm procurado levar as Escrituras mais perto dos ouvidos e do coração das pessoas comuns, traduzindo-as para seu idioma nativo. Nos últimos anos, estudiosos adventistas da Bíblia também têm contribuído para novas versões das Escrituras, que visam a levar a mensagem da Palavra de Deus a uma nova geração. Desafios como esse não apenas envolvem grande competência nas línguas originais da Bíblia, mas também 18 Adventist World | Janeiro 2010 a habilidade de ser preciso, mas criativo, e estar disposto a trabalhar em grupo com estudiosos de várias formações religiosas durante um extenso período de tempo. Um desses estudiosos é Victor Armenteros, linguista adventista e estudioso da Espanha, que trabalhou por vários anos como membro do comitê editorial que recentemente publicou a Biblia Traducción Interconfesional , versão contemporânea intereclesiástica da Bíblia, em espanhol. Relembrando a experiência que ele descreve como “incrível”, Armenteros afirma: “No início, fiquei um pouco apreensivo de contribuir com uma atividade que parecia, de certa forma, ecumênica. Então compreendi que ‘interdenominacional’ não significa ecumênica, mas a possibilidade de trabalhar e partilhar com outros, desenterrando e dando significado contemporâneo aos tesouros ocultos revelados na Palavra de Deus.” E conclui: “Aprendi que em qualquer formato, a Palavra de Deus é viva, e agradeço a Ele por isso.”12 Outro jovem adventista erudito que trabalhou nas traduções da Bíblia é Laurentiu Ionescu, da Romênia, que participou da equipe que trabalhou na tradução contemporânea interdenominacional no Novo Testamento no idioma romeno. Embora concorde que as diferenças doutrinárias, por vezes, tomavam “horas de discussão sobre uma única palavra ou preposição”, também admite que foi uma experiência transformadora, proporcionando-lhe agradáveis surpresas. Quando discutiam sobre que palavra usar para o descanso sabático, por exemplo (pois em muitos idiomas, como o romeno, há duas opções: uma para o dia de descanso geral e outra específico para o sétimo dia da semana), Ionescu ficou surpreso quando os tradutores católicos, entre outros, o apoiaram na escolha do termo romeno que melhor descreve o sétimo dia da semana.13 Tradução na Assembleia da AG em Atlanta Odette Ferreira será um calmo farol na corrida frenética para ajudar as pessoas a se compreenderem durante a próxima Assembleia da Associação Geral, em Atlanta. Trabalhando para o Departamento de Educação da Divisão Norte-Americana, ela foi encarregada (pela segunda vez) de organizar os bastidores da maior empreitada para traduzir todas as reuniões em 15 idiomas diferentes: espanhol, francês, português, alemão, russo, romeno, tcheco, japonês, coreano, servo-croata, italiano, búlgaro, húngaro, indonésio e linguagem americana de sinais. A estimativa é de que duzentos tradutores voluntários cobrirão diariamente os eventos, nove horas de reuniões, por dez dias. Devido à natureza extenuante da tradução simultânea, cada voluntário traduzirá apenas pequenos blocos e fará parte de um rodízio constante. A tecnologia sem fio utilizada para a tradução será fornecida pela Rádio Mundial Adventista, com frequências de rádio Para Onde Estamos Indo? Em todo o mundo, os tradutores que trabalham fora da igreja estão atingindo níveis de profissionalismo cada vez mais altos. Na Igreja Adventista do Sétimo Dia, porém, os tradutores ainda são mais artesãos do que profissionais. Muitos começaram a trabalhar na área por um conjunto de circunstâncias incomuns e, geralmente, são profissionais independentes que, nem sempre, têm o apoio de uma equipe de edição e revisão, que garanta a qualidade do trabalho. Svitlana Krushenytska, tradutor adventista que mora na Ucrânia, parece resumir o sentimento geral quando afirma: “Gostaria que nosso trabalho fosse mais valorizado.”14 Muitas vezes, tradutores adventistas mal pagos lutam contra a ignorância sobre seu trabalho, tanto de chefes como de colegas, e o descaso de algumas instituições da igreja. Às vezes, há eventos da igreja com cinco diferentes orçamentos que não incluem os custos de tradução. Assim, mais uma vez, os organizadores são obrigados a recorrer a voluntários que, muitas vezes, não têm conhecimento e competência para tal tarefa, enquanto os tradutores têm de trabalhar muitas horas para honrar seus compromissos financeiros. Ellen White compreendeu plenamente esse problema quando, ao defender o equilíbrio no trabalho dos tradutores, escreveu: “Nosso trabalho é muito mais importante do que muitos supõem e requer muito mais consideração. Os tradutores devem ter menos horas dedicadas ao trabalho intelectual concentrado, a fim não cansar excessivamente o cérebro, prejudicando a concentração, que resulta num trabalho imperfeito.”15 As coisas, porém, estão mudando. Os tradutores adventistas do sétimo dia estão cada vez mais conscientes de que, mesmo em um trabalho solitário, como o de tradução, e pequenos transistores de rádio (e fone de ouvidos). Pela primeira vez, haverá tradutores disponíveis no plenário para que os delegados que não têm suficiente conhecimento do inglês possam dar alguma contribuição à discussão, se o desejarem. A maioria dos tradutores pagará suas despesas de viagem e acomodação em Atlanta. Esse é um exército de voluntários, prontos para doar desinteressadamente seu tempo, talentos e recursos. A igreja mundial agradece. é necessário o apoio de uma equipe. Os líderes da igreja também estão aprendendo que a missão dada por Deus à igreja requer a compreensão de que, para cumpri-la, um dos melhores investimentos, talvez, seja apoiar cada vez mais aqueles que tornam possível a comunicação do evangelho. Finalmente, não me lembro de qual solução dei ao problema da tradução da frase “Jesus−magnético−ímã”. Talvez deva ter decidido por algo equivalente em espanhol a “Jesus é o maior atrativo do mundo”, ou algo que o valha. O que sei, entretanto, é que tal frase merece e deve ser compreendida por todo ser humano da Terra. Porque, não importa a linguagem, Jesus é, de fato, o maior atrativo neste mundo. E se a missão da igreja é levar essa mensagem a cada tribo e nação, talvez não haja melhor maneira de realizá-la do que recorrer a tradutores profundamente comprometidos em contar a história de Jesus àqueles que a reproduzirão, em suas línguas nativas, para os quatro cantos da Terra. 1 Emmett K. VandeVere, The Wisdom Seekers (Nashville, Tenn.: Southern Publishing Association, 1972), p. 31, 32; citado em Floyd Greenleaf, In Passion for the World: A History of Seventh-day Adventist Education (Nampa, Idaho: Pacific Press, 2005), p. 105, 106. 2 Veja, por exemplo, seus comentários para moças em Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 204. 3 Para uma descrição completa desse assunto, veja Pietro Copiz, “The Linguist” in J. N. Andrews: The Man and the Mission, ed. Harry Leonard (Berrien Springs, Mich.: Andrews University Press, 1985), p. 164-184. 4 Ver Ellen G. White, Carta 140 (1907), p. 2, em Manuscript Releases, v. 8, p. 103. 5 Australasian Union Conference Record, 28 de julho de 1899. Ideia similar foi expressa em Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 169. 6 Ellen G. White, Testemunhos Seletos, v. 3, p. 464. Essa seção está no apêndix C e representa uma carta escrita em 1934 por Wllie C. White, em resposta a perguntas levantadas por L. E. Froom. 7 Ibid. 8 Arquivo de cartas de William C. White v. 2, p. 245, citado em Arthur White, Ellen G. White, v. 3, “The Lonely Years (1876-1891)”, p. 436. 9 Para descrição de toda a história, veja p. 436-438. 10 Comunicação pessoal. 11 Comunicação pessoal. 12 Comunicação pessoal. 13 Comunicação pessoal. 14 Comunicação pessoal. 15 Ellen G. White, Manuscript Releases, v. 8, p. 328. Janeiro 2010 | Adventist World 19 C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S H á cerca de 35 anos, logo após minha conversão, precedida de uma formação católica e secular, encontrei a seguinte citação singular do Espírito de Profecia: “Os capítulos 12 e 13 de 1 Coríntios deveriam estar gravados na memória, escritos na mente e no coração.”1 Embora eu soubesse que 1 Coríntios 13 é o capítulo do “amor”, não sabia muito sobre seu antigo irmão que o precede. Ao começar a gravar, lentamente, suas lições em minha “mente e coração”, uma preciosa teologia da relação entre os dons do Espírito (como descrito em 1 Coríntios 12) e o fruto de Espírito (como descrito em 1 Coríntios 13) começou a emergir. Este artigo explora resumidamente a crença fundamental adventista número 17, a respeito dos dons espirituais e os ministérios. Em primeiro lugar, destaca a relação entre os dons e o fruto do Espírito, a qual dá uma visão geral dos fundamentos bíblicos e das crenças doutrinárias e, em seguida, fornece os recursos adicionais que ajudarão a colocar esses ensinamentos em prática. NÚMERO 17 Lista jDons de Deus de Por James Park Dons e Frutos: Que Relação há entre Eles? As Escrituras nos ensinam que o fruto do Espírito, o “caminho mais excelente” que Paulo menciona em 1 Coríntios 12:31, instila nossas ações com elevado valor diante de Deus (1Co 13:1-3). Afinal, Jesus disse a Seus discípulos no Sermão da Montanha: “Por seus frutos os conhecereis” (Mt 7:16). Os obreiros que demonstraram vários dons do Espírito, tais como profecia e milagres, sem “conhecê-Lo”, são rotulados de “malfeitores” (Mt 7:22, 23). Ellen White declara que “o objetivo da vida cristã é produzir frutos”,2 evidenciando, assim, a importância fundamental de ser em vez de fazer. Em nosso mundo hipercinético, todos os dias temos o privilégio de, como Maria, nos assentar aos pés de Jesus, que é uma escolha melhor do que a de Marta, de ser hospitaleira (Lc 10:42), que a levou a criticar sua irmã. Nos países budis- Pastor apaixonado e professor, James Park trabalhou na região de Los Angeles, EUA, por 25 anos, antes de aceitar o convite para lecionar no Instituto Adventista Internacional de Estudos Avançados, nas Filipinas. Atualmente, é presidente do Departamento de Teologia Aplicada e concentra seu ministério em pesquisas sobre discipulado e missão. 20 Adventist World | Janeiro 2010 Todos os membros estão incluídos tas, como a Tailândia, frequentemente digo aos membros da igreja que, a menos que tomemos tempo para aprofundar nossa vida espiritual e nos transformar em um “monge”, o estresse da vida cotidiana nos transformará em “monos”. Fundamento Bíblico Para os Dons Espirituais Há vários textos bíblicos-chave, que servem como base para a compreensão da crença fundamental dos dons espirituais. Primeiro de tudo, ela nos diz em 1 Coríntios 12:11 que o Espírito Santo determina quais dons são dados a cada um dos membros. Em termos práticos, pode ser dito que cada membro da igreja possui, pelo menos, um dom, mas ninguém tem todos os dons. Paulo usa a interdependência do corpo para abordar tanto a diversidade como a unidade que devem existir para que o organismo funcione bem. Os ensinos bíblicos sobre os dons espirituais evitam os extremos idênticos de esperar que todos façam a mesma coisa (como, por exemplo, sair para dar estudos bíblicos) ou que apenas alguns são chamados para fazer o trabalho da igreja. Há vinte dons específicos mencionados nas Escrituras e alguns deles são mencionados mais de uma vez. Romanos 12:6-8 lista sete dons: de profecia, serviço, ensino, exortação, liberalidade, liderança e misericórdia. Em adição a esses sete, 1 Coríntios 12:7-10 e 12:28-30 acrescentam onze dons: sabe- doria, conhecimento, fé, dom de curar, operação de milagres, profecia, discernimento, línguas, interpretação de línguas, apostolado, de socorrer e administração. Finalmente, Efésios 4:11 acrescenta dois dons: de evangelista e pastor. Enquanto alguns comentaristas se limitam à lista dos dons que são especificamente mencionados nesses textos, outros postulam que ainda há outros dons demonstrados na igreja do Novo Testamento, como hospitalidade, intercessão, missão, e esses também devem ser incluídos. Os dons recebidos por um indivíduo não devem ser estáticos. Como no caso de Paulo, eles podem ser concedidos pelo Espírito quando surge a necessidade de cura (At14:9, 10) ou de profecia (At 27:23-25). Penso que estaria em harmonia com as Escrituras que, se um indivíduo ou grupo de crentes tem necessidade de certo dom, eles podem orar para que o Senhor conceda o dom para os presentes ou envie outra pessoa que tenha esse dom específico, a fim de ministrar mais efetivamente. Os dons precisam ser valorizados e desenvolvidos. Paulo instou com Timóteo para “reavivar o dom” que havia sido dado a ele por meio da imposição de mãos (2Tm 1:6). Dons Espirituais: Aplicações Práticas Apesar da grande bibliografia sobre o assunto, o livro bem popular e de fácil leitura de Peter Wagner Spiritual Gifts Can Help Your Church Grow (Os Dons Espirituais Podem Ajudar Sua Igreja a Crescer) ainda é um clássico nessa área.3 Embora haja grande número de dons espirituais, tendemos a valorizar mais alguns deles, como o da cura, de falar em línguas e o de profecia, não oferecendo muito subsídio em como os dons espirituais devem ser compreendidos ou utilizados dentro da igreja local ou no do contexto do ministério. Uma excelente Dons e Ministérios Espirituais j e bem documentada abordagem de todas as áreas dos dons espirituais, denominada Connections (Conexões), é produzida por pastores e líderes adventistas do sétimo dia e pode ser acessada pela Internet.4 Há vários anos, eu queria ligar a máquina de lavar louça, mas descobri que o detergente da lavadora de louça havia acabado. Pensando que todos os detergentes fossem iguais, coloquei detergente de lavar roupa no local apropriado e saí feliz da vida. Quando voltei, pouco tempo depois, descobri que a lavadora de louça tinha se transformado em uma máquina de espuma e o chão da cozinha parecia invadido por uma nuvem. A doutrina dos dons espirituais nos ensina a importância de colocar a pessoa certa no lugar certo na igreja. Às vezes, muitos problemas surgem quando um diácono bem-sucedido assume o cargo de primeiro ancião. Como o detergente da minha lavadora de louça, o membro não é “mau”, mas incumbido de responsabilidades erradas. Após nos encorajar a decorar 1 Coríntios 12 e 13, Ellen White sugere que “Por meio de Seu servo Paulo, o Senhor colocou diante de nós esses assuntos para nossa consideração, e aqueles que têm o privilégio de estar unidos no âmbito da igreja, estarão unidos em compreensão e inteligência.”5 A compreensão bíblica dos dons espirituais nos unirá em discernimento e criatividade à medida que refletirmos mais e mais o espírito de serviço de Jesus e cumprirmos a missão de Deus para Sua igreja. 1 Ellen G. White, Comentário Biblico Adventista do Sétimo Dia, ed. F. D. Nichol (Washington, D.C.: Review and Herald, 1965), v. 6, p. 1090. 2 Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 67. 3 C. Peter Wagner, Spiritual Gifts Can Help Your Church Grow (Ventura, Calif.: Regal Books, 1979). 4 Acessar www.creativeministry.org/article.php?id=985 para maiores informações sobre o projeto e maneiras de obter o material. 5 White, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 6, p. 1090, 1091. Deus concede a todos os membros de Sua Igreja, em todas as épocas, dons espirituais que cada membro deve empregar em amoroso ministério para o bem comum da igreja e da humanidade. Sendo outorgados pela atuação do Espírito Santo, o qual distribui a cada membro como Lhe apraz, os dons proveem todas as aptidões e ministérios de que a igreja necessita para cumprir suas funções divinamente ordenadas. De acordo com as Escrituras, esses dons abrangem tais ministérios como a fé, cura, profecia, proclamação, ensino, administração, reconciliação, compaixão e serviço abnegado e caridade para ajuda e animação das pessoas. Alguns membros são chamados por Deus e dotados pelo Espírito para funções reconhecidas pela igreja em ministérios pastorais, evangelísticos, apostólicos e de ensino especialmente necessários para habilitar os membros para o serviço, edificar a igreja com vistas à maturidade espiritual e promover a unidade da fé e do conhecimento de Deus. Quando os membros utilizam esses dons espirituais como fiéis despenseiros da multiforme graça de Deus, a igreja é protegida contra a influência demolidora de falsas doutrinas, tem um crescimento que provém de Deus e é edificada na fé e no amor. (Rm 12:4-8; 1Co 12:9-11, 27, 28; Ef 4:8, 11-16; At 6:1-7; 1Tm 3:1-13; 1Pe 4:10, 11.) Janeiro 2010 | Adventist World 21 D E S C O B R I N D O O E S P Í R I T O D E P R O F E C I A Tornando os E s c r i to s d e E l l e n W h i t e um dom de Deus que pode ajudar os cristãos a conhecer Jesus e experimentar Seu amor, obedecendo a Seus ensinamentos em resposta à maravilhosa graça de Deus. Escritos de Ellen G. White Para Jovens Leitores Por Cindy Tutsch para Eles não podem ser apreciados se não forem lidos pelas crianças “Perguntei aos meus alunos da classe bíblica qual a impressão que tinham sobre Ellen White, e o que ouvi foram grunhidos e vaias!” Assim Kameron DeVasher descreveu a reação dos adolescentes de sua escola ao ouvir o nome de Ellen White. “Então”, continuou Kameron, “perguntei aos meus alunos para ampliar a resposta deles. ‘Por que vocês têm essa reação aos escritos de Ellen White? Que tipo de experiência tiveram com seus escritos que provocou tal reação negativa?’” Kameron disse que houve um sonoro zum-zum-zum e alguns comentários do tipo: “Ela é muito rigorosa, rígida e legalista, além de ser chata.” “Está bem”, disse Kameron. “Então vamos fazer uma lista de todas as características de que você pode se lembrar em relação à Sra. White e dos seus escritos, e vamos escrevê-las na lousa.” Depois que todos deram sua opinião, Cindy Tutsch é diretora associada do Centro Ellen G. White da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Ela gosta de trabalhar com mentes jovens e inquisitivas. 22 Adventist World | Janeiro 2010 Kameron disse: “Baseados em quê vocês fizeram essa avaliação?” E pressionou ainda mais: “Quais são os livros de Ellen White que vocês leram?” Finalmente, a classe admitiu que seu preconceito era baseado principalmente no que outros haviam dito sobre Ellen White e não por terem, eles mesmos, lidos seus livros. A essa altura, Kameron sugeriu que a classe começasse um estudo sobre o livro O Desejado de Todas as Nações, de autoria da Sra. White, para que fizessem uma avaliação com base na experiência pessoal. E o resultado? Os alunos descobriram que os livros sobre a vida de Cristo, escritos por Ellen White, tiveram um impacto relevante e imediato em sua vida espiritual. Muitos começaram a sublinhar e marcar seus livros e estavam sempre interessados em debater seus trechos preferidos nas discussões de classe. A Igreja Adventista do Sétimo Dia defende que os escritos de Ellen White preenchem os requisitos bíblicos da confissão em Cristo e estão em harmonia com as Escrituras.1 Os adventistas creem que Ellen White comunica a mensagem vinda de Deus, por meio de seus escritos, para edificação, encorajamento e consolidação da igreja. Por isso, é importante que os adolescentes e mesmo as crianças pequenas compreendam que seus escritos são Então, como apresentar os escritos de Ellen White às crianças? Primeiro, não subestime a habilidade das crianças de apreciar o que ela escreveu, quando isso for apresentado de tal modo que permita a participação delas. Recentemente, reuni um grupo de crianças de 10 a 13 anos de idade, para ler e discutir a primeira visão de Ellen White, encontrada nas páginas 13 a 20 de Primeiros Escritos. Dei a cada criança uma linda cópia do livro e convidei-as a ler o parágrafo em voz alta. Durante a leitura, todos podiam fazer perguntas ou comentar sobre algo que estavam ouvindo. Houve tanta discussão que precisei limitar o grupo a um comentário por parágrafo, para que pudéssemos terminar as seis páginas numa tarde!2 Recursos Algumas crianças e até mesmo adolescentes realmente têm dificuldade para ler e compreender a linguagem do século XIX usada por Ellen White. Para que a comunicação com os jovens leitores obtenha sucesso, o Centro Ellen White tem trabalhado com editores e autores selecionados para publicar vários de seus livros em linguagem contemporânea. Sentenças e parágrafos foram condensados e a linguagem, modernizada. Todo esforço, porém, tem sido feito para ser fiel ao conteúdo, às ideias e aos princípios estabelecidos por Ellen White. Sua ideia foi sempre preservada. Essas adaptações não têm o intuito de tomar o lugar das publicações originais, mas para apresentar Ellen White às crianças numa linguagem que possam compreender. Desse modo, espera-se que os jovens leitores achem seus escritos atraentes, interessantes e inspiradores, levando-os a explorar os profundos tesouros espirituais que se acham nos escritos originais. Crianças de 8 a 14 anos de idade, que têm acesso à Internet, podem apreciar a revista sobre Ellen White, no site www. whitestate.org/vez. Por meio de histórias, citações adaptadas, quebra-cabeças, perguntas e respostas, pesquisa bíblica e mesmo por meio das contribuições online das crianças, os escritos de Ellen White se tornam vivos e interessantes para as crianças. O Centro White está preparando versões em áudio dos livros adaptados e originais de Ellen White, para que as crianças e os jovens possam baixar da Internet, gratuitamente, nos seus MP3 players. Esses livros em áudio poderão ser acessados em breve no site www.whiteestate.org (em inglês). O Centro White – Brasil oferece uma versão em português da revista Visionary for Kids, chamada Visionário Teen e conta com adaptações de artigos, conteúdos brasileiros e vídeos. Além disso, no próprio site da Revista é oferecido um Suplemento Pedagógico destinado a professores de Ensino Religioso e Escola Sabatina. O site é www.centrowhite.org.br/visionario. Poder das Histórias Gosto de contar histórias sobre Ellen White para as crianças, permitindo, às vezes, que elas façam uma dramatização. Se você for convidado para contar a história da adoração infantil na sua igreja, tente contar uma história sobre a extraordinária vida de Ellen White. É muito provável que muitos adultos de sua congregação nunca ouviram falar ou já se esqueceram da história e também podem ser beneficiados com a lembrança do cuidado de Deus para com a mensageira que Ele escolheu. Você sabia, por exemplo, que Ellen White permitia que os alunos que moravam em sua casa fizessem “guerra de travesseiros” uma vez por semana? Ou que sua visão mais rápida foi a localização de uma rede de cabelo roubada por um dos alunos internos? Ou que a última de suas duas mil visões foi sobre o grande amor de Deus pelos jovens e Seu desejo de que estejam salvos em Seu reino? Os Centros de Pesquisa Ellen G. White, localizados em todas as divisões da Igreja Adventista do Sétimo Dia, têm objetos, pinturas e mobílias que pertenceram a Ellen White, seus escritos e sua contribuição para a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Pense em organizar uma excursão para um desses centros com as crianças e jovens de sua família ou de sua igreja. Se você mora na América do Norte, talvez possa planejar, nas férias da família, fazer uma visita ao Centro White da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, onde as crianças podem ver a Bíblia que Ellen White segurou numa visão, um grande mural com sua primeira visão e outras curiosidades sobre a vida dela. Ou visite Elmshaven, a casa de Ellen White no norte da Califórnia, perto do Pacific Union College, ou a Vila Histórica Adventista, em Battle Creek, Michigan, ou faça uma “podcast tour” pelos sites da Herança Adventista no nordeste dos Estados Unidos, apresentado por Kaili Kimbrow, de 11 anos de idade.3 O Centro White Brasil foi recentemente reinaugurado. Ali encontram-se a réplica da grande Bíblia que EGW segurou, fotos dela e de sua família, das casas onde morou e terminais de áudio e vídeo com mídias abordando o tema. Visitas virtuais podem ser acessadas pelo site www.memoriaadventista.com.br. De Volta à Sala de Aula Voltemos à sala de aulas de Kameron DeVasher, onde os alunos, inicialmente, estavam relutantes em ler qualquer coisa escrita por Ellen White. Qual foi sua reação quando você leu que ele permitiu – sim, e encorajou – os alunos a expressarem seus sentimentos positivos e negativos sobre Ellen White? Antes que o senso da razão adulta suba a níveis elevados, considere essa citação instrutiva da pena de Ellen White: “Deve ser dada aos jovens a chance de expressar seus sentimentos.”4 Kameron, porém, não parou de ensinar após ter permitido que seus alunos “expressassem seus sentimentos”. Ele os incentivou a “provar e ver”, por eles mesmos, quão benéficos são os escritos de Ellen White para o crescimento espiritual de cada um, não baseados na opinião de outros, mas na própria experiência. Por encorajar seus alunos a ler, resumir, sublinhar e discutir os conceitos espirituais encontrados nos escritos da profetiza, muitos deles mudaram totalmente de opinião em relação ao dom de profecia. A tarefa de ensinar nossas crianças a apreciar a divina palavra profética requer esforço, criatividade, persistência, bondade, paciência e tenacidade. Mas terá valido a pena quando pais, professores e tutores virem “a coroa, as vestes, a harpa, dadas aos filhos. Os dias de esperança e de temor findaram. A semente semeada com lágrimas e orações pode parecer ter sido semeada em vão, mas sua ceifa é realizada com alegria, afinal. Seus filhos foram remidos.”5 1 Crenças Fundamentais Adventistas (Boise, Idaho: Pacific Press, 2005), p. 247. 2 Você pode encontrar a discussão, na íntegra, no site www. whiteestate.org/vez/jul08/podcast/podcast.html, ou a versão condensada www.youtube.com/watch?v=UbP4M2DAaCo. 3 Veja www.whiteestate.org/vez/apr09/podcast/podcast.htm. 4 Ellen G. White, Counsels on Sabbath School Work (Washington, D.C.: Review and Herald, 1938), p. 69, 70. 5 Ellen G. White, Orientação da Criança, p. 569 Livros de Ellen G. White em português, apropriados para ■ Deus e o Anjo Rebelde – O Grande Conflito para crianças, de autoria de Sally P. Dillon (2005) ■ Histórias de Minha Avó – Recordações Felizes de Ellen G. White (2001), de autoria de Ella Robinson (neta de Ellen G. White) ■ Perguntas que Eu Faria à Irmã White – As indagações que você faria, respondidas por declarações selecionadas dos escritos de Ellen G. White. Esse livro é mais antigo, mas é bastante curioso. ■ O Resgate – Inspiração Juvenil de 2006, de autoria de Neila D. Oliveira. Esse devocional se baseia nos textos dos livros Patriarcas e Profetas, Profetas e Reis e O Desejado de Todas as Nações para contar ao juvenil a história da salvação humana através do resgate efetuado por Jesus. ■ Eu conheço a minha história – programa do Ministério da Criança e Adolescente da DSA sobre a história da igreja para crianças e juvenis. Disponível no site: http://www.portaladventista.org/ ministeriosdacrianca/index.php?option=com_content&task=view&id=16&Itemid=13 Janeiro 2010 | Adventist World 23 H E R A N Ç A A D V E N T I S T A Mineápolis, Um Divisor de Águas na História Adventista P or mais de cem anos, os adventistas do sétimo dia consideram a Assembleia da Associação Geral de 1888 um divisor de águas em sua história, um importante marco em seu desenvolvimento teológico. Do ponto de vista teológico, é considerada a assembleia mais importante da história. Com duração de menos de um mês, tanto a assembleia de Mineapólis (17/10 – 4/11) como o instituto ministerial que a precedeu (10 a 16/10) mudaram o formato do Adventismo. Eventos que Levaram a Mineápolis Após o grande desapontamento de 1844, nossos pioneiros concentraram sua pregação em verdades importantes, as então chamadas verdades fundamentais: o santuário, o espírito de profecia, as três mensagens angélicas, a imortalidade condicional, o segundo advento e o sábado. A salvação e justificação pela fé foram mantidas em segundo plano porque essas verdades eram ensinadas pela maioria das outras igrejas. Por que ensinar um batista ou metodista sobre salvação, se eles já estavam familiarizados com isso? O que eles não sabiam era sobre o sábado, o estado dos mortos, a verdade do santuário, etc. Assim, nossos pioneiros priorizaram as doutrinas que nos distinguiam, especialmente o sábado e os Dez Mandamentos. Infelizmente, por causa da grande ênfase na lei e do declínio espiritual, não poucos se tornaram decididamente legalistas. Orgulho, autoconfiança e satisfação própria invadiram 24 Adventist World | Janeiro 2010 Por Gerhard Pfandl 1888 nossas fileiras. Havia grande necessidade de uma experiência viva com Cristo, a alegria e paz que resultam do relacionamento com Ele. A lei e a guarda da lei tornaram-se as coisas mais importantes. Ellen White, vendo a situação, escreveu: “Como povo temos pregado sobre a lei até nos tornarmos secos como as colinas de Gilboa, que não tinham nem chuva ou orvalho. Devemos pregar Cristo na lei.”1 Concílio Ministerial (10 a 16 de Outubro de 1888) Quando pensamos em Mineápolis, dois nomes vêm à mente: A. T. Jones e E. J. Waggoner. Ambos eram muito amigos e editores da Signs of the Times (Sinais dos Tempos), na Califórnia. Alonzo T. Jones, 38 anos, havia servido o exército americano e era grande autodidata. Elliot J. Waggoner, 33, em contraste, teve educação clássica, estudou medicina e havia trabalhado, por um tempo, no Sanatório de Battle Creek. Seu coração, porém, estava no evangelismo. Por isso, ele mudou de profissão e se tornou pastor. Nas reuniões de trabalho durante a semana que precedeu a Assembleia da Associação Geral, o ponto que dividiu o corpo ministerial foi um conflito sobre a lei de Gálatas 3:24. A questão era: Qual lei é mais importante – a lei moral ou a cerimonial? Em 1886, O. A. Johnson publicou um artigo na Review and Herald intitulado “As Duas Leis”, no qual declarou “que a lei em Gálatas é a lei cerimonial.”2 Poucos meses mais tarde, E. J. Waggoner escreveu uma série de nove E L L E N G . W H I T E E S TAT E artigos na Sings, onde defendia a ideia de que a lei em Gálatas é a lei moral. Ellen White, que na época morava em Basel, Suíça, escreveu uma carta de reprovação aos dois editores na Califórnia por publicarem artigos que revelavam ao mundo a divergência quanto a certas doutrinas por parte das duas revistas da igreja. Ela não defendeu um lado nem outro; simplesmente não gostou do modo com que agiram. Quem estava certo? A resposta é: ambos. Ambas as leis apontavam para Cristo. Oito anos mais tarde, em 1896, Ellen White escreveu: “Nessa passagem (Gálatas 3:24), o Espírito Santo, pelo apóstolo, Se refere especialmente à lei moral. A lei nos revela o pecado, levando-nos a sentir nossa necessidade de Cristo e a fugirmos para Ele em busca de perdão e paz.”3 Mas, em 1888, ela se recusou a dar uma resposta, provavelmente porque, na época, ela mesma não soubesse. Assembleia de Mineápolis A assembleia foi convocada para a quarta-feira, 17 de outubro. Cerca de 90 delegados representavam 27 mil membros de igreja. O progresso dos novos campos missionários, a distribuição de tarefas, o evangelismo nas cidades, um novo navio para o Sul do Pacífico (Pitcairn) e muitos outros itens foram discutidos. Hoje, porém, todos os assuntos rotineiros da assembleia estão no esquecimento. Aquilo de que ainda nos lembramos é: “em Sua grande misericórdia, enviou o Senhor preciosa mensagem ao Seu povo por intermédio dos pastores Waggoner e Jones. ... Apresentava a justificação pela fé no Fiador (Cristo); convidava o povo para receber a justiça de Cristo que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus.”4 Foi solicitado que Waggoner apresentasse uma série de palestras sobre justificação pela fé. Não sabemos exatamente o que Waggoner disse, porque todos os estudos bíblicos das assembléias da Associação Geral começaram a ser gravados somente em 1891, mas, levando em conta o que ele escreveu antes e depois de Mineápolis, temos uma ideia aproximada do que ele ensinou. Até 1888, era amplamente ensinado que a justiça aceitável a Deus poderia ser alcançada (com a ajuda do Espírito Santo, é claro) pela obediência aos mandamentos. Em outras palavras, a santificação era vista como a base da salvação. A obra justificadora de Cristo era vista, principalmente, em relação aos nossos pecados do passado. Um artigo anônimo em uma das primeiras Signs of the Times declarou: “Como todos violaram a lei de Deus e não podem, por si mesmos, render obediência às Suas justas exigências, somos dependentes de Cristo; primeiro, pela justificação de nossas ofensas passadas, e, segundo, pela graça pela qual rendemos obediência aceitável à Sua santa lei para sempre.”5 Agora, Waggoner chega e diz: (1) a obediência humana nunca satisfaz a lei de Deus; (2) somente a justiça imputada de Cristo é a base de nossa aceitação por Deus; e (3) neces- sitamos constantemente da proteção da justiça de Cristo, não apenas por nossos pecados passados. Qual foi a reação de seus ouvintes? Alguns aceitaram a mensagem e apoiaram Waggoner (E. G. White, W. C. White, S. N. Haskell, e alguns mais); outros rejeitaram a mensagem (U. Smith, J. H. Morrison, L. R. Conradi), mas a maioria ficou indecisa; não sabiam em que acreditar. Os que se opuseram à mensagem foram bem francos. A certa altura, Ellen White ficou tão desanimada que desejou ir embora, mas o anjo do Senhor disse a ela: “Não! Deus tem uma obra para você neste lugar. Esta gente está agindo como na rebelião de Corá, Datã e Abirão.”6 Mais tarde, a maioria dos que se opuseram à mensagem mudaram de atitude e aceitaram a mensagem da justificação pela fé, embora alguns tenham deixado a igreja. Após a assembleia de Mineápolis, a Sra. White se uniu a A. T. Jones e E. J. Waggoner para levar a mensagem da justificação pela fé às igrejas. Eles visitaram reuniões campais, reuniões de obreiros e escolas bíblicas de costa a costa. Em 1889, ela escreveu: “Nunca vi uma obra de reavivamento ir adiante com tanta eficácia, e ao mesmo tempo permanecer livre de toda euforia imprópria.”7 Depois de Mineápolis, foram produzidos muitos livros sobre justificação pela fé. Por exemplo, Caminho a Cristo e O Desejado de Todas as Nações. Compreender o que aconteceu em Mineápolis é importante porque algumas pessoas, hoje, alegam que a igreja rejeita a mensagem de Mineápolis e reivindicam um arrependimento corporativo. Outros alegam que a natureza de Cristo era o ponto-chave da mensagem de Waggoner. Em seu livro Christ and His Righteousness (Cristo e Sua Justiça), publicado em 1890, Waggoner sugere que Cristo assumiu a pecaminosidade carnal com tendências pecaminosas. Mas alega-se que a igreja rejeitou essa mensagem porque nunca aceitou oficialmente que Cristo tivesse tendências pecaminosas. Entretanto, não há evidência de que Waggoner falou sobre a natureza de Cristo em Mineápolis. Sua ênfase foi na relação entre a justiça de Cristo e a lei. Mineápolis foi um divisor de águas na história da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Por meio de Waggoner e Jones, apoiados por Ellen White, a igreja foi salva de uma compreensão incompleta do evangelho. “Christ Prayed for Unity Among the Disciples”, Review and Herald (11 de março de 1890). “The Two Laws”, Review and Herald (16 de março, 1886). Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 234. 4 Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 91, 92. 5 “Fundamental Principles”, Signs of the Times (4 de junho de 1874). 6 Carta 2a, 1892. 7 Review and Herald (5 de março de 1889). 1 2 3 Gerhard Pfandl, natural da Áustria, é diretor associado do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, em Silver Spring, Maryland, EUA. Janeiro 2010 | Adventist World 25 P E R G U N TA S B Í B L I C A S P E R G U N T A : Ouvi algumas pessoas falando sobre apostasia. O que é isso? A próximo do termo “apostasia” é meshûbah. Baseia-se no verbo shûb, que significa “virar”. Por um lado, esse verbo é usado para expressar a ideia de arrependimento, como “tornar” ou “retornar” para o Senhor. Por outro lado, a pessoa que “vira as costas” para o Senhor comete meshûbah, apostasia. A apostasia pode ser o resultado da aceitação de crenças espúrias ou de falsos mestres (1Tm 4:1), ou voltar ao estilo de vida corrupto do mundo (2Pe 2:20-22). Ela também pode ser o resultado de perseguição (Mt 24:9, 10), um coração incrédulo (Hb 3:12), compromisso superficial com Cristo (1Jo 2:19) e não prestar atenção na Palavra de Deus (Hb 2:1). 3. Manifestações de Apostasia: Quando associada à heresia, a apostasia é a visível rejeição da verdade. A Bíblia enfatiza duas das expressões mais comuns. A primeira é a prática do falso culto (Jr 3:6). O verdadeiro Deus é rejeitado ou adorado quando se adora deuses pagãos. No Antigo Testamento, essa era a forma mais comum de expressar a apostasia e era considerada uma violação da aliança. A religião canaPor nita predominante exercia Angel Manuel poderosa influência sobre Rodríguez muitos israelitas, levando-os a se separar do Senhor. Para o Senhor, esse era um caso de infidelidade marital espiritual, resultando em separação permanente (Jr 3:6-8). A segunda expressão de apostasia era confiar, para preservação, nos poderes políticos de outras nações, e assim, negar o poder de Deus para salvar (Os 8:9). Ao fazer isso, a nação estava “se esquecendo do Senhor”, agindo perversamente, voltando à escravidão do Egito e se virando contra Ele (Jr 2:17-19). Em ambos os casos, Deus foi abandonado e Seu povo abraçou novos poderes. Muito provavelmente por auto-ilusão, eles ainda criam que estavam sendo leais ao Senhor (Jr 3:23, 24). Provavelmente, são estas as duas expressões mais enganosas e infelizes de apostasia. Ela promove falsidade em nome do Senhor e, como consequência, muitos são enganados. Embora a apostasia vá aumentar no mundo cristão (2Ts 2:3), podemos permanecer leais a Deus mediante o poder do Cordeiro. palavra “apostasia” vem do grego apostasía, que quer dizer “rebelião”. Nas Escrituras, ela tem um teor religioso que merece ser explorado. Na teologia cristã, os reformadores a usavam para descrever a condição da igreja durante a Idade Média, mas ela também se tornou importante entre os que promovem dupla predestinação, o conceito de que Deus escolheu alguns para a salvação e outros para a destruição. Argumentam que os eleitos para a salvação nunca se separam da graça; não vão se apostatar. Não posso falar aqui sobre os pormenores dessas afirmações, mas descreverei alguns aspectos do conceito de apostasia nas Escrituras. 1. Apostasia e Heresia: É importante distinguir apostasia de heresia como termos religiosos. Heresia é comumente compreendida como variação ou falsificação da verdade bíblica. Pressupõe-se que um corpo de verdades bíblicas é válido para todos e que ninguém tem o direito ou autoridade de alterá-lo. Também se assume que há um critério para distinguir a verdade da falsificação ou variação. Na história cristã, dois instrumentos específicos foram considerados como investidos dessa autoridade. A primeira foi o ministério de ensino da igreja cristã. Isso quer dizer que a igreja, por meio de seus líderes religiosos, interpretava e definia as verdades para os fiéis. Essa prática foi rejeitada pelos reformadores. O segundo instrumento é a Escritura. A Bíblia é o único e exclusivo meio pelo qual a verdade é definida e a falsidade, identificada. Os adventistas aceitam a última posição. A apostasia incorpora a ideia que a heresia apenas resume, mas aponta para o momento em que a presença da heresia é tão abundante e radical que se considera que as pessoas estão totalmente separadas da verdade bíblica e de Cristo como a verdade. Nesse caso, há uma separação da verdade e da graça salvadora de Deus. A apostasia é o resultado de um lento processo de deserção espiritual das verdades bíblicas. 2. Terminologia Associada à Apostasia: A Bíblia usa muitos verbos para expressar a ideia de apostasia. Entre eles, “virar as costas” (Mt 24:10), “deixar” (1Jo 2:19), “esquecer” (Dt 31:16), e “rebelar-se” (Ez 2:3). O termo hebraico mais O Que é Apostasia? 26 Adventist World | Janeiro 2010 Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral. E S T U D O A Eterna B Í B L I C O Recompensa apocalipse Por Mark A. Finley do A Bíblia começa falando sobre um mundo perfeito. Antes da entrada do pecado, de acordo com Gênesis 1 e 2, nossos primeiros pais, Adão e Eva, desfrutavam da comunicação direta com Deus. Após o pecado, essa comunhão com Deus foi quebrada. Doença, sofrimento, tristeza e morte entraram em nosso mundo. Em Apocalipse 21 e 22, a Bíblia termina onde começou. Um dia, como resultado da vitória de Jesus sobre Satanás, por Sua vida, morte e ressurreição, o domínio do mal será quebrado. Não haverá mais morte ou pecado. A lição deste mês reverá “A Recompensa Eterna do Apocalipse”. 1. O que João viu em sua visão profética? “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21:1). João viu um novo e nova . Deus deu aos profetas bíblicos um vislumbre da eternidade. Além de João, tanto Isaías como Pedro tiveram uma visão de novos céus e nova terra (veja 2Pe 3:13; Is 65:17). 2. Quando João viu a cidade santa, feita nova, descendo do Céu para a Terra, que três coisas disse a grande voz vinda do Céu? “Então ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles” (Ap 21:3). a. Eis o de com os homens. b. Deus c. Eles serão com eles. de Deus e Deus mesmo com eles. O que Apocalipse 21:3 significa para você? O que será ver Jesus? Escreva suas ideias no espaço abaixo. 3. Como resultado do pecado, nosso mundo está cheio de tristeza, dor e morte. Que promessa Deus nos faz em relação a novos Céus e Nova Terra? “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21:4). Deus enxugará dos olhos pois as . E não haverá mais , coisas . Pense o que será viver na Nova Terra! Não haverá mais temor. O sofrimento será coisa do passado. A morte será banida para sempre. Janeiro 2010 | Adventist World 27 4. Nós teremos tristes memórias na Nova Terra? “E Aquele que está assentado no trono disse: eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21:5). “Pois eis que Eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas” (Is 65:17, 18). Deus fará todas as coisas. Não haverá das coisas passadas. 5. Quais são as duas características especificadas em Apocalipse 21 dos que entrarão no Céu e Nova Terra? “O vencedor herdará estas coisas, e Eu lhe serei Deus e ele Me será filho”(Ap 21:7). “Nela nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no livro da vida do Cordeiro” (Ap 21:27). Os elementos indispensáveis para a eternidade estão listados aqui: O herdará todas as coisas. Apenas os que estão inscritos no Livro da do . Vencer é permitir que Jesus viva em nossa vida e ter comunhão diária com Ele. Ter nosso nome escrito no Livro da Vida do Cordeiro é aceitar Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Se formos a Jesus e permanecermos nEle, um dia, permaneceremos com Ele para sempre. 6. De todas as alegrias do Céu, qual será a maior? “Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os Seus servos O servirão, contemplarão a Sua face, e na sua fronte está o nome dEle” (Ap 22:3, 4). Eles verão o Seu , e o Seu nome estará na deles. 7. Que promessa eterna Deus faz a cada um de Seus crentes fiéis? “Então já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do Sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos” (Ap 22:5). Os que seguirem a Deus para sempre com Ele. O Céu será um lugar maravilhoso. A maior de todas as alegrias será viver com Jesus e estar em Sua presença por toda a eternidade. Nada é mais compensador do que nos encontrar com Jesus, que nos redimiu, e louvá-Lo para sempre. Por que não renovar nosso compromisso com Ele e agradecer-Lhe por Sua promessa de eliminar o pecado e a tristeza e confessar nossa intenção de morar para sempre com Ele? No próximo mês, iniciaremos nova série de estudos bíblicos sobre “Uma Jornada Através do Gênesis.” 28 Adventist World | Janeiro 2010 Intercâmbio Mundial C A R TA S Ideias Parabéns pelo artigo do Pastor Jan Paulsen sobre os adolescentes e jovens, “Por que Eles Saem?” (outubro de 2009). Ele poderia escrever mais sobre esse assunto, inclusive preparar um seminário sobre o tema, com discussão e estratégias para a igreja, pais e professores. A entrevista de Claude Richili com Sylvain Romain, “O Adventismo na Albânia Pós-Comunista”, poderia vir em um pequeno livro sobre fé e mártires da Igreja Adventista (temos muitos). Estou falando sobre a história do jovem albanês que se tornou adventista e decidiu voltar para seu país para espalhar as boas novas sobre Jesus, sabendo que enfrentaria perseguição. Que Deus abençoe essa revista e as pessoas que a preparam. Sileide France Turan Curitiba, Paraná, Brasil uma das jovens de meu curso de Bíblia. O hino brotou tão forte em seu coração, que ela o cantava como se ele fosse a descrição de sua própria história. Lágrimas vieram aos olhos dos membros da igreja, como se esse fosse um momento de verdade, honestidade e profunda convicção. Hoje, tudo o que posso fazer é tentar manter contato e orar para que a mensagem daquela música volte para ela, e para o coração de muitos outros jovens adultos. Deus os quer de volta. Oro para que a igreja tenha sempre os braços abertos e um coração caloroso e cheio de amor para continuar buscando aqueles que não mais vemos na igreja. Marianne Kolkmann Trondheim, Noruega Não se Esqueçam de Nós Muito trabalho está sendo realizado na Etiópia, mas nunca li um único artigo sobre isso. Há muitas histórias que poderiam dar um artigo surpreendente na Adventist World. Deus está em todos os lugares operando misteriosamente. Quero desejar-lhes tudo de bom em nome de todos os irmãos e irmãs adventistas da Eliópia. Pessoalmente, quero acrescentar minha gratidão porque essa revista me dá a motivação para ler mais e mais a Bíblia. Eyob Aga Adis-Abeba, Etiópia Jovens Trabalhando Fiquei feliz ao ler sobre o Projeto Elias (Adventist Wolrd, março de 2009). É maravilhoso saber que os jovens de nossa igreja estão falando de Jesus para o mundo. Gostaria que vocês soubessem que aqui, no nordeste do Brasil, há uma iniciativa semelhante. É a Missão Calebe. Durante as férias de janeiro e julho, os jovens se dedicam fielmente ao evangelismo, deixando seus lares e indo a lugares, perto e longe, obedecendo à ordem do Mestre: “Ide a todo o mundo e pregai Comentário Obrigado pelo artigo oportuno, “Por que Eles Saem?” Quando olho para os anos em que fui abençoada por trabalhar no ministério jovem, fico triste em dizer que há muitos jovens que conheci que decidiram que a igreja não é para eles. Na minha lista de amigos do Facebook, posso ver vários ex-alunos que tocavam para elevar o espírito das pessoas a Deus; os que compunham canções, que faziam parte da vida da igreja por meio do ministério criativo deles. Muitas vezes temos a impressão de que as pessoas com habilidades musicais são mais inclinadas a deixar a igreja. Tenho um hino gravado em minha mente: “Leve-me à Cruz”, cantado por Oro para que a igreja tenha sempre os braços abertos e um coração caloroso e cheio de amor. — Marianne Kolkmann Trondheim, Noruega Janeiro 2010 | Adventist World 29 Intercâmbio Mundial C A R TA S o evangelho.” Os resultados são muitos batismos e jovens com o espírito renovado, esperando pelo retorno de Jesus. Karlla Tathiana Fires, Paraíba, Brasil Como as Folhas de Outono É um prazer escrever esta carta para vocês pela primeira vez, desde que o Senhor me chamou para Seu serviço. Estamos pregando o evangelho para que nossos amigos conheçam o verdadeiro Jesus e Sua salvação para este mundo perdido. Estamos pregando aqui em Malavi e também em Moçambique. As pessoas estão recebendo Jesus como seu Senhor. Queremos que este evangelho seja pregado em todos os lugares. Oramos ao Senhor para que nos guiasse. Fizemos isso por três dias. No quarto dia, vimos um papel jogado na rua; eram as páginas 29 e 30 da Adventist World de junho de 2006. Nossa oração era pedindo ao Senhor que nos desse amigos que nos ajudassem a pregar o evangelho. Foi assim que o Senhor nos mostrou vocês (Sl 143:8). Pedimos que orem por nós para que as portas se abram. Gostaríamos também de receber a Adventist World. Incluam-nos na sua lista de endereços. Precisamos receber notícias de vocês. Charles Pengani Mulomga, Phalombe, Malavi Apreciação Cordiais saudações, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Obrigado pela revista Adventist World, pela mensagem de paz e inspiração para nossos irmãos. Esta é uma revista muito proveitosa. Estou incluindo fotografias de uma atividade missionária, realizada por nossa união, e denominada Dia Portorriquenho da Bondade. Hector Matías Río Piedras, Porto Rico Cartas para o Editor – Envie para: [email protected] As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com 250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo, data da publicação e número da página em seu comentário. Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas. O LUGAR DE ORAÇÃO Por favor, orem por meu pai, que é viciado em bebida alcoólica. Ele concordou em estudar a Bíblia e em assistir a uma série de conferências. Orem para que Deus fortaleça esse desejo que nasceu em seu coração e que ele aceite nossa fé. Ana, Brasil Por favor, orem por mim para que eu possa deixar essa vida de refugiado. Sei que um dia Deus ouvirá minha oração. Ninguém pode me impedir de ir aonde Deus quer que eu vá. Dawit, Etiópia Muito obrigada pelas orações e graças a Deus por respondê-las. Por várias vezes vocês oraram por minha mãe. Ela se submeteu a um exame de ressonância magnética por imagem faz alguns dias 30 Adventist World | Janeiro 2010 e o médico disse que seu câncer não retornou. De fato, ela está melhorando. Deus seja louvado! Michele, Estados Unidos Fui batizado há dois anos. Após, fiz amizade com alguém que me levou à bebida e ao cigarro. Quero mudar, mas estou encontrando dificuldade para abandonar o vício. Tenho problemas de consciência. Orem por mim. Phumzile, África do Sul Meus irmãos, irmãs e eu vivemos em desespero sem ter onde dormir, nada para vestir e muito pouco para comer. Moramos perto de uma prisão e, às vezes, pegamos as sobras da comida dos prisioneiros. Estou orando para que Deus nos ajude. Doreen, Uganda Vocês oraram por minha irmã quando ela ia ter bebê. Ela teve um parto perfeito e tudo está bem, com a graça de Deus. Obrigado. Malcolm, Granada Pedi orações por minha irmã que estava fazendo exames na Comissão Própria de Avaliação (CPA). Ela me enviou um e-mail dizendo que passou no conselho. Agradecemos as orações enviadas ao Céu. Nathaniel, Emirados Árabes Unidos Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo, 75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material: envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA. E M D I A C O M A AW R ( R Á D I O M U N D I A L A D V E N T I S TA ) Medalhista Olímpica Conduz Pessoas a Cristo E ugênia foi jogadora profissional de handball na seleção da ex-União Soviética. Com seu time, o Spartak de Kiev, Ucrânia, ganhou muitos títulos. Hoje, está aposentada do esporte profissional. Mora em Israel e trabalha como voluntária, produzindo programas de rádio sobre saúde para a AWR, FM (Rádio Mundial Adventista). Eugênia Tovstogan nasceu em Moscou, Rússia. Como jovem atleta, muito promissora, mudou-se para Kiev a fim de estudar na melhor colônia de handball soviética e treinar para se tornar uma das melhores jogadoras. Com 16 anos, começou jogando para o Spartak, time de handball soviético mais famoso de todos os tempos. Nesse time, ganhou seis campeonatos para a URSS, cinco Eurocopas e muitas outras medalhas. O bronze olímpico, que normalmente é sucesso para qualquer competidor, tornou-se grande desapontamento na vida dos jogadores. As Olimpíadas de Seul eram a última chance para o time soviético, uma vez que o país se esfacelou alguns anos depois. Como a maioria de seus colegas de time, Eugênia foi deixada à sua própria sorte para lutar pela sobrevivência e, se possível, encontrar um novo time. Em 1991, ela se mudou para Berlim, Alemanha, onde jogou por três anos. Para surpresa dela, a mãe foi visitá-la em Berlim e permaneceu por dois meses com ela. Sua mãe havia se tornado adventista do sétimo dia e durante aqueles dois meses contou à filha suas novas descobertas. Eugênia mudou-se para a França em 1993. Com essa mudança, ela decidiu também mudar seu estilo de vida. Começou a ler a Bíblia todos os dias e, em pouco tempo, decidiu não treinar aos sábados. Isso lhe custou muito caro: teve que deixar o time. Eugênia concluiu que o único lugar em que poderia jogar handball profissionalmente e guardar o sábado seria Israel. Graças aos contatos feitos com alguns amigos, ela se mudou para Israel. Poucas semanas antes da mudança, em 1996, Eugênia foi batizada em Kiev. Em Israel, ela jogou handball até o fim de sua carreira, no ano 2000. Hoje, Eugênia diz: “Creio que, através do rádio, posso ajudar as pessoas a compreender a mensagem adventista sobre saúde, o que pode lhes proporcionar uma vida mais feliz. Desse modo, quero contar a todos sobre o prêmio que pode ser ganho por todos. Há uma medalha de ouro, mas não para uma pessoa só. Esta é para todos; todos podem ganhá-la e sei que não há outro prêmio no mundo que possa se igualar a esse. Estou sonhando com o dia em que poderei ficar sob a bandeira celestial, como vencedora, junto com milhares de outros, para cantar o hino que ainda não conhecemos, mas que todos saberemos, quando estivermos ali reunidos, diz a Bíblia.” — Por Tihomir Zestic, diretor da AWR na Região da Europa R Á D I O M U N D I A L A D V E N T I S TA “Eis que cedo venho…” Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança. Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte. Editor Administrativo Bill Knott Editor Associado Claude Richli Gerente Internacional de Publicação Chun, Pyung Duk Comissão Editorial Jan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K. Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C. Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith; Karnik Doukmetzian, assessor jurídico Comissão Coordenadora da Adventist World Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Clyde Iverson; Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk Editor-Chefe Bill Knott Editores em Silver Spring, Maryland Roy Adams, Gerald A. Klingbeil (editores associados), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran Editores em Seul, Coréia Chun, Jung Kwon; Choe, Jeong-Kwan Editor Online Carlos Medley Coordenadora Técnica Merle Poirier Assistente Executiva de Redação Rachel J. Child Assistentes Administrativos Marvene Thorpe-Baptiste Alfredo Garcia-Marenko Atendimento ao Leitor Merle Poirier Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Fatima Ameen Consultores Jan Paulsen, Matthew Bediako, Robert E. Lemon, Lowell C. Cooper, Mark A. Finley, Eugene King Yi Hsu, Gerry D. Karst, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Ella S. Simmons, Ted N. C. Wilson, Luka T. Daniel, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana, John Rathinaraj, Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Don C. Schneider, Artur A. Stele, Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander. Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: [email protected] Website: www.adventistworld.org A menos que indicado de outra forma, todas as referências bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coréia, Argentina, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos. Vol. 6, No. 1 Janeiro 2010 | Adventist World 31 O Lugar Das PESS F R A S E D O AS M Ê S Q U E L U G A R É E S S E ? B U C H H A M E R “Se você está aqui é porque Deus quis assim. E se você acreditar nisso, Deus irá capacitá-lo para realizar o que Ele quer que você faça.” V I D A A D V E N T I S TA Eu estava acostumado a fazer depósitos e saques “à moda antiga”, por meio de um caixa humano, em um banco rural. Nunca tinha passado pela minha cabeça usar um caixa eletrônico, até que me mudei para a cidade. Uma coisa engraçada aconteceu quando usei, pela primeira vez, um cartão de débito. A máquina era totalmente automática, inclusive com uma voz que dizia para eu digitar minha senha de quatro dígitos. Eu havia escrito o número em um pedaço de papel e digitei 9068 no teclado. “Sua senha está incorreta. Por favor, tente outra vez”, disse a voz mecânica. Digitei os números outra vez – sem sucesso. Frustrado, já estava quase desistindo quando notei que o papel estava de cabeça para baixo. Tentei de novo, e dessa vez com os números 8906. Funcionou! Tudo o que fiz foi mudar a minha perspectiva e olhar por um ângulo diferente. Quando um problema cruza meu caminho, não desisto imediatamente. Em vez disso, procuro uma solução. Agradeço a Deus por me mostrar que as falhas podem ser transformadas em sucesso, se estivermos dispostos a olhar por outra perspectiva. E, muitas vezes, a solução está lá, só esperando. — L. Yap, Quezon City, Filipinas G A B R I E L A — Pastor Dave Sanner, em 8 de agosto de 2009, na Igreja Adventista do Sétimo Dia da Blue Mountain Academy, Hamburg, Pensilvânia, Estados Unidos. POEMA Serenidade Tranquilamente, em paz dormir, De consciência limpa descansar, Não temer, se a escuridão cair. Saber que Deus vem nos guiar, O que mais pode desejar O humano coração Ao por esta Terra viajar? Que andar com Ele, mão na mão, E o grande dia antecipar?* — Sandra A. Haynes, Roseburg, Oregon, Estados Unidos *Versos em Português: Gesson Magalhães Negro, Argentina, Kenneth Lavooy e Martin Mazzey desfrutam de um dia de pesca às margens do Rio Negro. R E S P O S TA: Em Viedma, Rio
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