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Transcrição

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Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
Ju l h o 2 01 0
Siga
ESPECIAL
Proteja as Meninas
Veja página 19
Julho 2010
IGREJA
EM
AÇÃO
Editorial............................. 3
Notícias do Mundo
3 Notícias & Imagens
Visão Mundial Especial
8 Evangelismo Adventista
Surpreende a Cidade de Roma
Janela
10 Finlândia por Dentro
SAÚDE
D E PA R TA M E N T O
D E
A R T I G O
C O M U N I C A Ç Ã O
D E
D A
A S S O C I A Ç Ã O
G E R A L
C A P A
Siga a Bíblia
Por Mark A. Kellner .................................................................... 16
Edição especial da Bíblia, em 66 idiomas, viaja pelo
mundo durante dois anos.
“Você Me Ama?” Por Mikulas Pavlik .................................... 12
Essa é a pergunta que todos precisamos responder.
FUNDAMENTAIS
Chegando Mais Perto Por Ekkehardt Mueller .................... 14
Fortalecidos pelos nossos irmãos na fé.
ESPECIAL
Proteja as Meninas Por Lilya Wagner .................................. 19
Na Tailândia, os adventistas trabalham para acabar
com o tráfico humano.
ESPÍRITO
DE
MUNDO
Combatendo
a Raiva .............................. 11
Por Allan R. Handysides e
Peter N. Landless
PERGUNTAS
BíBLICAS
Alimento Ideal............... 26
DEVOCIONAL
CRENÇAS
NO
PROFECIA
Permita Ser Moldado pela Palavra
Por Ellen G. White ....................................................................... 22
Por Ángel Manuel Rodríguez
ESTUDO
BÍBLICO
O Jardim da
Promessa ......................... 27
Por Mark Finley
INTERCÂMBIO
MUNDIAL
29 Cartas
30 Lugar de Oração
31 Intercâmbio de Ideias
O Lugar das
Pessoas ............................. 32
Ler a Bíblia é apenas o começo.
HERANÇA
ADVENTISTA
Longo Alcance Por Aecio E. Cairus ....................................... 24
O reavivamento profético do século 19 ainda pode ser sentido.
Capa: Garota romena examina a Bíblia
em 66 idiomas que viajou todo o
mundo para inspirar maior devoção
aos seus ensinos.
Tradução: Sonete Magalhães Costa
Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald
Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 6, nº 7, julho de 2010.
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Adventist World | Julho 2010
www.portuguese.adventistworld.org
A Igreja em Ação
EDITORIAL
Os que Estão na Margem
A
quele havia sido o primeiro
batismo do meu primeiro distrito
pastoral, e eu estava feliz e nervoso ao
mesmo tempo. Durante vários meses, havia ministrado
estudos bíblicos para um adolescente chamado Estêvão,
revisando cuidadosamente as verdades bíblicas nas quais ele
havia sido criado, apelando para que desenvolvesse uma fé
mais profunda em Cristo.
Agora, estávamos em pé, imersos até a cintura na água fria
de um lago de verão, olhando para a margem. Quase todos os
membros de nossa pequena congregação estavam presentes
para assistir ao batismo de Estêvão, naquela tarde de sábado.
Um pouco à frente dos demais, estava a mãe dele, que havia
sido batizada quando ainda grávida de Estêvão. (Fazíamos
graça dizendo que, na verdade, esse era o “rebatismo” dele,
treze anos mais tarde.) Próximo a ela estavam o irmão e as
irmãs do jovem, seguidos de perto por todas as “tias” e “tios”
na fé que o tinham visto crescer. Cerca de trinta irmãos em
Cristo estavam reunidos na areia, para cantar, orar e testemunhar o momento mais importante na vida daquele jovem.
Embora no registro oficial eu fosse considerado a pessoa
que levou Estêvão a Cristo, eu sabia que a verdade era outra.
Ali estava a mãe dele, que inúmeras vezes lhe contara histórias
da Bíblia. Ali estavam seus irmãos, que já haviam sido batizados. Sorrindo para mim, lá da margem, estavam homens e
mulheres que o haviam instruído durante 600
reuniões da Escola Sabatina. Lá estavam outros que oraram
com ele e o ajudaram a se tornar um excelente rapaz.
Essa era, em muitos aspectos, uma celebração da igreja,
não do pastor. Eu era apenas o felizardo ao lado de Estêvão,
dentro da água, naquele brilhante dia de verão, dizendo as
mesmas palavras que, ao longo dos séculos, milhões de santos
ouviram enquanto eram batizados.
É assim, creio eu, em todos os batismos. Achamos que
podemos determinar quem são os responsáveis pela decisão
de alguém de seguir a Jesus, mas só o Céu realmente sabe a
multidão de justos que esteve por trás de cada pessoa que
decidiu se unir à igreja remanescente. Suas orações e cânticos,
seu amor e conselhos modelaram um coração que agora
desejava se entregar ao Mestre.
Quero saudar a vocês – todos vocês – que estão em pé, na
margem, com lágrimas e sorrisos, esperando para abraçar o
recém-batizado. Vocês fizeram um extraordinário trabalho.
Entrem no gozo do seu Senhor.
– Bill Knott
NOTÍCIAS DO MUNDO
VISITA PROTOCOLAR: Wegger Christian Strommen, embaixador norueguês,
fala aos líderes adventistas durante visita à sede mundial da Igreja.
Julho 2010 | Adventist World
G E O R G E
■ Em visita à sede mundial da Igreja
Adventista do Sétimo Dia, em 26 de
abril deste ano, o embaixador da
Noruega nos Estados Unidos, Wegger
Christian Strommen, elogiou os adventistas por seu trabalho humanitário
em todo o mundo e por sua unidade
denominacional.
O embaixador e sua esposa, Cecilie
Joergensen Strommen, foram recebidos
pelo também norueguês Jan Paulsen,
líder mundial da Igreja, juntamente
com um grupo de líderes adventistas
durante a visita protocolar.
J O H N S O N
Embaixador Norueguês
Visita Sede Mundial
Adventista
3
A Igreja em Ação
Rainha da Holanda Premia
Três Adventistas por Trabalho
Comunitário
Durante uma cerimônia anual no
dia 30 de abril, a rainha Beatrix, da
Holanda, premiou três adventistas do
sétimo dia pelo seu trabalho comunitário.
Jan Kerssen foi condecorado
com a Ordem de Orange-Nassau, na
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Adventist World | Julho 2010
D A T E D
prefeitura da cidade de Groningen,
pelo prefeito Peter Rehwinkel. Kerssen
foi premiado por seu compromisso
com os cursos de como deixar de fumar
e por seu envolvimento na criação
de um centro para essa atividade, na
mesma cidade.
O casal Dimitri Triantos e Magda
Triantos-van Kooij, da Igreja Adventista
de Dordecht, também foi condecorado
pela Ordem de Orange-Nassau por
seu trabalho beneficente na fundação
International Children’s Care (Cuidado
Internacional das Crianças).
A Ordem de Orange-Nassau é uma
comenda nacional militar e civil geralmente concedida durante a cerimônia
anual de aniversário da rainha, dia 30
de abril.
Wim Altink, presidente da Igreja
Adventista na Holanda, elogiou os
premiados por seu envolvimento
na comunidade. “Uma igreja envolvida
com a comunidade é uma igreja
relevante”, disse Altink. “É compensador ver que os esforços incansáveis de
Jan Kerssen, Dimitri e Magda Triantos
foram reconhecidos dessa maneira.”
– Reportagem da Rede Adventista de
Notícias
Adventistas Iniciam Trabalho
Missionário em Três Países
Anônimos
■ A Igreja Adventista do Sétimo Dia
pretende estabelecer um programa
evangelístico onde anteriormente não
havia um trabalho organizado.
A Comissão Adventista de Missão
aprovou, recentemente, 1,9 milhão de
dólares, adicionados aos recursos da
sede mundial da Igreja Adventista
para projetos missionários, totalizando
7,9 milhões de dólares. O empreendimento contempla o trabalho em
três países. Os membros da Comissão,
entretanto, evitaram mencionar o
nome dos países pela sensibilidade
política nesses locais.
A Igreja Adventista está presente,
atualmente, em 203 dos 232 países
reconhecidos pelas Nações Unidas.
Em alguns países, é difícil estabelecer a
obra, dizem os líderes da Igreja, pois o
funcionamento de uma Igreja cristã é
considerado uma atividade ilegal.
O plano da Comissão é estabelecer
um centro comunitário em área urbana
em cada um desses países. O centro
oferecerá programas de saúde, aulas de
alfabetização e informática, programas
C O R T E S I A
PRÊMIO HOLANDÊS: Dimitri Triantos e Magda Triantos-van Kooij, após ser
condecorados com a Ordem de Orange-Nassau.
F O T O
“O mundo precisa de mais religiões
que visam a fazer algo em prol da
humanidade”, afirmou Strommen,
salientando a ênfase adventista no estilo
de vida saudável e no trabalho
humanitário. “Seria bom que outros
seguissem a prática adventista de cuidar
ao menos de um pedaço do mundo.”
Durante a visita, Strommen
elogiou a estrutura global da Igreja
Adventista. “Vocês têm uma organização
fascinante”, disse ele. “Sua estrutura
os mantêm unidos.”
Paulsen, cujo primeiro distrito pastoral foi no sul da Noruega, agradeceu
ao embaixador e sua esposa por separar
tempo para visitar a sede da Igreja.
“Como uma Igreja envolvida na promoção da paz e dos direitos humanos,
apreciamos a posição da Noruega e seu
papel na resolução de conflitos e ao
promover obras humanitárias ao redor
do mundo”, disse Paulsen.
“Embora a Noruega tenha uma
religião estatal, a Igreja Evangélica
Luterana, alegramo-nos ao ver que essa
nação tem compromisso com a liberdade religiosa e com os direitos humanos”, declarou John Graz, diretor das
relações públicas da Igreja Adventista.
Dos 4,8 milhões de pessoas que
vivem na Noruega, cerca de 80%
pertencem à Igreja estatal. Há aproximadamente 4.600 adventistas do sétimo
dia no país.
– Reportagem de Judy Thomsen/Rede
Adventista de Notícias
N E W S
NOTÍCIAS DO
MUNDO
para a vida familiar, aconselhamento
para mulheres, recreação para jovens,
cibercafé e uma livraria.
“Queremos suprir as necessidades
dessas comunidades”, afirmou Mike
Ryan, presidente da Comissão e um dos
vice-presidentes da Igreja mundial.
A aprovação da proposta orçamentária mensal para projetos evangelísticos, em abril de 2010, também indica
uma tendência: as diferentes regiões
estão aumentando sua porcentagem
de contribuição com recursos para os
projetos missionários regionais.
A sede mundial da Igreja contribui
atualmente com 25% dos seus recursos
para projetos missionários locais,
enquanto em 1990, quando a Comissão
foi estabelecida, ela contribuía com
90%. “Essa é uma mudança muito
saudável”, avalia Ryan. “Possibilita que
mais projetos locais sejam desenvolvidos
com recursos locais.”
Ainda assim, a porcentagem varia
muito. A taxa de subsídio chega a
80% em algumas regiões, como o norte
A N S E L
O L I V E R / R A N
COM FOCO NO MUNDO: Mike
Ryan, vice-presidente da Igreja,
disse que o programa estabelecerá
a presença adventista em três
territórios não penetrados.
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO: Versão artística do prédio de Administração da
Universidade Solusi, Zimbábue.
da Ásia, e é muito menor em outras,
onde chega a 10% para os projetos
nas Américas.
Anualmente, a Comissão aprova
cerca de 3,5 milhões de dólares para o
fundo de subsídio da sede mundial.
Os projetos são destinados a aumentar
a presença da Igreja em áreas onde a
presença adventista é limitada. Desde
1990, mais de cem milhões de dólares
já foram aprovados pela Comissão
Adventista de Missão.
– Reportagem da Rede Adventista de
Notícias
Universidade Adventista em
Zimbábue Constrói Prédio para
Faculdade de Administração
■ A Universidade Adventista
Solusi, localizada no país africano do
Zimbábue, incrementou seu programa
acadêmico, em 2010, com a construção
do prédio de Administração. A obra
de dois andares, que custará 4,35
milhões de dólares, será composta pelos
cinco departamentos do curso de Administração, salas para o corpo docente
e a administração da escola, um curso
de pós-graduação e sua biblioteca, salas
de aula e um auditório para palestras. O
primeiro estágio do projeto é um prédio
de 1,05 milhão de dólares, contendo
dez salas de aula e quatro laboratórios
de informática. Os escritórios dos professores e o auditório serão construídos
nos estágios seguintes.
A Universidade Solusi, que serve à
Igreja Adventista nos países localizados
no sul da África, é uma instituição com
aproximadamente dois mil alunos e
professores originários de dez países.
Fundada em 1894, Solusi foi escola
de ensino médio e depois faculdade,
recebendo o status de universidade em
1994. Está localizada a aproximadamente 50 quilômetros a sudoeste de
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A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
Bulawayo, a segunda maior cidade
do Zimbábue e seu primeiro centro
administrativo colonial.
Os recursos para a construção virão
de um grupo de doadores comprometidos do Zimbábue e outros países,
entre eles ex-alunos, empresários e
políticos do país. O dr. John Jeremic,
evangelista australiano, está entre os
que apoiam o projeto de construção.
O financiamento do primeiro
estágio do projeto foi levantado em
um encontro de doadores, ocorrido em
Bulawayo, com a presença de autoridades e empresários do Zimbábue,
incluindo o vice-presidente do país, dr.
John Landa Nkomo. Foram levantados
cerca de 1,3 milhão de dólares.
Em um discurso proferido a mais
de 350 convidados num jantar, o dr.
Nkomo afirmou que seu pai nascera
atrás de rochas localizadas no campus,
no mesmo ano em que a escola foi
fundada (1894), e que ele herdou a
afeição que seu pai tinha pela instituição. Ele disse que Solusi produz alunos
que contribuem para o desenvolvimento do país.
Ao falar sobre a iniciativa, o dr.
Norman Maphosa, vice-reitor da
Universidade Solusi, declarou: “Ficamos
satisfeitos porque políticos de todos os
partidos compareceram ao programa
de angariação de fundos e porque
Solusi desempenha um papel no crescimento do país. Estamos formando
parcerias com doadores locais para
construir uma universidade cristã de
padrão mundial.”
O prédio foi planejado com uma
série de pátios e átrios que funcionam
como um controlador natural do
clima no verão africano relativamente
tórrido, com temperatura e umidade
influenciadas por um projeto de autossombreamento, arborizado por paisagismo. Foram elaborados os planos e
identificadas as empreiteiras que serão
convidadas para a licitação.
– Reportagem de Lee Dunstan
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Adventist World | Julho 2010
M
ilhares de adventistas do
sétimo dia na América do Sul
foram às ruas no último dia
15 de maio, na mais recente campanha
de sensibilização em todo o continente,
cadastrando doadores de medula óssea,
e motocicletas. Na cidade de Campo
dos Goytacazes, no Rio de Janeiro,
até um carro funerário foi transformado
em veículo de propagação da mensagem
de esperança.
A mensagem foi levada no sábado: de
Por Felipe Lemos, Divisão Sul-Americana, e Equipe da Rede Adventista
Adventistas Levam
Amerıc
do
Sul
Passeatas, aviões – até carro funerário –
esperança em campanha coordenada
distribuindo estojos de controle da
malária e promovendo iniciativas de
saúde para a comunidade.
Dirigentes da Igreja disseram que
o evento e a distribuição conjunta de
30 milhões de revistas evangelísticas
visaram a destacar o sábado como um
dia de esperança para as famílias, para a
saúde física e mental e melhor contato
com Deus.
A iniciativa estimulou passeatas
pelas ruas em grandes e pequenas
cidades. Muitas tinham alto-falantes
montados em caminhões, carros
avião no Brasil e na Argentina, por balões
no Estado brasileiro de Santa Catarina, de
barco no Amazonas. A mensagem andou
até a cavalo na cidade de Augustinópolis,
no Estado brasileiro de Tocantins.
“A mensagem do sábado é importante para a população de nossos dias,
de vida frenética e repleta de atividades,
porque é necessário parar e refletir sobre o relacionamento com Deus e com
nossos semelhantes”, disse Erton Köhler,
líder da Igreja na América do Sul.
Recentemente, os adventistas sulamericanos realizaram outras iniciativas
sobre o sábado, entre elas, o Impacto
Esperança (2008), com 20 milhões de
revistas distribuídas, e os Lares de Esperança (2009), quando os membros da
Igreja convidaram amigos para almoçar
em sua casa. Os líderes da Igreja afirma-
do Brasil, elogiou a Igreja pela ênfase
não apenas na espiritualidade, mas
também no impacto social.
A igreja é uma força “prática” na vida
das pessoas, disse Fortunati, referindo-se
à campanha mundial da Igreja, End It
de Notícias
Mensagem à
a
anunciam
em oito países
DESFILE DA ESPERANÇA: Os adventistas
em Feira de Santana, Bahia, marcham para
promover a iniciativa do Dia de Esperança.
ram que a realização de grandes campanhas de um dia promovem a unidade da
Igreja em todo o continente e canalizam
a energia dos membros durante os meses
que antecedem a iniciativa. “Para nós,
não é apenas um dia, é um estilo de vida”,
disse Köhler durante uma entrevista à
Rede Adventista de Notícias em março.
Os organizadores locais disseram que
a campanha chamou a atenção de motoristas, pedestres, turistas e consumidores.
Até os políticos observaram o que se
passava. José Fortunati, prefeito de Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, extremo sul
F O T O :
C O R T E S I A
D A
D I V I S Ã O
S U L- A M E R I C A N A
Now (Pare com isso agora), de combate à
violência contra mulheres e crianças.
Na esquina de uma rua de Buenos
Aires, Argentina, os jovens dramatizaram para transeuntes as pressões da
semana e o alívio do sábado. No Chile,
jovens malabaristas entretinham os
motoristas enquanto era distribuída a
revista Um Dia de Esperança. No Peru,
a Igreja encarregou uma ministra de
Estado a entregar exemplares da revista
a autoridades políticas. Até o presidente
peruano, Alan García Pérez, recebeu
dela um exemplar da revista.
Até os mais jovens, que ainda não
são membros batizados da Igreja, se
envolveram. No Mato Grosso, um
garoto de 12 anos de idade ajudou a
distribuir 500 cópias da revista Um Dia
de Esperança.
Outro jovem, Edvan Snow, chamou
a atenção durante a entrega da
revista no bairro Jardim Planalto,
em Cuiabá, Mato Grosso. O menino
encantou os moradores com seu
carisma e simplicidade.
A história de Edvan é interessante:
ele teve o primeiro contato com a
Igreja Adventista no curso Como
Deixar de Fumar. Mais tarde, ele
recebeu um convite para as reuniões
do evangelismo da Semana Santa de
2010. Determinado, ele começou a
frequentar as reuniões e começou um
curso bíblico.
Segundo Amarilho Jardel, que
está ministrando os estudos bíblicos,
Edvan participa com muito entusiasmo das atividades da igreja. “Foi maravilhoso entregar as revistas. Eu confio
muito em Deus. Jesus vai voltar e eu
quero ir para o Céu”, disse Edvan.
Além de divulgar a mensagem espiritual, os membros da Igreja de várias
regiões realizaram doação de sangue na
comunidade, cadastraram centenas de
doadores potenciais de medula óssea
e ofereceram conselhos sobre saúde e
vida saudável.
Os membros também acompanharam a iniciativa pelos meios de
comunicação da Igreja: jornalistas e
webmasters adventistas, em Brasília,
cobriram o evento durante todo o dia
de sábado, postando fotografias,
histórias e vídeos nos blogs em espanhol
e português.
Há aproximadamente 2,1 milhões de
adventistas na Divisão Sul-Americana,
que é composta por Argentina, Bolívia,
Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru
e Uruguai.
–Márcio Tonetti e Ellen Ribeiro contribuíram para esta matéria.
Julho 2010 | Adventist World
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A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL ESPECIAL
N
o período de um mês, um
ministério adventista do
sétimo dia fez história em
Roma, Itália. O Está Escrito, programa
de televisão da Igreja Adventista do
Sétimo Dia, realizou uma campanha
evangelística na cidade, com um resultado de aproximadamente 150 pessoas
batizadas. Além disso, muitos dos que
assistiram à série de quatro semanas
agora frequentam um dos 140 grupos
de estudo da Bíblia que se reúnem em
vários lugares da cidade.
O diretor e orador do Está Escrito
nos Estados Unidos, Shawn Boonstra,
realizou a série evangelística no coração
da “cidade eterna”, assim chamada pela
extensão de sua história.
“O Oeste Europeu tem sido, tradicionalmente, um dos lugares mais difíceis
do mundo para a realização de uma
campanha evangelística”, disse o pastor
Boonstra. “Mesmo assim, creio firmemente que Deus não cometeu um engano na mensagem e no método que deu à
Igreja. Se isso pode acontecer em Roma,
pode acontecer em qualquer lugar.”
Num esforço para o impulso evangelístico inicial na região, a equipe do Está
Escrito e administradores eclesiásticos,
sob a coordenação do então líder da
Igreja Adventista na Itália, Daniele
Benini, uniram forças para levar a cidade
de Roma a Cristo.
Ao sair para essa aventura, a equipe
estava bem consciente dos desafios que
inevitavelmente enfrentaria. A Igreja
Adventista não realizava uma série
de conferências para toda a cidade de
Roma havia 45 anos. “Obviamente,
Satanás não deixaria que isso acontecesse
sem uma batalha”, observou o coordenador de evangelismo do Está Escrito
em Roma, pastor Yves Monnier.
Um ano antes do início das reuniões,
a equipe reservou o auditório de uma
escola, localizada numa região central,
para realizar a campanha. Após o
contrato ter sido assinado, foi dada
autorização para a equipe anunciar a
localização do programa “È L’Apocalisse
8
Adventist World | Julho 2010
Evangelism
Adventista
Surpreende a Cidade
Direita: CIDADE ETERNA:
Ruínas da Roma antiga;
a cidade foi sede de
campanha evangelística
sem precedentes.
Esquerda: FASCINANTE E ATRAENTE:
“A apresentação da mensagem foi alegre,
fascinante, cristocêntrica e atraente”,
disse o então líder da Igreja Adventista na
Itália, Daniele Benini (à direita), a Boonstra,
que foi traduzido por Gianfranco Irrera.
Mica la Fine del Mondo?” (O Apocalipse é Realmente o Fim do Mundo?).
Convites para os estudos bíblicos
foram distribuídos por toda a cidade e,
nas semanas que antecederam as reuniões, as estações de rádio anunciaram
o evento, enquanto ônibus e metrôs
exibiam informações sobre a série.
Alguns dias antes do início da
campanha, Boonstra foi convidado
para participar de vários programas
nacionais de rádio e TV. Essa foi uma
oportunidade sem precedentes e,
embora dois programas quisessem
iniciar um debate, a curiosidade dos
apresentadores, no final da entrevista,
havia sido genuinamente saciada.
Um fator inesperado que ajudou
Boonstra a abordar o assunto das profecias bíblicas foi o recente lançamento
do filme 2012 nos cinemas italianos.
Como resultado da divulgação do filme,
a pergunta do momento era: “Como
será o fim do mundo?”
Apenas cinco dias antes do início das
reuniões, entretanto, o improvável aconteceu. A despeito de tudo estar em ordem
com o local do evento, funcionários do
alto escalão de Roma, repentinamente
forçaram o cancelamento do contrato.
A equipe decidiu transferir as reuniões para a igreja adventista romena,
prédio que anteriormente funcionava
como cinema, com assentos disponíveis
P H O T O S
B Y
PA L M E R
H A LV O R S E N / I T
I S
W R I T T E N
o
Até junho,
150 pessoas foram
batizadas
Roma
de
Abaixo: CASA LOTADA: A igreja
adventista romena, onde
foi apresentado “O Apocalipse
é Realmente o Fim do Mundo?”;
a multidão lotava o local todas
as noites.
no auditório principal, assim como
monitores de vídeo na entrada.
Os organizadores utilizaram a
mídia para informar sobre a mudança
de endereço, mas, sem dúvida, muitos
espectadores potenciais não tiveram
acesso à nova informação. Assim, na
primeira noite das conferências, foram
providenciados ônibus para transportar
o público para o local.
Logo que as portas foram abertas,
as pessoas começaram a entrar. Foi
realizado um pequeno concerto das
20h00 às 20h30, para dar a todos o
tempo suficiente para chegar. No momento em que Boonstra e seu tradutor,
o pastor Gianfranco Irrera, começaram
a pregar sobre Daniel 2, no auditório já
não havia assentos vazios.
As pessoas não apenas compareceram
na noite de abertura, mas continuaram
voltando, noite após noite. Regularmente,
entre 700 e 800 pessoas lotavam o local.
E, para Roma, isso é fora do comum.
Em média, os espectadores gastavam
pelo menos uma hora para se locomover até o local de reuniões. Embora
muitos não chegassem em casa antes
das 23h, continuaram assistindo às
conferências cinco noites por semana,
durante quatro semanas.
Antes do início da campanha, a
equipe foi advertida de que, se o povo
comparecesse às reuniões, a audiência
seria, em sua maioria, composta por
estrangeiros que vivem em Roma,
porque os nativos não iriam.
Isso se provou falso; embora
toda noite houvesse uma
grande variedade de etnias e
as reuniões também fossem
traduzidas para o espanhol e
o romeno, a maior parte era
formada por italianos.
“Fiquei surpreso com a
diversidade do grupo que
compareceu”, disse Boonstra.
“Era verdadeiramente um caldeirão religioso.” Ali estavam
católicos, gregos ortodoxos,
judeus, pentecostais, muçulmanos, ateus, agnósticos, pessoas envolvidas com ocultismo e nova era, uma das
maiores autoridades em ufologia do país
e até alguns padres.
Um físico compareceu todas as
noites e, para isso, viajava cerca de 150
quilômetros. Durante toda a reunião,
ele segurava o celular ligado para que
um grupo de mais de quarenta pessoas
reunidas em sua casa pudesse ouvir as
mensagens. As reuniões terminavam às
21h30, portanto ele nunca chegava em
casa antes da meia-noite.
A estação de rádio adventista em
Roma, que até então nunca havia entrado
em temas proféticos, mas apenas falado
sobre assuntos familiares e comunitários,
decidiu transmitir as palestras. Subitamente, os circuitos telefônicos ficaram
congestionados com ligações de pessoas
pedindo o curso bíblico e perguntando
onde podiam ouvir as mensagens ao vivo.
O especialista em ufologia continuou voltando noite após noite.
Ele estava lutando contra a realidade
histórica de Jesus e se perguntava: “Ele
realmente existiu como descrito na
Bíblia?” Certo dia, Boonstra lhe perguntou: “Se Jesus não tivesse existido,
isso representaria boas-novas para
você?” O homem percebeu que, em
realidade, queria acreditar. Ele continuou
voltando, começou a participar do curso
de como deixar de fumar e tomou a
decisão de abandonar o fumo. Agora,
está continuando os estudos bíblicos e
se comunicando com Boonstra.
Sérgio, um cabeleireiro, quando
confrontado com a verdade do sábado,
decidiu que fecharia seu salão nesse
dia. Mas somente após um ano, pois
ele tinha dívidas a ser saldadas e o
sábado era seu melhor dia de trabalho.
Boonstra lhe perguntou: “Se eu pagasse
sua dívida, você fecharia seu salão?”
Ele disse que fecharia. Então, Boonstra
perguntou outra vez: “Isso quer dizer
que você acredita mais em mim que em
Deus?” No sábado seguinte, seu salão
estava fechado e ele estava na igreja.
Próximo ao final da campanha, em
fevereiro, houve batismos todas as noites
e trinta pessoas se entregaram a Cristo.
Até o mês passado (junho), o número de
batizados já ultrapassava 150 pessoas.
Há, no momento, 140 grupos de
estudo funcionando em toda a cidade,
que proverão apoio para os novos
membros e para os que ainda estão
tomando sua decisão.
“Roma foi a cunha de abertura para
restaurar em nossos membros a confiança na mensagem adventista”, disse
Boonstra. “Estamos trabalhando duro
para reverter a maré da opinião em
favor do evangelismo público.”
– Reportagem da equipe do Está Escrito,
com edição da equipe da Adventist World.
Julho 2010 | Adventist World
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A Igreja em Ação
JANELA
Por Hans Olson
Finlândia
por Dentro
D
urante o verão no extremo
norte da Finlândia, o sol não se
põe por aproximadamente dez
semanas. Esse país escandinavo, localizado no topo do mundo, é o lar de cerca
de 5,5 milhões de pessoas, com pouco
mais de cinco mil adventistas. Como
17% da população afirma não pertencer
a nenhuma religião, esse é um dos
países mais secularizados do mundo.
A Finlândia está localizada entre
a Noruega, Suécia e Rússia. A área da
península em que se localiza a atual
Finlândia foi parte do reino da Suécia
entre os séculos 13 e 19. Em 1809, o
território se tornou parte do Império
Russo e recebeu o nome autônomo de
Grão-Ducado da Finlândia.
A nação tornou-se independente da
União Soviética em 1917. Essa independência foi contestada três vezes entre
1939 e 1945, durante a Segunda Guerra
Mundial. Em resultado das duas Guerras Mundiais, a Finlândia perdeu 10% de
seu território para a União Soviética e teve
que pagar indenização para os soviéticos.
O colapso da União Soviética, no início
da década de 1990, cancelou esses pagamentos e provocou o rompimento da
Finlândia com o que depois se tornaria a
Rússia.
Somente na década de 1950, a base
da economia finlandesa deixou de ser
rural e se tornou industrial. Hoje, o país
investe muito em educação, pesquisa e
inovação, proporcionando à Finlândia
uma das forças-tarefas mais intelectualizadas do mundo. De acordo com o
Legatum Prosperity Index de 2009, a Finlândia é o país mais próspero do globo.
10
Adventist World | Julho 2010
Adventistas na Finlândia
A obra da Igreja Adventista na
Finlândia começou entre os habitantes
de fala sueca. A. F. Lundqvist, capitão de
mar finlandês cuja língua nativa era o
sueco, comprou vários livros adventistas
enquanto seu navio estava ancorado
em Liverpool, Inglaterra, em 1885. Ao
lê-los, ele se convenceu sobre o sábado e
se tornou adventista. Quando retornou
à Finlândia, escreveu para o Sanningens
Harold (Arauto da Verdade), um periódico adventista impresso na Suécia,
pedindo que alguém fosse à Finlândia
para vender a ele literatura em sueco.
Em 1891, Emil Lind, diretor de literatura evangelística na Suécia, visitou a
Finlândia para analisar as possibilidades de
venda de livros no país. No ano seguinte,
a sede mundial adventista pediu ao líder
da Igreja na Suécia, Olaf Johnson, para
levar duas instrutoras bíblicas, Augusta
Larsson e Matilda Lindgren, e iniciar uma
congregação na Finlândia. Em 1894, a
primeira igreja estava estabelecida com 24
membros, todos nativos de fala sueca.
A Igreja Adventista começou a
traduzir literatura para o finlandês,
sendo o primeiro livro Christ and His
Righteousness (Cristo e Sua Justiça), de
E. J. Waggoner. Em 1894, quatorze
adventistas estavam vendendo livros e
distribuindo literatura em diversas partes
do país. Por causa dos problemas em
levar livros da Suécia para a Finlândia,
somente em 1897 foi inaugurada a
editora adventista do país. A sede administrativa da Igreja na Finlândia foi
organizada oficialmente em 1909.
Daí em diante, a Igreja Adventista
cresceu rapidamente. Em 1917, a Escola
Missionária foi aberta em Hämeenlinna.
No ano seguinte, foi estabelecido o
Colégio Júnior Finlandês, perto da Escola
Missionária. Em 1926, foi inaugurado
um centro de fisioterapia. Em 1929,
a região administrativa da Igreja na
Finlândia foi dividida em duas sedes
(sueca e finlandesa), para melhor servir
aos grupos dos dois idiomas. Outra sede
especial foi criada mais tarde na região
norte da Finlândia, em 1982, para
melhor servir a região remota de Lapland.
A Finlândia é parte da Divisão Transeuropeia. A oferta do décimo terceiro
sábado deste trimestre irá para essa Divisão.
Parte da oferta ajudará a transformar em
igreja um prédio histórico em Nummela.
Para saber mais sobre a missão
da Igreja Adventista do Sétimo
Dia ao redor do mundo, acesse www.
AdventistMission.org.
FINLÂNDIA
Capital:
Idiomas oficiais:
Principais religiões:
Helsinque
Finlandês e Sueco
Igreja Luterana da Finlândia, 81%; Igreja Ortodoxa
Finlandesa, 1%; pessoas sem religião, 17%
População:
5,3 milhões
Adventistas:
5.064*
Adventistas per capita: 1 em 1.043*
*Arquivos Estatísticos da Associação Geral, 146º Relatório Estatístico Anual (2008)
S A Ú D E
N O
M U N D O
Combatendo
a
Por
Allan R. Handysides
e Peter N. Landless
Raiva
Tem havido rumores de que há guaxinins raivosos na região onde vivo. Estou
pensando em vacinar meus filhos contra raiva. O que vocês recomendam?
A
raiva é causada por um vírus que
invade o tecido nervoso e, na
ausência de tratamento, é
invariavelmente fatal, com apenas uma
exceção mencionada na literatura
médica, quanto é de nosso conhecimento.
A raiva pode ser totalmente prevenida
se orientações corretas forem seguidas.
Ela pode afetar quase todos os animais
domésticos e mamíferos. Mamíferos
domésticos incluem cachorros e gatos.
Nos animais selvagens, a raiva pode
afetar raposas, guaxinins e, em locais
como a África, chacais, hienas e gatos
grandes. Um dos principais transmissores da raiva é o morcego.
A prevenção começa com a
vacinação dos animais de estimação
suscetíveis à raiva. Muitos municípios
subsidiam o custo da imunização dos
animais como medida de saúde pública.
Todos os animais de estimação que
vivem em ambiente doméstico, como
cachorros, gatos e outros mamíferos,
devem ser imunizados. Peixes, pássaros
e répteis não contraem a raiva.
As crianças devem ser ensinadas
a ter cuidado com animais que não
conhecem, principalmente animais
selvagens. A imagem de um animal
“louco” que contraiu a raiva deu origem
à expressão “cachorro louco”, que se
refere ao cachorro que corre furiosamente, mordendo as pessoas. Às vezes,
esse tipo de comportamento é visto,
mas o comportamento mais frequente
de um animal com raiva é meramente
atípico e até amigável.
O animal selvagem que não foge ou
parece amigável é muito suspeito, e as
crianças devem ser ensinadas a evitar
os animais com esse comportamento.
Um animal noturno, como a raposa,
que anda por aí em plena luz do dia,
sem nenhum medo aparente, deve despertar a suspeita de raiva. Fazendeiros
com vacas leiteiras devem estar cientes
de que elas podem ser mordidas nas
patas por animais raivosos e contrair a
doença; sua saliva torna-se, então, uma
ameaça para o ser humano.
O tempo médio de incubação, desde
a mordida até aparecerem os sintomas,
é entre trinta e sessenta dias, mas pode
ocorrer num período menor de dez
dias ou maior de um ano ou mais. Em
mordidas no rosto e no pescoço, os
sintomas da raiva tendem a progredir
mais rapidamente do que nas mordidas
em outras áreas do corpo.
As pessoas que são mordidas por um
animal devem receber cuidado médico
imediato. O local da mordida deve ser
lavado com água e sabão por vários
minutos, para retirar o material
contaminador o máximo possível. Não
é aconselhável que sejam utilizados antissépticos, pois podem causar maior dano
ao tecido. As mordidas podem tornar-se
infectadas e transmitir tétano e raiva.
Febre, inchaço, vermelhidão e secreção
purulenta são indicações de que avaliação
médica é necessária novamente e de que o
tratamento deve ser repetido.
As pessoas que são mordidas por
um animal que não é seu precisam
localizá-lo e colocá-lo em quarentena.
Animais selvagens devem ser capturados por caçadores experientes – não
membros da sua família – e avaliados
para que seja verificado se estão com
raiva. A imunização contra raiva deve
ser iniciada, a menos que se tenha certeza de que o animal não tem a doença
(por exemplo, um animal da família já
imunizado). Todas as mordidas de animal requerem vacinação contra tétano
se a vítima nunca foi imunizada ou se o
foi há mais de cinco anos.
Os pais devem ensinar os filhos a
não provocar nem surpreender um animal que esteja descansando ou comendo.
Animais selvagens não se tornam bons
animais de estimação. Não se deve fazer
gestos estranhos ou ameaçar os animais.
Se você for confrontado por um animal,
volte para trás lenta e calmamente. Não
toque animais doentes e sempre lave as
mãos antes de comer, mesmo após tocar
o animal doméstico da família.
Allan R. Handysides, M.B.,
Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG,
é diretor do Departamento de
Saúde da Associação Geral.
Peter N. Landless, M.B., B.Ch.,
M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C.,
é diretor-executivo da ICPA
e diretor-associado do
Departamento de Saúde da
Associação Geral.
Julho 2010 | Adventist World
11
D E V O C I O N A L
A pergunta que
todos precisamos
responder
C
omo pastor, certa vez me envolvi numa discussão
acalorada em uma comissão de igreja.
Quase todos os membros da comissão estavam
agitados e com o tom de voz alterado. Um homem, porém,
estava sentado e quieto, não se envolvendo no assunto em
debate. Virei-me para ele e perguntei:
– Por que você está tão quieto? Gostaríamos de ouvir a
sua opinião sobre o problema.
– Bem – replicou ele –, o silêncio também pode ser uma
forma de expressar opinião.
Isso é verdade? O silêncio pode ser, às vezes, uma forma de
expressão?
Quando leio a história do encontro de Jesus com Seus
discípulos após a ressurreição, fico perplexo com o fato de
que Ele falou tão pouco.
Quando garoto, costumava ouvir histórias bíblicas na igreja
e lembro-me de ter pensado: Por que Jesus não fez belos discursos após Sua ressurreição? E por que ninguém Lhe perguntou
sobre o Céu? Ou sobre como exatamente ocorreu a ressurreição?
Se eu me interessei por esses detalhes, certamente os
discípulos devem ter se interessado muito mais. Mas não os
encontramos fazendo esse tipo de perguntas. Das poucas
palavras ditas na ocasião, Jesus falou a maior parte. Mas até o
que Ele disse é bastante escasso.
Você
e
Mma?
A
Por Mikulas Pavlik
Momentos de Silêncio
Em João 21, lemos sobre um encontro ocorrido no mar da
Galileia. Os discípulos, tremendo pelo frio da noite, cansados
e desanimados, perceberam que Jesus estava de pé na praia e
imediatamente se aproximaram dEle.
“Tragam alguns dos peixes que acabaram de pescar”, disse
Jesus (versículo 10).* Mas “nenhum dos discípulos tinha
coragem de Lhe perguntar: ‘Quem és Tu?’ Sabiam que era o
Senhor” (versículo 12).
Será que, se estivéssemos ali com Jesus, ficaríamos em silêncio como os discípulos? Tenho a impressão de que estamos
mais acostumados a falar do que a ficar em silêncio. É muito
mais fácil fazer alguma coisa ou falar algo do que simplesmente passar um tempo em silêncio com Jesus.
Aquele encontro na praia foi tão estranho! Os discípulos
correram até Jesus, se aqueceram ao fogo e... ficaram em
silêncio! Já era suficiente estar com Jesus. Ninguém disse nada.
12
Adventist World | Julho 2010
J O H A N N A
L J U N G B LO M
Aconteceu o mesmo no Monte da Transfiguração; ninguém perguntou nada. Nem mesmo algo sobre Moisés ou
Elias. Todos estavam em silêncio, simplesmente desfrutando
seu tempo com Jesus. “Senhor, é bom estarmos aqui”, disse
Pedro na ocasião (Mt 17:4). Parecia que aqueles momentos
eram muito mais importantes do que qualquer pergunta,
qualquer necessidade de falar. Era como se o que estavam
experimentando não pudesse ser expresso em palavras. Só o
fato de estar com Jesus já era a resposta para tudo.
Não é isso que acontece com as pessoas que se amam?
Não é o silêncio, às vezes, o segredo do amor de um casal?
Como pastor, parte de meu trabalho consiste em utilizar palavras – pregar, dar estudos bíblicos, aconselhar. No seminário
teológico, aprendemos sobre oratória. Entretanto, ninguém
me ensinou a ficar em silêncio.
Alguma vez você já tentou ficar a sós com Jesus e permanecer em silêncio desfrutando da calma de Sua presença?
Apenas sentindo que é amado, que Ele está ao seu lado e que
vezes, ao longo da história, ministros sem amor praticaram
“santificadas” formas de opressão e tirania.
Hoje, somos simbolicamente convidados por Jesus a nos
unir a Ele na praia do mar da Galileia. Ele preparou peixe e
pão para nós, e nos convida para um momento de quietude
com Ele. “‘Venham comer’. Nenhum dos discípulos tinha
coragem de Lhe perguntar: ‘Quem és Tu?’ Sabiam que era o
Senhor” (versículo 12).
Nós também sabemos que Jesus é o Senhor, caso contrário
não diríamos que somos cristãos. Isso, porém, não é suficiente.
Jesus faz mais uma pergunta: “Mikulas Pavlik, você Me ama?”
Essa é uma pergunta tão embaraçosa, tão vergonhosa!
Eu, tanto quanto Pedro, teria preferido que Jesus dissesse:
“Mikulas Pavlik, você frequenta a igreja? Quantas pessoas
você já levou ao batismo? Quantos cargos você possui na
igreja?” Eu adoraria mostrar para Jesus o meu relatório de
trabalho. Às vezes, sou muito bom nas coisas que podem ser
mensuradas. Gostaria de dizer a Ele tudo o que realizei.
Eu teria preferido que Jesus perguntasse: “Mikulas Pavlik,
você frequenta a igreja?”
sabe tudo sobre você? Sem necessidade de argumentos, sem
necessidade de dizer coisa alguma. Naquela hora, você não
teve a sensação de que palavras serviriam apenas para acabar
com o momento?
Se nosso relacionamento com Deus não inclui essa
dimensão íntima, algo está faltando. Eu adoraria passar uma
manhã com Jesus como aquela descrita por João. Para sentir a
quietude de Sua presença, quando o silêncio fala mais alto do
que as palavras mais eloquentes. Já é tempo de introduzir essa
dimensão íntima em nosso relacionamento com Deus, para
que nossas orações, nossos sermões, todo o nosso ministério
sejam um genuíno e vivo encontro com Cristo.
Tempo para as Palavras
O desjejum daquela manhã, entretanto, não terminou em
silêncio. No meio do silêncio, Jesus faz uma pergunta: “Você
Me ama?” (Jo 21:15).
Ele fez a pergunta a Pedro, mas o eco chega até mim:
“Você Me ama?” O coração de Pedro para de bater! Ele
esperava qualquer coisa, menos uma pergunta tão íntima e
perturbadora. Jesus pergunta: “Você Me ama?” A resposta
a essa pergunta é o pré-requisito mais importante de nosso
ministério e o pré-requisito mais importante do cristianismo.
Por quê?
Jesus perguntou a Pedro: “Você Me ama?” Apenas quando
Ele Se convence do amor de Pedro é que o comissiona para o
ministério: “Cuide dos Meus cordeiros” (versículo 15).
A sequência das falas de Jesus é crucial. Se você não ama,
então não pode servir. Se você serve sem amar, você pode
satisfazer suas ambições pessoais, talvez seu desejo de poder,
mas não estará cumprindo a missão dada por Cristo. Muitas
Mas parece que Jesus não me ouve. “Não é isso que estou
perguntando. Estou fazendo outra pergunta: Você Me ama?”
“Senhor, sou um pastor, editor-chefe, diretor de departamento, presidente da União, secretário da Divisão, diretor
do seminário teológico, realizo campanhas evangelísticas de
sucesso, trabalho com os jovens, planto novas igrejas...”
“Fico feliz com isso, mas não é isso que desejo saber.
Minha pergunta é: Você Me ama?”
A Pergunta que me Mantém Acordado
Será que amo a Jesus? Sou despertado todas as noites por
essa pergunta. Às vezes, não tenho coragem de dizer “Sim”.
Sinto-me como Pedro. Fico sem palavras. Entendo que essa
pergunta é muito séria, muito importante para ser respondida despreocupadamente, de modo improvisado.
Como posso amar a Deus? Desde criança, fui ensinado a
obedecer a Deus, a respeitá-Lo, a temê-Lo. Mas, e a amá-Lo?
Poucas pessoas me ensinaram sobre isso.
Jesus, porém, persiste fazendo essa pergunta, repetidamente: “Você Me ama?” Para mim, não é fácil respondê-la, assim
como não foi fácil para Pedro. E, se eu não tivesse a certeza
de que Jesus me ama, de que Ele me amou primeiro, nunca
poderia dizer: “Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo.”
*Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.
Mikulas Pavlik é presidente da União
Tcheco-Eslováquia, com sede na
República Tcheca.
Julho 2010 | Adventist World
13
C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
A
maioria das pessoas concorda
que a unidade é importante.
A unidade se tornou um lema
muito utilizado na política e na religião.
Os alemães cantam seu hino nacional
sobre unidade. Partidos políticos enfatizam a unidade. Conhecemos o slogan
“Unidos venceremos”. Existem a Igreja
Unida de Cristo, a Igreja Unida do
Canadá, a Igreja Metodista Unida, a Igreja Unida da Austrália e assim por diante.
NÚMERO 14
1. Unidade e a Criação. Ao criar o
ser humano, Deus disse: “Façamos o
homem à Nossa imagem” (Gn 1:26).* O
versículo seguinte declara: “Criou Deus
o homem à Sua imagem.” Há somente
um Deus, mas nesse único Deus existe
uma pluralidade de três Pessoas. A
unidade da Divindade é claramente
expressa em Deuteronômio 6:4: “Ouça,
ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o
único Senhor.” O versículo 5 continua:
casamento deveria refletir a unidade
que existe na Trindade. Unidade é mais
do que a união entre pessoas da mesma
espécie. A unidade não nega a diversidade. O milagre da unidade criada por
Deus está no fato de que pessoas com
grandes diferenças se unem e formam
um novo “organismo”, no qual são consideradas iguais.
2. Unidade e a Queda. Com a Queda,
surgiu um tipo negativo de unidade,
Por Ekkehardt Mueller
Chegando Mais
Unidade no corpo de Cristo
Usamos ilustrações para falar sobre a
importância da unidade. Por exemplo,
quando juntamos uma ou duas varetas,
mesmo uma criança pequena pode facilmente quebrá-las. Mas junte dez ou vinte
varetas e tente quebrá-las. É muito difícil,
talvez impossível.
A unidade também é importante
para os adventistas. Neste estudo, veremos o que as Escrituras dizem sobre o
assunto e, baseados nisso, aplicaremos
à realidade adventista os conceitos mais
importantes.
Unidade nas Escrituras
Quando a Bíblia aborda o tema
unidade, frequentemente utiliza a
palavra “um”. A unidade, na Bíblia,
poder ser algo positivo ou negativo.
Ekkehardt Mueller,
natural da Alemanha,
é diretor-associado do
Instituto de Pesquisa
Bíblica da Associação Geral.
14
Adventist World | Julho 2010
“Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o
seu coração, de toda a sua alma e de
todas as suas forças.”
Quando perguntaram a Jesus:
“De todos os mandamentos, qual é
o mais importante?” (Mc 12:28), Ele
citou Deuteronômio 6:4 e 5, que é a
confissão de fé dos judeus. Jesus e os
apóstolos também criam em um único
Deus, manifestado, no entanto, em
três Pessoas – o Pai, o Filho e o Espírito
Santo (cf. Mt 28:19; 2Co 13:13). É
interessante que Jesus Se baseou na
unidade de Deus ao apresentar o
mandamento sobre o amor a Deus e
ao próximo. Pelo fato de que Deus é
um em três Pessoas, nosso amor por Ele
e uns pelos outros deve ser indivisível.
O amor dos membros da igreja leva ao
companheirismo e à unidade. Portanto,
a Trindade é a fonte e o fundamento
da unidade.
A unidade de Deus reflete-se no
propósito do casamento. Duas pessoas,
de sexos diferentes, tornam-se “uma
só carne” no casamento (Gn 2:24; veja
Mt 19:5, 6). A unidade expressa no
P
descrito em detalhes nas epístolas de
Paulo. Após o pecado de Adão e Eva,
a humanidade se uniu em oposição
a Deus (Rm 1, 2). Todos se tornaram
pecadores (Rm 3). Os seres humanos se
unem na insensata sabedoria do mundo
(1Co 1:20, 21). Como resultado de seus
pecados, todos estão unidos na morte
(Rm 6:23). Todos os pecadores devem
morrer. Adão se tornou o personagem
que une toda a humanidade.
3. Unidade em Cristo. Foi pela morte
de Jesus na cruz e por Sua ressurreição
que a humanidade adquiriu a opção
de ser liberta do poder do pecado e da
morte. Em outras palavras, a unidade
no pecado e na morte foi e será
destruída para aqueles que creem em
Cristo e permanecem nEle, o novo
cabeça da humanidade, o segundo
Adão (1Co 15:21, 22).
Por meio do batismo, os seres
humanos se unem à igreja e ao rebanho
de Cristo (Mt 16:18; Lc 12:32). Essa
unidade é, em primeiro lugar, unidade
com o Senhor, mas também é – e deve ser
– unidade com os irmãos na fé. “Tenho
A diversidade
é importante,
mas a unidade
supera a
diversidade.
Perto
outras ovelhas que não são deste aprisco.
É necessário que Eu as conduza também.
Elas ouvirão a Minha voz, e haverá um só
rebanho e um só pastor” (Jo 10:16). Em
Sua oração sacerdotal, Jesus orou pela
unidade de Seus seguidores (Jo 17:11).
Esses seguidores de Cristo vêm e
continuarão a vir de muitos lugares e
culturas. Eles são diferentes. A diversidade não deve ser rejeitada. Mas essas
pessoas devem se unir umas às outras
por meio de Jesus, que quebrou todas
as barreiras de sexo, nacionalidade,
raça, condição social, instrução e
qualquer outra barreira que possa haver
(Ef 2:11-22; Gl 3:28). A diversidade é
importante, mas a unidade supera a
diversidade. Aqueles que creem formam
um só corpo, do qual Cristo é a cabeça
– portanto, esse é o corpo de Cristo
(Ef 1:22, 23; 4:4; Cl 1:18).
Os cristãos usam seus vários dons
para fortalecer a igreja e cumprir a
missão (Ef 4:11, 12; 1Co 12). Embora
suas funções possam variar, esses crentes
são iguais diante de Deus, que não faz
acepção de pessoas. “Há um só corpo e
um só Espírito, assim como a esperança
para a qual vocês foram chamados é uma
só; há um só Senhor, uma só fé, um só
batismo, um só Deus e Pai de todos, que
é sobre todos, por meio de todos e em
todos” (Ef 4:4-6).
Unidade para os Adventistas
As Escrituras apresentam claramente qual é o ideal divino, mas a igreja
pode ser contaminada por facções,
como o foi a igreja de Corinto (1Co
1-3). Os adventistas são confrontados
por fatores culturais, sociais, filosóficos,
políticos e outras forças que ameaçam a
unidade da igreja. O que pode ser feito
para que ela permaneça unida?
Escrevendo aos coríntios, Paulo
afirma que a unidade deve ser encontrada na cruz de Cristo, “o qual Se tornou
sabedoria de Deus para nós, isto é,
justiça, santidade e redenção” (1Co 1:30).
Quem garante a unidade é Cristo, é a
Divindade triúna. Devemos nos concentrar em Jesus. Porém, a fé em Jesus
não pode ser apenas um pensamento
teórico. Deve incluir uma mensagem
comum, ou seja, a “verdade” (Jo 17:17)
e o compartilhamento de “uma” só
“esperança” e “uma só fé” (Ef 4:4, 5).
Por outro lado, unidade sem verdade é
mero sentimentalismo, pois não possui
um fundamento sólido.
Além disso, seguir o exemplo de
Jesus, que é um com o Pai, inclui ajudar
aos irmãos por meio de atos concretos
de amor ao próximo e apoio financeiro
(1Jo 3:13-18; 2Co 8:1-5). Também inclui trabalhar juntos na missão comum
confiada à igreja (Mt 28:19, 20; Ap
14:6-12). Quando o grupo se empenha
em realizar uma tarefa em comum,
consegue superar os mal-entendidos,
mágoas e diferenças de opinião.
A unidade não virá de maneira
automática. Temos que nos esforçar
para obtê-la (Ef 4:3). Quando nos
aproximamos dAquele que nos ama
imensamente, nos achegamos para
mais perto uns dos outros. Jesus reduz
a distância entre as pessoas.
*Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão
Internacional.
Unidade
no Corpo de Cristo
A Igreja é um corpo com muitos membros, chamados de toda nação,
tribo, língua e povo. Em Cristo somos uma nova criação; distinções de
raça, cultura e nacionalidade, e diferenças entre altos e baixos, ricos e
pobres, homens e mulheres, não devem ser motivo de dissensões entre nós. Todos somos iguais em Cristo, o qual por um só Espírito
nos uniu numa comunhão com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos sem parcialidade ou restrição. Mediante a
revelação de Jesus Cristo nas Escrituras, partilhamos a mesma fé e esperança, e estendemos um só testemunho para todos. Essa
unidade encontra sua fonte na unidade do Deus triúno, que nos adotou como Seus filhos. (Rm 12:4, 5; 1Co 12:12-14; Mt 28:19, 20;
Sl 133:1; 2Co 5:16, 17; At 17:26, 27; Gl 3:27, 29; Cl 3:10-15; Ef 4:14-16; 4:1-6; Jo 17:20-23.) – Crenças Fundamentais dos Adventistas do
Sétimo Dia, nº 14
Julho 2010 | Adventist World
15
A R T I G O D E C A PA
Siga
Mongólia
Bíblia completa turnê mundial
F
oi uma jornada ousada, principalmente para uma
passageira tão silenciosa: a Bíblia. Com seus 66 livros,
cada um impresso em um idioma diferente, ela viajou
ao redor do mundo durante vinte meses. Esse projeto foi
denominado “Siga a Bíblia”.
O motivo dessa jornada também era ambicioso: levar os
membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia a se envolver
mais com o texto das Escrituras Sagradas. Antigamente
conhecido como o “povo da Bíblia”, os adventistas perderam
muito de sua intimidade com as Escrituras nos últimos
anos e, por isso, os líderes da Igreja concluíram que seria
importante reverter o quadro.
Há outros fatos interessantes sobre a Bíblia itinerante: ela
mede aproximadamente 46 x 31 centímetros, tem cerca de 1.500
páginas e foi encadernada (duas vezes) com capa de couro.
Após 620 dias, ou quase 89 semanas de viagem e atividade,
está na hora de dizer: “Missão cumprida!” A “Bíblia itinerante”, como se tornou conhecida, chegou à 59a assembleia
mundial da Igreja, em Atlanta, Geórgia, EUA, para a reunião
quinquenal iniciada no dia 23 de junho deste ano.
“A Igreja Adventista precisa redescobrir o valor da leitura
desse Livro”, disse o pastor Jan Paulsen, líder mundial da Igreja, às 12 mil pessoas presentes ao culto na manhã de sábado,
dia 11 de outubro de 2008, no Araneta Coliseum, em Manila,
Filipinas. “Muitos adventistas deixaram de passar regularmente um tempo com a Bíblia, e isso é lamentável”, observou
Paulsen. “Cumpre-nos dar à Palavra de Deus um lugar mais
importante em nossa vida.”
16
Adventist World | Julho 2010
“Essa, talvez, seja a Bíblia que mais viajou na história
do mundo”, afirmou Mark Finley, vice-presidente da Igreja
para a área de evangelismo e testemunho pessoal. Finley disse
ao grande auditório que, nesse exemplar especial da Bíblia,
o livro de Gênesis está escrito em espanhol; os Salmos, em
chinês; e o Apocalipse, em coreano. Ele declarou também que
o livro de Neemias está escrito em filipino, notícia que foi
recebida com aplausos pela audiência daquele país.
A seguir, alguns destaques dos vinte meses de itinerário
do Livro:
Euro-Ásia
Os adventistas da região central asiática deram as
boas-vindas ao projeto Siga a Bíblia no Cazaquistão, no dia
12 de julho de 2009, sendo esse país a septuagésima quarta
parada na turnê mundial.
Mais de 450 pessoas esperaram pela Bíblia na reunião campal perto do Lago Karaungur, onde parecia que chuva torrencial, pesadas nuvens e fortes ventos interromperiam o encontro.
Mas, assim que a Bíblia chegou, parou a chuva, as nuvens
desapareceram e começou o programa. O presidente da Igreja
na região, Rubin Ott, viajou com a Bíblia para o Uzbequistão.
A Bíblia itinerante uniu os membros para a leitura e estudo
das Escrituras em Tashkent, capital do país. Os líderes da Igreja
foram convidados para uma reunião sobre liberdade religiosa
com o governo do Uzbequistão. Relataram que a conversa
foi muito cordial e que o governo permitiu, oficialmente, que
a Bíblia cruzasse a fronteira e entrasse no país.
Rússia
Filipinas
Quando a Bíblia itinerante chegou à República da
Bielorrússia, no dia 5 de julho de 2009, os administradores
da Igreja levaram-na para a Biblioteca Nacional, onde ficou
exposta ao público, ao lado de antigos exemplares das
Escrituras Sagradas. À noite, foi apresentado um programa
especial para comemorar o Siga a Bíblia em uma das igrejas
adventistas em Minsk, capital da Bielorrússia.
Os adventistas da Noruega prepararam sacolas ecológicas
com o logotipo “Siga a Bíblia” para entregar às pessoas que
foram vê-la exposta na biblioteca local. O evento foi coberto
pela mídia da cidade. Cada sacola continha um exemplar
do evangelho de João, inscrições para estudos bíblicos por
correspondência e um guia com textos bíblicos selecionados.
Os líderes da Igreja na região estimam que cerca de 10% da
população da cidade receberam a sacola.
Norte da Europa
Enquanto a “viajante” especial continuava seu trajeto,
alguns adventistas participavam do projeto de outras
maneiras: os escoceses decidiram fazer sua própria Bíblia,
personalizada e escrita à mão. Os membros de todas as
igrejas da Escócia enviaram as páginas manuscritas para a
sede da Igreja no país, onde foram compiladas na “Bíblia
Adventista Escocesa”.
Copiar a Bíblia à mão pode trazer nova perspectiva e
significado espiritual, refletiram os participantes. “Alguns
fizeram anotações nas margens, pois, quando uma pessoa
copia a Bíblia, determinadas passagens se tornam mais
significativas para ela”, descreveu Carole Peacock, secretária
da Igreja Adventista na Escócia.
A geografia se tornou um pequeno desafio para a
trajetória da Bíblia. Após cinco mil quilômetros e dezoito
horas de viagem, ela chegou a Kirkenes, Noruega. Essa cidade
está localizada no Círculo Ártico, 2.500 quilômetros distante
de Oslo, capital do país. A Noruega foi o septuagésimo nono
país visitado pelo projeto.
F O T O S :
D E PA R TA M E N T O
D E
C O M U N I C A Ç Ã O
D A
A S S O C I A Ç Ã O
G E R A L
Oriente Médio
Da Europa, a Bíblia seguiu para o Oriente Médio, região
em que a maior parte desse livro foi escrita. Após uma longa
pausa para perguntas e verificações de segurança pela Força
de Defesa Israelense no aeroporto de Atenas, Grécia, o pastor
adventista Janos Kovacs-Biro voou com a Bíblia para Tel Aviv,
no dia 18 de setembro de 2009.
No início do sábado, a Bíblia foi a Ashdod, onde sessenta
pessoas esperavam para vê-la. Adventistas e não adventistas
reuniram-se com alegria e expectativa para ver a Bíblia itinerante. O livro de Ester estava escrito em hebraico, o idioma
do país. De acordo com Kovacs-Biro, Israel foi o nonagésimo
quinto país visitado pela Bíblia. Um senhor aproximou-se do
pastor local e perguntou como poderia ser batizado e unir-se
à Igreja Adventista.
No dia 23 de setembro de 2009, às 3h45 da manhã, a Bíblia
chegou a Dubai, Emirados Árabes Unidos. Os membros da
Igreja promoveram reuniões e falaram a amigos e colegas de
trabalho sobre o significado que existe por trás desse projeto
Julho 2010 | Adventist World
17
Fiji
Haiti
mundial. Os adventistas em Dubai fizeram isso com a
expectativa de despertar em pessoas de outras denominações
o desejo de receber estudos bíblicos. Esses adventistas
originários de diversos países leram solenemente passagens
das Escrituras em filipino, híndi, tâmil e árabe, e fizeram
planos de formar grupos para, juntos, ler toda a Bíblia.
de eventos como este”, aconselhou González. “É muito
importante educar as crianças e jovens nos valores bíblicos,
que são muitas vezes esquecidos nos tempos modernos.
Creio que a Igreja, unida a cada família, pode construir uma
sociedade melhor.”
Rumo à África
Exposição no Sul
Em outubro de 2009, a Bíblia se dirigiu ao continente
americano, onde viajou por igrejas de oito países da América
do Sul. Depois disso, a Bíblia, ostentando uma nova capa
por causa do desgaste ocorrido ao longo do primeiro ano de
viagem, chegou a Miami, Flórida (EUA), para seguir viagem
por outros dez países. “Não desejamos apenas participar desse
evento, mas queremos que cada lar de nosso território, onde
seja possível, tenha uma Bíblia, para que ela seja lida por todos”, afirmou Israel Leito, líder da Igreja na América Central.
Milhares de Bíblias foram impressas em inglês, espanhol e
francês para ser distribuídas por toda a América Central.
Na região mexicana de Yucatán, a Bíblia itinerante foi
bem-recebida em uma cerimônia especial no Parque de las
Américas, em Mérida, no dia 22 de novembro de 2009. Marco
Antonio González, representante do governo para a área de
Desenvolvimento Social e Assuntos Religiosos em Yucatán,
leu e copiou uma porção da Bíblia. Ele falou aos líderes
adventistas sobre como a Igreja pode melhorar a qualidade de
vida dos moradores da região.
“A Igreja Adventista deveria continuar participando
18
Adventist World | Julho 2010
A Bíblia itinerante atraiu milhares de pessoas em
cada local por onde passou. No dia 23 de março de 2010,
em Kisii, Quênia, milhares de pessoas participaram de
uma passeata, que começou no Nyanchwa Teachers
College. A passeata percorreu várias ruas da cidade, onde o
comércio foi paralisado enquanto os moradores saíam de
suas lojas para ver a Bíblia. Conduzidos pelo presidente
da Igreja no sul do Quênia, Obed Nyamache, os adventistas
cantaram acompanhados por instrumentos musiciais.
Ao chegar à Igreja central de Kisii, mais de duas mil
pessoas se uniram à passeata. Vários líderes religiosos de
outras denominações cristãs expressaram sua alegria por
haver sido convidados. Cada um deles incentivou a leitura
da Palavra de Deus. Vários corais entoaram o hino oficial do
evento: “Dá-me a Bíblia” (Hinário Adventista, nº 165).
O impacto completo desse projeto poderá ser visto
apenas no futuro. Mas o fato de enviar uma Bíblia especial
ao mundo inteiro tem dirigido a atenção de muitos para um
livro diferente de todos os outros.
– Compilação de reportagens de várias mídias adventistas, por
Mark A. Kellner, editor de notícias da Adventist World
Protejaas
Combatendo o
tráfico humano na
Tailândia
A
ntes de completar 14 anos de
idade, a vida de Lin já estava em
perigo. Ela era membro da
tribo Akha e morava na província de
Chiang Rai, na Tailândia, em uma região
conhecida como “o Triângulo Dourado
da Tailândia”. Essa região, assim chamada
porque faz fronteira com os países de
Mianmar e Laos, é conhecida pelo tráfico
de drogas e de seres humanos. Embora
vivendo em uma comunidade tribal
pacífica, Lin e outras garotas da tribo
estão expostas a grandes riscos por viver
em situação de pobreza e preconceito, e
sem um sistema educacional adequado.
Certo dia, uma amiga de Lin a
convidou para trabalhar com ela em um
“restaurante de karaokê”. Como sempre
vivera protegida entre seu povo, Lin
não se deu conta de que os restaurantes
e bares de karaokê em Chiang Rai são
locais em que homens vão procurar
garotas que, geralmente, acabam sendo
vítimas de exploração sexual.
“Minha amiga se vestia muito bem
e tinha condições de comprar muitas
coisas com o dinheiro que ganhava no
‘restaurante’”, lembra-se Lin. “Eu só queria ajudar minha família. Meus familiares
realmente precisavam de dinheiro. Além
disso, seria muito bom comprar algumas
roupas bonitas e maquiagem.”
Lin ficou em dúvida se escolheria os
benefícios do dinheiro ou permanecer
em casa com a família. Mas, felizmente,
sem que ela soubesse, seu futuro já
estava planejado.
O pai de Lin havia decidido levá-la a
um centro assistencial para meninas da
tribo. Ele sabia que, se não colocasse a
C O R T E S I A
D A
A D R A
E S P E C I A L
Meninas
Por
Lilya Wagner*
MENINAS EM RISCO: Muitas meninas,
na Tailândia, correm risco porque sua
família é pobre e não são valorizadas
como os meninos.
filha nesse centro, onde lhe ensinariam
uma profissão, ela poderia facilmente
ser vítima do tráfico sexual. Tendo
frequentado apenas a pré-escola,
disseram-lhe que não estava habilitada
para ir às escolas do governo. Agora, aos
14 anos de idade, ela só falava o dialeto
de sua tribo (akha) e não compreendia
o idioma oficial da Tailândia (tai). Com
a ajuda de um programa educacional
não tradicional, ela aprenderia o tai,
continuaria o curso fundamental e
aprenderia uma profissão.
“Se eu não tivesse sido aceita
naquele centro, minha vida teria sido
muito diferente”, disse Lin. “Realmente
não sei o que teria acontecido comigo.
Nem sei se ainda estaria viva.”
Colocando um Rosto no
Tráfico Humano
Imagine alguém que você ama ser
vendido, abusado e abandonado para
morrer muito jovem. É difícil imaginar
tal horror. Mas, para aproximadamente
600 a 800 mil pessoas a cada ano, sendo
80% meninas e mulheres, esse horror é
uma realidade.
O tráfico humano é um grande
problema internacional. É uma das três
principais fontes de renda do crime
organizado, um negócio que movimenta
nove bilhões de dólares ao redor do
mundo. O tráfico humano existe há
séculos e tem se proliferado nas últimas
décadas, embora seja ignorado pela
população em geral. É fácil fazer vista
grossa e ignorar algo que pensamos não
poder “consertar”.
Lilya Wagner é diretora
dos Serviços Filantrópicos
para Instituições, na sede
da Associação Geral da
Igreja Adventista do Sétimo Dia em Silver
Spring, Maryland, EUA.
Julho 2010 | Adventist World
19
E S P E C I A L
com aids. Um estudo produzido pelas
Nações Unidas descreve o tráfico de meninas e mulheres na Ásia como “o maior
comércio de escravos da história”.
Os traficantes sexuais compram
meninas e mulheres de até 10 anos, e
as famílias pobres da Tailândia vendem
as filhas como escravas sexuais por aproximadamente 450 dólares. O norte desse
país tem um problema excepcional porque as famílias das áreas rurais são pobres
e muitas meninas não têm acesso à escola.
Em 2005, a Agência Adventista de
Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra) iniciou um programa
chamado “Proteja as Meninas”. Ele tem
como objetivo não apenas oferecer
abrigo para meninas em alto risco,
mas também disponibilizar o acesso ao
estudo a um número significativo de
crianças e jovens, diminuindo assim sua
vulnerabilidade para o tráfico sexual.
O programa ainda aumenta a oportunidade de elas encontrarem emprego
Esquerda: PROTEJA AS MENINAS:
A Adra oferece bolsas de estudo para
quase sessenta meninas, na Tailândia,
por meio do programa Proteja as
Meninas. Na foto, duas funcionárias
(uma de cada lado) e quatro alunas.
C O R T E S I A
D A
A D R A
L I LYA
W A G N E R
Coloque um rosto nesse dilema.
Mulheres e meninas que são vítimas
de violência sexual estão entre as
pessoas mais desamparadas no mundo,
principalmente porque praticamente
ninguém – além delas próprias –
conhece o sofrimento em que vivem. A
maior parte das mulheres que sobrevive
ao tráfico não tem auxílio legal ou
reparação. Elas são humilhadas,
subjugadas e sofrem as consequências
físicas e psicológicas da violência.
Essas vítimas precisam de cuidado
médico e aconselhamento, especialmente
se foram infectadas pelo HIV e/ou aids.
Mas, antes de perceber que realmente são
vítimas e antes de obter esses serviços
assistenciais e adquirir o respeito que
merecem, essas mulheres precisam atravessar grandes obstáculos. É essencial que
os direitos fundamentais sejam garantidos a essas e a todas as outras mulheres.
Saqueando a Pobreza
A situação de pobreza tem forçado
muitas garotas da Tailândia a entrar
na próspera indústria sexual, frequentemente contra a própria vontade ou
como o último recurso. O efeito sobre
as famílias tem sido devastador. Muitas
garotas viajam aos centros urbanos, para
nunca mais serem vistas, ou voltam para
casa apenas quando estão morrendo
20
Adventist World | Julho 2010
Em tribos como as de Lin, a situação é
ainda pior, pois as meninas podem ser
vendidas por irrisórios cem dólares.
Esse fato assustador levanta
perguntas: O que podemos fazer
diante de uma estatística tão alarmante?
Como podemos mudar esse quadro?
O que Fazer?
Os evangelhos relatam que Jesus
tinha compaixão das multidões (Mt 9:36;
14:14; Mc 6:34; Lc 7:13); Ele Se importava
profundamente com as pessoas. Então,
como poderíamos nós, cristãos, ignorar
o sofrimento dos outros? Alguns questionam se é possível fazer alguma diferença,
individualmente ou como igreja, se às
vezes o sofrimento dessas pessoas é tão
intenso e, aparentemente, irremediável.
Aqui está um excelente exemplo de
intervenção positiva:
ao desenvolver suas habilidades para
trabalhar em pequenas empresas, além
de conscientizar a comunidade contra o
tráfico humano.
A sede do Proteja as Meninas está
localizada na província de Chiang Rai,
em um prédio antes usado para escritórios. Ali é também o lar de cerca de
trinta meninas. Elas estão lá por vários
motivos: suas famílias são pobres; meninas não têm o mesmo valor que crianças
do sexo masculino; sofreram ou correm
risco de sofrer abuso sexual; foram
abandonadas por pais, madrasta ou
padrasto; ou a menina é órfã. A educação é o maior componente do programa
Proteja as Meninas. Frequentemente,
as meninas vulneráveis abandonam a
escola porque a família não pode
mantê-las ou precisa de seu trabalho
para melhorar a renda familiar.
Colhendo os Resultados
Neste ano, os objetivos do Proteja
as Meninas foram alcançados de várias
formas. Desde 2005, noventa meninas
foram ajudadas com apoio educacional.
Atualmente, 59 recebem bolsa de estudos. Quando as visitei nas escolas, em
setembro passado, fiquei emocionada e
contente ao ver seus planos. “Quero ser
musicista”, “Eu serei médica”, “Eu vou
ajudar a outras pessoas a ter sucesso
na vida.” Essas foram algumas das
estão se conscientizando do perigo da
prostituição infantil. Mais importante
ainda, as próprias meninas aprendem
quais são seus direitos, quais as consequências de trabalhar no comércio
sexual e onde podem procurar ajuda.
De Olho no Futuro
O que o futuro reserva para o
Proteja as Meninas e para as garotas do
norte da Tailândia? Existem planos de
expandir o projeto, aumentar o número
O Resto da História
Lin é uma das muitas meninas que tiveram sucesso. Não apenas foi possível que
ela terminasse o ensino fundamental, mas
fez um curso profissionalizante e formouse em contabilidade. Hoje, aos 22 anos, Lin
trabalha como assistente no escritório do
Proteja as Meninas, na Tailândia.
“Estou muito feliz porque agora posso
trabalhar para a Adra e ajudar as meninas
da Tailândia a escapar da triste vida que
muitas de minhas amigas tiveram”, disse
Direita: PRÉDIO ESCOLAR: No Proteja as
Meninas, a educação é prioridade.
As meninas aprendem habilidades que as
ajudarão a encontrar um bom emprego.
Esquerda: ESCRAVIDÃO DOS TEMPOS
MODERNOS: Traficantes compram meninas
de até 10 anos de idade, pois famílias
tailandesas pobres vendem suas filhas
como escravas sexuais por cem dólares.
L I LYA
respostas dadas quando fiz a costumeira
pergunta dos adultos: “O que você quer
ser quando crescer?”
O abrigo começou com sete
meninas. Desde então, 49 já foram
auxiliadas e, no momento, moram ali
29 garotas. Quase todas se tornaram
exemplos de sucesso; apenas umas
poucas desistiram e voltaram para
casa, para um futuro incerto. As meninas vão à escola, participam da igreja
com entusiasmo e estão engajadas num
estilo de vida familiar que as estimula
a desenvolver autoestima e confiança
para enfrentar o futuro.
As garotas que recebem assistência
educacional são capacitadas a encontrar
emprego fora da indústria sexual. Com
o tempo, serão as vozes mais ativas na
defesa de outras meninas em risco. Por
meio desse programa, as comunidades
W A G N E R
de meninas na escola, e conscientizar as
famílias e comunidades. Outro plano é
construir uma residência permanente e
mais adequada em uma área rural, onde
as meninas possam desenvolver atividades para o autossustento. Os recursos
são limitados, mas a visão determinada
e o compromisso estão presentes nos
idealizadores do programa e naqueles
que colaboram com donativos para
ajudar a realizar esses sonhos.
Proteja as Meninas é apenas uma
das inúmeras formas de melhorar a vida
de pelo menos uma pessoa no mundo.
Mas... isso é de nossa responsabilidade?
Devemos fazer algo por essas pessoas? A
resposta é “Sim!” Devemos ajudar de todas as formas possíveis. O próprio Jesus
teve compaixão quando viu o sofrimento das pessoas em Seu tempo. Como
podemos deixar de fazer o mesmo?
Lin. “O centro criado pela Adra é muito
importante para essas garotas. Elas têm
sorte de estar nesse lugar. Se não fosse
pelo Proteja as Meninas, nem quero
pensar onde elas estariam.”
O amor de Jesus nos motiva a lutar
contra todo tipo de crueldade e a promover a dignidade de cada indivíduo.
Realmente, é muito elevado o número
de pessoas em situação de risco ou
necessidade, mas se apenas uma pessoa
– como Lin – for ajudada a escapar dos
horrores do tráfico e a viver uma vida
digna e feliz, já valeu a pena o esforço.
Façamos tudo o que pudermos para
proteger essas meninas.
Para mais informações, acesse
www.adrathailand.org/keep-girls-safe.
Hearly Mayr, diretor de conscientização pública da Adra, e Julio
Muñoz, chefe da agência de marketing e desenvolvimento da
Adra, também contribuíram para este artigo.
Julho 2010 | Adventist World
21
E S P Í R I T O
D E
P R O F E C I A
O
s que desejam conhecer a verdade nada têm a temer
por investigar a Palavra de Deus. Entretanto, ao iniciar
a investigação da Sua Palavra, aquele que busca a
verdade deve deixar de lado todo preconceito, todas as opiniões
preconcebidas e abrir os ouvidos para ouvir a voz de Deus por
meio de Sua mensagem. Opiniões acariciadas, costumes e hábitos há tempo praticados devem ser testados pelas Escrituras. E,
se a Palavra de Deus se opuser ao ponto de vista que você mantém, então, por amor a sua alma, não perverta as Escrituras,
como fazem muitos, para a própria destruição deles, fazendo
parecer que são um testemunho em favor dos erros deles.
Permita ser
Moldado
Por
Ellen G.
White
Palavra
pela
Deixe que sua indagação seja: “Qual é a verdade?”, e não:
“O que até agora acreditei ser verdade?” Não interprete as
Escrituras à luz de sua crença anterior, afirmando que
algumas doutrinas inventadas por seres humanos finitos são
verdade. Que sua indagação seja: “O que dizem as Escrituras?”
Deixe que Deus lhe fale de Seus oráculos vivos, e abra o
coração para receber Sua Palavra.
Siga o Original, Não a Tradição
Muitos estão seguindo tradições humanas, mas essas
tradições são errôneas; nenhum erro tem poder santificador.
Dessa forma, a alma não é santificada por Deus. No entanto,
eles se detêm firmemente sobre as doutrinas humanas e
não são movidos pelo testemunho das Escrituras. Foram
22
Adventist World | Julho 2010
educados a crer em falsidades e usam todos os métodos
engenhosos para que pareça que a Bíblia apoia sua posição
errônea, fazendo com que a falsidade pareça ser verdade.
Porém, o primeiro trabalho a ser feito por aqueles que
conhecerão a verdade é abrir a Bíblia com determinado
propósito para, segundo os requerimentos da Palavra de
Deus, estabelecer sua fé sobre o “Está escrito”.
Reconheça que as antigas teorias devem mudar se não
estiverem em harmonia com as doutrinas da Bíblia. Você é
chamado a fim de fazer esforços diligentes para descobrir
o que é verdade. Isso não deve ser considerado como
exigência difícil; pois as pessoas são chamadas a trabalhar
duro por bênçãos materiais e terrestres, e encontrarão os
tesouros celestiais apenas se estiverem dispostas a cavar
S A R A H
L E W I S / M O D I F I C A D A
D I G I TA L M E N T E
nas minas da verdade e exercer todo poder da mente e do
coração para compreendê-la. [...]
Lendo Corretamente a Palavra de Deus
Tenha cuidado para não ler a Palavra de Deus à luz de
ensinos errôneos. Foi por esse motivo que os judeus cometeram seu erro fatal. Declaravam que toda interpretação das
Escrituras deve estar de acordo com aquela que foi dada pelos
rabinos no passado. Ao multiplicarem tradições e conceitos
humanos e aparentando ter santidade, a Palavra de Deus
não tinha efeito sobre eles. Se Jesus Cristo, a Palavra de Deus,
não houvesse vindo ao mundo, os seres humanos teriam
perdido todo o conhecimento do verdadeiro Deus. Cristo é a
luz do mundo. [...]
Jesus disse que, por causa das tradições, os judeus fizeram
com que os mandamentos de Deus perdessem o efeito.
As exigências humanas foram colocadas onde os requisitos
de Deus deveriam estar, e Jesus os acusou de não conhecer as
Escrituras nem o poder de Deus. Esse é o plano engenhoso
de Satanás para perverter as Escrituras e levar as pessoas a
utilizar a Palavra de Deus de forma equivocada. Ele levou a
Igreja de Roma a decidir que a Bíblia deve ser lida à luz da
interpretação dos “Pais da Igreja”. Portanto, o Senhor não
pode penetrar na mente dessas pessoas até que leiam a Bíblia
como a Palavra do Deus infinito.
Todas as declarações de fé, todas as doutrinas e credos,
embora sejam considerados sagrados, devem ser rejeitados se
contradisserem as claras declarações da Palavra de Deus. Se a
Bíblia apoia a doutrina que defendemos no passado, estamos
justificados a mantê-la, pois a Palavra de Deus fornece o
fundamento para nossa fé. [...]
A Experiência Não é o Padrão
Há muitos que alegam ter sido santificados por Deus;
quando, porém, lhes é apresentada a grande norma de
justiça, ficam muito irritados e manifestam um espírito que
prova que eles nada sabem do que significa ser santificado.
Não têm a mente de Cristo; pois os que realmente são
santificados respeitarão a Palavra de Deus e lhe obedecerão
logo que lhes seja exposta, e expressarão ardente desejo de
conhecer o que é a verdade em todo ponto de doutrina.
Êxtase de sentimento não é evidência de santificação. A
afirmação “Estou salvo, estou salvo” não prova que a pessoa
está salva ou santificada.
Para muitos que se acham grandemente entusiasmados
é declarado que estão santificados, quando não têm uma
ideia inteligente do que significa essa palavra, pois não
conhecem as Escrituras nem o poder de Deus. Vangloriam-se
de estar em conformidade com a vontade de Deus porque
se sentem felizes; mas, quando são testados, quando a Palavra
de Deus é aplicada à sua experiência, tapam os ouvidos para
não ouvir a verdade, dizendo: “Estou santificado”, e isso põe
fim à discussão. Não querem ter nada que ver com examinar
as Escrituras para saber o que é a verdade, e demonstram
estar terrivelmente iludidos. Santificação significa muito mais
do que enlevo de sentimento.
Exaltação ou entusiasmo não é santificação. Unicamente
a inteira conformidade com a vontade de nosso Pai que está
no Céu é santificação, e a vontade de Deus é expressa em Sua
santa lei. A observância de todos os mandamentos de Deus
é santificação. Demonstrar ser filhos obedientes à Palavra de
Deus é santificação. A Palavra de Deus deve ser nosso guia,
não as opiniões ou ideias humanas. Os que desejam ser
verdadeiramente santificados examinem a Palavra de Deus
com paciência, com oração e com humilde contrição.
Lembrem-se de que Jesus orou: “Santifica-os na verdade; a
Tua Palavra é a verdade” (Jo 17:17).
Vivendo de Toda Palavra de Deus
Cristianismo é simplesmente viver de toda palavra que
procede da boca de Deus. Devemos crer e viver em Cristo,
o qual é o caminho, a verdade e a vida. Temos fé em Deus
quando cremos em Sua Palavra; confiamos em Deus e Lhe
obedecemos quando guardamos os Seus mandamentos; e
amamos a Deus quando amamos Sua lei.
Crer numa mentira não porá nenhum de nós no caminho
de ser santificado. Se todos os pastores do mundo nos dissessem que estaríamos seguros em desobedecer mesmo que
fosse a um só preceito da santa norma de justiça, não seriam
diminuídas as nossas obrigações nem atenuada a nossa culpa
se rejeitássemos um claro “Faça” ou “Não faça”. Não devemos
pensar que, pelo fato de nossos pais terem procedido de certa
maneira e morrido felizes, podemos andar em suas pegadas
e ser aceitos ao prestar o mesmo serviço e realizar as mesmas
obras que eles realizaram.
Temos mais luz do que eles tiveram em seu tempo; e,
se queremos ser aceitos por Deus, precisamos ser tão fiéis
em obedecer à luz e segui-la como eles o foram. Devemos
aceitar e aproveitar a luz que brilha sobre o nosso caminho
com tanta fidelidade como eles, em sua geração, a aceitaram
e aproveitaram. Seremos julgados de acordo com a luz que
brilha em nossos dias; e, se seguirmos a luz, seremos homens
e mulheres livres em Cristo Jesus.
Este artigo foi publicado pela primeira vez em The Advent Review
and Sabbath Herald (Revista Adventista dos EUA), de 25 de março
de 1902, e aparece parcialmente em Fé e Obras, p. 121, 122, e
Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 202, 203. Os adventistas do sétimo
dia creem que Ellen G. White (1827-1915) exerceu o dom de
profecia bíblico durante mais de 70 anos de ministério público.
Julho 2010 | Adventist World
23
H E R A N Ç A
A D V E N T I S T A
Longo
C
omposta por mais de dezesseis
milhões de membros, a
Igreja Adventista do Sétimo
Dia deixou de ser um pequeno e
marginalizado grupo cristão. Se ela
fosse um país, teria um número de
habitantes próximo ao da Áustria,
Noruega e Irlanda juntas. Mas o
adventismo do sétimo dia é apenas a
ponta do iceberg de um movimento
que, no século 19, influenciou
profundamente o mundo cristão.
Esse movimento é conhecido
como o grande reavivamento profético
internacional. Dele surgiram não apenas o milerismo e a Igreja Adventista,
mas também o dispensacionalismo e
o pentecostalismo. Todos esses grupos
compartilham a convicção de que a
volta de Cristo será literal, está próxima e ocorrerá antes dos mil anos de
Apocalipse 20.
Hoje, muitos cristãos discordam
dos adventistas sobre Apocalipse 20.
Mas os cristãos primitivos acreditavam
que a segunda vinda ocorrerá antes
do milênio, posição conhecida como
pré-milenarismo. Somente a partir de
Agostinho (354-430 d.C.), os cristãos
passaram a crer no pós-milenarismo,
a ideia de que a volta de Cristo será
depois do milênio.
Durante a Idade Média, o reino
de Cristo (a pedra de Daniel 2) era
entendido como a autoridade religiosa
e civil exercida pela Igreja. O cristianismo cresceria e encheria a Terra,
convertendo todos os povos. Apenas
depois disso, Jesus voltaria. Essa ideia,
24
Por
Aecio E. Cairus
Alcance
Como o reavivamento
adventista
transformou o
mundo religioso
Adventist World | Julho 2010
naturalmente, elimina qualquer possibilidade de que a volta de Cristo ocorra
em breve. Quando vemos o grande
número de não cristãos que existem
no mundo, percebemos que falta muito
para o “reino de Deus” encher a Terra.
Precursores do Segundo
Advento
Se hoje estivéssemos vivendo
durante o milênio, como ensina o
pós-milenarismo, a besta de Apocalipse
13 seria um poder que desapareceu
há muito tempo: o Império Romano,
que perseguiu a muitos cristãos.
Essa interpretação é conhecida como
preterismo (de “pretérito” ou passado) e
foi amplamente aceita durante a Idade
Média, com a notável exceção de um
abade pouco conhecido, Joaquim de
Fiori (c. 1130-1202).
Esse abade acreditava que a Era
Cristã duraria 1.260 anos (iniciados
com o nascimento de Cristo), que
seriam sucedidos pelo reino eterno de
Deus. Vivendo próximo ao término
do período, ele pensava que a besta
seria um falso papa que perseguiria os
verdadeiros cristãos. Seus seguidores
criticavam o poder papal e foram
perseguidos por isso, sendo quase
exterminados em 1466.
Desde aquela época, muitos cristãos
perseguidos na Europa passaram a
identificar abertamente o sistema papal
como a besta. Os primeiros protestantes
também criam dessa forma, embora
não levassem o pensamento à conclusão
lógica, o pré-milenarismo. No fim do
j. n. dar by
século 18, praticamente todos os cristãos
– católicos e protestantes – eram
pós-milenaristas.
Um renovado interesse no prémilenarismo surgiu de forma inesperada:
um livro escrito por um jesuíta. Manuel
Lacunza (1731-1801), sacerdote
nascido no Chile, foi exilado para a
Itália em 1767. Nesse país, teve tempo
de escrever uma obra intitulada La
Venida del Mesías en Gloria y Majestad
(A Vinda do Messias em Glória e
Majestade), que refutava o pósmilenarismo e argumentava em favor
do pré-milenarismo.
O ressurgimento do pré-milenarismo
tornou possível a crença de que a volta
de Cristo ocorreria em breve. Para
Lacunza, a besta estava relacionada
à hierarquia católica romana e existia
ao longo da Era Cristã, paralelamente
à igreja verdadeira. A primeira
página do livro já mostrava a abordagem
bíblica de Lacunza, ao usar o pseudônimo “Juan Josafat Ben-Ezra, um
hebreu cristão”.
Lacunza, porém, nunca escondeu
sua verdadeira identidade e submeteu
o livro à inspeção do governo
espanhol. O rascunho do livro circulou
na forma manuscrita em espanhol a
partir da década de 1790. Em 1812,
a obra começou a ser impressa em
vários idiomas na Europa, agitou dois
continentes (Europa e América) e
cruzou barreiras entre denominações
religiosas.
Em 1826, o livro foi traduzido para
o inglês pelo ministro presbiteriano
e d wa r d i rv i n g
m a n u e l l ac u n z a
Edward Irving (1792-1834) e debatido
nas conferências sobre profecia realizadas em Albury Park (1826-1830).
Essas reuniões foram realizadas na
propriedade do rico banqueiro Henry
Drummond e favoreceu uma interpretação literal das profecias do Antigo
Testamento sobre o futuro de Israel.
O Grande Reavivamento
Profético
Quando a Turquia perdeu o controle sobre a Palestina, em 1831, havia
grande expectativa entre os ingleses
de que Israel seria reconstituído como
nação. Esse entusiasmo tomou conta da
imprensa norte-americana, o que possibilitou a Guilherme Miller (1772-1849),
um desconhecido fazendeiro batista,
reunir grande audiência em seu país.
Miller estava muito interessado
nas profecias quando, em 1816, se converteu do deísmo para o cristianismo. A
Europa acabara de ser devastada pelas
guerras de Napoleão e a monarquia havia sido restaurada. Miller estava confuso
com as divergentes teorias sobre o fim do
mundo. Por isso, decidiu estudar sobre o
assunto diretamente na Bíblia, que examinava diariamente acompanhado de
uma concordância bíblica. Esse estudo
minucioso durou dois anos.
Ao contrário de Lacunza e Irving,
Miller não conseguiu encontrar
evidência de que havia um papel
especial para a nação de Israel no
tempo do fim. Também não conseguiu
encontrar um milênio alegórico –
aceito pela quase totalidade de cristãos
da época –, que iniciaria sem a volta
visível de Cristo e a ressurreição literal.
Miller descobriu uma profecia de
tempo em Daniel 8, a qual estimou
terminar em 1843-1844, quando
ocorreria a volta de Cristo.
Quando Miller sentiu um intenso
desejo de compartilhar suas convicções
com um círculo maior de pessoas,
chegaram à Nova Inglaterra (EUA)
publicações que promoviam o reavivamento profético na Grã-Bretanha. Esse
movimento também defendia
que os 2.300 anos de Daniel 8 terminariam ao redor de 1843. Nesse clima
de notícias sobre a Palestina e teorias
sobre o fim do mundo, Miller recebeu
o primeiro convite para apresentar
publicamente suas descobertas. Esse
evento, ocorrido em agosto de 1831,
marca o início do reavivamento
profético nos Estados Unidos.
As ideias de Miller foram publicadas em revistas, que logo começaram
a ser vendidas em todas as grandes
cidades da nação. Seus discursos
foram proferidos a grandes auditórios,
e as reuniões campais por ele
promovidas eram as maiores até
então realizadas no país. Josiah Litch,
o associado mais próximo de Miller,
observou que Lacunza e Irving
“tiveram na Inglaterra a mesma
aceitação que Miller obteve mais
tarde nos Estados Unidos”.
Um Movimento Atual
Embora o reavivamento na GrãBretanha houvesse aberto caminho
para o norte-americano, logo ambos
seguiram rumos distintos. Irving
desenvolveu palestras sobre um tema
familiar aos adventistas, a “chuva
serôdia”. Por influência delas, surgiu o
fenômeno carismático, com o dom de
“línguas estranhas”, curas sobrenaturais
e visões proféticas. Isso ajudou o ramo
norte-americano do movimento a
olhar com simpatia suas próprias
manifestações de profecias e curas, o
que resultou no início do movimento
pentecostal moderno.
Outro aspecto do reavivamento
na Grã-Bretanha, o papel da nação de
Israel, foi sistematizado pelo ministro
anglicano J. N. Darby, que era amigo
de Irving e participou das conferências
sobre profecias em Albury Park. Ele
acreditava que, antes da volta de
Cristo, haveria um “arrebatamento
secreto” dos cristãos. Pessoas que
fossem “deixadas para trás” seriam,
depois, instruídas sobre a salvação por
meio de judeus literais.
Hoje, a teoria de Darby, conhecida como dispensacionalismo, é
muito popular entre os evangélicos.
Comparado aos demais grupos, o
adventismo é um ramo não carismático
e não dispensacionalista do grande
reavivamento profético internacional.
Mas as diferenças em relação a outros
ramos não deveriam nos fazer esquecer
de que pertencemos a um poderoso
movimento que transformou o mundo
religioso no século 19 e que ainda
possui grande influência no panorama
religioso de nossos dias.
Aecio E. Cairus, Ph.D.,
é professor de Teologia
Sistemática e História
da Igreja no Seminário
Teológico do Adventist International
Institute of Advanced Studies, Filipinas.
Julho 2010 | Adventist World
25
P E R G U N TA S B Í B L I C A S
A
Os animais temeriam os seres humanos e, ao ver alguém,
questão do vegetarianismo na Bíblia é um pouco
literalmente correriam para salvar a própria vida (Gn 9:2).
complexa. A Bíblia aborda o assunto no contexto da
O ideal divino de uma alimentação sem carne não foi
criação original e da nova Terra. Mas, ao mesmo tempo,
as Escrituras permitem que o ser humano utilize determinados esquecido posteriormente na Bíblia. Quando o povo de Israel
estava no deserto e necessitava de alimento, Deus enviou o
tipos de carne. Portanto, não podemos exigir que o vegetarianismo seja parte do estilo de vida cristão. Vamos, porém, exami- maná. Quando os israelitas insistiram em comer carne, o
nar algumas evidências bíblicas que respondem à sua pergunta.
Senhor lhes deu codornizes; o resultado, porém, foi doença
1. Vegetarianismo na Bíblia. É bem conhecido o fato de que entre eles (Nm 11:4-23, 31-33). De acordo com o relato
a dieta original dada por Deus ao ser humano era vegetariana bíblico, o Senhor raramente provia carne para Seu povo
(cf. 1Rs 17:6). Em realidade, a alimentação habitual dos
(Gn 1:29), e assim permaneceu mesmo após a entrada do
israelitas era basicamente
pecado no mundo (Gn 3:18).
vegetariana. Apenas em
Essa dieta foi dada quando
circunstâncias especiais eles
Deus disse que Adão e Eva
comiam carne, como, por
deveriam exercer domínio
exemplo, em alguns rituais
sobre os animais (Gn 1:28),
de sacrifício (Lv 3:1-9). A
o que estabelecia um limite
posse de animais domésticos
do poder humano sobre o
determinava a riqueza de
reino animal. No contexto da
uma pessoa (era sua “conta
Criação, a dieta vegetariana
bancária”) e constituía fonte
indicava a ausência de violênde leite, coalhada e queijo
cia e morte entre as criaturas,
P E R G U N TA :
(Dt 32:14; Jz 5:25; 2Sm 17:29).
e o propósito divino era manter essa condição. Mas a dieta
3. O ideal de Deus para
também revelava a sabedoria e
Seu povo. Os adventistas
têm levado a sério a lei dos
o amor de Deus em providenciar ao ser humano um tipo de
animais puros e impuros,
alimento que tornaria possível
e consideram-na como o
Por
mínimo do que o Senhor
a ele cooperar com o Criador
Ángel Manuel
requer de nós em relação a
na preservação da vida em
Rodríguez
suas melhores condições. A
uma alimentação apropriada.
Submetemo-nos a esses
carne era desnecessária para
conselhos em gratidão e
manter a vida.
É interessante que a Bíblia afirma que, na consumação dos
obediência à vontade de Deus, porque essa lei expressa Seu
séculos, após o pecado ser erradicado da criação de Deus, os
amoroso interesse em nosso bem-estar físico e espiritual.
Quando cuidamos de maneira adequada de nosso corpo,
seres humanos serão novamente vegetarianos. Isso é mostrado
que é o templo do Espírito Santo, glorificamos a Deus
especialmente na descrição profética sobre a transformação do
(cf. 1Co 6:19, 20). A evidência bíblica levou os adventistas
mundo animal e a ausência de violência nele: “Ninguém fará
a concluir que o vegetarianismo é o ideal de Deus para Seu
nenhum mal, nem destruirá coisa alguma em todo o Meu santo monte, pois a Terra se encherá do conhecimento do Senhor
povo. Esse ideal é bastante significativo em um mundo que,
como as águas cobrem o mar” (Is 11:9; veja também Is 11:6-9;
aos poucos, tem se conscientizado dos benefícios dessa dieta.
O vegetarianismo tem se tornado popular ao redor do
65:25).* A ausência de violência no mundo animal pressupõe
mundo por vários motivos: ético, ecológico, religioso e até
também sua ausência entre os seres humanos.
narcisista. Talvez esse seja o momento certo para reafirmar o
2. Consumo restrito de carne. Após o dilúvio mundial e
ideal divino, evitando-se o uso de carne em reuniões oficiais
no contexto da ausência de vegetais, Deus permitiu aos seres
humanos que se alimentassem de carne (Gn 9:3), com base na da igreja (reuniões de obreiros, “junta-panelas” na igreja, etc.)
e, sempre que possível, não a utilizando em nossa mesa.
distinção entre animais puros e impuros (Gn 7:2; cf. Lv 11).
Escrevo isso “para que você tenha boa saúde e tudo lhe
Esse uso restrito de carne tinha dois objetivos principais. Em
primeiro lugar, visto que era uma lei alimentar (ou de saúde), corra bem, assim como vai bem a sua alma” (3Jo 2).
ela identificava quais carnes poderiam melhor contribuir para *Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.
a preservação da vida humana em um mundo de pecado e
morte. Em segundo lugar, essa lei servia para impor limites
à violência humana contra a vida dos animais ao permitir
Ángel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisa
apenas o consumo de um número restrito de tais criaturas.
Bíblica da Associação Geral.
Alimento
Ideal
Os cristãos devem
ser vegetarianos?
26
Adventist World | Julho 2010
O
Jardim
da
E S T U D O
Promessa
B Í B L I C O
Por Mark Finley
Quando Adão e Eva foram enganados por Satanás no esplendor do jardim do Éden, o amor
de Deus não os abandonou. Embora não houvesse desculpas para o pecado deles, Deus
não podia suportar a ideia de viver longe de Seus filhos para sempre. Eles pecaram por sua
própria e deliberada escolha, mas Deus providenciou salvação por Sua própria e deliberada
escolha. Neste estudo, descobriremos o plano de amor estabelecido por Deus para
redimir um planeta rebelde.
1. Qual foi a escolha fatal feita por Eva?
“Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável
para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também” (Gn 3:6).*
Descreva, em suas próprias palavras, o que Eva fez e por que isso foi tão ofensivo para Deus.
2. Quais foram as consequências da escolha feita por nossos primeiros pais quando
desobedeceram a Deus?
“À mulher, Ele [Deus] declarou: ‘Multiplicarei grandemente o seu sofrimento na gravidez; com sofrimento
você dará à luz filhos. Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará’” (Gn 3:16).
As consequências para Eva foram:
“Com
você dará à luz filhos.”
“E ao homem declarou: ‘Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual Eu lhe
ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos
os dias da sua vida. Ela lhe dará espinhos e ervas daninhas, e você terá que alimentar-se das plantas do campo.
Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você
é pó, e ao pó voltará’” (Gn 3:17-19).
As consequências para Adão foram:
“Com
“Porque você é
você se alimentará dela.”
e ao
voltará.”
O pecado tem consequências. Embora o bondoso Deus tenha providenciado salvação para
Adão e Eva, toda a raça humana experimentaria as trágicas e dolorosas consequências
da desobediência deles.
3. Como Adão e Eva tentaram lidar com o pecado?
“Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se” (Gn 3:7).
“[Eles] juntaram
para cobrir-se.”
Nossos primeiros pais tentaram esconder sua culpa e vergonha cobrindo-se com roupas
feitas de folhas. Mas substitutos não satisfazem as exigências de um Deus justo. Deus
ordenou obediência; por isso, a tentativa de Adão e Eva de resolver o problema do pecado
nunca funcionaria.
Julho 2010 | Adventist World
27
4. Observe como Adão e Eva tentaram, cada um, desviar de si a responsabilidade.
Que desculpas eles apresentaram?
“Disse o homem: ‘Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi’.
O Senhor Deus perguntou então à mulher: ‘Que foi que você fez?’ Respondeu a mulher: ‘A serpente me
enganou, e eu comi’” (Gn 3:12, 13).
Adão culpou
.
Eva culpou
.
A tendência humana é culpar aos outros pelos seus próprios erros. Mas desculpas por nossa
desobediência nunca satisfazem a Deus (ou a qualquer outra pessoa). A única maneira de corrigir
a situação é assumir a responsabilidade por nossas ações e nos arrepender diante de Deus.
5. Como um Deus de amor ofereceu esperança a Adão e Eva? Que sentença Ele deu
contra a serpente, que representava Satanás?
“Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o Descendente dela; Este lhe ferirá a
cabeça, e você Lhe ferirá o calcanhar” (Gn 3:15).
O Descendente da mulher, Jesus, nosso Salvador, feriria a
de Satanás.
Apenas um ferimento na cabeça já é mortal. A morte de Jesus na cruz esmagou o maligno,
tornando Satanás um inimigo vencido. Uma ferida no calcanhar não é fatal e, embora
Jesus tenha sido crucificado, Ele saiu da tumba vitorioso.
6. Que símbolo de Seu sacrifício Jesus deu a Adão e Eva e a seus filhos?
“O Senhor Deus fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e sua mulher” (Gn 3:21).
“Abel, por sua vez, trouxe as partes gordas das primeiras crias do seu rebanho. O Senhor aceitou com agrado
Abel e sua oferta” (Gn 4:4).
“Pois a vida da carne está no sangue, e Eu o dei a vocês para fazerem propiciação por si mesmos no altar;
é o sangue que faz propiciação pela vida” (Lv 17:11).
Quando Adão e Eva pecaram, o Senhor providenciou roupas de
.
Essas roupas requeriam a morte de uma vítima inocente. Assim, tão logo o pecado se tornou parte da experiência
humana, Deus providenciou sacrifícios de animais, que representavam a futura morte de Cristo na cruz.
“O salário do pecado é a morte” (Rm 6:23). Como todos pecaram, todos merecem a morte eterna (Rm 3:23).
O sangue derramado durante os sacrifícios representava o sangue de Cristo que seria derramado. Quando Jesus
morreu, Sua vida foi oferecida em nosso benefício.
7. Se, por meio de Adão, a morte chegou a toda a raça humana, o que recebemos por
meio de Jesus?
“De fato, muitos morreram por causa da transgressão de um só homem, mas a graça de Deus, isto é, a dádiva
pela graça de um só, Jesus Cristo, transbordou ainda mais para muitos” (Rm 5:15).
Por meio de Jesus nós recebemos a
de Deus.
O pecado de Adão e Eva tornou a todos nós pecadores, tanto por natureza (condição) como por
nossas escolhas (atos). Mas – louvado seja Deus –, por meio da morte de Jesus recebemos a
graça divina. Quando estávamos desesperados, Ele nos deu esperança. A promessa feita por um
Deus de amor no jardim do Éden fala poderosamente a cada um de nós.
Somos preciosos demais aos olhos de Deus para que Ele nos abandone.
*Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.
Não perca o estudo bíblico do próximo mês:
“Verdade
28
Adventist World | Julho 2010
ou Consequências.”
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
História de
Encorajamento
Agradeço a Deus
por esta maravilhosa revista.
Ela está cada vez
melhor. Fiquei impressionado com
o artigo “A longa
jornada de Joana”
(abril), porque me identifiquei com
essa jovem. Eu também estava à procura
da verdade sobre aqueles assuntos.
Não foi fácil mudar de igreja, devido
a tudo que eu havia aprendido antes.
Mesmo assim, tomei a decisão de
seguir a Cristo.
Precisamos orar em favor da Joana
e de sua família, para que o Espírito
Santo continue a guiá-los. Oremos
também por outros que estão passando
pela mesma experiência de compreender melhor a Palavra de Deus.
Manuel Latorre
San Juan, Porto Rico
Preparo Pessoal
Li o artigo “Adventistas e muçulmanos:
cinco convicções”, de William Johnsson
(fevereiro). Tenho estudado a Bíblia
para entender o que o Senhor diz sobre
os muçulmanos.
Creio que, sem dúvida, Deus tem
seguidores espalhados por todas as
religiões. No livro de Isaías, descobri
o quanto Deus quer que as pessoas
conheçam a verdade sobre Jesus.
Também quero saber mais sobre as
profecias. Por favor, escrevam mais
artigos sobre o Apocalipse. Tenho
certeza de que vivemos nos últimos
dias da história deste mundo. Creio
que Jesus voltará em breve; por isso,
preciso começar a buscá-Lo hoje,
estudando Sua Palavra e também os
escritos de Ellen White.
Louvo a Deus porque vocês têm
feito muito para levar ao mundo a
luz dada pelo Senhor a respeito dos
últimos dias e de Seu breve retorno.
Patricia Coral
Ciudad del Carmen,
Campeche, México
Compreensão mais Clara
Achei brilhante o artigo a respeito de
tradução, “Compreendendo a Palavra”,
de Marcos Paseggi (janeiro). O autor
mostra a importância do trabalho
desempenhado pelos tradutores e
intérpretes em benefício da Igreja
mundial. Seria interessante criar uma
rede internacional de tradutores
adventistas. Eu teria muito prazer
em escrever para meus colegas de
outros países para nos apoiarmos e
aprendermos uns com os outros.
Júlio Leal
Salvador, Bahia, Brasil
Cruzando Fronteiras
Denominacionais
Sou cristão e frequento a Igreja do
Evangelho Quadrangular, na Nigéria.
Li o artigo “Aulas, cultura e Cristo”,
de Sandra
Blackmer
(setembro de
2009). Desde
então, minha
vida nunca
mais foi a
mesma, especialmente por
causa da lição
de amor ao
próximo e da história da Krystal. Agora
compreendo o significado das palavras
de Cristo, em que Ele compara a fé a
um grão de mostarda.
Emmanuel Seun
Nigéria
Sou apaixonada
por essa revista e faço
meu trabalho missionário
distribuindo-a para
as pessoas em ônibus,
shoppings, bancos, etc.
Graças a Deus por esse
ministério que une
os adventistas de todo
o mundo.
– Ada Frech, Manágua, Nicarágua
Ferramenta Evangelística
Gosto muito de ler a Adventist World.
Gostaria de destacar o artigo
“Movimento profético singular”, de
James R. Nix (junho de 2009).
Sou apaixonada por essa revista e
faço meu trabalho missionário distribuindo-a em ônibus, shoppings, bancos,
etc. Graças a Deus por esse ministério
que une os adventistas de todo o mundo.
Ada Frech
Manágua, Nicarágua
Ligado a uma Revista
Envio saudações em nome de Jesus. Li
o editorial “E houve luz”, de Bill Knott
(novembro de 2008). Fiquei muito
impressionado com o que aprendi. Por
favor, me enviem alguns exemplares
mais recentes da revista.
Alex Wapatichongo Simuntala
Lusaka, Zâmbia
Julho 2010 | Adventist World
29
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Enviem Mais Exemplares
Exorto os adventistas a continuar a
caminhada com Deus e a ser obedientes
à Sua Palavra. Nunca parem de espalhar
a boa notícia, apesar dos desafios.
O mundo necessita de salvação
e vocês são instrumentos que Deus
usa para proclamar a salvação à raça
humana. Tenho alguns exemplares da
Adventist World. Por favor, enviem-me
mais cópias da revista.
Harry Chirwa
Nkhata Bay, Malavi
Esperança para o Mundo
Muito obrigado pelo maravilhoso
trabalho que vocês realizam em levar
a mensagem de paz e motivação a
outras pessoas. De fato, a Adventist
World tem levado esperança a adventistas
e não adventistas. Que Deus abençoe
ricamente os esforços de vocês!
Daniel Yeboah
Sunyani, Gana
Recebo sua revista, que realmente
tem sido uma bênção para mim e
minha família. Amo a coluna “O Lugar
das Pessoas”, onde podemos ver o trabalho realizado por adventistas no mundo
inteiro.
Montse Huerta
Bellflower, Califórnia,
Estados Unidos
Deus tem protegido Seu povo e, por
isso, Sua obra está progredindo no
Burundi. A Adventist World chega até
nós, sendo distribuída primeiramente
em escolas e igrejas e depois para o
resto da comunidade. Muito obrigado
por esse grande trabalho.
Dan Harelimana
Bujumbura, Burundi
Acho a Adventist World muito interessante. É uma bênção encontrá-la
on-line, gratuitamente. Gosto muito das
seções “Perguntas Bíblicas” e “Estudo
Bíblico”. Muito obrigada por esse
material. Recebam minhas calorosas
saudações. Que o Senhor continue a
abençoar os leitores!
Aleyda Báez Alvarez
Monterrey, Nuevo León, México
Estou muito feliz porque agora nossa
igreja na Alemanha pode ler a Adventist
World em seu próprio idioma. Deus
abençoe a vocês e ao trabalho que
realizam para Ele. Envio saudações da
Alemanha.
Martin Wanitschek
Alemanha
Cartas para o Editor – Envie para: [email protected]
As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com
250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo,
data da publicação e número da página em seu comentário.
Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você
está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão
resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser
publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.
LUGAR DE ORAÇÃO
Por favor, orem por mim. Gostaria de
ir para a universidade, mas não tenho
condições.
Gabriel, Haiti
Estou passando por um período difícil
na escola e com minha família. Orem
por mim.
Luis, México
Muito obrigada por suas orações em
favor de minha mãe. Ela teve câncer
e faleceu. Orem por minha família.
Acabei de perder minha avó no
início do mês e ainda não superamos
essa perda.
Michele, Estados Unidos
Orem por meu filho Tiago. Ele sofre
com uma doença não diagnosticada.
Exames médicos adicionais precisam ser
30
Adventist World | Julho 2010
feitos. Acredita-se que não seja câncer,
mas parece ser algo muito sério.
Irene, Austrália
Pouco tempo depois que minha esposa
foi batizada, ela abandonou a igreja.
Com as orações de vocês ao Todo-poderoso, ela retornará. Estou procurando
emprego numa transportadora. Ore para
que eu seja contratado, se Deus quiser.
Pascal, Camarões
Sou estudante universitário. Estou trabalhando, mas o salário é muito baixo
para pagar a escola. Por favor, orem
para que o Senhor realize um milagre.
Fungayi, África do Sul
Eu havia pedido para conseguir um
emprego. Vocês oraram e fui chamado
para ser entrevistado em uma faculda-
de. Graças a Deus, passei na entrevista e
consegui um emprego em que não sou
obrigado a trabalhar no sábado.
Thandiwe, Botsuana
Orem para que Deus abra as portas
para cuidarmos de órfãos. Também
gostaríamos de construir um prédio
para a igreja; fazemos os cultos embaixo
de uma árvore. Espero que Deus ouça
nossa súplica.
Gladys, Quênia
Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à
oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo,
75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão
editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos
os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana,
nem todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido,
seu nome e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu
material: envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para:
Intercâmbio Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike,
Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA.
F L AV I O TA K E M O T O
INTERCÂMBIO DE IDEIAS
Em
Busca da
Felicidade
Leitor escreve sobre o
antídoto para a solidão
A
lguma vez você já se deparou com uma encruzilhada na vida e perguntou
como poderia ser feliz? Com muita frequência, aquilo que achamos que é
capaz de nos tornar felizes não tem poder para isso, e vivemos numa
busca sem fim por algo que nunca conseguimos encontrar. Será que a felicidade
prometida realmente aparece no final? Você está casado há sete, dez, vinte anos e,
em certo momento, olha ao redor, vê o cônjuge, os filhos e tudo o que obteve... e
ainda se sente sozinho?
Seus melhores amigos lhe oferecem uma festa. Todos estão felizes por você.
Todos o cumprimentam. Mas, numa fração de segundo, você se encosta à parede,
olha ao redor e descobre que, a despeito dos bons amigos e de toda a sorte que eles
lhe desejam, você ainda está sozinho.
A solidão é o principal fator que nos leva a buscar a felicidade. A solidão, a
ausência de uma relação humana significativa, elimina de nossa vida a alegria e o
senso de propósito.
Como cristãos, nada disso deveria nos surpreender, uma vez que Jesus e os
apóstolos tinham muito a dizer sobre o assunto. Eles indicaram claramente o
caminho da felicidade, que não pode ser encontrado por meio de relacionamentos
humanos perfeitos, posses materiais ou circunstâncias utópicas. Se a prioridade
de uma pessoa é posse material, ela provavelmente vai descobrir que o medo
e a ganância estão tomando conta de sua vida. Ao buscar a verdadeira felicidade,
não precisamos abandonar todos os bens deste mundo, apenas definir quais são
as prioridades em nossa vida.
Uma das consequências da verdadeira religião é que somos resgatados da solidão. Mas isso não acontece quando, ao orarmos, Deus envia o homem ou a mulher
dos nossos sonhos, e sim porque Ele nos ensina a ver os semelhantes como a nós
mesmos, ter consciência de sua humanidade, seus medos e sentimentos, em vez de
considerar apenas nossos interesses.
Com a verdadeira religião, não aprendemos como obter amigos, mas como
ser um amigo. Passamos a aliviar a solidão de outros. Aprendemos a ouvir os
problemas dos outros, em vez de exigir que eles ouçam os nossos.
Para a alma solitária, a religião oferece uma comunidade. Nosso lugar de culto
nos oferece refúgio, um oásis de cuidado e consideração em meio a um mundo
hostil e competitivo. No mundo do Mestre, devemos buscar “em primeiro lugar
o Reino de Deus e a Sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas”
(Mt 6:33, NVI).
A felicidade é espiritual, nasce da Verdade e do Amor. Ela é desinteressada;
portanto, não pode existir sozinha, mas requer que seja compartilhada com toda a
raça humana.
Esse tipo de felicidade não é superficial. Ela brota do mais profundo de nosso
ser, trazendo uma serenidade indescritível.
–Israel Rafalovich, Bruxelas, Bélgica
“Eis que cedo venho…”
Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só
crença, missão, estilo de vida e esperança.
Editor
Adventist World é uma publicação internacional da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação
Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático.
Editor Administrativo
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Editor Associado
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Chun, Pyung Duk
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Adventist World é uma revista mensal editada
simultaneamente na Coreia, Brasil, Argentina, Indonésia,
Austrália, Alemanha, Áustria e nos Estados Unidos.
Vol. 6, No. 7
Julho 2010 | Adventist World
31
O Lugar Das
PESS
M Ê S
– Ouvido na recepção de um casamento em 2010,
enviado por K. A. P. (Paulsen) Yesudian, de Sutton
Coldfield, Reino Unido
É
E S S E ?
O .
G O D O R
“Frequentemente se diz, de maneira jocosa,
que ‘o amor é cego’. Mas há certa verdade
nessa frase, se dita da seguinte forma:
‘O amor deve ser muito inteligente, ter bem
abertos os olhos, ouvidos e mente, antes
do casamento; mas deve ser cego depois do
casamento, fechando os olhos para alguns
dos defeitos que aparecerem.’”
L U G A R
M AT T H E W
Q U E
P O R
D O
E N V I A D O
FR A S E
AS
VIDA ADVENTISTA
Nervoso e inseguro em seu primeiro batismo após ser ordenado, um
jovem pastor tomou a mão do batizando e disse: “Eu te batizo em nome do
pai da criança e do espírito de profecia.”
O mesmo pastor, após oficiar sua primeira cerimônia de casamento,
disse aos presentes: “Quero apresentar-lhes o mais novo casal de nossa
igreja. Vamos dar-lhes uma calorosa saudação.”
– Dr. José Carlos Ebling, Brasil
I K
L L E V
S K J E
uma igreja internacional em Copenhagen, Dinamarca.
■ Remodelar um edifício, transformando-o em igreja para uma
congregação próxima a Helsinki,
Finlândia.
■ Renovar o Acampamento da União
Polonesa em Zatonie, Polônia.
Para saber mais sobre esse
e outros trabalhos missionários
que a Igreja está realizando ao
redor do mundo, visite
www.AdventistMission.org.
A dedicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia de Aladja, Nigéria, realizada no dia
14 de novembro de 2009. A foto foi tirada pelo pastor Jacob Umoru, líder da Igreja na região.
TA D
M E I S
■ Estabelecer
RESP O S TA :
Å S E
V O C Ê S ABIA?
A Igreja Adventista do Sétimo Dia
escolheu a Divisão Transeuropeia
para receber a oferta do décimo
terceiro sábado no terceiro trimestre
deste ano (julho-setembro). A
Divisão Transeuropeia é formada
por países da Europa, Ásia e norte
da África. Abriga mais de 616
milhões de pessoas, das quais 111
mil são adventistas do sétimo dia,
numa proporção de um adventista
para cada 5.550 pessoas.
A oferta ajudará a:

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