viver Com artrite reumatoide
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viver Com artrite reumatoide
Cardio-Dúvidas www.facebook.com/saudenoticias ABRIL2013 | N.º 08 | ANO I | MENSAL + Este jornal é gratuito, pelo que não pode ser comercializado + O Enfarte do Miocárdio não é o mesmo que um AVC. Saiba a resposta na pág. 10 diretora-geral: Ana Santos Viver com artrite reumatoide Mesmo nas fases agudas, a doença não pode falar mais alto O testemunho de quem vive com a doença O sonho de ter um filho Alexandre Moutela é administrativo e Joana Pereira é instrutora de fitness. Têm algo em comum: sofrem de artrite reumatoide. Ao Saúde Notícias falam das dificuldades que enfrentam, como o medo de não terem acesso ao único tratamento que lhes dá qualidade de vida. A infertilidade afeta cerca de dez por cento da população portuguesa. A doença provoca uma grande angústia e leva muitos casais ao desespero. Mas existe solução, na maioria dos casos. O importante está em procurar ajuda o mais cedo possível. Veja na pág. 12 Veja na pág. 8 breves saúde infantil Solução gere diabetes à distância 24 horas por dia editorial Quisemos nesta edição do Jornal Saúde Notícias dar destaque à Artrite Reumatoide, o sonho de ter um filho, viver com a infertilidade e outros assuntos pertinentes. Perante estes temas vou focar neste editorial a adversidade. Quer queiramos ou não, a adversidade faz parte da vida. Superar as adversidades é um dos maiores obstáculos que enfrentamos. Os problemas, sejam grandes ou pequenos apresentam-se a nós durante toda a nossa existência. Independentemente de quão animado, inteligente, ou contente estejamos no momento, independentemente de a vida nos correr às mil maravilhas, inesperadamente todos nós algumas vezes somos confrontados com problemas, lutas, desafios, dificuldades. É como se fossemos postos à prova, para vermos de que fibra somos feitos, como é que conseguimos enfrentar algumas situações catastróficas e angustiantes. Não pretendo passar a mensagem que quanto mais adversidade melhor, nem sou apologista de que o sofrimento é algo de bom. Não, o sofrimento incapacitante não é benéfico. Ainda assim, não invalida que pensamos nele como uma realidade que acontece na vida de cada um de nós, certamente em número e intensidade diferentes de pessoa para pessoa. Quando acontece, aceitá-lo é uma parte da estratégia para nos livrarmos de mais sofrimento. Aceitá-lo pode constituir uma forma de nos reestruturarmos e seguirmos em frente. Quando você responder de forma positiva e construtiva aos seus maiores desafios, as qualidades como a força e virtude, coragem, caráter, combatividade, esperança e perseverança emergem lá de dentro. É claro que, dado que somos humanos, é muito fácil cairmos na autopiedade, na injustiça da vida, ou na armadilha do “porquê eu?”. Quando fazemos isso, deixamos de reconhecer as oportunidades de sabedoria e de crescimento que acompanham a adversidade. No entanto, assim que conseguimos ou nos permitimos pensar mais claramente, que somos capazes de deixar a vitimização auto-destrutiva e pensamentos improdutivos, também ficamos mais capacitados para lidar com o que está diante de nós. Construa os seus recursos externos. Construa um sistema de apoio baseado na família e nos amigos. Quando as coisas ficam difíceis, todos nós precisamos de encorajamento e apoio. Precisamos de alguém com quem conversar, alguém para ajudar a aliviar o fardo. Você ficaria surpreendido ao descobrir quantas vezes um amigo teve uma experiência semelhante e pode ajudar a guiá-lo no momento difícil. O fato de saber que um amigo está lá quando você precisa dele, pode ser muito reconfortante. Se a sua condição perante a adversidade não for ultrapassada e gerar problemas psicológicos como a depressão ou ansiedade, não hesite em procurar ajuda profissional, seja através de uma consulta de psicologia ou de um grupo de suporte específico, como por exemplo determinados grupos de ajuda. Sempre uma palavra positiva e já agora um sorriso Os utentes da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) têm à disposição uma nova solução que permite gerir à distância os níveis de glicemia e insulina. Com um simples telefonema, SMS ou e-mail contatam regularmente a equipa de saúde que os acompanha na APDP. Caso haja algum problema, os profissionais de saúde retribuem a chamada para evitar complicações graves. O Sistema de Monitorização Remota de Pessoas com Diabetes surge na sequência de uma parceria entre a APDP e a Fundação Vodafone Portugal e foi apresentado, dia 18 de abril, na Escola da Diabetes Ernesto Roma, em Lisboa. Prevenção de Queimaduras de Verão O SOL no verão é o maior causador de queimaduras na criança e no jovem. Menos frequentes, os churrascos são também responsáveis pelas queimaduras por contacto na época estival. Os perigos da automedicação A A automedicação pode contribuir para o aumento das alergias a fármacos. As reações adversas podem ser muito perigosas, chegando a ser fatais. Em 90% dos casos, as alergias manifestam-se na pele e nas mucosas com vermelhidão (urticária), comichão ou edema. Nos casos mais graves provocam também vómitos e dor abdominal, dificuldade em respirar, asma, rinite, hipotensão arterial ou choque anafilático. O alerta é lançado, em comunicado, por Mário Morais de Almeida, coordenador do Centro de Imunoalergologia do hospitalcuf descobertas. Mustela aposta na proteção das células estaminais do bebé PREVENÇÃO, através da adopção de comportamentos saudáveis quer em relação à exposição solar quer em relação à utilização de churrascos é emergente. PREVENÇÃO DAS “QUEIMADURAS DE VERÃO” Check-up cardiovascular gratuito Perséose de abacate é a última inovação da Mustela. Trata-se de um novo ativo para bebés que estimula a função barreira da pele e atua “como um escudo em caso de agressão”, protegendo as células estaminais. Na apresentação estiveram presentes várias personalidades conhecidas do grande público, como Isabel Figueira, Joana Seixas, Isabel Medina, Cinha Jardim, Rita Mendes, entre outros. É no verão, principalmente na época de férias, que as famílias aproveitam o tempo de lazer para realizar actividades ao ar livre, seja na praia, na piscina ou no campo onde a exposição excessiva ao sol pode causar queimaduras na pele deixando-a avermelhada, com bolhas e dor. O Sol tem um efeito benéfico para a saúde e bem-estar da criança e é indispensável para a síntese da vitamina D, importantíssima para a formação do cálcio e crescimento dos ossos. Por outro lado, o sol emite raios ultravioleta (UV) de 2 tipos: UVB (responsáveis pela queimadura solar) e UVA (responsáveis pelo aparecimento de cancro na pele) e mesmo nos dias nublados a radiação UV continua a atingir a pele e causar efeitos nocivos. A criança e o jovem pela sua fragilidade devem ser alvo de maior cuidado pelo que, em qualquer actividade ao ar livre proteja sempre a pele da criança, não a expondo ao sol diretamente para evitar escaldões / insolações. Para além da prevenção da exposição solar é fundamental lembrar a prevenção de outras causas de queimadura nesta época - os churrascos ao ar livre, resultando em queimadura por contacto com as superfícies quentes do grelhador/brasas, mas também pela liber- Até 5 de maio pode fazer um check-up cardiovascular gratuito. Para isso basta dirigir-se a uma das Walk’in Clinics, entre as 10 h e as 22 h, em qualquer dia da semana. A Walk´in Clinics está localizada nos centros comerciais das regiões de Sintra, Telheiras, Aveiro e Santa Maria da Feira. O objetivo é “prevenir a doença, promover a saúde e o bem-estar da população”, segundo o comunicado de imprensa. As doenças cardiovasculares costumam desenvolver-se silenciosamente e têm um grande impacto na população portuguesa, sendo a principal causa de morte em Portugal, além de estarem associadas a uma importante causa de incapacidade. Ana Santos FICHA TÉCNICA | Esta edição é de distribuição gratuita, pelo que não pode ser vendida Subscreva o Saúde Notícias e envie-nos as suas sugestões para: [email protected] Siga-nos no Facebook www.facebook.com/saudenoticias e no site www.saudenoticias.pt (download gratuito do jornal) 2 Abril 2013 Ano I – 2013 Propriedade Guess What Comunicação, Lda Rua Actriz Adelina Fernandes, 7b 2795-005 Linda-A-Velha Sede da Redação Rua Actriz Adelina Fernandes, 7b 2795-005 Linda-A-Velha Tel.: 21 386 15 82 Email: [email protected] Diretora Ana Santos Tiragem 25 mil exemplares DESIGN E PAGINAÇÃO Alexandra Miguel Periodicidade Mensal Depósito Legal: DL 319614/10 ERC registo: 125983 Nº Contribuinte 508521211 Impressão Funchalense - Empresa Gráfica, SA Rua da Capela da Nossa Senhora da Conceição, nº50 Morelena 2715-028 Pêro Pinheiro Colaboradores Maria João Ramires Carla Fonseca Mário Tomé Sónia Morais tação de pequenas faúlhas que atingem a pele, olhos ou roupa das crianças sobretudo as mais pequenas quando rodeiam o adulto durante a realização daquela actividade. O perigo está sempre à espreita e com as crianças “MAIS VALE PREVENIR DO QUE REMEDIAR”, como diz o ditado popular. MEDIDAS de Protecção Solar na criança Evite a exposição solar nas horas de maior calor e intensidade de radiação ultravioleta entre as 11 horas e as 17 horas; Proteja os bebés antes dos 6 meses, não os levando para a praia e até fazerem um ano, não os exponha directamente ao sol; Use protetor solar com índice de protecção superior a 30, com cobertura para Sandra Faleiro; Arminda Monteiro Enfermeiras Especialistas em Saúde Infantil e Pediátrica CHLC, EPE – Hospital Dona Estefânia; Consulta Externa de Pediatria. a radiação UVA e UVB (filtros Minerais), aplicado em grande quantidade, preferencialmente em camadas em toda a pele exposta, não esquecendo orelhas, pescoço, mãos e pés; Coloque o protetor solar 30 minutos antes da exposição solar e no momento da exposição. Repita a aplicação a cada 2 horas e sempre após contacto com água; Coloque chapéu de abas largas que proteja a cabeça e a face e óculos de sol antiUV para proteger os olhos; Evite que a criança fique muito tempo com calção/ fato de banho e camisola molhadas, pois a roupa permanentemente molhada deixa passar mais facilmente os raios UV. A roupa seca e os tecidos com malha apertada / mais espessos impedem mais a passagem dos raios solares. É preferível a utilização de cores escuras como o preto, azul e vermelho escuros, porque filtram mais a radiação UV. Existem já marcas de vestuário com protecção UV (o factor de protecção ultravioleta – UPF deve ser 40); Procure a sombra (sobretudo com crianças com menos de 12 meses) mantenha a criança debaixo do guarda-sol e tenha os mesmos cuidados com a pele, pois a luz solar reflectida na areia ou na superfície da água continua a atingir a pele; Evite viajar nas horas de maior calor. No carro, deve equipar os vidros com telas protetoras; Dê a beber água à criança com frequência; Opte por refeições ligeiras e repartidas. É aconselhável o consumo de frutas e de legumes/vegetais frescos, ricos em caroteno e vitaminas, que ajudam a proteger a pele contra os efeitos nocivos dos raios solares. MEDIDAS de Protecção da As opiniões, notas e comentários são da exclusiva responsabilidade dos autores ou das entidades que produziram os dados. Nos termos da Lei, está proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos. As autoras escreveram ao abrigo do antigo acordo ortográfico. criança durante a realização de fogo/churrascos As crianças são muito curiosas, querem investigar e explorar, gostam de estar acompanhadas e de ver o que os adultos estão a fazer. A criança não tem a noção do perigo e são os adultos que a devem proteger adoptando atitudes simples, como: Manter a criança afastada do local onde se faz o churrasco; Nunca colocar a criança ao colo durante a sua realização; Manter os fósforos ou isqueiros fora do alcance da criança; Não utilizar álcool para acender ou manter a chama. Os pais e educadores devem ser as pessoas mais competentes na aplicação das medidas de proteção com a finalidade de prevenir as queimaduras com crianças no verão. Os profissionais de saúde e em particular os enfermeiros estão disponíveis para informar e alertar a população em geral e a si em especial para a importância de conseguir uma correta e eficaz protecção solar e prevenção de outras causas de queimadura frequentes com crianças no verão. Fontes: Medidas de protecção das crianças em época balnear, acedido em 16 de Março de 2013 emhttp://www. ordemenfermeiros.pt/comunicacao/Documents/Noticias_ apos_2011/Folheto_DMC_2011Amarelo.pdf www.deco.proteste.pt/prevencao/cuidados-com-o-sol Abril 2013 3 artrite reumatoide artrite reumatoide Os custos da artrite reumatoide Wanda Heloísa Ferreira, GRUPARJ, Brasil “Existe um sistema integrado da doença e só recebe este tipo de Maria João Ramires medicamentos quem realmente precisa deles. Quanto aos custos, Calçar os sapatos, abrir uma porta ou cortar o bife podem ser tarefas complicadas para quem sofre de artrite reumatoide. O acesso aos medicamentos biológicos, a qualidade de vida destes pacientes e os custos do (não) tratamento estiveram em destaque nas XIII Jornadas da ANDAR. “ Os doentes têm muito medo que lhes seja negado o acesso aos biológicos, os únicos medicamentos que lhes dão qualidade de vida”. O alerta é deixado por Arsisete Saraiva, presidente da ANDAR – Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatoide, à margem das XIII Jornadas da associação, que decorreram a 5 de abril, em Lisboa. A artrite reumatoide é uma doença inflamatória cróni4 Abril 2013 ca articular que, em fases mais agudas, impede os pacientes de realizarem tarefas tão básicas como atar os sapatos, tomar banho ou pegar numa caneta. Estima-se que existam em Portugal 40 mil pessoas com artrite reumatoide, das quais 3200 necessitarão de medicamentos biotecnológicos. São doentes que já experimentaram todas as terapêuticas, mas sem sucesso. Resta-lhes os “biológicos”, dispensa- existe um plafond definido e deles. Quanto aos custos, existe um plafond definido e negociado anualmente com o INFARMED, Administração Central dos Serviços de Saúde (ACSS) e a Indústria Farmacêutica”. Uma das temáticas abordadas no evento foi o impacto dos custos no tratamento da artrite reumatoide, devido à negação do tratamento por parte de alguns hospitais. “Felizmente, esta situação já está controlada. Mas ainda há muitos receios, pois ainda há um mês recebi mais uma denúncia”, salienta a presidente da ANDAR. Paula Almeida, vice-presidente do Infarmed, fala de um custo anual por doente que ronda os 11 e 12 mil euros/ano, mais de 80 milhões de euros em 2012. Mas estes valores foram contestados pelos restantes intervenientes: “Estes valores fogem à realidade, porque englobam a artrite reumatoide, a artrite psoriática, espondilite anquilosante, a psoríase em placas, a doença de Chron”, refere Canas Silva, reumatologista do Hospital Garcia d’Orta. E acrescenta: “É necessário ter acesso a dados concretos de cada uma das doenças”. Paula Almeida respondeu dizendo que “a ACSS está a trabalhar nesse sentido”. Tratamentos por via oral ou subcutânea Mas não há outros tratamentos além dos biológicos? Sim, existem. O problema está na resposta e na tolerância. Canas da Silva salienta que os medicamentos biológicos só são utilizados quando não há alternativas. Estes fármacos “melhoram bastante a qualidade de vida das pessoas, sendo, muitas vezes, a única solução para poderem trabalhar e serem mais autónomos”. Quanto às restantes terapêuticas, a mais utilizada é o metotrexato (MTX). “É o tratamento de primeira linha”, refere António Vilar, reumatologista no HPP Lusíadas e no Instituto Português de Reumatologia (IPR). Relativamente ao MTX, quanto mais cedo se iniciar, mais possibilidades existem de se evitar complicações graves, como deformações irreversíveis. “O ideal é ter um diagnóstico precoce e iniciar o MTX nos primeiros três meses”. Este especialista realçou ainda a importância de se optar pelo MTX subcutâneo, em vez do oral, sempre que haja casos de intolerância ou de não resposta. “Tem menos efeitos secundários e a maior eficácia. As injeções são autoadministradas e, como cada dose corresponde a uma cor diferente, não há receio de enganos”. Relativamente ao diagnóstico precoce já existem testes laboratoriais que permitem detetar anos antes se uma pessoa poderá vir a ter a doença. “É uma grande evolução e, finalmente, já há comparticipação por parte do Estado”, salienta Germano Sousa, da Associação Nacional de Laboratórios de Análises Clínicas. Uma das temáticas abordadas no evento foi o impacto dos custos no tratamento da artrite reumatoide, devido à negação do tratamento por parte de alguns hospitais O segredo está na partilha de competências Canas da Silva frisa ainda a importância de haver uma “maior partilha de competências, o que nem sempre acontece”. A mesma opinião tem Luís Rebelo, médico de Medicina Geral e Familiar (MGF) da USF Parque, em Lisboa, e Rui Figueiredo, reumatologista no IPR. “É necessário intercalar competências entre o médico de família e o reumatologista. Estes doentes têm várias comorbilidades e necessitam de diversos tratamentos, assim como de realizar exames periodicamente”, refere Rui Figueiredo. Torna-se necessária uma maior colaboração e interação. A educação para a saúde também é essencial, “já que os doentes têm de estar informados para saberem a quem se dirigir e como prevenir complicações graves”, refere Wanda Heloísa Ferreira, presidente do GRU- PARJ, uma associação brasileira similar à ANDAR. No final do evento, fica a mensagem principal, partilhada pelos vários intervenientes. É preciso dar voz ativa aos doentes, não lhes negar os medicamentos biológicos, apostar no diagnóstico precoce e continuar a lutar para que sejam disponibilizados mais apoios. No final do evento, fica a mensagem principal, partilhada pelos vários intervenientes. É preciso dar voz ativa aos doentes, não lhes negar os medicamentos biológicos, apostar no diagnóstico precoce e continuar a lutar para que sejam disponibilizados mais apoios. No final do evento, fica a mensagem principal, partilhada pelos vários intervenientes. É preciso dar voz ativa aos doentes, não lhes negar os medicamentos biológicos, apostar no diagnóstico precoce e continuar a lutar para que sejam disponibilizados mais apoios. negociado anualmente com o INFARMED, a Administração Central dos Serviços de Saúde (ACSS) e a Indústria Farmacêutica” dos em farmácia hospitalar gratuitamente. Os custos versus a qualidade de vida Com a conjuntura atual, “criou-se a ideia de que estes pacientes gastam muito dinheiro ao Estado, mas isso é falso”, salienta Arsisete Saraiva. E explica porquê: “Existe um sistema integrado da doença e só recebe este tipo de medicamentos quem realmente precisa Germano Sousa, Associação Nacional de Laboratórios de Análises Clínicas António Vilar, reumatologista, Hospital HPP Lusíadas e Instituto Português de Reumatologia Arsisete Saraiva, presidente da ANDAR – Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatoide Abril 2013 5 artrite reumatoide artrite reumatoide “Trabalho, pago os meus impostos. Por que não me dão mais apoios?” Conheça melhor a artrite reumatoide Desde os 11 meses que tem artrite reumatoide. Os custos com a doença são muito elevados. Só a cadeira de rodas custa 2100 euros e gasta quase 100 euros em medicamentos por mês, fora produtos de higiene e outros. Mas, como recebe o ordenado mínimo, não tem direito a apoio social. Apesar da revolta, não desiste de lutar. cadeira de rodas elétrica. “São as minhas pernas!”, salienta. Ainda trabalha, mas para o conseguir precisa de tomar medicamentos biológicos. Trata-se de terapêuticas administradas apenas a doentes que não conseguem responder e/ou tolerar os restantes fármacos. Além da cadeira, a mãe é uma presença habitual. “Vivo com a minha mãe, porque se estivesse sozinho tinha de contratar alguém para me ajudar. E com o ordenado mínimo é impossível”. O que é a Artrite Reumatóide? Quais são os fatores de risco? É uma doença inflamatória crónica, de causa ainda desconhecida. Envolve particularmente as articulações, provocando dores nas mãos, punhos, cotovelos, joelhos e pés. Esta patologia, que atinge mais o sexo feminino do que o masculino, pode afetar também os olhos, o coração, os pulmões, os rins, o sistema nervoso periférico e provocar anemia. Surge com maior frequência na faixa etária dos 30-40 anos, afetando a capacidade produtiva do indivíduo bem como a sua vida familiar e social. Pode também iniciar-se a partir dos 18 anos. Género: as mulheres são frequentemente mais afetadas (quatro mulheres para um homem); Idade: é, sobretudo, uma doença dos adultos jovens e das mulheres pós-menopáusicas; Historial de doença e vacinação: esporadicamente surgem casos de artrite depois de infeções por parvovírus e vírus da rubéola ou vacinações para a rubéola, tétano, hepatite B e influenza; Tabagismo duplica o risco. Sintomas: Quais são as formas de prevenção? Não podemos evitar o surgimento da doença. A prevenção destina-se, fundamentalmente, a diminuir a gravidade da doença, de forma a reduzir a incapacidade funcional e a melhorar a qualidade de vida. O diagnóstico precoce é essencial. Os reumatologistas já conseguem controlar os sintomas em 90% dos casos e obter a remissão da doença em 75% dos doentes. Mais informações: ANDAR - Associação Nacional Sinais e sintomas que se apresentam na artrite reumatoide: - Dor articular; - Inflamação articular; - Rigidez articular (sensação de “prisão” dos movimentos), geralmente pela manhã e que vai desaparecendo progressivamente ao longo do dia; - Febre; - Cansaço. 6 Abril 2013 dos Doentes com Artrite Reumatóide Av. do Brasil, 53 1700-063 Lisboa Telef.: 21 7937361 – Linha Verde: 800 20 32 85 www.andar-reuma.pt/ default.aspx Perguntas Frequentes Alexandre ainda viveu bastantes anos sem a doença ter grandes manifestações, mas em 2000, tudo mudou A artrite reumatoide é contagiosa? Não. A artrite reumatoide não é uma doença infeciosa nem uma doença contagiosa. Qual é a causa da artrite reumatoide? Não é conhecida a (s) causa (s): poderá tratar-se de um agente externo, um vírus ou um agente interno. Por uma razão desconhecida, o organismo deixa de reconhecer a articulação como sua e reage contra ela – reação autoimune. Outra hipótese será a de que não há agressão, mas uma reação inflamatória que aparece sem razão, depois de uma desregulação inexplicada do organismo. A gravidez influencia de forma positiva a artrite reumatoide ou vice-versa? Há evidências de que a gravidez melhora a artrite reumatoide. Algumas mulheres que sofrem desta doença souberam que estavam grávidas por terem tido uma melhoria inesperada. No entanto, esta resposta não é absoluta: a melhoria só é observada em três casos em cada quatro e desaparece rapidamente após o parto. Por outro lado, a artrite reumatoide não influencia a gravidez: não há maior risco de infertilidade, abortos espontâneos ou partos prematuros. Contudo, os tratamentos administrados na artrite reumatoide podem ter um efeito na gravidez, pelo que deverá prevenir o seu reumatologista imediatamente. O que é a Certidão Multiuso, quais são os benefícios e como posso obtê-la? A Certidão Multiuso atesta o grau de incapacidade e é necessária para requerer certos benefícios, desde que a incapacidade seja no mínimo de 60% e, em alguns casos, de 95% (por exemplo, para a isenção do imposto automóvel). Tem de ser requerida pelo utente ou seu representante. O requerimento para obter esta certidão tem de ser feito na Unidade de Saúde Pública (Delegação de Saúde) da área de residência do utente com incapacidade ou deficiência. Benefícios mais relevantes da Certidão Multiuso: - Redução do IRS; - Isenção de imposto automóvel; - Redução de juros no empréstimo bancário; - Redução do preçário em alguns títulos de transporte público; - Dístico para estacionamento. Fonte: Ministério da Saúde A lexandre Moutela tem 33 anos. Sofre de artrite reumatoide desde os 11 meses, dependendo atualmente da mãe para fazer tarefas tão práticas como tomar banho, vestirse, cortar alimentos mais rígidos, viajar. A artrite reumatoide moldou-lhe a vida ou ele moldou-se à artrite reumatoide. “Não é fácil, mas é preciso lutar pelos nossos objetivos, não esquecendo a doença, mas também sem nos deixarmos abater”, afirma. Tudo começou aos 11 meses. Febre alta e alguma pigmentação vermelha na pele levou-o a ser examinado por diferentes médicos. No início foi dito à mãe que tudo não passaria de uma virose ou “dentes” e que, dentro de dias estaria bom. Como a febre não passava, a mãe acabou por levá-lo novamente às urgências. Acabou por andar em mais do que um hospital. Suspeitando-se de febre atípica – houve um surto na altura em Espanha –, ficou internado durante 18 dias, fazendo banhos de imersão várias vezes ao dia, “que duravam vários minutos e, nalguns casos, era posto gelo na água”. Ao contrário do que se esperava, o quadro clínico do Alexandre não melhorou. O diagnóstico estava errado. Não se tratava de febre atípica, mas de uma broncopneumonia. “O tratamento para a doença errada acabou por contribuir para o surgimento da artrite reumatoide, como me informaram”, relembra a mãe, Carminda Moutela. O rapaz de 11 meses, que tinha entrado a andar e a pesar 12, 800 kg, acabou por sair do hospital paralisado e com 5,200 kg. Com o ordenado mínimo, não tem direito a receber apoios A família ficou abalada, mas não desistiu de acreditar na cura. “Na altura não se falava de artrite reumatoide. Não tinha noção da evolução que a doença poderia ter”, afirma a mãe. E continua: “Tem sido um enorme calvário, principalmente para o meu filho, mas temos de lutar”. Alexandre ainda viveu bastantes anos sem a doença ter grandes manifestações, mas em 2000, tudo mudou. “Tive crises constantes muito graves que me deitaram abaixo”. Não sabe por que piorou. “Talvez porque passei a trabalhar, como administrativo, e a ter uma vida mais ativa. Não sei”. Atualmente precisa de uma «Ferrari», que custa 2100 euros, mas são as pernas dele”. As queixas não se ficam por aqui. O ordenado mínimo deve, supostamente, dar para todas estas despesas, mas também para uma cama articulada e assentos que se adequem ao seu problema. “Sinto-me angustiada. Não consigo dar-lhe a cama e o assento. É tudo muito caro. Precisa também de cotoveleiras. Estes materiais não são um luxo para ele, mas uma necessidade. É uma forma de evitar as chagas”, refere Carminda Moutela. Alexandre é perentório: “Trabalho, pago os meus impostos. Por que não me dão mais apoios?” Os receios quanto ao futuro Conseguir trabalhar é uma mais-valia, já que existe um elevado número de casos de reforma por invalidez nesta doença. Mas ao mesmo tempo é um obstáculo. “Os medicamentos biológicos são gratuitos, mas preciso de outros, já que a doença traz outras complicações. Por mês gasto perto de 100 euros na farmácia e ainda tenho de pagar os produtos de higiene”, explica. A cadeira de rodas é elétrica, porque é a única que consegue adaptar-se à sua deficiência e precisa de baterias novas e de rodas. A mãe sente-se revoltada. “Pedi ajuda à assistente social e disse-me que o Estado não paga cadeiras de rodas tão sofisticadas. Sei que são um Apesar de tudo continua a lutar “para que não se deixe abater pela doença”, com a ajuda da medicina convencional, mas também do reiki. Atualmente, o maior receio é ficar sem o único tratamento que pode fazer para a artrite reumatoide: os medicamentos biológicos. “Fiquei apenas três dias sem fazer a terapêutica, mas isso foi o suficiente para piorar e deixar de trabalhar”. Às autoridades de saúde deixa um alerta: “Olhem mais para nós. Não esqueçam as outras patologias. Mas lembrem-se que quem sofre de artrite reumatoide precisa de ajuda. Há pessoas que já não podem trabalhar e que ganham pensões de 200 euros. Só essa quantia é gasta, todos os meses, em medicamentos na farmácia”. E é num misto de revolta e esperança que Alexandre e a mãe vão continuar a lutar pelos seus direitos e os de todos os doentes com artrite reumatoide. Abril 2013 7 PUB artrite reumatoide “Nunca tive sintomas nenhuns. Foi assim de um dia para o outro” Tudo começou numa manhã. Levantou-se e caiu. Tinha 17 anos e foi no dia 14 de fevereiro. Desde aí, começou “uma relação de amor com a artrite reumatoide que nunca mais acabou”, como refere ao Saúde Notícias. Apesar da progressão rápida da doença, não desiste dos seus sonhos e de pedir para que deem mais voz aos doentes. Q uem olha para a Joana Pereira, de 30 anos, jamais imagina que está perante uma doente de artrite reumatoide, em estado grave, que necessita de medicamentos biológicos para ter uma vida com qualidade. Mais admirado fica ao saber que é instrutora de fitness. Natural de Esposende, tem a garra de uma mulher do Norte e, apesar do sofrimento, não desiste de lutar pelos seus direitos. “Mudei muitas coisas na minha vida, mas faço por ser feliz”, afirma. A doença apareceu e evoluiu de forma muito rápida Há 13 anos acordou e mal pôs os pés no chão, aca- 8 Maria João Ramires bou por tombar. A rigidez e a falta de forças foram mais fortes. “Nunca tive sintomas nenhuns. Foi assim de um dia para o outro”. Foi ao hospital e, após alguns exames e várias perguntas por parte dos médicos, foi para casa. Receitaram-lhe antiinflamatórios e, de facto, melhorou. Joana Pereira foi uma das várias doentes a quem lhe foi negado o acesso a medicamentos biológicos Abril 2013 Mas o que parecia ser o fim de um grande susto, foi o início de uma grande batalha. Ao fim de uns dias acabou por ter mais uma crise, mas desta vez nas mãos. “Os dedos incharam muito, tinha dores horríveis”, explica. Voltou a ir às urgências do hospital e, mais uma vez, foram-lhe receitados antiinflamatórios. Os problemas continuaram a surgir e teve mais episódios idênticos, mas noutras partes do corpo. Acabou por fazer análises mais elaboradas e o seu médico de família referenciou-a para um reumatologista. Foi preciso um ano para se descobrir que tinha artrite reumatoide. “A doença manifestou-se e desenvolveu-se de uma forma muito rápida” Tão rápida que aos 19 anos estava a colocar uma prótese total na anca e aos 21 realizou uma artrodese tripla do pé. “O meu pé está fixo, sem qualquer mobilidade devido a esta intervenção”, afirma. Experimentou todas as terapêuticas e em todas houve problemas. Ou era intolerante ou o organismo não respondia ao tratamento. A situação agudizou-se quando contraiu tuberculose. “Trabalhava num gabinete de Medicina Legal e quem faz autópsias está exposto a muitos vírus e bactérias. Como a doença é autoimune e os medicamentos fragilizam o sistema imunitário acabei por contrair tuberculose”, explica. Esteve um ano sem fazer qualquer tratamento para a artrite reumatoide para se poder curar. No final, piorou bastante e foi submetida a mais uma terapêutica para a artrite reumatoide. Não resultou e acabou por ter uma recidiva da tuberculose, voltando a ser internada, em pleno isolamento, durante vários meses. Após estes episódios teve de deixar a sua profissão. “Autópsias, nunca mais. O médico disse-me logo que se continuasse poderia acabar por contrair uma doença muito grave, porque o meu sistema imunitário está muito fraco”. Acabei por enveredar por outra carreira: a de instrutora de fitness. Após a gravidez, começou com os biológicos Com todos estes contratempos e com todas as consequências da doença, não deixou de realizar um gran- de sonho: ser mãe. Tem uma filha pequena, “que não para”, e que lhe dá muita força hoje em dia. Uma das dúvidas mais habituais para quem sofre de artrite reumatoide é se se pode engravidar. Sim, podese engravidar, com o acompanhamento necessário do médico assistente. Aliás, até é “uma bênção”. “Parecia que não tinha a doença. Devia estar sempre grávida”, diz, sorrindo. O problema surgiu após o parto. A artrite reumatoide ressurgiu e “com toda a força”. “Piorei bastante e, como já tinha feito rejeição a todas as terapêuticas, acabou-se por optar pelos biológicos que me dão qualidade de vida. É quase como não ter a doença”, frisa. Estes fármacos dão-lhe qualidade de vida, mas também «muitas dores de cabeça». “Levei um ano para conseguir ter acesso a esta terapêutica. Depois de muita luta, ao fim de dois meses, recebo um telefonema a dizerem-me que não tinham o medicamento disponível”. Joana Pereira foi uma das várias doentes a quem lhe foi negado o acesso a medicamentos biológicos. “Foi revoltante e muito angustiante. Não tenho um alternativo”, afirma. A situação resolveu-se com a ajuda da ANDAR e não se voltou a repetir. Olhando para o futuro “Espero continuar a trabalhar e a ter acesso aos medicamentos. Também tenho esperança que venham a dar mais voz ativa aos doentes”, refere. Quanto à vida familiar, vai colocar o marido “no altar”, afirma, sorrindo. “Sempre me acompanhou. Se num casamento não conseguir cortar a carne, ele faz isso por mim sem ter vergonha. Nem sempre o parceiro aceita situações deste tipo. Muitas vezes têm mais vergonha do que nós, que temos a doença”. Para terminar, deixa uma mensagem a todos os doentes com artrite reumatoide: “Façam por ser felizes!”. PUB cardio-dúvidas Enfarte do Miocárdio tempo é músculo... O Enfarte do Miocárdio ou Ataque Cardíaco é uma situação que ocorre quando o sangue rico em oxigénio – essencial para o funcionamento do músculo cardíaco – é interrompido subitamente por um entupimento da artéria coronária que leva o sangue. É do domínio comum que o Enfarte do Miocárdio é uma situação potencialmente muito grave, podendo provocar a morte ou incapacidade nos doentes atingidos. Há quem confunda o Enfarte com o AVC, situação igualmente grave mas que ocorre no cérebro enquanto o Enfarte é no coração. Há, no entanto, em geral, um fundo comum, pois ambos resultam da interrupção da circulação num determinado território. O Enfarte do Miocárdio ou Ataque Cardíaco é uma situação que ocorre quando o sangue rico em oxigénio – essencial para o funcionamento do músculo cardíaco – é interrompido subitamente por um entupimento da artéria coronária que leva o sangue. Se a circulação é restabelecida rapidamente, as consequências podem ser minimizadas mas se isso não acontece, elas podem ser graves. A privação súbita de oxigénio provoca de imediato uma instabilidade das propriedades 10 eléctricas das células cardíacas ou miocitos, podendo gerar-se perturbações graves do ritmo cardíaco que podem chegar à fibrilhação ventricular – desorganização total do ritmo cardíaco com perda da contracção do coração – e paragem cardíaca. A maior parte dos casos de morte súbita devem-se a enfartes que evoluíram catastroficamente, muitos deles provocando a morte antes de chegar o socorro e a morte súbita pode ser a primeira (e única!) manifestação de doença das artérias coronárias, o que é mais Abril 2013 uma razão para se fazerem todos os esforços para identificar problemas nas artérias nos indivíduos com risco cardiovascular – principalmente colesterol elevado, consumo de tabaco, diabetes e hipertensão. A oclusão da artéria acontece quando uma placa de ateroma (provocado pela deposição de colesterol na artéria) se rompe e se forma um coágulo de sangue que entope a artéria. Nos outros doentes que sofrem Enfarte do Miocárdio, as consequências vão depender da quantidade de músculo cardíaco que é afectada: se a artéria ocluída for uma grande artéria responsável por levar sangue a uma área miocárdica extensa, a privação de oxigénio vai levar à morte dos miocitos e a cicatriz resultante já não tem as propriedades de contracção que são características do músculo cardíaco. Se se tratar duma zona grande, o doente pode evoluir para insuficiência cardíaca, com sintomas de cansaço e falta de ar progressivas a que se podem juntar inchaços das pernas. Podem ainda surgir complicações “mecânicas” como a rotura da parede do ventrículo, a insuficiência aguda da válvula mitral e a rotura do septo que separa os dois ventrículos, situações que geralmente necessitam de cirurgia de emergência. Se se tratar duma pequena coronária afectada ou se ocorrer a recanalização expontânea (há no nosso organismo substâncias que podem dissolver parcialmente o coágulo de sangue que entope a artéria), as consequências podem ser pequenas e o doente pode até não necessitar de intervenção urgente. Nos casos mais graves, é necessário tentar com a maior urgência possível desentupir a artéria e restabelecer a corrente sanguínea, já que por cada minuto que passa se perdem milhares de células miocárdicas. É da maior importância reconhecer os sintomas suspeitos de Enfarte do Miocárdio e pedir socorro Prof. Victor M. Gil Cardiologista com a maior urgência O tratamento mais eficaz consiste em realizar um cateterismo de urgência, atravessar a oclusão da artéria com um fio metálico e dilatar a artéria colocando uma malha metálica para evitar a sua re-oclusão. Esta intervenção pode ser feita nas primeiras 12 horas desde o início dos sintomas mas desde que o doente chega ao hospital deve ser realizada em 120 minutos. Alguns enfartes não dão aviso mas em cerca de metade há sintomas nas 24 horas prévias a que os doentes não dão importância. Assim, é da maior importância reconhecer os sintomas suspeitos de Enfarte do Miocárdio e pedir socorro com a maior urgência. É preferível ser um falso alarme do que deixar evoluir uma situação como esta. Quais são os sintomas de Enfarte do Miocárdio? Dor no meio do peito, geralmente como se fosse um peso ou uma garra que aperta o peito, por vezes passando também para as costas, os braços ou o pescoço e maxilar inferior; l A dor acompanha-se muitas vezes de suores frios, agonias ou mesmo vómitos e pode ser acompanhada de falta de ar; l Por vezes não é exactamente uma dor, mas um cansaço, ardor ou um mal-estar no peito; l Pode também não ser exactamente no meio do peito mas mais na zona do estômago ou no lado esquerdo do peito. l SE SENTIR UM SINTOMA PARECIDO, CHAME DE IMEDIATO O 112 Existe um sistema montado entre nós que tem um funcionamento exemplar – a Via Verde Coronária – centralizado pelo INEM e que uma vez accionado lhe pode salvar a vida, proporcionando socorro imediato e transporte para um Centro de Intervenção Coronária. Este artigo foi escrito de acordo com a antiga ortografia. infertilidade infertilidade Infertilidade O sonho de ter um filho Calhaz Jorge, responsável pela Unidade de Medicina de Reprodução do Hospital de Santa Maria – Centro Hospitalar Lisboa Norte e Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa’ A infertilidade afeta cerca de dez por cento da população portuguesa. A doença provoca uma grande angústia e leva muitos casais ao desespero. Mas existe solução, na maioria dos casos. O importante está em procurar ajuda o mais cedo possível. Apesar de Portugal ter uma boa taxa de sucesso, segundo a Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR), há muitos casais que adiam a solução er um filho. Este é o desejo da maioria dos casais, mas para cerca de dez por cento é um sonho que tarda em se realizar. A infertilidade é uma doença que provoca muita angústia, mas tem solução na maioria dos casos. E o segredo do sucesso dos tratamentos está, muitas vezes, num único gesto do casal: procurar ajuda, sem prolongar o problema no tempo. “A situação é preocupante, porque pensa-se cada vez mais em ter filhos após os 30 anos, quando a fertilidade começa a diminuir naturalmente com o avançar dos anos”, afirma Cláudia Vieira, presidente da Associação 12 sonho de ser pai e mãe, mas “isso acontece com qualquer casal, independentemente de se ter um problema de infertilidade”. Além disso, “os casais que são seguidos no privado podem candidatar-se também a uma consulta em centros públicos”. As limitações no público, para este especialista, incidem, sobretudo, nas listas de espera e no facto de se poder administrar um único tratamento por ano. Pedir apoio psicológico Viver com esta doença não é fácil, como nos explica Ana Galhardo, coordenadora da rede de psicólogos da APF. “Na maioria dos casos, as pessoas são surpreendidas pelo problema de infertilidade. Uma notícia que não é fácil de digerir, porque compromete, de alguma forma, Prevenção de Infertilidade Maria João Ramires T cipação dos medicamentos fica-se pelos 69 por cento e muitas famílias não conseguem fazer face à despesa”, esclarece. “Pelo menos temos a garantia que não vai haver cortes nesta área em 2013. Foi o próprio Ministro da Saúde, Paulo Macedo, que no-lo garantiu”. Relativamente à acessibilidade nos serviços públicos, Teresa Almeida Santos diz que só há listas de espera em Lisboa. “A problemática incide mais na distribuição dos centros de procriação medicamente assistida (PMA), que se centralizam nas grandes cidades”, complicando a vida dos casais, que têm de gastar dinheiro nas deslocações, em estadias, além de faltarem ao emprego”. Calhaz Jorge, por sua vez, considera que a crise pode levar, de facto, a atrasar o Portuguesa de Fertilidade (APF). Além da carreira, hoje em dia, “há ainda a ter em conta as dificuldades económicas que levam a adiar o sonho de se ser pai e mãe”, acrescenta. O estilo de vida também não ajuda. “O stress constante, o tabagismo e a falta de proteção contra infeções sexualmente transmitidas (IST) estão a condicionar, de alguma forma, a fertilidade da mulher e do homem”, alerta Cláudia Vieira. A responsável faz questão de sublinhar que “os problemas de fertilidade tanto podem estar na mulher como no homem. Já é tempo de deixar o estereótipo de que a causa da Abril 2013 doença está sempre no elemento feminino do casal”. Um problema que tem solução Apesar de Portugal ter uma boa taxa de sucesso, segundo a Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução (SPMR), há muitos casais que adiam a solução. “Além da conjuntura atual, há casais que negam o problema ou que estão a ser acompanhados pelos médicos de família, sem serem referenciados para as consultas hospitalares da especialidade. Isto só prolonga o problema e pode mesmo por em causa o sucesso do tratamento”, frisa Cláudia Vieira. E continua: “Não há que ter medo. A situação é dolorosa, mas tem solução, na maioria dos casos. Procurese ajuda o quanto antes.” O mesmo apelo faz Teresa Almeida Santos, presidente da SPMR. “Não adiem o sonho de serem pais!”. Calhaz Jorge, responsável pela Unidade de Medicina de Reprodução do Hospital de Santa Maria – Centro Hospitalar Lisboa Norte e Professor Associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, concorda: “Se não se consegue engravidar após um ano de relações sexuais frequentes e sem proteção deve procurar-se ajuda”. Para este especialista em Medicina da Reprodução, os casais não devem protelar o sonho de serem pais, porque a infertilidade é uma doença que, “na esmagadora maioria das vezes, tem solução”. Os tratamentos dependem, inevitavelmente, do problema subjacente, daí existirem várias técnicas. “Se se trata de um problema de ovulação, são administradas injeções que permitem estimular esse processo, mas podemos também ter de optar por uma cirurgia se se trata de uma endometriose ou de uma obstrução nas trompas”. Noutros casos recorre-se à inseminação artificial e “nos mais complexos” temos a fertilização in vitro (FIV) e a microinjeção de células do homem e da mulher”, explica Calhaz Jorge. O impacto da crise A atual conjuntura económico-financeira não ajuda. O medo de se perder o emprego ou mesmo o desemprego levam muitos casais a negarem os tratamentos. “A situação é muito preocupante, porque quando são chamados acabam por negar os tratamentos por causa das consequências da crise”, aponta Cláudia Vieira. Uma situação que se torna mais grave se se tiver em conta que o corpo da mulher tem um relógio biológico que não dura a vida inteira. Teresa Almeida Santos também vê com algum receio esta rejeição. “O Estado já dá mais apoio, mas a comparti- •Alimentação equilibrada; •Exercício físico adequado (3 vezes/semana); •Não fumar e não consumir drogas; •Não exagerar no consumo de bebidas alcoólicas; •Evitar a exposição a radiações; •Roupa: rapazes devem usar boxers, calças não apertadas, fraldas largas e ventiladas. •Vacinas: Sempre em dia, incluindo a da rubéola, hepatite B e papeira. •Sono: Manter um mínimo de 8 horas de sono regular. •Preservação da fertilidade em oncologia: Criopreservar ovócitos/tecido ovárico e espermatozoides/tecido testicular antes de cirurgia genital, quimioterapia ou radioterapia. o objetivo de uma vida: ser pai, ser mãe. Outro problema é lidar com a pergunta «Quando têm um filho?» e participarem em encontros de família e de amigos, onde existem crianças”, salienta. Sempre que seja necessário, a rede de apoio da APF recebe casais que “querem e precisam de aprender a lidar com a ansiedade e a angústia dos tratamentos, para que estes sintomas ansiosos e até depressivos não se tornem, de facto, uma patologia”. Mesmo quando se consegue engravidar, os casais “não devem deixar o acompanhamento destes profissionais. Nos casos que correm menos bem, “ajuda-se o casal a seguir com a sua vida, pensando na adoção ou, simplesmente, numa relação mais forte a dois”. Pensar no futuro continuar a sensibilizar as seguradoras para a importância de comparticiparem tratamentos de fertilidade, vai apelar ao Governo para que aceite a maternidade de substituição e apostar na angariação de dadores de gâmetas. Na SPMR também se pensa nesta questão da doação, que poderia resolver o problema de muitos casais. “Há que sensibilizar a população portuguesa para este ato de solidariedade. Em Portugal temos um único banco público, na Maternidade Júlio Dinis (Centro Hospitalar do Porto) e é preciso levar os portugueses a doarem gâmetas, porque assim farão outras famílias muito felizes”, realça Teresa Almeida Santos. Como mensagem final, todos os entrevistados deixam a mesma mensagem: a infertilidade tem solução, na maioria dos casos, mas há que relembrar que o sucesso também depende de quando se pede ajuda. Teresa Almeida Santos, presidente da SPMR Cláudia Vieira, presidente da APF Saiba mais sobre a doença e onde pode pedir ajuda, quer no setor privado como no público: Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução http://www.spmr.pt/ Associação Portuguesa de Fertilidade http://www.apfertilidade.org/web/index.php Ana Galhardo, coordenadora da rede de psicólogos da APF Quanto ao futuro, a APF vai Técnicas de Tratamento •Doação de espermatozoides; •Doação de ovócitos; •Criopreservação de sémen e tecido testicular; •Criopreservação de tecido ovárico; •Diagnóstico Genético Pré-Implantação (DGPI); •Microinjeção (ICSI); •Fecundação In Vitro (FIV); •Inseminação Intra-Uterina (IIU) •Indução da Ovulação. Abril 2013 13 PUB saúde animal O QUE É A TOXOPLASMOSE? A toxoplasmose é uma doença parasitária provocada por Toxoplasma gondii, um parasita unicelular microscópico que infecta o gato e outros felídeos no intestino delgado, assim como outros animais (bovinos, ovinos, suínos, etc.) e o Homem, noutros tecidos como os músculos, o sistema nervoso central ou os órgãos reprodutores. E Luís Manuel Madeira de Carvalho Professor Associado com Agregação de Parasitologia e Doenças Parasitárias Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde Animal, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa (CIISA – FMV – UTL 14 ste parasita é extremamente importante em Saúde Pública, nomeadamente para as pessoas que têm doenças ou situações imunodepressoras (HIV, tumores, transplantes, etc.) ou para as mulheres que se infectam quando estão grávidas pela primeira vez. A toxoplasmose é especialmente perigosa para o feto, ocasionando a toxoplasmose congénita através da sua infecção via placenta. O feto humano pode desenvolver lesões no sistema nervoso central (por ex., hidrocefalia) ou nos olhos (desde perda de acuidade visual, até cegueira) e a toxoplasmose congénita pode provocar abortos e nascimentos prematuros. Por vezes os sintomas só aparecem tardiamente, nomeadamente nas manifestações oculares da parasitose. As frutas e os legumes podem estar contaminados e quando comidos com Abril 2013 casca ou crus, respectivamente, devem ser bem lavados ou então deve evitar-se o seu consumo Os animais de produção como os bovinos, os ovinos e os suínos, podem infectarse com Toxoplasma gondii, sem apresentarem sintomas. O parasita está presente no tecido muscular e assim, ao ingerir a carne crua ou mal cozinhada o Homem pode infectar-se. Os gatos podem apresentar uma ligeira diarreia e só eliminam oocistos nas fezes durante cerca de duas semanas. No entanto, os oocistos veiculados pelas fezes não são imediatamente infecciosos para os outros animais e para o Homem, necessitando para o efeito de alguns dias de maturação. Assim, é importante eliminar as fezes e limpar a caixa dos gatos todos os dias, para que os oocistos não fiquem infectantes. Também há que evitar a contaminação dos jardins pelas fezes dos gatos e é essencial que se usem luvas para jardinagem para evitar a contaminação das mãos. As frutas e os legumes podem estar contaminados e quando comidos com casca ou crus, respectivamente, devem ser bem lavados ou então deve evitar-se o seu consumo. Estes cuidados são par- ticularmente importantes para as mulheres grávidas que são sero negativas para Toxoplasma gondii, pois não estando infectadas não possuem imunidade e podem infectar-se durante a gravidez. Quanto à infecção humana pelo contacto directo com gatos ou outros animais, é muito improvável, pelo que fazer festas ao gato ou cão não deverá constituir um problema desde que sejam tomadas as medidas básicas de higiene e sanidade. Desta forma, é destituído de sentido tomar medidas mais drásticas como colocar os gatos em gatis ou até proceder ao seu abandono ou eutanásia, como forma de prevenção da toxoplasmose em mulheres que estejam grávidas. O autor escreveu ao abrigo do antigo acordo ortográfico. PUB ANEA Sede Nacional Existimos para ajudar l l l Mecanoterapia Fisioterapia Piscina www.anea.org.pt Associação Nacional da Espondilite Anquilosante Rua de Platão 147 - Zambujal - 2785-698 São Domingos de Rana Tel.: 21 454 92 00 - Fax: 21 454 92 08 [email protected]