viver Com artrite reumatoide

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viver Com artrite reumatoide
Cardio-Dúvidas
www.facebook.com/saudenoticias
ABRIL2013 | N.º 08 | ANO I | MENSAL
+ Este jornal é gratuito, pelo que não pode ser comercializado +
O Enfarte do Miocárdio
não é o mesmo que um
AVC.
Saiba a resposta
na pág. 10
diretora-geral: Ana Santos
Viver com artrite
reumatoide
Mesmo nas
fases agudas,
a doença não
pode falar
mais alto
O testemunho de quem
vive com a doença
O sonho de ter um
filho
Alexandre Moutela é administrativo e Joana Pereira é instrutora de fitness. Têm algo em comum:
sofrem de artrite reumatoide. Ao Saúde Notícias falam das dificuldades que enfrentam, como o medo
de não terem acesso ao único tratamento que lhes
dá qualidade de vida.
A infertilidade afeta cerca de dez por cento
da população portuguesa. A doença provoca uma grande angústia e leva muitos casais ao desespero. Mas existe solução, na
maioria dos casos. O importante está em
procurar ajuda o mais cedo possível.
Veja na pág. 12
Veja na pág. 8
breves
saúde infantil
Solução gere diabetes à distância 24 horas por dia
editorial
Quisemos nesta edição do Jornal Saúde Notícias dar
destaque à Artrite Reumatoide, o sonho de ter um filho,
viver com a infertilidade e outros assuntos pertinentes.
Perante estes temas vou focar neste editorial a adversidade.
Quer queiramos ou não, a adversidade faz parte da
vida. Superar as adversidades é um dos maiores obstáculos que enfrentamos. Os problemas, sejam grandes
ou pequenos apresentam-se a nós durante toda a nossa existência. Independentemente de quão animado,
inteligente, ou contente estejamos no momento, independentemente de a vida nos correr às mil maravilhas,
inesperadamente todos nós algumas vezes somos confrontados com problemas, lutas, desafios, dificuldades.
É como se fossemos postos à prova, para vermos de
que fibra somos feitos, como é que conseguimos enfrentar algumas situações catastróficas e angustiantes.
Não pretendo passar a mensagem que quanto mais
adversidade melhor, nem sou apologista de que o sofrimento é algo de bom. Não, o sofrimento incapacitante
não é benéfico. Ainda assim, não invalida que pensamos nele como uma realidade que acontece na vida de
cada um de nós, certamente em número e intensidade
diferentes de pessoa para pessoa. Quando acontece,
aceitá-lo é uma parte da estratégia para nos livrarmos
de mais sofrimento. Aceitá-lo pode constituir uma forma
de nos reestruturarmos e seguirmos em frente.
Quando você responder de forma positiva e construtiva aos seus maiores desafios, as qualidades como a
força e virtude, coragem, caráter, combatividade, esperança e perseverança emergem lá de dentro. É claro
que, dado que somos humanos, é muito fácil cairmos
na autopiedade, na injustiça da vida, ou na armadilha
do “porquê eu?”. Quando fazemos isso, deixamos de
reconhecer as oportunidades de sabedoria e de crescimento que acompanham a adversidade. No entanto,
assim que conseguimos ou nos permitimos pensar mais
claramente, que somos capazes de deixar a vitimização
auto-destrutiva e pensamentos improdutivos, também
ficamos mais capacitados para lidar com o que está
diante de nós.
Construa os seus recursos externos. Construa um sistema de apoio baseado na família e nos amigos. Quando as coisas ficam difíceis, todos nós precisamos de
encorajamento e apoio. Precisamos de alguém com
quem conversar, alguém para ajudar a aliviar o fardo.
Você ficaria surpreendido ao descobrir quantas vezes
um amigo teve uma experiência semelhante e pode ajudar a guiá-lo no momento difícil. O fato de saber que um
amigo está lá quando você precisa dele, pode ser muito
reconfortante. Se a sua condição perante a adversidade não for ultrapassada e gerar problemas psicológicos
como a depressão ou ansiedade, não hesite em procurar ajuda profissional, seja através de uma consulta de
psicologia ou de um grupo de suporte específico, como
por exemplo determinados grupos de ajuda.
Sempre uma palavra positiva e já agora um sorriso 
Os utentes da Associação Protectora dos Diabéticos
de Portugal (APDP) têm à disposição uma nova solução que permite gerir à distância os níveis de glicemia
e insulina.
Com um simples telefonema, SMS ou e-mail contatam
regularmente a equipa de saúde que os acompanha na
APDP. Caso haja algum problema, os profissionais de
saúde retribuem a chamada para evitar complicações
graves.
O Sistema de Monitorização Remota de Pessoas com
Diabetes surge na sequência de uma parceria entre a
APDP e a Fundação Vodafone Portugal e foi apresentado, dia 18 de abril, na Escola da Diabetes Ernesto
Roma, em Lisboa.
Prevenção de Queimaduras
de Verão
O SOL no verão é o maior causador de queimaduras
na criança e no jovem. Menos frequentes, os
churrascos são também responsáveis pelas
queimaduras por contacto na época estival.
Os perigos da automedicação
A
A automedicação pode contribuir para o aumento das alergias a fármacos. As reações adversas podem ser muito perigosas, chegando a ser fatais.
Em 90% dos casos, as alergias manifestam-se na pele e
nas mucosas com vermelhidão (urticária), comichão ou edema. Nos casos mais graves provocam também vómitos e dor
abdominal, dificuldade em respirar, asma, rinite, hipotensão
arterial ou choque anafilático.
O alerta é lançado, em comunicado, por Mário Morais de
Almeida, coordenador do Centro de Imunoalergologia do hospitalcuf descobertas.
Mustela aposta na
proteção das células
estaminais do bebé
PREVENÇÃO, através da adopção de
comportamentos
saudáveis quer em relação
à exposição solar quer em
relação à utilização de churrascos é emergente.
PREVENÇÃO DAS
“QUEIMADURAS
DE VERÃO”
Check-up cardiovascular
gratuito
Perséose de abacate é a última inovação da Mustela. Trata-se de um novo ativo para bebés que estimula
a função barreira da pele e atua “como um escudo em
caso de agressão”, protegendo as células estaminais. Na
apresentação estiveram presentes várias personalidades
conhecidas do grande público, como Isabel Figueira, Joana Seixas, Isabel Medina, Cinha Jardim, Rita Mendes,
entre outros.
É no verão, principalmente
na época de férias, que as
famílias aproveitam o tempo de lazer para realizar
actividades ao ar livre, seja
na praia, na piscina ou no
campo onde a exposição
excessiva ao sol pode causar queimaduras na pele
deixando-a
avermelhada,
com bolhas e dor.
O Sol tem um efeito benéfico para a saúde e bem-estar da criança e é indispensável para a síntese da
vitamina D, importantíssima
para a formação do cálcio e
crescimento dos ossos. Por
outro lado, o sol emite raios
ultravioleta (UV) de 2 tipos:
UVB (responsáveis pela
queimadura solar) e UVA
(responsáveis pelo aparecimento de cancro na pele) e
mesmo nos dias nublados a
radiação UV continua a atingir a pele e causar efeitos
nocivos.
A criança e o jovem pela
sua fragilidade devem ser
alvo de maior cuidado pelo
que, em qualquer actividade
ao ar livre proteja sempre a
pele da criança, não a expondo ao sol diretamente
para evitar escaldões / insolações.
Para além da prevenção da
exposição solar é fundamental lembrar a prevenção
de outras causas de queimadura nesta época - os
churrascos ao ar livre, resultando em queimadura por
contacto com as superfícies
quentes do grelhador/brasas, mas também pela liber-
Até 5 de maio pode fazer um check-up cardiovascular gratuito. Para isso basta dirigir-se a uma das Walk’in Clinics, entre as
10 h e as 22 h, em qualquer dia da semana. A Walk´in Clinics
está localizada nos centros comerciais das regiões de Sintra,
Telheiras, Aveiro e Santa Maria da Feira.
O objetivo é “prevenir a doença, promover a saúde e o bem-estar da população”, segundo o comunicado de imprensa. As
doenças cardiovasculares costumam desenvolver-se silenciosamente e têm um grande impacto na população portuguesa,
sendo a principal causa de morte em Portugal, além de estarem associadas a uma importante causa de incapacidade.
Ana Santos
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2
Abril 2013
Ano I – 2013
Propriedade
Guess What Comunicação, Lda
Rua Actriz Adelina Fernandes,
7b 2795-005 Linda-A-Velha
Sede da Redação
Rua Actriz Adelina Fernandes,
7b 2795-005 Linda-A-Velha
Tel.: 21 386 15 82
Email: [email protected]
Diretora
Ana Santos
Tiragem
25 mil exemplares
DESIGN E PAGINAÇÃO
Alexandra Miguel
Periodicidade
Mensal
Depósito Legal: DL 319614/10
ERC registo: 125983
Nº Contribuinte
508521211
Impressão
Funchalense - Empresa
Gráfica, SA
Rua da Capela da Nossa
Senhora da Conceição, nº50
Morelena 2715-028 Pêro Pinheiro
Colaboradores
Maria João Ramires
Carla Fonseca
Mário Tomé
Sónia Morais
tação de pequenas faúlhas
que atingem a pele, olhos
ou roupa das crianças sobretudo as mais pequenas
quando rodeiam o adulto
durante a realização daquela actividade.
O perigo está sempre à
espreita e com as crianças
“MAIS VALE PREVENIR DO
QUE REMEDIAR”, como diz
o ditado popular.
MEDIDAS de
Protecção Solar
na criança
Evite a exposição solar
nas horas de maior calor e
intensidade de radiação ultravioleta entre as 11 horas
e as 17 horas;
Proteja os bebés antes
dos 6 meses, não os levando para a praia e até fazerem um ano, não os exponha directamente ao sol;
Use protetor solar com índice de protecção superior
a 30, com cobertura para
Sandra Faleiro; Arminda Monteiro
Enfermeiras Especialistas em Saúde Infantil e Pediátrica
CHLC, EPE – Hospital Dona Estefânia; Consulta Externa de Pediatria.
a radiação UVA e UVB (filtros Minerais), aplicado em
grande quantidade, preferencialmente em camadas
em toda a pele exposta, não
esquecendo orelhas, pescoço, mãos e pés;
Coloque o protetor solar
30 minutos antes da exposição solar e no momento da
exposição. Repita a aplicação a cada 2 horas e sempre
após contacto com água;
Coloque chapéu de abas
largas que proteja a cabeça
e a face e óculos de sol antiUV para proteger os olhos;
Evite que a criança fique
muito tempo com calção/
fato de banho e camisola
molhadas, pois a roupa permanentemente molhada deixa passar mais facilmente
os raios UV. A roupa seca e
os tecidos com malha apertada / mais espessos impedem mais a passagem dos
raios solares. É preferível a
utilização de cores escuras
como o preto, azul e vermelho escuros, porque filtram
mais a radiação UV. Existem
já marcas de vestuário com
protecção UV (o factor de
protecção ultravioleta – UPF
deve ser 40);
Procure a sombra (sobretudo com crianças com menos de 12 meses) mantenha
a criança debaixo do guarda-sol e tenha os mesmos
cuidados com a pele, pois a
luz solar reflectida na areia
ou na superfície da água
continua a atingir a pele;
Evite viajar nas horas de
maior calor. No carro, deve
equipar os vidros com telas
protetoras;
Dê a beber água à criança
com frequência;
Opte por refeições ligeiras
e repartidas. É aconselhável
o consumo de frutas e de
legumes/vegetais frescos,
ricos em caroteno e vitaminas, que ajudam a proteger
a pele contra os efeitos nocivos dos raios solares.
MEDIDAS de
Protecção da
As opiniões, notas e comentários
são da exclusiva responsabilidade
dos autores ou das entidades que
produziram os dados. Nos termos
da Lei, está proibida a reprodução
total ou parcial dos conteúdos.
As autoras escreveram ao abrigo do antigo acordo ortográfico.
criança durante
a realização de
fogo/churrascos
As crianças são muito curiosas, querem investigar e
explorar, gostam de estar
acompanhadas e de ver o
que os adultos estão a fazer.
A criança não tem a noção
do perigo e são os adultos que a devem proteger
adoptando atitudes simples,
como:
Manter a criança afastada
do local onde se faz o churrasco;
Nunca colocar a criança
ao colo durante a sua realização;
Manter os fósforos ou isqueiros fora do alcance da
criança;
Não utilizar álcool para
acender ou manter a chama.
Os pais e educadores devem
ser as pessoas mais competentes na aplicação das
medidas de proteção com
a finalidade de prevenir as
queimaduras com crianças
no verão.
Os profissionais de saúde e
em particular os enfermeiros
estão disponíveis para informar e alertar a população em
geral e a si em especial para a
importância de conseguir uma
correta e eficaz protecção solar e prevenção de outras causas de queimadura frequentes
com crianças no verão.
Fontes: Medidas de protecção das crianças em época
balnear, acedido em 16 de Março de 2013 emhttp://www.
ordemenfermeiros.pt/comunicacao/Documents/Noticias_
apos_2011/Folheto_DMC_2011Amarelo.pdf
www.deco.proteste.pt/prevencao/cuidados-com-o-sol
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artrite reumatoide
artrite reumatoide
Os custos da artrite
reumatoide
Wanda Heloísa Ferreira, GRUPARJ, Brasil
“Existe um sistema
integrado da doença e
só recebe este tipo de
Maria João Ramires
medicamentos quem realmente
precisa deles. Quanto aos custos,
Calçar os sapatos, abrir uma porta ou cortar o bife podem ser
tarefas complicadas para quem sofre de artrite reumatoide.
O acesso aos medicamentos biológicos, a qualidade de vida destes
pacientes e os custos do (não) tratamento estiveram em destaque
nas XIII Jornadas da ANDAR.
“
Os doentes têm muito medo que lhes seja
negado o acesso aos
biológicos, os únicos medicamentos que lhes dão
qualidade de vida”. O alerta
é deixado por Arsisete Saraiva, presidente da ANDAR
– Associação Nacional dos
Doentes com Artrite Reumatoide, à margem das XIII
Jornadas da associação,
que decorreram a 5 de abril,
em Lisboa.
A artrite reumatoide é uma
doença inflamatória cróni4
Abril 2013
ca articular que, em fases
mais agudas, impede os
pacientes de realizarem
tarefas tão básicas como
atar os sapatos, tomar banho ou pegar numa caneta. Estima-se que existam
em Portugal 40 mil pessoas com artrite reumatoide,
das quais 3200 necessitarão de medicamentos biotecnológicos. São doentes
que já experimentaram todas as terapêuticas, mas
sem sucesso. Resta-lhes
os “biológicos”, dispensa-
existe um plafond definido e
deles. Quanto aos custos,
existe um plafond definido e
negociado anualmente com
o INFARMED, Administração Central dos Serviços
de Saúde (ACSS) e a Indústria Farmacêutica”.
Uma das temáticas abordadas no evento foi o impacto
dos custos no tratamento
da artrite reumatoide, devido à negação do tratamento por parte de alguns
hospitais. “Felizmente, esta
situação já está controlada. Mas ainda há muitos
receios, pois ainda há um
mês recebi mais uma denúncia”, salienta a presidente da ANDAR.
Paula Almeida, vice-presidente do Infarmed, fala de
um custo anual por doente
que ronda os 11 e 12 mil euros/ano, mais de 80 milhões
de euros em 2012. Mas estes
valores foram contestados
pelos restantes intervenientes: “Estes valores fogem à
realidade, porque englobam
a artrite reumatoide, a artrite
psoriática, espondilite anquilosante, a psoríase em
placas, a doença de Chron”,
refere Canas Silva, reumatologista do Hospital Garcia
d’Orta. E acrescenta: “É necessário ter acesso a dados
concretos de cada uma das
doenças”. Paula Almeida
respondeu dizendo que “a
ACSS está a trabalhar nesse sentido”.
Tratamentos por
via oral ou subcutânea
Mas não há outros tratamentos além dos biológicos?
Sim, existem. O problema
está na resposta e na tolerância. Canas da Silva
salienta que os medicamentos biológicos só são
utilizados quando não há
alternativas. Estes fármacos “melhoram bastante a
qualidade de vida das pessoas, sendo, muitas vezes,
a única solução para poderem trabalhar e serem mais
autónomos”.
Quanto às restantes terapêuticas, a mais utilizada
é o metotrexato (MTX). “É
o tratamento de primeira
linha”, refere António Vilar,
reumatologista no HPP Lusíadas e no Instituto Português de Reumatologia
(IPR). Relativamente ao
MTX, quanto mais cedo se
iniciar, mais possibilidades
existem de se evitar complicações graves, como deformações irreversíveis. “O
ideal é ter um diagnóstico
precoce e iniciar o MTX nos
primeiros três meses”. Este
especialista realçou ainda
a importância de se optar
pelo MTX subcutâneo, em
vez do oral, sempre que
haja casos de intolerância
ou de não resposta. “Tem
menos efeitos secundários
e a maior eficácia. As injeções são autoadministradas
e, como cada dose corresponde a uma cor diferente,
não há receio de enganos”.
Relativamente ao diagnóstico precoce já existem testes
laboratoriais que permitem
detetar anos antes se uma
pessoa poderá vir a ter a
doença. “É uma grande evolução e, finalmente, já há
comparticipação por parte
do Estado”, salienta Germano Sousa, da Associação
Nacional de Laboratórios de
Análises Clínicas.
Uma das
temáticas
abordadas
no evento foi
o impacto
dos custos
no tratamento da artrite
reumatoide,
devido à
negação do
tratamento
por parte
de alguns
hospitais
O segredo está
na partilha de
competências
Canas da Silva frisa ainda
a importância de haver uma
“maior partilha de competências, o que nem sempre
acontece”. A mesma opinião
tem Luís Rebelo, médico de
Medicina Geral e Familiar
(MGF) da USF Parque, em
Lisboa, e Rui Figueiredo,
reumatologista no IPR. “É
necessário intercalar competências entre o médico de
família e o reumatologista.
Estes doentes têm várias
comorbilidades e necessitam de diversos tratamentos, assim como de realizar
exames
periodicamente”,
refere Rui Figueiredo. Torna-se necessária uma maior
colaboração e interação.
A educação para a saúde
também é essencial, “já que
os doentes têm de estar informados para saberem a
quem se dirigir e como prevenir complicações graves”,
refere Wanda Heloísa Ferreira, presidente do GRU-
PARJ, uma associação brasileira similar à ANDAR.
No final do evento, fica a
mensagem principal, partilhada pelos vários intervenientes. É preciso dar voz
ativa aos doentes, não lhes
negar os medicamentos biológicos, apostar no diagnóstico precoce e continuar a
lutar para que sejam disponibilizados mais apoios.
No final do evento, fica a
mensagem principal, partilhada pelos vários intervenientes. É preciso dar voz
ativa aos doentes, não lhes
negar os medicamentos biológicos, apostar no diagnóstico precoce e continuar a
lutar para que sejam disponibilizados mais apoios.
No final do evento, fica a
mensagem principal, partilhada pelos vários intervenientes. É preciso dar voz
ativa aos doentes, não lhes
negar os medicamentos biológicos, apostar no diagnóstico precoce e continuar a
lutar para que sejam disponibilizados mais apoios.
negociado anualmente com
o INFARMED, a Administração
Central dos Serviços de
Saúde (ACSS) e a Indústria
Farmacêutica”
dos em farmácia hospitalar
gratuitamente.
Os custos versus
a qualidade
de vida
Com a conjuntura atual,
“criou-se a ideia de que estes pacientes gastam muito
dinheiro ao Estado, mas
isso é falso”, salienta Arsisete Saraiva. E explica porquê:
“Existe um sistema integrado da doença e só recebe
este tipo de medicamentos
quem realmente precisa
Germano Sousa, Associação Nacional de Laboratórios
de Análises Clínicas
António Vilar, reumatologista, Hospital HPP Lusíadas e
Instituto Português de Reumatologia
Arsisete Saraiva, presidente da ANDAR – Associação
Nacional dos Doentes com Artrite Reumatoide
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5
artrite reumatoide
artrite reumatoide
“Trabalho, pago os meus
impostos. Por que não me
dão mais apoios?”
Conheça melhor a artrite
reumatoide
Desde os 11 meses que tem artrite reumatoide. Os custos com a doença são muito elevados.
Só a cadeira de rodas custa 2100 euros e gasta quase 100 euros em medicamentos por mês, fora
produtos de higiene e outros. Mas, como recebe o ordenado mínimo, não tem direito a apoio social.
Apesar da revolta, não desiste de lutar.
cadeira de rodas elétrica.
“São as minhas pernas!”, salienta. Ainda trabalha, mas
para o conseguir precisa de
tomar medicamentos biológicos. Trata-se de terapêuticas administradas apenas
a doentes que não conseguem responder e/ou tolerar
os restantes fármacos.
Além da cadeira, a mãe
é uma presença habitual.
“Vivo com a minha mãe, porque se estivesse sozinho tinha de contratar alguém para
me ajudar. E com o ordenado
mínimo é impossível”.
O que é a Artrite
Reumatóide?
Quais são os fatores de risco?
É uma doença inflamatória crónica, de causa ainda desconhecida. Envolve
particularmente as articulações, provocando dores
nas mãos, punhos, cotovelos, joelhos e pés. Esta
patologia, que atinge mais
o sexo feminino do que o
masculino, pode afetar também os olhos, o coração, os
pulmões, os rins, o sistema
nervoso periférico e provocar anemia. Surge com
maior frequência na faixa
etária dos 30-40 anos, afetando a capacidade produtiva do indivíduo bem como
a sua vida familiar e social.
Pode também iniciar-se a
partir dos 18 anos.
 Género: as mulheres são
frequentemente mais afetadas (quatro mulheres para
um homem);
 Idade: é, sobretudo, uma
doença dos adultos jovens e
das mulheres pós-menopáusicas;
 Historial de doença e vacinação: esporadicamente surgem casos de artrite depois
de infeções por parvovírus e
vírus da rubéola ou vacinações para a rubéola, tétano,
hepatite B e influenza;
 Tabagismo duplica o risco.
Sintomas:
Quais são as
formas de
prevenção?
Não podemos evitar o surgimento da doença. A prevenção destina-se, fundamentalmente, a diminuir a
gravidade da doença, de
forma a reduzir a incapacidade funcional e a melhorar
a qualidade de vida.
O diagnóstico precoce é essencial. Os reumatologistas
já conseguem controlar os
sintomas em 90% dos casos
e obter a remissão da doença
em 75% dos doentes.
Mais informações:
ANDAR - Associação Nacional
Sinais e sintomas que se
apresentam na artrite reumatoide:
- Dor articular;
- Inflamação articular;
- Rigidez articular (sensação
de “prisão” dos movimentos), geralmente pela manhã
e que vai desaparecendo
progressivamente ao longo
do dia;
- Febre;
- Cansaço.
6
Abril 2013
dos Doentes com Artrite
Reumatóide
Av. do Brasil, 53 1700-063
Lisboa
Telef.: 21 7937361 –
Linha Verde: 800 20 32 85
www.andar-reuma.pt/
default.aspx
Perguntas Frequentes
Alexandre
ainda viveu
bastantes
anos sem a
doença ter
grandes manifestações,
mas em 2000,
tudo mudou
A artrite reumatoide é contagiosa?
Não. A artrite reumatoide não é uma doença infeciosa nem uma doença contagiosa.
Qual é a causa da artrite reumatoide?
Não é conhecida a (s) causa (s): poderá tratar-se de um agente externo, um vírus ou
um agente interno. Por uma razão desconhecida, o organismo deixa de reconhecer a
articulação como sua e reage contra ela – reação autoimune. Outra hipótese será a de
que não há agressão, mas uma reação inflamatória que aparece sem razão, depois de
uma desregulação inexplicada do organismo.
A gravidez influencia de forma positiva a artrite reumatoide
ou vice-versa?
Há evidências de que a gravidez melhora a artrite reumatoide. Algumas mulheres que
sofrem desta doença souberam que estavam grávidas por terem tido uma melhoria
inesperada. No entanto, esta resposta não é absoluta: a melhoria só é observada em três
casos em cada quatro e desaparece rapidamente após o parto.
Por outro lado, a artrite reumatoide não influencia a gravidez: não há maior risco de
infertilidade, abortos espontâneos ou partos prematuros. Contudo, os tratamentos
administrados na artrite reumatoide podem ter um efeito na gravidez, pelo que deverá
prevenir o seu reumatologista imediatamente.
O que é a Certidão Multiuso, quais são os benefícios e como
posso obtê-la?
A Certidão Multiuso atesta o grau de incapacidade e é necessária para requerer certos
benefícios, desde que a incapacidade seja no mínimo de 60% e, em alguns casos, de
95% (por exemplo, para a isenção do imposto automóvel). Tem de ser requerida pelo
utente ou seu representante.
O requerimento para obter esta certidão tem de ser feito na Unidade de Saúde
Pública (Delegação de Saúde) da área de residência do utente com incapacidade ou
deficiência.
Benefícios mais relevantes da Certidão Multiuso:
- Redução do IRS;
- Isenção de imposto automóvel;
- Redução de juros no empréstimo bancário;
- Redução do preçário em alguns títulos de transporte público;
- Dístico para estacionamento.
Fonte: Ministério da Saúde
A
lexandre Moutela tem
33 anos. Sofre de artrite reumatoide desde os 11 meses, dependendo atualmente da mãe para
fazer tarefas tão práticas
como tomar banho, vestirse, cortar alimentos mais
rígidos, viajar.
A artrite reumatoide moldou-lhe a vida ou ele moldou-se
à artrite reumatoide. “Não é
fácil, mas é preciso lutar
pelos nossos objetivos, não
esquecendo a doença, mas
também sem nos deixarmos
abater”, afirma.
Tudo começou aos 11 meses. Febre alta e alguma pigmentação vermelha na pele
levou-o a ser examinado por
diferentes médicos. No início
foi dito à mãe que tudo não
passaria de uma virose ou
“dentes” e que, dentro de dias
estaria bom.
Como a febre não passava, a
mãe acabou por levá-lo novamente às urgências. Acabou
por andar em mais do que
um hospital. Suspeitando-se
de febre atípica – houve um
surto na altura em Espanha
–, ficou internado durante
18 dias, fazendo banhos
de imersão várias vezes ao
dia, “que duravam vários minutos e, nalguns casos, era
posto gelo na água”.
Ao contrário do que se esperava, o quadro clínico do
Alexandre não melhorou.
O diagnóstico estava errado. Não se tratava de
febre atípica, mas de uma
broncopneumonia. “O tratamento para a doença errada acabou por contribuir
para o surgimento da artrite reumatoide, como me
informaram”, relembra a
mãe, Carminda Moutela.
O rapaz de 11 meses, que
tinha entrado a andar e a
pesar 12, 800 kg, acabou
por sair do hospital paralisado e com 5,200 kg.
Com o ordenado
mínimo, não tem
direito a receber
apoios
A família ficou abalada, mas
não desistiu de acreditar na
cura. “Na altura não se falava de artrite reumatoide. Não
tinha noção da evolução que
a doença poderia ter”, afirma
a mãe. E continua: “Tem sido
um enorme calvário, principalmente para o meu filho,
mas temos de lutar”.
Alexandre ainda viveu bastantes anos sem a doença
ter grandes manifestações,
mas em 2000, tudo mudou.
“Tive crises constantes muito
graves que me deitaram abaixo”. Não sabe por que piorou.
“Talvez porque passei a trabalhar, como administrativo,
e a ter uma vida mais ativa.
Não sei”.
Atualmente precisa de uma
«Ferrari», que custa 2100 euros, mas são as pernas dele”.
As queixas não se ficam
por aqui. O ordenado mínimo
deve, supostamente, dar para
todas estas despesas, mas
também para uma cama articulada e assentos que se
adequem ao seu problema.
“Sinto-me angustiada. Não
consigo dar-lhe a cama e o
assento. É tudo muito caro.
Precisa também de cotoveleiras. Estes materiais não
são um luxo para ele, mas
uma necessidade. É uma
forma de evitar as chagas”,
refere Carminda Moutela.
Alexandre é perentório: “Trabalho, pago os meus impostos. Por que não me dão
mais apoios?”
Os receios
quanto ao futuro
Conseguir trabalhar é uma
mais-valia, já que existe um
elevado número de casos de
reforma por invalidez nesta
doença. Mas ao mesmo tempo é um obstáculo. “Os medicamentos biológicos são gratuitos, mas preciso de outros,
já que a doença traz outras
complicações. Por mês gasto
perto de 100 euros na farmácia e ainda tenho de pagar os
produtos de higiene”, explica.
A cadeira de rodas é elétrica, porque é a única que
consegue adaptar-se à sua
deficiência e precisa de baterias novas e de rodas. A mãe
sente-se revoltada. “Pedi
ajuda à assistente social e
disse-me que o Estado não
paga cadeiras de rodas tão
sofisticadas. Sei que são um
Apesar de tudo continua a
lutar “para que não se deixe
abater pela doença”, com a
ajuda da medicina convencional, mas também do reiki.
Atualmente, o maior receio é
ficar sem o único tratamento
que pode fazer para a artrite reumatoide: os medicamentos biológicos. “Fiquei
apenas três dias sem fazer
a terapêutica, mas isso foi o
suficiente para piorar e deixar de trabalhar”.
Às autoridades de saúde deixa um alerta: “Olhem mais
para nós. Não esqueçam as
outras patologias. Mas lembrem-se que quem sofre de
artrite reumatoide precisa
de ajuda. Há pessoas que já
não podem trabalhar e que
ganham pensões de 200 euros. Só essa quantia é gasta, todos os meses, em medicamentos na farmácia”.
E é num misto de revolta e
esperança que Alexandre e
a mãe vão continuar a lutar
pelos seus direitos e os de
todos os doentes com artrite
reumatoide.
Abril 2013
7
PUB
artrite reumatoide
“Nunca tive sintomas nenhuns.
Foi assim de um dia para o outro”
Tudo começou
numa manhã.
Levantou-se e
caiu. Tinha 17
anos e foi no dia
14 de fevereiro.
Desde aí,
começou
“uma relação
de amor com
a artrite
reumatoide
que nunca
mais acabou”,
como refere ao
Saúde Notícias.
Apesar da
progressão
rápida da
doença, não
desiste dos
seus sonhos e
de pedir para
que deem
mais voz aos
doentes.
Q
uem olha para
a Joana Pereira, de 30 anos,
jamais imagina
que está perante uma doente de artrite reumatoide, em
estado grave, que necessita
de medicamentos biológicos
para ter uma vida com qualidade. Mais admirado fica
ao saber que é instrutora de
fitness.
Natural de Esposende, tem
a garra de uma mulher do
Norte e, apesar do sofrimento, não desiste de lutar pelos
seus direitos. “Mudei muitas
coisas na minha vida, mas
faço por ser feliz”, afirma.
A doença apareceu e evoluiu
de forma muito
rápida
Há 13 anos acordou e mal
pôs os pés no chão, aca-
8
Maria João Ramires
bou por tombar. A rigidez e
a falta de forças foram mais
fortes. “Nunca tive sintomas
nenhuns. Foi assim de um
dia para o outro”. Foi ao
hospital e, após alguns exames e várias perguntas por
parte dos médicos, foi para
casa. Receitaram-lhe antiinflamatórios e, de facto,
melhorou.
Joana Pereira foi uma
das várias
doentes a
quem lhe
foi negado o
acesso a medicamentos
biológicos
Abril 2013
Mas o que parecia ser o fim
de um grande susto, foi o
início de uma grande batalha. Ao fim de uns dias acabou por ter mais uma crise,
mas desta vez nas mãos.
“Os dedos incharam muito,
tinha dores horríveis”, explica. Voltou a ir às urgências
do hospital e, mais uma vez,
foram-lhe receitados antiinflamatórios.
Os problemas continuaram
a surgir e teve mais episódios idênticos, mas noutras
partes do corpo. Acabou por
fazer análises mais elaboradas e o seu médico de família referenciou-a para um
reumatologista. Foi preciso
um ano para se descobrir
que tinha artrite reumatoide.
“A doença manifestou-se e
desenvolveu-se de uma forma muito rápida” Tão rápida
que aos 19 anos estava a
colocar uma prótese total
na anca e aos 21 realizou
uma artrodese tripla do pé.
“O meu pé está fixo, sem
qualquer mobilidade devido a
esta intervenção”, afirma.
Experimentou todas as terapêuticas e em todas houve
problemas. Ou era intolerante
ou o organismo não respondia ao tratamento. A situação
agudizou-se quando contraiu
tuberculose. “Trabalhava num
gabinete de Medicina Legal
e quem faz autópsias está
exposto a muitos vírus e bactérias. Como a doença é autoimune e os medicamentos
fragilizam o sistema imunitário acabei por contrair tuberculose”, explica.
Esteve um ano sem fazer
qualquer tratamento para a
artrite reumatoide para se
poder curar. No final, piorou
bastante e foi submetida a
mais uma terapêutica para
a artrite reumatoide. Não resultou e acabou por ter uma
recidiva da tuberculose, voltando a ser internada, em
pleno isolamento, durante
vários meses.
Após estes episódios teve
de deixar a sua profissão.
“Autópsias, nunca mais. O
médico disse-me logo que
se continuasse poderia acabar por contrair uma doença
muito grave, porque o meu
sistema imunitário está muito fraco”. Acabei por enveredar por outra carreira: a de
instrutora de fitness.
Após a gravidez,
começou com os
biológicos
Com todos estes contratempos e com todas as consequências da doença, não
deixou de realizar um gran-
de sonho: ser mãe. Tem
uma filha pequena, “que
não para”, e que lhe dá muita força hoje em dia.
Uma das dúvidas mais habituais para quem sofre de
artrite reumatoide é se se
pode engravidar. Sim, podese engravidar, com o acompanhamento necessário do
médico assistente. Aliás, até
é “uma bênção”. “Parecia
que não tinha a doença. Devia estar sempre grávida”,
diz, sorrindo.
O problema surgiu após o
parto. A artrite reumatoide
ressurgiu e “com toda a força”. “Piorei bastante e, como
já tinha feito rejeição a todas
as terapêuticas, acabou-se
por optar pelos biológicos que
me dão qualidade de vida.
É quase como não ter a
doença”, frisa.
Estes fármacos dão-lhe qualidade de vida, mas também
«muitas dores de cabeça».
“Levei um ano para conseguir
ter acesso a esta terapêutica.
Depois de muita luta, ao fim
de dois meses, recebo um telefonema a dizerem-me que
não tinham o medicamento
disponível”. Joana Pereira
foi uma das várias doentes a quem lhe foi negado
o acesso a medicamentos
biológicos. “Foi revoltante e
muito angustiante. Não tenho um alternativo”, afirma.
A situação resolveu-se com
a ajuda da ANDAR e não se
voltou a repetir.
Olhando para
o futuro
“Espero continuar a trabalhar e a ter acesso aos medicamentos. Também tenho
esperança que venham a dar
mais voz ativa aos doentes”,
refere. Quanto à vida familiar,
vai colocar o marido “no altar”,
afirma, sorrindo. “Sempre me
acompanhou. Se num casamento não conseguir cortar
a carne, ele faz isso por mim
sem ter vergonha. Nem sempre o parceiro aceita situações deste tipo. Muitas vezes
têm mais vergonha do que
nós, que temos a doença”.
Para terminar, deixa uma
mensagem a todos os doentes com artrite reumatoide:
“Façam por ser felizes!”.
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cardio-dúvidas
Enfarte do Miocárdio
tempo é músculo...
O Enfarte
do Miocárdio
ou Ataque Cardíaco é uma
situação que ocorre quando
o sangue rico em oxigénio –
essencial para o funcionamento
do músculo cardíaco
– é interrompido subitamente
por um entupimento da
artéria coronária que
leva o sangue.
É do domínio comum que o
Enfarte do Miocárdio é uma
situação potencialmente muito
grave, podendo provocar a
morte ou incapacidade nos
doentes atingidos. Há quem
confunda o Enfarte com o
AVC, situação igualmente
grave mas que ocorre no
cérebro enquanto o Enfarte
é no coração. Há, no entanto,
em geral, um fundo comum,
pois ambos resultam da
interrupção da circulação num
determinado território.
O
Enfarte do Miocárdio
ou Ataque Cardíaco é uma situação
que ocorre quando o sangue
rico em oxigénio – essencial
para o funcionamento do
músculo cardíaco – é interrompido subitamente por um
entupimento da artéria coronária que leva o sangue. Se
a circulação é restabelecida
rapidamente, as consequências podem ser minimizadas
mas se isso não acontece,
elas podem ser graves. A
privação súbita de oxigénio
provoca de imediato uma instabilidade das propriedades
10
eléctricas das células cardíacas ou miocitos, podendo
gerar-se perturbações graves
do ritmo cardíaco que podem
chegar à fibrilhação ventricular – desorganização total do
ritmo cardíaco com perda da
contracção do coração – e
paragem cardíaca. A maior
parte dos casos de morte súbita devem-se a enfartes que
evoluíram catastroficamente,
muitos deles provocando a
morte antes de chegar o socorro e a morte súbita pode
ser a primeira (e única!) manifestação de doença das artérias coronárias, o que é mais
Abril 2013
uma razão para se fazerem
todos os esforços para identificar problemas nas artérias
nos indivíduos com risco cardiovascular – principalmente
colesterol elevado, consumo
de tabaco, diabetes e hipertensão. A oclusão da artéria
acontece quando uma placa
de ateroma (provocado pela
deposição de colesterol na
artéria) se rompe e se forma
um coágulo de sangue que
entope a artéria.
Nos outros doentes que sofrem Enfarte do Miocárdio, as
consequências vão depender da quantidade de músculo cardíaco que é afectada:
se a artéria ocluída for uma
grande artéria responsável
por levar sangue a uma área
miocárdica extensa, a privação de oxigénio vai levar à
morte dos miocitos e a cicatriz resultante já não tem as
propriedades de contracção
que são características do
músculo cardíaco. Se se
tratar duma zona grande,
o doente pode evoluir para
insuficiência cardíaca, com
sintomas de cansaço e falta
de ar progressivas a que se
podem juntar inchaços das
pernas. Podem ainda surgir
complicações “mecânicas”
como a rotura da parede do
ventrículo, a insuficiência
aguda da válvula mitral e a
rotura do septo que separa
os dois ventrículos, situações
que geralmente necessitam
de cirurgia de emergência.
Se se tratar duma pequena coronária afectada ou se
ocorrer a recanalização expontânea (há no nosso organismo substâncias que podem dissolver parcialmente o
coágulo de sangue que entope a artéria), as consequências podem ser pequenas e o
doente pode até não necessitar de intervenção urgente.
Nos casos mais graves, é necessário tentar com a maior
urgência possível desentupir
a artéria e restabelecer a corrente sanguínea, já que por
cada minuto que passa se
perdem milhares de células
miocárdicas.
É da maior
importância
reconhecer
os sintomas
suspeitos de
Enfarte do
Miocárdio e
pedir socorro
Prof. Victor M. Gil
Cardiologista
com a maior
urgência
O tratamento mais eficaz
consiste em realizar um cateterismo de urgência, atravessar a oclusão da artéria
com um fio metálico e dilatar
a artéria colocando uma malha metálica para evitar a sua
re-oclusão. Esta intervenção
pode ser feita nas primeiras
12 horas desde o início dos
sintomas mas desde que o
doente chega ao hospital
deve ser realizada em 120
minutos.
Alguns enfartes não dão aviso mas em cerca de metade
há sintomas nas 24 horas
prévias a que os doentes não
dão importância. Assim, é da
maior importância reconhecer os sintomas suspeitos de
Enfarte do Miocárdio e pedir
socorro com a maior urgência. É preferível ser um falso
alarme do que deixar evoluir
uma situação como esta.
Quais são os sintomas de Enfarte
do Miocárdio?
Dor no meio do peito, geralmente como se fosse
um peso ou uma garra que aperta o peito, por vezes
passando também para as costas, os braços ou o
pescoço e maxilar inferior;
l A dor acompanha-se muitas vezes de suores frios,
agonias ou mesmo vómitos e pode ser acompanhada
de falta de ar;
l Por vezes não é exactamente uma dor, mas um
cansaço, ardor ou um mal-estar no peito;
l Pode também não ser exactamente no meio do peito
mas mais na zona do estômago ou no lado esquerdo
do peito.
l
SE SENTIR UM SINTOMA PARECIDO, CHAME DE
IMEDIATO O 112
Existe um sistema montado entre nós que tem um
funcionamento exemplar – a Via Verde Coronária –
centralizado pelo INEM e que uma vez accionado lhe
pode salvar a vida, proporcionando socorro imediato e
transporte para um Centro de Intervenção Coronária.
Este artigo foi escrito de acordo com a antiga ortografia.
infertilidade
infertilidade
Infertilidade
O sonho de
ter um filho
Calhaz Jorge, responsável
pela Unidade de Medicina
de Reprodução do Hospital
de Santa Maria – Centro
Hospitalar Lisboa Norte e
Professor Associado da
Faculdade de Medicina da
Universidade de Lisboa’
A infertilidade afeta
cerca de dez por cento da
população portuguesa.
A doença provoca uma
grande angústia e leva
muitos casais ao desespero.
Mas existe solução, na
maioria dos casos.
O importante está em
procurar ajuda o mais
cedo possível.
Apesar de Portugal
ter uma boa taxa de
sucesso, segundo a
Sociedade Portuguesa de
Medicina de Reprodução
(SPMR), há muitos casais
que adiam a solução
er um filho. Este é
o desejo da maioria
dos casais, mas para
cerca de dez por cento é um
sonho que tarda em se realizar. A infertilidade é uma
doença que provoca muita
angústia, mas tem solução
na maioria dos casos. E o
segredo do sucesso dos
tratamentos está, muitas
vezes, num único gesto do
casal: procurar ajuda, sem
prolongar o problema no
tempo.
“A situação é preocupante,
porque pensa-se cada vez
mais em ter filhos após os
30 anos, quando a fertilidade começa a diminuir naturalmente com o avançar dos
anos”, afirma Cláudia Vieira,
presidente da Associação
12
sonho de ser pai e mãe, mas
“isso acontece com qualquer
casal, independentemente
de se ter um problema de infertilidade”. Além disso, “os
casais que são seguidos no
privado podem candidatar-se também a uma consulta em centros públicos”. As
limitações no público, para
este especialista, incidem,
sobretudo, nas listas de espera e no facto de se poder
administrar um único tratamento por ano.
Pedir apoio
psicológico
Viver com esta doença não
é fácil, como nos explica Ana
Galhardo, coordenadora da
rede de psicólogos da APF.
“Na maioria dos casos, as
pessoas são surpreendidas
pelo problema de infertilidade. Uma notícia que não é
fácil de digerir, porque compromete, de alguma forma,
Prevenção de Infertilidade
Maria João Ramires
T
cipação dos medicamentos
fica-se pelos 69 por cento e
muitas famílias não conseguem fazer face à despesa”,
esclarece. “Pelo menos temos a garantia que não vai
haver cortes nesta área em
2013. Foi o próprio Ministro
da Saúde, Paulo Macedo,
que no-lo garantiu”.
Relativamente à acessibilidade nos serviços públicos,
Teresa Almeida Santos diz
que só há listas de espera
em Lisboa. “A problemática
incide mais na distribuição
dos centros de procriação medicamente assistida
(PMA), que se centralizam
nas grandes cidades”, complicando a vida dos casais,
que têm de gastar dinheiro
nas deslocações, em estadias, além de faltarem ao
emprego”.
Calhaz Jorge, por sua vez,
considera que a crise pode
levar, de facto, a atrasar o
Portuguesa de Fertilidade
(APF). Além da carreira,
hoje em dia, “há ainda a ter
em conta as dificuldades
económicas que levam a
adiar o sonho de se ser pai
e mãe”, acrescenta.
O estilo de vida também
não ajuda. “O stress constante, o tabagismo e a falta
de proteção contra infeções sexualmente transmitidas (IST) estão a condicionar, de alguma forma,
a fertilidade da mulher e
do homem”, alerta Cláudia Vieira. A responsável
faz questão de sublinhar
que “os problemas de fertilidade tanto podem estar
na mulher como no homem.
Já é tempo de deixar o estereótipo de que a causa da
Abril 2013
doença está sempre no elemento feminino do casal”.
Um problema
que tem solução
Apesar de Portugal ter uma
boa taxa de sucesso, segundo a Sociedade Portuguesa
de Medicina de Reprodução
(SPMR), há muitos casais
que adiam a solução. “Além
da conjuntura atual, há casais que negam o problema
ou que estão a ser acompanhados pelos médicos de
família, sem serem referenciados para as consultas hospitalares da especialidade.
Isto só prolonga o problema e
pode mesmo por em causa o
sucesso do tratamento”, frisa
Cláudia Vieira.
E continua: “Não há que ter
medo. A situação é dolorosa, mas tem solução, na
maioria dos casos. Procurese ajuda o quanto antes.” O
mesmo apelo faz Teresa Almeida Santos, presidente da
SPMR. “Não adiem o sonho
de serem pais!”.
Calhaz Jorge, responsável
pela Unidade de Medicina de
Reprodução do Hospital de
Santa Maria – Centro Hospitalar Lisboa Norte e Professor Associado da Faculdade
de Medicina da Universidade de Lisboa, concorda: “Se
não se consegue engravidar
após um ano de relações
sexuais frequentes e sem
proteção deve procurar-se
ajuda”.
Para este especialista em
Medicina da Reprodução, os
casais não devem protelar o
sonho de serem pais, porque
a infertilidade é uma doença
que, “na esmagadora maioria
das vezes, tem solução”.
Os tratamentos dependem,
inevitavelmente, do problema
subjacente, daí existirem várias técnicas. “Se se trata de
um problema de ovulação,
são administradas injeções
que permitem estimular esse
processo, mas podemos
também ter de optar por uma
cirurgia se se trata de uma endometriose ou de uma obstrução nas trompas”. Noutros
casos recorre-se à inseminação artificial e “nos mais complexos” temos a fertilização in
vitro (FIV) e a microinjeção de
células do homem e da mulher”, explica Calhaz Jorge.
O impacto da
crise
A atual conjuntura económico-financeira não ajuda. O
medo de se perder o emprego ou mesmo o desemprego
levam muitos casais a negarem os tratamentos. “A situação é muito preocupante,
porque quando são chamados acabam por negar os tratamentos por causa das consequências da crise”, aponta
Cláudia Vieira. Uma situação
que se torna mais grave se
se tiver em conta que o corpo da mulher tem um relógio
biológico que não dura a vida
inteira.
Teresa Almeida Santos também vê com algum receio
esta rejeição. “O Estado já dá
mais apoio, mas a comparti-
•Alimentação equilibrada;
•Exercício físico adequado (3 vezes/semana);
•Não fumar e não consumir drogas;
•Não exagerar no consumo de bebidas alcoólicas;
•Evitar a exposição a radiações;
•Roupa: rapazes devem usar boxers, calças não apertadas,
fraldas largas e ventiladas.
•Vacinas: Sempre em dia, incluindo a da rubéola, hepatite
B e papeira.
•Sono: Manter um mínimo de 8 horas de sono regular.
•Preservação da fertilidade em oncologia: Criopreservar
ovócitos/tecido ovárico e espermatozoides/tecido testicular
antes de cirurgia genital, quimioterapia ou radioterapia.
o objetivo de uma vida: ser
pai, ser mãe. Outro problema é lidar com a pergunta
«Quando têm um filho?» e
participarem em encontros
de família e de amigos, onde
existem crianças”, salienta.
Sempre que seja necessário, a rede de apoio da APF
recebe casais que “querem
e precisam de aprender a
lidar com a ansiedade e a
angústia dos tratamentos,
para que estes sintomas
ansiosos e até depressivos
não se tornem, de facto,
uma patologia”.
Mesmo quando se consegue engravidar, os casais
“não devem deixar o acompanhamento destes profissionais. Nos casos que correm menos bem, “ajuda-se
o casal a seguir com a sua
vida, pensando na adoção
ou, simplesmente, numa relação mais forte a dois”.
Pensar no
futuro
continuar a sensibilizar as
seguradoras para a importância de comparticiparem
tratamentos de fertilidade,
vai apelar ao Governo
para que aceite a maternidade de substituição e
apostar na angariação de
dadores de gâmetas.
Na SPMR também se pensa nesta questão da doação, que poderia resolver
o problema de muitos casais. “Há que sensibilizar
a população portuguesa
para este ato de solidariedade. Em Portugal temos
um único banco público,
na Maternidade Júlio Dinis (Centro Hospitalar do
Porto) e é preciso levar os
portugueses a doarem gâmetas, porque assim farão
outras famílias muito felizes”, realça Teresa Almeida Santos.
Como mensagem final, todos os entrevistados deixam a mesma mensagem:
a infertilidade tem solução,
na maioria dos casos, mas
há que relembrar que o sucesso também depende de
quando se pede ajuda.
Teresa Almeida Santos,
presidente da SPMR
Cláudia Vieira, presidente
da APF
Saiba mais sobre a doença e onde pode
pedir ajuda, quer no setor privado como
no público:
Sociedade Portuguesa de Medicina de Reprodução
http://www.spmr.pt/
Associação Portuguesa de Fertilidade
http://www.apfertilidade.org/web/index.php
Ana Galhardo, coordenadora
da rede de psicólogos da APF
Quanto ao futuro, a APF vai
Técnicas de Tratamento
•Doação de espermatozoides;
•Doação de ovócitos;
•Criopreservação de sémen e tecido testicular;
•Criopreservação de tecido ovárico;
•Diagnóstico Genético Pré-Implantação (DGPI);
•Microinjeção (ICSI);
•Fecundação In Vitro (FIV);
•Inseminação Intra-Uterina (IIU)
•Indução da Ovulação.
Abril 2013
13
PUB
saúde animal
O QUE É A TOXOPLASMOSE?
A toxoplasmose
é uma doença
parasitária
provocada por
Toxoplasma gondii,
um parasita
unicelular
microscópico que
infecta o gato e
outros felídeos no
intestino delgado,
assim como outros
animais (bovinos,
ovinos, suínos,
etc.) e o Homem,
noutros tecidos
como os músculos,
o sistema nervoso
central ou os órgãos
reprodutores.
E
Luís Manuel Madeira de
Carvalho
Professor Associado com
Agregação de Parasitologia
e Doenças Parasitárias
Centro de Investigação
Interdisciplinar em Saúde
Animal, Faculdade de
Medicina Veterinária,
Universidade Técnica de
Lisboa (CIISA – FMV – UTL
14
ste parasita é extremamente importante
em Saúde Pública,
nomeadamente para as pessoas que têm doenças ou
situações imunodepressoras
(HIV, tumores, transplantes,
etc.) ou para as mulheres que
se infectam quando estão
grávidas pela primeira vez.
A toxoplasmose é especialmente perigosa para o feto,
ocasionando a toxoplasmose congénita através da sua
infecção via placenta. O feto
humano pode desenvolver
lesões no sistema nervoso
central (por ex., hidrocefalia)
ou nos olhos (desde perda de
acuidade visual, até cegueira)
e a toxoplasmose congénita
pode provocar abortos e nascimentos prematuros. Por vezes os sintomas só aparecem
tardiamente, nomeadamente
nas manifestações oculares
da parasitose.
As frutas e os
legumes podem
estar contaminados e quando
comidos com
Abril 2013
casca ou crus,
respectivamente, devem
ser bem lavados ou então
deve evitar-se
o seu consumo
Os animais de produção
como os bovinos, os ovinos
e os suínos, podem infectarse com Toxoplasma gondii,
sem apresentarem sintomas. O parasita está presente no tecido muscular
e assim, ao ingerir a carne
crua ou mal cozinhada o
Homem pode infectar-se.
Os gatos podem apresentar uma ligeira diarreia e só
eliminam oocistos nas fezes
durante cerca de duas semanas. No entanto, os oocistos
veiculados pelas fezes não
são imediatamente infecciosos para os outros animais e
para o Homem, necessitando para o efeito de alguns
dias de maturação. Assim,
é importante eliminar as
fezes e limpar a caixa dos
gatos todos os dias, para
que os oocistos não fiquem
infectantes. Também há que
evitar a contaminação dos
jardins pelas fezes dos gatos
e é essencial que se usem
luvas para jardinagem para
evitar a contaminação das
mãos. As frutas e os legumes podem estar contaminados e quando comidos
com casca ou crus, respectivamente, devem ser
bem lavados ou então deve
evitar-se o seu consumo.
Estes cuidados são par-
ticularmente importantes
para as mulheres grávidas
que são sero negativas
para Toxoplasma gondii,
pois não estando infectadas
não possuem imunidade e
podem infectar-se durante a
gravidez.
Quanto à infecção humana
pelo contacto directo com
gatos ou outros animais, é
muito improvável, pelo que
fazer festas ao gato ou cão
não deverá constituir um
problema desde que sejam
tomadas as medidas básicas de higiene e sanidade.
Desta forma, é destituído
de sentido tomar medidas
mais drásticas como colocar os gatos em gatis ou até
proceder ao seu abandono
ou eutanásia, como forma
de prevenção da toxoplasmose em mulheres que estejam
grávidas.
O autor escreveu ao abrigo do antigo acordo ortográfico.
PUB
ANEA
Sede Nacional
Existimos para ajudar
l
l
l
Mecanoterapia
Fisioterapia
Piscina
www.anea.org.pt
Associação Nacional da Espondilite Anquilosante
Rua de Platão 147 - Zambujal - 2785-698 São Domingos de Rana
Tel.: 21 454 92 00 - Fax: 21 454 92 08
[email protected]