Fuga de capitais em África é o dobro da dívida

Transcrição

Fuga de capitais em África é o dobro da dívida
MUNDO MISSIONÁRIO
As remessas dos imigrantes foram três vezes superiores às ajudas de 2006
Fuga de capitais em África
é o dobro da dívida
Os países africanos vêem-se privados dos recursos indispensáveis ao
seu desenvolvimento devido à fuga de
capitais. Segundo as Nações Unidas, a
hemorragia financeira acumulada pelos
países africanos desde a sua independência é mais do dobro da dívida. Em
30 anos, cerca de 300 mil milhões de
euros fugiram do continente africano
para o estrangeiro, ao passo que a dívida global de África é de 150 mil milhões
de euros. Não é fácil saber qual a origem destas transferências. Sabe-se que
estão fora do circuito da economia for-
mal e que não beneficiam as economias
locais. “Se estes recursos fossem aplicados em investimentos produtivos, permitiriam criar empregos e beneficiariam
largos segmentos da população”, explica um funcionário das Nações Unidas.
O Banco Mundial calcula que entre
15 a 30 mil milhões de euros colocados em bancos da Suiça e do Reino
Unido sejam provenientes do pagamento de “luvas” a dirigentes corruptos dos países pobres. Esta quantia equivale a 40 por cento da ajuda
pública ao desenvolvimento.
Uma outra chaga que aflige o continente africano é a fuga aos impostos.
Segundo os fiscalistas africanos, bastaria melhorar a colecta do imposto para
duplicar as receitas fiscais de certos
países. Enquanto as receitas fiscais, em
países como Argélia e Angola, atingem
38 por cento do produto interno bruto,
em países como Níger, Sudão, Chade e
outros estão abaixo dos 10 por cento. As
receitas públicas aumentariam significativamente se a colecta de impostos fosse
alargada ao sector da economia informal e paralela que em África atinge em
média 45 por cento da economia.
As remessas dos imi­grantes representam uma grande fonte de receita para
África, no valor de 150 milhões de
euros. Em 2006, foram enviados para
os países em vias de desenvolvimento
mais de 200 mil milhões de euros. É
uma soma três vezes superior à soma
recebida para ajuda ao desenvolvimento no mesmo ano.
O desenvolvimento económico de África
a sul do Sara regista um notável crescimento. O Fundo Monetário Internacional calcula que em 2007 atingirá 6,1
por cento e espera que chegue a 6,8 em
2008. É o melhor índice de crescimento
desde os anos da independência.
O aproveitamento de todos estes factores, aliado à luta contra a corrupção, contribuiria para melhorar significativamente as condições de vida
de milhões de africanos e favoreceria
uma nova imagem do continente.
A eliminação da hemorragia financeira dos países
africanos e a luta contra a corrupção contribuiria para
melhorar as condições de vida de milhões de africanos
e favoreceria uma nova imagem do continente
FÁTIMA MISSIONÁRIA
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Edição LIII | Novembro de 2007
MUNDO MISSIONÁRIO
Desenvolvimento
na Índia
não mata a fome
Milhões de crianças sem escola na Nigéria
do QUÉNIA
Tobias Oliveira
Cerca de 10 milhões de crianças não frequentam a escola primária ou secundária
na Nigéria. A maior parte são meninas
que vivem em zonas rurais e pertencem
a famílias pobres. Com 140 milhões
de habitantes, o país mais populoso de
África, a Nigéria conta 60 milhões de
adultos que não sabem ler nem escrever.
Mais de 85 por cento deles têm menos
de 35 anos. Segundo Abhimanyu Singh,
director da UNESCO, a Nigéria, “não
pode pensar em realizar o seu objectivo
de se tornar uma das primeiras 20 economias mundiais até 2020, sem aproveitar todo o potencial inutilizado de uma
geração jovem e produtiva”.
Cerca de 400 milhões de indianos estão desnutridos. Mais de 40 por cento das crianças desnutridas
do mundo vivem na Índia. A estes dados terríveis
somam-se os pobres e as mulheres das categorias
sociais mais desfavorecidas. As organizações e
os activistas apontam o dedo à corrupção e má
governação. O certo é que o desenvolvimento
industrial e as reformas fiscais não conseguiram
derrotar a falta de alimento. A Índia alcançou a
segunda maior taxa de crescimento económico do
mundo, mas ocupa o 94º lugar entre os países que
conseguiram combater a fome da sua população.
A vida
não acaba…
Número de vítimas continua a subir no Afeganistão
Operações militares, raides aéreos e ataques suicidas fazem subir, de mês para
mês, o número de mortos e feridos no
Afeganistão. A violência não tem tendência a diminuir e obrigou à fuga de
numerosos habitantes de muitas aldeias,
sobretudo do Sul. As partes em conflito
“continuam a não aplicar as medidas que
poderiam evitar muitas vítimas civis”,
afirmou Farid Hamidi, da Comissão
Independente dos Direitos Humanos. As
responsabilidades recaem sobre a coligação ocidental, sobre o exército afegão e
sobre os talibãs. As Nações Unidas criaram uma comissão independente para
investigar o número de vítimas civis,
mas os seus relatórios são muitas vezes
desmentidos por americanos e talibãs.
Muçulmanos e cristãos da África Ocidental dialogam
“Cristãos e muçulmanos partilham
uma história de bem, mas também
de memórias dolorosas”, afirmam os
bispos das Conferências Episcopais,
de língua inglesa, da África Ocidental. No final da XI assembleia plenária destes episcopados, que teve lugar
na Serra Leoa, convidam cristãos e
muçulmanos a aprofundar o diálogo. A colaboração existente “entre as
duas religiões é “um elemento importante que acelerou o processo de
paz durante o passado turbulento da
[nossa] história e contribuiu em larga
medida para as eleições pacíficas
recentes”. Os bispos anunciam a realização de um encontro na Serra Leoa,
país onde os “cristãos e muçulmanos
vivem em harmonia desde há séculos”.
FÁTIMA MISSIONÁRIA
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Edição LIII | Novembro de 2007
RENOVE A SUA ASSINATURA
Metade da população da Guatemala vive na pobreza
Um inquérito do Instituto Nacional de
Estatística revela que mais de metade
dos 13 milhões de guatemaltecos vive
em condições de pobreza. A maioria dos
pobres situa-se nas zonas rurais, sobretudo nas que são habitadas por índios.
A análise revela que 71 por cento dos
guatemaltecos sem título de estudo são
pobres. Os dados foram apresentados
durante a campanha eleitoral para as
eleições de 4 de Novembro. Segundo
Tomás Rosada, analista da Universidade Rafael Landivar, “o novo presidente
poderá pôr fim a este flagelo”.
FÁTIMA MISSIONÁRIA
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Edição LIII | Novembro de 2007
Escolho ao acaso um jornal diário
de Nairobi. O Standard de 10 de
Outubro. Passo um rápido olhar
sobre as notícias de morte. Leio
que “morreram ontem doze pessoas
quando um autocarro caiu ao rio
Sio, perto da cidade de Busia”.
Num outro “acidente de tráfico
em Nakuru faleceu o veterano
político Dr. Taitta Toweett”.
E ainda que “do rio Sagana foi
retirado o corpo dum estudante
que nele se tinha afogado”.
As vítimas da SIDA, da fome e das
lutas tribais, já nem sequer são
notícia. A nossa civilização, em
que a morte se está a tornar trivial,
banaliza também a vida.
Abordo este tema porque estamos
em Novembro, mês dos defuntos.
Aqui, no Quénia, perdi nos últimos
meses seis confrades, três quenianos
e três italianos.
Que dizer da morte, esse terror?
Os cristãos vêem nela o salto para
a vida, como no grão de trigo que
cai à terra e morre para depois
ser espiga e pão. Eu desarmo-a
recordando que Jesus nos livra do
“medo da morte” (Hebr 2,15). Estou
convencido que para promover e
saborear a vida é fundamental estar
livre desse medo, encarando
a morte física com os olhos de Jesus,
o eterno vivente. A vida missionária
ensinou-me estas coisas e aqui
as coloco ao vosso dispor.
Durante o mês de Novembro
sintam-se os leitores convidados
a celebrar a vida, embora não
esquecendo os seus mortos.
Sintam-se convidados a defendê-la
mesmo que para isso tenham que a
colocar em perigo. Jesus é hoje e
sempre o caminho, a verdade e a vida.

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