Apesar do fato tratado estar ultrapassado, pois o ex

Apesar do fato tratado estar ultrapassado, pois o ex-ditador Saddam Hussein já foi
julgado e condenado por uma corte iraquiana, o texto traz exemplos de falhas que devem ser
evitadas na redação de textos.
Texto apresenta falhas de coesão e de coerência
O texto começa com a declaração categórica de que era Saddam Hussein quem
comandava os ataques a soldados norte-americanos no período subsequente à Guerra do Iraque.
Além de a afirmação não poder ser comprovada (os ataques não deixaram de ocorrer após a
captura do ex-ditador), esse não é o assunto a ser discutido. O início do texto não se coaduna
com o restante dele.
O debate sobre o futuro julgamento de Saddam Hussein trava-se no âmbito do direito
internacional. O ex-ditador pode vir a ser julgado não só por seus crimes de guerra mas também
por violações aos direitos humanos cometidas contra as minorias iraquianas. Teme-se, por isso,
que um julgamento feito por uma corte iraquiana não seja imparcial.
O redador, todavia, considera essa possibilidade a mais “prudente”. Afirma ainda que um
julgamento realizado por um tribunal internacional desencadearia revoltas porque “os iraquianos
têm aversão aos estrangeiros” - extrai uma conclusão de um premissa falsa ou não-comprovável.
Ora, a conclusão que decorre de uma falsa premissa só pode ser falsa.
Por fim, sufere a criação de um tribunal constituído só de países do Oriente Médio. Para
legitimar essa tese, deve desenvolver uma argumentação mais segura, que revele mais
conhecimento do assunto. No último parágrafo, discute a guerra, não o julgamento.
(Thaís Nicoleti de Camargo, consultura de língua portuguesa – Folha de São Paulo 2004)