8 31. Paciente feminina de 28 anos, com queixa de pirose há 3

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8 31. Paciente feminina de 28 anos, com queixa de pirose há 3
MÉDICO GASTROENTEROLOGISTA
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS – QUESTÕES DE 31 A 40
31. Paciente feminina de 28 anos, com queixa de pirose há 3 meses, com maior intensidade dos sintomas após
as refeições. Nega odinofagia, disfagia, dor epigástrica, saciedade precoce ou plenitude epigástrica pósprandial. Sem emagrecimento. Relata náusea matinal, mas nega vômitos. Sem passado de hemorragia
digestiva. Hábito intestinal com 2 ou 3 evacuações por dia, com fezes de aspecto normal e sem aumento do
trabalho evacuatório. Sem queixas respiratórias, cardiovasculares e urinárias. Passado de asma na infância.
Apendicectomizada aos 13 anos de idade. Sem uso atual de medicamentos.
Exame físico: Corada, hidratada, acianótica, anictérica, sem edemas. Sons respiratórios normais. FR 17 irm.
Ritmo cardíaco regular em 2 tempos, sem sopros, com bulhas normofonéticas. Ictus cordis pouco propulsivo
situado sobre a linha hemiclavicular esquerda, no quarto espaço intercostal. Jugular plana. PA 112/67
mmHg. FC 74 bpm. Abdome plano, normotenso, indolor, sem massas ou visceromegalias, com peristalse
presente.
Considerando o caso clínico acima, assinale a afirmativa INCORRETA:
a) Uma pHmetria prolongada do esôfago normal não afasta a possibilidade de Doença do Refluxo
Gastroesofágico.
b) Os relaxamentos transitórios do esfíncter esofágico inferior participam da fisiopatologia da doença da
paciente.
c) A normalidade da mucosa esofágica ao exame endoscópico não afasta a possibilidade de Doença do
Refluxo Gastroesofágico.
d) O diagnóstico diferencial inclui Doença do Refluxo Gastroesofágico, Dispepsia Funcional e Pirose
Funcional.
32. Paciente masculino de 22 anos, estudante universitário, sem uso anterior de medicamentos e sem
antecedentes mórbidos significativos. Apresenta há 4 anos quadro recorrente de dor abdominal em fossa
ilíaca direita, algumas vezes com necessidade de visita ao serviço de pronto atendimento. Em uma dessas
visitas, teve o diagnóstico de adenite mesentérica. Agora há desconforto em região epigástrica iniciado há
cerca de 24 horas, que gradualmente evoluiu com aumento de intensidade e que migrou em direção à fossa
ilíaca direita, associado à febre de até 38,5 ºC. Sem melhora com uso de hioscina e dipirona. Sem diarreia,
sem emagrecimento, sem icterícia. Sem queixas urinárias, respiratórias ou cardiovasculares.
Exame físico: Corado, hidratado, acianótico, anictérico, sem edemas. Sons respiratórios normais. FR 25 irm.
Ritmo cardíaco regular em 2 tempos, com bulhas normofonéticas. Jugular plana. Ictus cordis pouco
propulsivo, situado sobre a linha hemiclavicular, no quinto espaço intercostal esquerdo. FC 110 bpm. PA
120/78 mmHg. Abdome plano, peristáltico, sem massas ou visceromegalias palpáveis, com espaço de
Traube timpânico. Presença de dor à palpação profunda da fossa ilíaca direita, mas sem configurar
descompressão brusca dolorosa.
Considerando o caso clínico acima, assinale a afirmativa INCORRETA:
a) Os diagnósticos diferenciais incluem apendicite aguda, Yersiniose, doença de Crohn, litíase urinária e
infecção urinária.
b) O paciente deve ser mantido em observação, pois existe a possibilidade de apendicite aguda.
c) A exploração propedêutica inicial deve incluir rotina de urina, hemograma completo, proteína C-reativa e
radiografia abdominal sem preparação.
d) O paciente deve ser imediatamente operado uma vez que o diagnóstico é apendicite aguda.
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33. Sobre os tumores do fígado, assinale a afirmativa INCORRETA:
a) Ao US com Doppler, a hiperplasia nodular focal pode apresentar padrão com vasos arteriais dispostos de
forma radiada com fluxo em direção centrífuga.
b) Os hemangiomas são vistos na fase arterial da TC como lesões hiperdensas cujo enchimento de
contraste é tipicamente direcionado da periferia para o centro do nódulo, sendo a fase precoce do
contraste com enchimento apenas periférico e, na fase tardia, com enchimento central da lesão.
c) Os pacientes com hepatocarcinoma multicêntrico com até 3 tumores menores que 5 cm podem ser
encaminhados para transplante hepático.
d) A biópsia percutânea do adenoma hepático tem sensibilidade baixa na discriminação entre adenoma e
hepatocarcinoma, uma vez que o nódulo pode conter pequenos focos de células malignas não alcançados
pela agulha de biópsia.
34. Paciente feminina de 17 anos, estudante, apresenta há 4 meses quadro de dor epigástrica em queimação,
ora mais intensa, ora menos intensa, quase que diária, não relacionada aos horários de alimentação. Nega
plenitude epigástrica pós-prandial, saciedade precoce, náusea e vômitos. Nega ter sido despertada pela dor
durante a noite. Não há emagrecimento, icterícia ou mudança do hábito intestinal. Tampouco há pirose,
regurgitação, odinofagia ou disfagia. Exame físico sem particularidades.
Considerando o caso clínico acima, assinale a afirmativa INCORRETA:
a) O diagnóstico é dispepsia funcional.
b) A estratégia “testar e tratar” pode ser aplicada neste caso.
c) Terapia empírica com inibidor de bomba protônica é uma alternativa terapêutica validada pela literatura
científica para casos como este.
d) A presença de sinais de alarme ou a falta de resposta às estratégias empíricas de tratamento constitui
indicação formal de endoscopia digestiva alta.
35. Sobre os tumores do pâncreas, assinale a afirmativa INCORRETA:
a) A ectasia ductal mucinosa caracteriza-se por dilatação do ducto pancreático principal e presença nele, ou
em seus colaterais, de muco viscoso e espesso, levando a episódios recorrentes de pancreatite aguda. À
pancreatografia endoscópica observa-se a papila duodenal protrusa que deixa drenar grande quantidade
de muco e um sistema ductal dilatado com várias falhas de enchimento.
b) O tumor cístico papilar (tumor de Frantz) acomete mais frequentemente pessoas idosas do sexo
masculino. Sua apresentação aos métodos de imagem é a de um tumor sólido e cístico, hipovascular e
bem encapsulado, afetando na maior parte dos casos o corpo ou a cauda do pâncreas.
c) O cistadenoma seroso é uma neoplasia constituída por alvéolos dispostos ao redor de um estroma
fibroso, esporadicamente calcificado, tapetado por células achatadas e contendo um líquido seroso rico
em glicogênio. Apresenta uma cicatriz estrelada que lhe é muito típica e que pode ser identificada na TC.
d) O adenocarcinoma de pâncreas situado em posição cefálica pode causar obstrução da via biliar principal,
conduzindo à icterícia de padrão obstrutivo com presença da vesícula de Courvoisier.
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36. Paciente feminina de 43 anos de idade, sem sintomas, chega ao consultório do gastroenterologista com os
seguintes exames complementares:
AST 136 U/l
ALT 202 U/l
Fosfatase alcalina 170 U/l
GGT 65 U/l
Colesterol total 274 mg/dl
Triglicérides 194 mg/dl
Glicemia de jejum 98 mg/dl
Glicemia de 2 horas pós-prandial 122 mg/dl
US abdominal superior: discreta hepatomegalia com esteatose moderada. Demais achados dentro da
normalidade.
Ela relata diagnóstico de diabetes mellitus há 3 anos e está em uso regular de glibenclamida 5 mg mid. Nega
HAS e uso de outros medicamentos. Passado de acidente automobilístico com ruptura esplênica em 1987,
ocasião em que recebeu hemotransfusão e foi submetida à laparotomia exploradora com esplenectomia.
Nega tabagismo. Consome média de 20 g/dia de álcool.
Ao Exame Físico: Corada, hidratada, anictérica, acianótica, sem edemas. Peso 94 kg. Estatura 175 cm.
Presença de acantose nigricans em região axilar e pescoço. Sons respiratórios normais, com FR 20 irm. Ritmo
cardíaco regular, com bulhas discretamente hipofonéticas, sem sopros. PA 120/74 mmHg. FC 88 bpm.
Abdome globoso, normotenso e indolor, com peristalse audível, com fígado de bordas rombas palpável a 3 cm
do rebordo costal direito.
Considerando o caso clínico acima, o diagnóstico menos provável é:
a) hemocromatose hereditária.
b) hepatite viral crônica.
c) hepatite autoimune.
d) doença hepática gordurosa não alcoólica.
37. Um paciente com passado de hemorragia digestiva relacionada à úlcera duodenal e com relato de tentativa
de erradicar o Helicobacter pylori utilizando omeprazol 20 mg bid, amoxicilina 1 g bid e claritromicina 500 mg
bid por 7 dias procura o consultório médico e traz os seguintes exames complementares:
EDA: esôfago normal, gastrite erosiva moderada restrita ao antro e cicatriz S1 de Sakita em bulbo duodenal.
Teste de urease positivo.
Biópsia de antro e corpo: pangastrite crônica com muitos folículos linfoides em camada submucosa.
Pesquisa positiva do Helicobacter pylori.
A conduta mais adequada para o caso é:
a) não tentar erradicar o Helicobacter pylori e manter o paciente sob uso contínuo de omeprazol 20 mg mid.
b) nova tentativa de erradicar o Helicobacter pylori utilizando omeprazol 20 mg bid, amoxicilina 1 g bid e
claritromicina 500 mg bid por 7 dias.
c) nova tentativa de erradicar o Helicobacter pylori utilizando omeprazol 20 mg bid + subsalicitato de bismuto
120 mg 4x/dia + tetraciclina 500 mg 4x/dia + claritromicina 500 mg bid por 14 dias.
d) nova tentativa de erradicar o Helicobacter pylori utilizando omeprazol 20 mg bid + amoxicilina 1 g bid +
levofloxacino 500 mg mid por 10 dias.
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38. Uma pessoa de 20 anos de idade, saudável sob todos os aspectos, procura o médico preocupada por haver
em sua família 3 casos de câncer colorretal: a mãe (diagnóstico aos 45 anos), um tio, irmão de sua mãe
(diagnóstico aos 48 anos), e o avô materno (diagnóstico aos 62 anos). Nenhum desses parentes preenchia
critérios para câncer colorretal hereditário não relacionado a pólipos, polipose adenomatosa familiar e todos
apresentavam pólipos além da lesão principal.
A conduta mais adequada para este caso é:
a) colonoscopia a cada 3 a 5 anos, começando aos 35 anos de idade.
b) colonoscopia imediata.
c) pesquisa anual de sangue oculto nas fezes e colonoscopia, caso o primeiro teste seja positivo, com início
imediato do rastreamento.
d) pesquisa anual do sangue oculto fecal e retossigmoidoscopia flexível a cada 5 anos, começando aos 50
anos.
39. Paciente de 16 anos, sem antecedentes mórbidos significativos, apresenta há 6 meses quadro de diarreia
com 4 a 6 dejeções por dia, todas de pequeno volume, sem sangue, muco ou pus, concentradas no período
da manhã. Há também dor em cólica no andar inferior do abdome que precede a maioria das evacuações,
sendo aliviada após as mesmas. Nega perda de peso e nega ser acordada à noite para evacuar. Nega piora
dos sintomas quando ingere leite e derivados.
Exame físico: Corada, hidratada, anictérica, acianótica, sem edemas. Sons respiratórios normais. FR 17 irm.
Ritmo cardíaco regular em 2 tempos, sem sopros, com bulhas normofonéticas. PA 100/60 mmHg. FC 88
bpm. Abdome plano, normotenso, com peristalse audível, sem massas ou visceromegalias. Presença de dor
de baixa intensidade à palpação da fossa ilíaca esquerda.
Considerando o caso clínico acima, assinale a afirmativa INCORRETA:
a) O diagnóstico mais provável é a síndrome do intestino irritável.
b) A giardíase e a amebíase podem simular a síndrome do intestino irritável e devem ser excluídas nas
regiões onde essas afecções são muito prevalentes.
c) O uso de antiespasmódicos – otilônio, pinavério, mebeverina, lubiprostona – pode contribuir para o
controle dos sintomas.
d) Os antidepressivos tricíclicos podem ser utilizados nos pacientes refratários às medidas iniciais,
geralmente precisando de doses menores que as necessárias para tratar depressão.
40. Paciente de 35 anos admitido no serviço de pronto atendimento, trazido por transeuntes, com relato de
vômito com sangue vermelho vivo em grande quantidade, ocorrido há cerca de 1 hora.
Ao exame: Hipocorado (+++/4+), desidratado (+/4+), acianótico, ictérico (++/4+), com edema de mmii
simétrico, percebido abaixo dos joelhos. Presença de alguns angiomas estelares em tronco, além de eritema
palmar. Apresenta-se obnubilado e com asterixis.
Sons respiratórios normais. FR 24 irm, com discreta hiperpneia.
Ritmo cardíaco regular em 2 tempos, com sopro sistólico de ejeção no foco mitral. Jugular plana. Perfusão
capilar diminuída. FC 120 bpm PA 80/50 mmHg.
Abdome globoso, normotenso e indolor, com peristalse audível. Presença de circulação colateral tipo cava
inferior-cava superior. Sinal de macicez móvel presente. Baço Boyd II. Fígado não palpável, medindo cerca
de 8 cm à percussão.
Considerando o caso clínico acima, é INCORRETO afirmar que:
a) a ruptura de varizes esofagogástricas é uma causa provável do sangramento.
b) o paciente deve ser imediatamente submetido à endoscopia digestiva alta.
c) confirmada a hemorragia por ruptura de varizes de esôfago, o paciente deve ser submetido à ligadura
elástica das varizes e devem ser prescritos antibioticoterapia profilática e terlipressina.
d) estando a hemorragia relacionada à hipertensão porta, o paciente deverá utilizar beta-bloqueador não
seletivo até o transplante hepático como medida de profilaxia secundária da hemorragia digestiva
varicosa, sempre em associação com tratamento endoscópico com objetivo de erradicar as varizes.