Microbactérias de Crescimento Rápido e Procedimentos Estéticos
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Microbactérias de Crescimento Rápido e Procedimentos Estéticos
Micobactérias de Crescimento Rápido e Procedimentos Estéticos Denise Brandão de Assis Diretora Técnica Divisão de Infecção Hospitalar – CVE/CCD/SES-SP Antecedentes na literatura • A primeira descrição clínica e laboratorial de Mycobacterium fortuitum foi realizada por Costa Cruz em 1936 em um caso de abscesso pós injeção de vitaminas Costa Cruz J. “Mycobacterium fortuitum”, um novo bacilo acido-resistente patogênico para o homem. Acta Med., 1938, 1:297–301 Antecedentes na literatura • Surtos ou pseudosurtos causados por M. abscessus e M. chelonae identificados desde a segunda metade da década de 1970 • Casos de infecção após trauma, cirurgia ou outros procedimentos Cardoso et al. 2008 Antecedentes na literatura •cirurgia cardíaca, •cirurgia oftalmológica •cirurgia plástica facial, •cirurgia dermatológica, •mamoplastia para implante de prótese, •acupuntura, •lipoaspiração, •injeção de silicone, •implante de prótese, •colocação de marca-passo, •injeção subcutânea, •injeção de esteróides e •injeção de medicações alternativas. Cardoso et al. 2008 Micobactérias de crescimento rápido Patogências Grupo M. fortuitum M. fortuitum M. peregrinum M. mucogenicum M. senegalense M. conceptionense M. setense Terceira biovariante (inominada): M. septicum M. mageritense M. porcinum M. houstonense M. bonickei M. neworleansense M. brisbanense Grupo M. chelonae-abscessus M. abscessus M. chelonae M. immunogenum M. massiliense M. bolletii Grupo M. smegmatis M. smegmatis M. wolinskyi M. goodii M. cosmeticum Brown-Elliot and Wallace CMR, p. 716–746, 2002. Shinsky et al., IJSEM, 54:1653–1667, 2004 Adékambi et al. JCM, 42:5493–5501, 2004 Cooksey et al., IJSEM, 54, 2385–2391, 2004 Adékambi et al., IJSEM, 56, 133–143, 2006 Micobactérias de Crescimento Rápido Reservatórios • Habitat: AMBIENTAL - Solo e fontes de água natural •Em serviços de saúde: •Medicamentos injetáveis contaminados •Colírios •Soluções de glutaraldeído •Água não estéril, incluindo água potável •Equipamentos de videocirurgia, endoscópios, broncoscópios •Dispositivos invasivos: cateteres •Implantes de próteses mamárias e de contraceptivos •Materiais de Lipoaspiração •Materiais e produtos de Mesoterapia •Injeções subcutâneas Micobactérias de Crescimento Rápido Fatores que favorecem a virulência • Reservatórios – Represas – Sistemas de água • Formação de Biofilmes • Crescimento a 45°C • Resistência a desinfetantes – Glutaraldeído 2% – Mercúrio – Cloro – Violeta genciana Wallace, Brown & Griffith - Annu Rev Med 1998; 52: 453 Micobactérias de Crescimento Rápido Componente Epidemiológico Paciente submetido a: • procedimento vídeo-assistido: laparoscopia, artroscopia, broncoscopia, endoscopia do sistema genitourinário, ou do sistema digestório para inserção de prótese biliar; • procedimento no qual seja utilizada: cânula de aspiração (lipoaspiração), instrumento de fibra ótica, implante de prótese, órtese oftalmológica, • ceratotomia, cirurgia plástica, ortopédica, cardíaca, lipoaspiração, mesoterapia, preenchimento cutâneo com ácido hialurônico ou metacrilato, ou injeção por via intra-muscular, Nota técnica SVS/MS –ANVISA, 2009 Micobactérias de Crescimento Rápido Componente Clínico Paciente apresentando 2 ou mais sintomas, em topografia correspondente ao acesso cirúrgico: • Lesões eritematosas de difícil cicatrização, • Nódulos, • Drenagem de secreção, • Fístulas, • Ulcerações, • Abscesso quente ou frio, • Não responsivo aos tratamentos antimicrobianos convencionais, • Lesão em topografia correspondente ao trajeto de cânulas ou trocarte, com ou sem disseminação para áreas adjacentes, • Recidiva das lesões Nota técnica SVS/MS –ANVISA, 2009 Lesões cutâneas – após mesoterapia Lesões cutâneas – após procedimento de preenchimento de face Lesões cutâneas – nódulos após injeção Lesões cutâneas – abscessos após injeção intramuscular Micobactérias de Crescimento Rápido Diagnóstico Laboratorial • BAAR positivo; • Cultura positiva para MCR; • Exame histopatológico de tecido mostrando granulomas com áreas centrais de necrose; • PCR positivo para MCR (restrição enzimática - PRAhsp65); • Identificação molecular (Genotipagem - gene rpoB); • Exame de imagem (tomografia, ressonância e ultrassom). Nota técnica SVS/MS –ANVISA, 2009 Micobactérias de Crescimento Rápido Tratamento • Desbridamento cirúrgico, remoção de próteses • Espécie identificada: basear a terapêutica no teste de sensibilidade aos antimicrobianos • Localização,extensão da lesão,co-morbidades, espécie de MCR • Evitar a monoterapia, exceto em lesões únicas, localizadas a pele e subcutâneo • Claritromicina, amicacina, ciprofloxacina, imipenem, linezolida, doxiciclina, sulfametoxazol • Tempo mínimo de 6 meses • Acompanhamento por 2 anos após o término do tratamento. Nota técnica SVS/MS –ANVISA, 2009 Casos Estado – 2002 a 2011 Distribuição de casos segundo o ano de procedimento (Total = 181 casos) 120 96 100 80 Surto 60 Surto 40 20 7 19 17 15 7 16 3 1 0 2002 2003 2004 2005 2006 2008 2009 2010 2011 2004 Surto de MCR em implantes mamários Problema • 06/04/04: IAL notifica 6 casos de M. fortuitum ao CVE (hospitais do município de Campinas) Investigação • Revisão de todos os procedimentos de implantes mamários realizados no período de abril de 2002 a abril de 2004. • Foram avaliados 516 prontuários em diversos hospitais • Revisados fatores relacionados ao procedimento cirúrgico: material utilizado, hospital/clínica, e relacionados aos pacientes: co-morbidades, idade, sexo, motivo da cirurgia,.. Resultados Definição de Caso Confirmados Número de casos 14 Observação 12 – M. fortuitum 1 – M. porcinum 1 – M. abscessus Prováveis 1 BAAR + Possíveis 14 Exames não realizados ou negativos Total 29 Epidemiologia Molecular controle Hospital C controle Leao, SC Avaliação dos processos Uso de medidores ??? • Falta de registros dos métodos de processamento utilizados • Ausência de informação sobre o uso em 53% dos prontuários avaliados • Ausência de registro deste produto na ANIVSA Conclusões O surto pode ter ocorrido por falhas de processo de trabalho ou produto (medidor) Falhas não confirmadas na investigação epidemiológica em função da ausência de registros de informação em prontuários dos pacientes Os medidores ou moldes 2005 Surto de infecção por MCR relacionada a procedimentos estéticos Problema 23/06/2005: 8 pacientes com lesões de pele nodulares e sinais flogísticos no local de aplicação de substâncias cosméticas de uma mesma clínica Investigação • Procedimentos estéticos realizados: mini-lipo Hidrolipoclasia ultrassônica aspirativa (HLPA) Hidrolipoclasia ultrassônica (HLP) Hidrolipólise (HP) • Análise de esterilidade e pesquisa de micobactérias nos medicamentos utilizados (mesma farmácia de manipulação) Investigação Solução padrão: SF 0,9% - 500mL AD – 500mL Bicarbonato de sódio – 10mL Silício – 3,0mL Procaína – 4,0mL Lidocaína – 20mL Resultados • Casos investigados: Total 17 casos Número Observação Confirmados 6 6 - M. abscessus Prováveis 3 BAAR + Possíveis 8 Exames não realizados ou negativos TOTAL 17 Conclusões • Não houve evidências de um tipo específico de procedimento relacionado ao surto • Hipóteses: a) Fonte comum: - contaminação de lote - frascos multi-dose b) Falhas de processo Casos Estado – 2002 a 2011 Distribuição de casos segundo o ano de procedimento (Total = 181 casos) 120 96 100 Mesma Clone Hospital C 80 60 40 20 7 19 17 15 7 16 3 1 0 2002 2003 2004 2005 2006 2008 2009 2010 2011 Casos Estado – 2002 a 2011 MCR M FORTUITUM M ABSCESSUS 1 M MASSILIENSE Outros MCR Não realizada cultura TOTAL Abdome 6 2 11 1 4 20 GRUPO DE PROCEDIMENTOS Procedimento invasivo não Mama cirurgico* 3 41 24 3 0 0 5 4 53 18 49 31 outros** * Tratamento estético, administração de injeções estéticas, medicamentos, hormônios, administração de vacinas **Cirurgia cardíaca, torácica e ortopedica 4 0 1 2 1 7 TOTAL 54 29 12 12 76 183 Classificação de casos 57; 31% Confirmados (cultura) 107; 59% 19; 10% Prováveis (BAAR +/AP compatível) Suspeitos (exames não realizados) Município da Instituição de saúde que realizou o procedimento (Total = 183 casos) Outros 8 Presidente Prudente 2 Indaiatuba 2 Ribeirão Preto 4 São José do Rio Preto 7 São Paulo 9 Assis 13 Andradina 61 Campinas 77 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Notificações MCR no Brasil – 1998 a 2009 327 50 33 31 95 363 1.107 193 149 115 Total: 2.520 casos Fonte: www.anvisa.gov.br (dados 1998-2009) Procedimentos envolvidos Tipo de procedimento ABDOMINAL MAMA PELVICA INVASIVO NÃO CIRURGICO ORTOPEDICA UROLOGICA LIPO FACIAL ABDOMINAL + MAMA + LIPO MAMA + LIPO TORACICA OBSTETRICA ABDOMINAL + LIPO ABDOMINAL + MAMA NEUROLOGICA OFTALMOLOGICA PROCEDIMENTO NÃO INVASIVO SI Total N 1.492 174 167 135 117 60 31 15 13 13 11 6 6 6 2 1 1 270 2.520 % 59,2% 6,9% 6,6% 5,4% 4,6% 2,4% 1,2% 0,6% 0,5% 0,5% 0,4% 0,2% 0,2% 0,2% 0,1% 0,0% 0,0% 10,7% 100,0% Fonte: www.anvisa.gov.br (dados 1998-2009) Dissecando o problema.... Biofilme nos materiais Sujidade residual -Expurgo impróprio. -RHs incompetentes: não desmonta, diluição errada. -Falta de insumos (ex:detergentes enzimáticos), artefatos (escovas) e equipamentos. -Espaços internos não sonicados. -Ressecamento da matéria orgânica. -Material NÃO processado pela CME -Sobrecarga de trabalho. -Superfícies dos materiais não friccionadas. PLANO DE AÇÃO: formação e informação RH; qualificar a estrutura e processos de -Imersão trabalho CMEs; água controlada; interdição cautelar do donas material Material SUJO direto2%. no glutaraldeído. uso do glutaraldeído contaminado por -Reuso da mesma solução sem controle. -Tempo de contato insuficiente. micobactéria -Imersão incompleta -Desinfetante/Esterilizante inadequados. -Evidência da resistência da -Erro na diluição/ativação. - Qualidade ? da água utilizada para diluição M. massilienses BRA 100 a glutaraldeído 2%. - Métodos NÃO validados de esterilização Falhas na Desinfecção/ Esterilização Resistência das micobactérias Slide: Dra Kazuko Graziano – VI Simpó Simpósio Estadual de Infecçã o Hospitalar - 2009 Infecção Ações de Prevenção e Controle de surtos Medidas para controle e prevenção de infecções por MCR no ESP • Agosto de 2005 – Workshop - Programa de prevenção e controle de micobactérias associadas a infecções relacionadas à assistência à saúde – Documentos de orientação aos profissionais de saúde (MANUAL) e folder específico disponíveis para consulta no site do CVE – Orientações para Notificação de casos, diagnóstico e tratamento disponíveis no site do CVE ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/ih/ih_folder05.pdf Manual de prevenção e controle de infecções associadas a procedimentos estéticos Lançado setembro de 2008 www.anvisa.gov.br • RDC nº8/2009 Proibição da esterilização de artigos críticos por método químico por imersão, obrigatoriedade de esterilização pela CME da instituição • Nota Técnica conjunta - SVS/ANVISA/MS abril/2009 Orientações para diagnóstico, tratamento e recomendações • Legislação para comprovação de eficácia de saneantes frente ao M.massiliense (RDC 51 22/10/09 – 180 dias) (revoga RDC Nº Nº 75, de 23 de outubro de 2008) Recomendações • Reforçar as orientações para que os profissionais e serviços de saúde cumpram com rigor técnico a limpeza, desinfecção e esterilização dos produtos; • Reforçar as orientações para que os profissionais e serviços de saúde notifiquem os casos suspeitos; • Reforçar as ações de vigilância sanitária nos SS, com foco nas CME, salas de procedimentos e registros, para que seja possível rastrear os produtos. Avanços • Parcerias Vigilâncias: municipais e regionais Laboratório de Sáude Pública - IAL Universidades RENISS/ANVISA • Diagnóstico e tratamento • Legislações Lições aprendidas • Identificação de problemas institucionais • Revisão da prática profissional • Ações educativas Obrigada! Divisão de Infecção Hospitalar - CVE Site: www.cve.saude.sp.gov.br E-mail: [email protected]
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