Receita do dia - sônia hermoza

SOCIEDADE
João Pulita [email protected]
RICARDO WOLFFENBÜTTEL
A
enfermeira obstetra que sonhava
salvar as enfermidades do mundo
pós- graduou-se
em Saúde Pública.
Mas, mesmo reconhecida por expoentes do setor em Maringá, no Paraná, onde vivia, Sônia Hermoza, 45
anos, resolveu virar a própria mesa. E
fez isso cozinhando. Primeiramente
para crianças carentes do Hospital
Universitário daquela cidade. Depois, em 1995, quando instaurou
bandeira profissional em Caxias.
Em 2006, acompanhada do filho
Paulo Roberto Camargo Júnior, oito
anos (foto), Sônia foi para a França
em busca de mais conhecimentos na
área gourmet. Debruçou-se durante
nove meses na escola de gastronomia
de seu ídolo maior, Paul Bocuse, com
quem até dividiu refeição e manjares.
De volta às funções na cidade,
Sônia prova com gosto de vitória a
receita de sua determinação.
Receita do dia
Sônia Hermoza fez conexão
com o maior centro gastronômico
do mundo para sofisticar a
culinária produzida na Serra
Um bom restaurante é aquele que...
Consegue aliar qualidade de matéria-prima, tecnologia, serviços, décor,
endereço e clientes fiéis.
Quais suas impressões sobre a maneira de se alimentar dos caxienses?
Caxias respira tradição e a comida
italiana que já não se come mais na
Itália. Acho a comida italiana maravilhosa, deve ser resguardada. Estive
pela Itália fazendo uma grande viagem gastronômica e, sem dúvida, é a
melhor comida da Europa, com grande identidade e produtos maravilhosos que poderiam ser executados
aqui com sucesso.
Quais as diferenças de preparo da comida francesa com a gastronomia
francesa produzida no Brasil?
A técnica francesa é o princípio básico de qualquer cozinha bem executada. Na França, cozinha não é moda, é tradição. Hoje, todo mundo
acredita que fazer um cursinho de
fim-de-semana e ler algumas receitas
é suficiente para se tornar um chef .
Mas a realidade é outra. É necessário
muito estudo, muito trabalho.
O prato mais constante à sua mesa?
Arroz branco e feijão jaula que vem
de Maringá.
Um gosto inconfessável...
Como toneladas de pão com manteiga e pipoca salgada.
Como foi fazer cozinha francesa?
Posso dizer que hoje sou uma cozi-
nheira de mão cheia. Ainda confusa
com tanta informação, mas aprendi
com os franceses que tudo deve ser
bem elaborado, com técnica e calma.
Como caracteriza a sua cozinha?
Honesta, acima de tudo.
Como você define a cozinha contemporânea?
Uma cozinha dos quatro cantos do
mundo, uma grande “fusão e confusão”. Mas, felizmente, há um movimento muito forte da volta ao “terroir”, à simplicidade e ao natural.
O que você aprecia cozinhar?
Não faço distinção de nada. O importante é ter um produto de qualidade e poder transformá-lo para alimentar o corpo e a alma.
Se o mundo acabasse amanhã, o seu
último desejo gastronômico seria?
Jantar na cozinha do Alain Ducasse,
em Mônaco. Com ele, claro.
Qual chef admira?
Vários. Paul Bocuse por ser um mito
vivo; Alain Ducasse, um gênio; Ferran Adriá, um físico-químico maravilhoso; e para a sobremesa, Pierre
Hèrme, o mago dos doces.
Uma pergunta que não quer calar?
Temos um país enorme, produtivo,
lindo. Por que de terceiro mundo?
A minha paixão pela gastronomia já
me fez fazer a loucura de...
Largar tudo e atravessar o oceano
atrás de meus ídolos.
Frase preferida?
“A cozinha é a magia do fogo.” (Paul
Bocuse).
Gostaria de ter sabido antes....
Que ovo frito perfeito é feito com
técnica.
O que tem sabor de Brasil?
A feijoada da minha mãe Maria, com
todos os seus acompanhamentos.
Manias mais e menos conhecidas?
Sou louca por limpeza, com horário,
com promessas e por aí vai...
Qual a passagem mais importante de
sua biografia e que título teria?
Quando resolvi fazer do meu hobby
minha profissão. A Grande Virada.
Um ditado popular?
“Rapadura é doce, mas não é mole
não”.
Um hábito que você não abre mão?
Café com leite e pão com manteiga
na hora do jantar.
Você tem fome de quê?
De justiça.
Você tem sede do quê?
De saber.
Eu sou...
Um bicho do Paraná.
Tops
❚ CD – o egípcio Amr Diab, o francês Yannick Noah e o brasileiro
Sérgio Mendes
❚ DVD – comédia e infantis
❚ Coleção – livros de culinária
❚ Restaurante – Alain Sanders (Paris), Alex Alpha (São Paulo) e o
meu em Caxias.
❚ Tempero – ervas frescas, em especial tomilho
❚ Objetos – imagem da Imaculada
Conceição que veio de Salvador
❚ Acessórios – os de cozinha
❚ Bebida – um bom vinho tinto
❚ Cidade – São João do Caiuá, minha cidade natal
❚ Grife – Zwilling J.A Henckels, as
melhores facas do mundo
❚ Prazer sem peso na consciência
– churrasco no almoço de domingo
ALMANAQUE 13 E 14 DE JANEIRO DE 2007
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