Doenças respiratórias mais comuns na avicultura industrial
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Doenças respiratórias mais comuns na avicultura industrial
Avicultura / Nº 07 - 2003 Doenças respiratórias mais comuns na avicultura industrial Veja informações sobre Newcastle, Bronquite Infecciosa Aviária e Coriza Infecciosa Aviária, além de tabela com sinais clínicos, selecionadas a partir de trabalho divulgado pela Universidade da Florida*. Existem muitas doenças de grande importância e que comumente podem afetar o sistema respiratório (vias aéreas superiores, pulmões e sacos aéreos) de aves. Devido aos métodos de manejo atuais, onde temos uma alta densidade populacional nas criações comerciais, as doenças respiratórias ganharam grande importância devido às características de rápida disseminação do agente etiológico dentro e entre as populações. A seguir, iremos descrever resumidamente a Doença de Newcastle, a Bronquite Infecciosa Aviária e a Coriza Infecciosa Aviária, tendo em vista que a Influenza Aviária, a Síndrome da Cabeça Inchada e a Laringotraqueíte foram descritas em nossos informativos técnicos anteriores. CORIZA INFECCIOSA DAS GALINHAS Espécies susceptíveis: Galinhas, faisões e galinhas da Angola. Sinais Clínicos: É comum o inchaço do entorno da face, odor repugnante, descarga nasal e ocular, dispnéia e sibilos. As pálpebras estarão irritadas e podem estar colabadas. As aves podem ter diarréia e terem o crescimento retardado. A mortalidade normalmente não chega a 20%, mas pode ser alta (em torno de 50%). A infecção leva a uma diminuição na produção de ovos, assim como provoca maior susceptibilidade das aves acometidas à outras doenças. A sintomatologia clínica pode ser de poucos dias, até 2 - 3 meses, dependendo da virulência do patógeno e da existência ou não de outras doenças, como, por exemplo, as micoplasmoses. Transmissão: A Coriza é transmitida primariamente por contato direto. Isto pode se dar por aves infectadas Alta densidade populacional nas que são alojadas criações comerciais em um lote, ou então através da doença recorrente em aves portadoras e que, por motivo de imunodepressão, adoecem novamente. A infecção pode-se dar pelo ar, ração e/ou água contaminados. Tratamento: O tratamento com antibióticos é uma boa ferramenta no controle da doença clínica, mas este não elimina as aves portadoras. Prevenção: Um bom programa de biosseguridade e um programa de vacinação das aves que estão na área endêmica são necessários no controle da Coriza Infecciosa das galinhas. Ana Hochheim BRONQUITE INFECCIOSA Espécies susceptíveis: A Bronquite Infecciosa Aviária, causada por um coronavirus, atinge somente as galinhas (aves comerciais). Sinais Clínicos: A severidade da infecção da Bronquite Infecciosa é influenciada pela idade e status imune do lote, assim como pelas condições do meio ambiente e a presença ou não de outras enfermidades. O consumo de água e ração diminuem. As aves afetadas podem apresentar chiados, com descarga nasal e ocular, assim como dispnéia. A produção de ovos diminue drasticamente. O vírus infecta muitos tecidos no organismo das aves, incluindo o trato reprodutivo, daí a importância da prevenção desta enfermidade quanto à qualidade dos ovos. Transmissão: A Bronquite Infecciosa é uma doença altamente contagiosa. O vírus pode ser disseminado de várias maneiras, como, por exemplo, pelo ar, por instalações contamindas, por fômites, entre outras. Tratamento: Não existe um tratamento específico contra a Bronquite Infecciosa Aviária. Antibioticoterapia pode ser feita com a intenção de se prevenir ou controlar uma infecção bacteriana secundária. Prevenção: Um programa de prevenção contra a Bronquite Infecciosa deve consistir de um programa vacinal e a implantação de um amplo programa de biosseguridade. DOENÇA DE NEWCASTLE Espécies susceptíveis: A Doença de Newcastle afeta todos os tipo de aves e idades. O ser humano e outros mamíferos também são susceptíveis à Doença de Newcastle, sendo que nestas espécies pode causar uma conjuntivitie moderada. Sinais Clínicos: Existem três formas da Doença de Newcastle: lentogênica (leve patogenicidade), mesogênica (moderada patogenicidade) e velogênica (alta patogenicidade). A Doença de Newcastle é caracterizada pelo início repentino dos sinais clínicos, como, por exemplo, sinais associados à disfunção do sistema nervoso central (torção do pescoço, paralisia, tremores, entre outros), e do sistema respiratório, tais como espirros, corrimento nasal, cabeça inchada, dispnéia. A mortalidade pode variar de acordo com a patogenicidade da cepa do desafio (10% - 80%). Em aves de postura adultas ainda podemos encontrar diminuição do consumo de água e ração, assim como uma queda abrupta na produção de ovos. Transmissão: O vírus de Newcastle pode ser transmitido por via aérea em curtas distâncias ou pode ser introduzido em uma criação através de fômites. Nas aves o vírus pode se localizar nas secreções, excreta e ar expirado. Tratamento: Não existe um tratamento específico contra a Doença de Newcastle. Antibioticoterapia pode ser feita com a intenção de se prevenir ou controlar a infecção bacteriana secundária (particularmente E.coli). Prevenção: Um programa de pre- venção contra a doença de Newcastle deve consistir de um programa vacinal e a implantação de um amplo programa de biosseguridade. *O copyright deste trabalho pertence à Universidade da Florida, Instituto de Ciências Agrícolas e de Alimentos (UF/IFAS). O texto original pode ser lido na internet por meio do link http://edis.ifas.ufl.edu/PS044. Os autores são G.D. Butcher, J.P. Jacob e F.B. Mather. A reprodução total ou em parte é permitida pela UF/IFAS para propósitos pedagógicos, como aqui ocorre, visando à divulgação de informações técnicas relevantes para os avicultores brasileiros. Tradução de Marcelo Zuanaze Possíveis sinais clínicos para as doenças respiratórias mais comuns das aves SINAIS CLÍNICOS Tosse Espirro Meneios de cabeça Sibilos Corrimento ocular Corrimento nasal Inchaço da face ou pálpebras Palidez Crescimento retardado Claudicação Diarréia Diarréia aquosa, esverdeada Edema de articulações Paralisia Torção da cabeça e/ou pescoço Pontos vermelhos ou brancos nos membros Verrugas Conjuntivite Prostação POX NDV X X X X X X X X X X X X X X BIA IA X X X X X X X X X X X CZA LT SHS MG MS X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X MM ASP X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Fonte: http://edis.ifas.ufl.edu/PS044 (University of Florida). Legendas: POX - Boubas das Aves (Pox Virus); NDV - Doença de Newcastle; BIA - Bronquite Infecciosa Aviária; IA - Influenza Aviária; CZA - Coriza Infecciosa Aviária; LT - Laringotraqueíte Aviária; SHS - Síndrome da Cabeça Inchada; MG - Micoplasma ga llisepticum; MS - Micoplasma synoviae; MM - Micoplasma meleagridis; ASP - Aspergilose Ponto de vista Uso de enzimas e bem-estar animal Assuntos foram destaque do IV Simpósio Brasil Sul de Avicultura. Os produtores brasileiros de frangos de corte que exportam para os mercados europeu e árabe foram surpreendidos há dois anos com uma série de exigências que alteraram radicalmente os sistemas de produção: proibições de antibióticos, de promotores de crescimento, de medicamentos e outras drogas de uso até então rotineiro, novas normas relativas ao bem-estar dos animais e também a proibição do uso de farinhas de origem animal nas dietas. Essa nova realidade foi debatida durante o IV Simpósio Brasil Sul de Avicultura, promovido pelo Núcleo Oeste de Medicina Veterinária, nos dias 8, 9 e 10 de abril, no Lang Palace Hotel em Chapecó (SC). Durante o evento foi apresentada, por exemplo, a palestra "Oportunidades para o Uso de Enzimas em Dietas Vegetarianas", do professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Sérgio Vieira. Segundo os dados apresentados, a exigência por dietas vegetarianas tem várias facetas: a primeira delas refere-se à impossibilidade da manutenção da reciclagem de nutrientes de origem animal dentro da própria indústria, o que sempre foi uma alternativa de redução de custos de produção e que vem em oposição à proposta de auto-sustentabilidade da produção. Outras questões são: perdas de nutrientes e de digestibilidade devido ao aumento na proporção de farelo de soja nas dietas vegetarianas, principalmente com farelo de soja não-descascado; aumento de consumo de água com conseqüentes aumentos de umidade nas fezes, quando a farinha de penas é substituída pelo farelo de soja; desempenhos abaixo do esperado quando as formulações das dietas não consideram a digestibilidade de aminoácidos. "Como todas alterações profundas, as exigências do mercado externo dispararam imediata reflexão técnica em busca por alternativas que compensassem pelo menos parcialmente as perdas impostas pelo novo sistema", salienta Sérgio Vieira. Por um lado houve a busca por substâncias que pudessem produzir efeitos benéficos aos animais, similares aos dos promotores de crescimento mas que fossem aceitas pelo mercado externo. Esta busca passa por pré e pró-bióticos, extratos herbais e outras alternativas. "Para manter os mesmos índices de produtividade obtidos no passado será necessário mudar atitudes de manejo, principalmente do ponto de vista sanitário, uma vez que a substituição pura e simples dos promotores de crescimento por outras substâncias com a mesma ação não ocorrerá no futuro próximo", conclui Vieira. Bem-estar animal - Preocupações com o bemestar animal são encontradas em diversos registros históricos há muitos séculos. Nas décadas de 40 e 50 do último século tais preocupações conquistaram espaço significativo nas indústrias e centros de pesquisas. O assunto também foi um dos destaques do IV Simpósio Brasil Sul de Avicultura. Na palestra "Bem-estar animal no cenário internacional", o médico veterinário Clovis Rayzel da Cruz, vicepresidente de vendas e operações internacionais da Big Dutchman, mostrou como a correlação existente entre bemestar animal e outros temas relacionados com a produção intensiva de proteína animal, principalmente o uso de promotores de crescimento e outras drogas, está ganhando cada vez mais adeptos. Em especial na Europa, onde essa prática tornou-se tão expressiva que levou a mudanças de alto impacto nas leis e regulamentações que regem a produção animal intensiva. Na avicultura de postura, pelo fato de a criação ser feita em sua maior parte em gaiolas, existe a percepção de que o bem-estar das aves deixa a desejar. Por isso o setor foi o primeiro a se tornar objeto dos "movimentos de libertação". Suínos em segundo lugar e, na seqüência, frangos e perus de corte. Certamente na frente das demais regiões industrializadas do planeta neste assunto, a União Européia tornou lei uma série de medidas severas no que se refere à produção comercial de ovos, regulamentando medidas para o sistema de gaiolas. Os Estados Unidos são conhecidos por reagirem menos a movimentos como o de bem-estar animal. Mesmo assim, o "United Egg Producers" publicou em 1999 o "Regulamento para Produção de Ovos", reeditado e atualizado em 2002. Embora sua adoção seja até o momento voluntária, há uma forte preocupação por parte da maioria dos produtores em adequar-se às regras, por acreditarem que tornar-se-ão obrigatórias em pouco tempo. De acordo com o órgão de representação dos produtores, medidas de melhoria foram iniciadas em 2002 e a implementação completa deve acontecer até 2008. Ana Hochheim Mercados & Afins Divulgação Transgênico Em entrevista exclusiva para o CIB (Conselho de Informações sobre Biotecnologia), Marcos Jank, engenheiro agrônomo formado pela Esalq-USP, afirma que o Brasil não pode abrir mão da biotecnologia e que precisa, Marcos Jank com urgência, definir as questões legais com relação aos transgênicos. Para ele, os OGMs (organismos geneticamente modificados) provocam mais competitividade no mercado e o Brasil precisa acompanhar essa evolução para não perder espaço no cenário internacional. "Acredito que o Brasil não pode abrir mão da biotecnologia como um todo", disse o especialista. Para Jank, se o consumidor quer o produto rotulado não-transgênico, o País precisa produzi-lo; e, se há uma parcela de consumidores que deseja produtos geneticamente melhorados, "precisamos atender também essa demanda". Em síntese, seus argumento sugerem que a polêmica envolvendo transgênico ou não-transgênico será no fim das contas solucionada pelo consumidor. Estimativa de safra A produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas (caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale) poderá alcançar 113,620 milhões de toneladas, superando em 16,97% a produção obtida em 2002, que foi de 97,134 milhões de toneladas. As informações foram divulgadas no final de abril pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Todas as grandes regiões brasileiras apresentam previsão de crescimento da produção. Em comparação com o ano anterior, o aumento é da ordem de 38,86% na região Nordeste, 22,95% na região Sul, 12,27% na região Norte, 10,38% na região Centro-Oeste e 4,21% na região Sudeste. Estas regiões são responsáveis, respectivamente, por 7,87%, 46,53%, 2,16%, 30,45% e 12,99% da produção total do Brasil. No que concerne à cultura do milho 1ª safra, a variação positiva na produção esperada (2,76%) é resultado das boas condições climáticas, que vêm contribuindo para o bom desempenho da cultura, cuja produtividade é superior à obtida em 2002. No mês de março, sobressaíram os rendimentos médios verificados no Pará (7%), Ceará (23%) e Paraná (6%). Entre outros produtos analisados, apresentam variação positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior milho em grão 1ª safra (14,74%), milho em grão 2ª safra (42,57%), soja em grão (18,18%), sorgo em grão (35,91%) e trigo em grão (38,76%). Manchete no "USDA" Em abril, o "International Egg And Poultry Review", boletim editado pelo USDA (órgão equivalente ao Ministério da Agricultura norte-americano) publicou um balanço da avicultura brasileira. Segundo a publicação, que pode ser acessada por meio do site www.ams.usda.gov, a produção brasileira de frangos acumula crescimento anual de 9,6% no período de 1990 a 2002. E, desde a década de 90, as exportações do setor crescem 12,6% ao ano. A análise indica que 90% da indústria brasileira atua em regime de integração, com custos de produção competitivos - 18,85 centavos de dólar por pound (453,59 g) de frango produzido no Brasil, contra 24,86 centavos de dólar, nos EUA, e 27,55, na Tailândia. Em 2003, o boletim aponta que os produtores nacionais têm sinal verde para vender seus produtos ao Canadá e China. No entanto, o Brasil teve limitada a cota de embarque para Rússia em 33 mil toneladas, no período de maio a dezembro deste ano. Nas tabelas a seguir, veja outros dados apontados pelo boletim. Maiores mercados para o frango brasileiro em 2002 Ásia 23% Oriente Médio 31% Rússia 19% Europa 18% África 5% Mercosul 1% Outros 3% Ranking mundial dos exportadores de frango EUA 41% Brasil 20% Hong Kong 12% China 5% França 4% Outros 18% (Ano base 2001) O Informativo Técnico Biovet/Avicultura é uma publicação mensal dirigida aos clientes, fornecedores e colaboradores do Laboratório. O compromisso de qualidade da publicação é o mesmo firmado diariamente na nossa planta de produção e repassado a todos os nossos produtos e lançamentos. Os interessados em receber o informativo devem enviar seus dados postais por meio do site www.biovet.com.br Expediente Publicação mensal do Laboratório Bio-Vet S/A (Rua Coronel José Nunes dos Santos, 639 - Centro - CEP 06730.000 - Vargem Grande Paulista - SP - Tel. 11.4158.8200 - Internet: www.biovet.com.br). Supervisão: Médico Veterinário Hugo Scanavini Neto. Editora responsável: EiraCom - Registro especial conforme art. 1º do Decreto-lei nº 1.593, de 21 de dezembro de 1977, concedido pela ARF/Itu sob nº de identificação 13876.000763/2001-92 (Senapro/Ministério da Fazenda/Serpro). Jornalista responsável: Alessandro Mancio de Camargo (MTb 24.440). Diagramação: André Chiodo Silva.
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