Boneca BFM.qxd (Page 1) - Grupo de Desenvolvimento

Transcrição

Boneca BFM.qxd (Page 1) - Grupo de Desenvolvimento
Editorial Editorial
5
Artigo Article
8
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
13
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
25
Entrevista Interview
30
Projetos Projects
34
Feiras e Eventos Fairs and Events
38
Mercado Externo Foreign Market
42
Eu Faço I Make
43
Onde Encontrar Where to Find
Edição e Projeto Editorial Edition and Editorial Project
Instituto Centro CAPE / Central Mãos de Minas
Distribuição Gratuita Costless Distribution
Departamento Comercial Commercial Department
Editor Editor
Rodrigo Narciso - 9710/MG
Colaboradores Colaborators
Daniel Barcelos
João Batista de Almeida
Rachel Francine
Thiago Bernardo
Fotografia Photography
Ana Raquel
Daniel Barcelos
Walmir Monteiro
Divulgação - Salão do Encontro
Revisão e Tradução Revision and Translation
Mário Viggiano - MG 05641 JP
Litany Pires Ribeiro
Diagramação e Arte Diagramming and Graphic Arts
Cristiano Martins
Gráfica Printing Company
Difusora Editora Gráfica
Tiragem Drawing
5.000 exemplares
Espaço Comercial - Simone Carvalho
Tel.: 55 31 3262 2869 - 3261 8240 - 3234 2869 - 9733 4467
[email protected]
Endereços Addresses
Centro CAPE - MG
Rua Grão Mogol, 662 - Sion
CEP 30 310-010 - Belo Horizonte/Minas Gerais
Tel.: 55 31 3282 8313 Fax: 55 31 3282 8301
Centro CAPE - DF
SCN. Quadra 5, bloco A, sala 212 - Ed. Brasília Shopping
CEP 70 710-500 - Brasília/Distrito Federal
Tel.: 55 61 328 0621 Fax: 55 61 328 5802
www.centrocape.org.br
[email protected]
55 31 3281 6820
3
Índice / Expediente Index / Expedient
4
4
Editorial Editorial
PERFIL EXPORTADOR
AN EXPORTER PROFILE
Por/By: Arnaldo Galvão*
O
artesanato
brasileiro
tem firmado
cada vez mais sua presença como produto de
exportação e levado para
todo o mundo a nossa
cara, o nosso jeito, por
meio das cores, das formas e, principalmente,
dos materiais utilizados
com a criatividade e a técnica dos nossos artesãos.
É motivo de muito orgulho, para todos que trabalham com o artesanato
em Minas Gerais, saber
que nosso estado é responsável por 60% de
toda a exportação brasileira nesse setor**.
Para chegarmos a
esta posição foi fundamental contarmos com a
ajuda de parceiros importantes. Em 2001, a
Central Mãos de Minas e
o Instituto Centro Cape,
em parceria com a
B
Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos
(Apex-Brasil), começaram a trabalhar com o
Projeto Setorial Integrado
da Apex que, integrado à
ONG Brazil Handicraft,
realiza todo um trabalho
de prospecção de mercados internacionais e participa de feiras na Europa
e Estados Unidos, levando o artesanato mineiro
para compradores dos
cinco continentes.
Nos últimos anos
razilian crafts have marked
their presence in the market
with products for export that
have shown our face and way of life to the
world by means of the colors, shapes and
mainly the raw materials our artisans use
with technique and creativity. All those
who work producing handicrafts in Brazil
take a lot of pride in the fact that our state is
responsible for 60% of all Brazilian exports
in the sector**.
In order to reach this rank we had the
help of important partners. In 2001,
Central Mãos de Minas and Instituto
Centro CAPE, in partnership with Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (APEX-Brasil), started to
temos trabalhado, junto
ao artesão mineiro, a percepção de que o comércio
internacional não tem
como único objetivo o
aumento da lucratividade. Mostramos, também, que o aumento dos
preços, simplesmente pelo fato do cliente estar em
outro país, muitas vezes
inviabiliza o comércio,
porque os produtos já
chegam ao mercado externo com acréscimos de
frete e taxas de exportação e importação. A
visão empresarial mais
adequada é termos como
objetivo central o aumento do lucro em decorrência do aumento da
produção para, assim,
podermos atender à crescente demanda proveniente do exterior.
Atualmente diversos
artesãos mineiros encontram os seus espaços
para progredir em um
mercado competitivo e
que exige um constante
aprimoramento. O projeto de exportação do
Centro Cape / Mãos de
Minas beneficia cerca de
900 famílias, gerando
renda e melhorando a
qualidade de vida de
muitos brasileiros.
*Arnaldo Galvão é
responsável pelo setor de
exportação da Central Mãos
de Minas / Centro Cape
**Dados da APEX-Brasil
develop the Apex’s Sectoral Integrated
Project, together with the NGO Brazil
Handicraft, prospecting international markets, participating in fairs in Europe and in
the US, taking handicrafts from the State of
Minas Gerais to the five continents.
In the last few years we have worked
with the artisans in the State to develop in
them the perception that the aim of trading
with the international market is not just
boost profits. We also teach them that an
increase in prices when the client is in
another country, renders the commerce of
goods unfeasible because when the goods
reach the external market they have already
been added of shipping expenses and import
and export taxes. The most suitable entre-
preneurial approach is to have as our main
aim an increase in productivity as a result
of a boost in production so that we are able
to meet the demands of our international
clients.
Today, a good number of artisans
from Minas Gerais have found room for
progress in a competitive market that
demands ongoing improvement. The
export project by Centro CAPE / Mãos de
Minas has benefitted around 900 families,
by generating income and improving the
quality of life of a large number of Brazilian
people.
*Arnaldo Galvão is the head of Central
Mãos de Minas / Centro CAPE Export Center
8
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
ARTESANATO MINEIRO
NO SUL DA BAHIA
HANDICRAFTS FROM MINAS GERAIS
IN SOUTH BAHIA
Por/By: Daniel Barcelos Fotos/Photos: Ana Raquel e Daniel Barcelos
A
charmosa vila de Trancoso, banhada pelo Atlântico na costa
sul do estado da Bahia, é um
importante pólo turístico com um rico
patrimônio histórico que se acumula desde
a época do descobrimento do Brasil. Distrito do município de Porto Seguro, ela foi
T
he charming locality of
Trancoso on the Atlantic
coast, south Bahia, draws
thousands of tourists with its rich
historical traditions that date back
to the time Brazil was discovered. A
uma das primeiras povoações jesuítas no século dezesseis. A igreja que fica no fim do
Quadrado – uma espécie de praça retangular,
apesar do nome, comum aos vilarejos da época –
datada de 1586, abriga casais e outros apaixonados pelo visual de seu mirante, à beira de
uma falésia que revela a foz do rio.
district of the municipality of Porto
Seguro, Trancoso was one of the
first Jesuit settlements in the 16th
century. The church of the town
stands in a corner of the main
square, known as ‘Quadrado”. Built
in 1586, the church gives shelter to
romantic couples and lovers of the
breathtaking scenery seen from the
top of the headland, from where you
can also see the mouth of the river
below.
At night, dim lights invite the tourist
to walk through small wooden doors
painted with bright colors to discover fantastic restaurants, art galleries, one of
which with an exhibition of Pierre Verger
in the Summer 2007/2008, and others
with the production of artisans from
Minas Gerais, ever more abundant.
But, besides the rich cultural assets of
the place, the village has a lot of other
things in common with the hilly towns of
Minas Gerais. After the surge of hippies,
which ended up by putting the village on
the map, handicrafts became part of the
attraction of the village. Among the artisans that profit from the production of
handicrafts are the forerunners of handicraft production in the region, the Indians
from the Pataxó tribe. Hundreds of them,
still living in the region, display their talents in the pieces that they exhibit along
the “coast of discovery”, as that stretch of
land is called there.
9
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
De noite, luzes discretas convidam o visitante a entrar em pequenas portas de madeiras coloridas
que o levam a descobertas incríveis,
que vão desde restaurantes sofisticados a uma simples iogurteria; de
galerias de arte com exposições de
Pierre Verger - em cartaz durante o
verão de 2007/08 – à produção dos
artesãos mineiros, cada vez mais
abundantes.
Mas, além de riquezas do patrimônio cultural, o povoamento
possui outras semelhanças com as
históricas ladeiras de Minas Gerais.
Após a “invasão” hippie, que acabou
colocando o vilarejo no mapa turístico, o artesanato passou a compor o
cenário cotidiano do vilarejo. Entre
os artesãos que lucram com a produção artesanal, estão os precursores desta atividade na região: os
índios Pataxó. Centenas deles, que
ainda habitam a região, continuam
expondo seus talentos aos quatro
ventos na chamada “costa do descobrimento”.
10
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
Além da vocação do local para o artesanato,
Trancoso atraiu – e ainda atrai – um grande
número de artistas e artesãos mineiros, com seu
inigualável pôr-do-sol e a maior de todas as
obsessões mineiras: o mar. Pelo menos foi o caso
da artista plástica Laila Assef, que assumidamente coloca esta entre as razões que a fizeram
trocar Belo Horizonte por Trancoso: “No fundo,
acho que todo mineiro sonha em viver à beira da
Added to the place’s vocation
for handicrafts, Trancoso draws a
large number of artists and artisans
from Minas Gerais with the lure of
its sunset and its blue sea, the obsession of the mineiros. At least this
was the reason why the mineira fine
artist Laila Assef left Belo Hori-
praia”. Laila é proprietária da loja Cheia de
Graças, uma das dezenas de encantadoras lojas,
bares, restaurantes pousadas e cafés que dão
vida à noite trancosense, onde expõe seu trabalho. São objetos utilitários, decorativos e de arte,
desenvolvidos na maior parte das vezes a partir
de materiais reaproveitados, formando um
cenário quase onírico que desperta o interesse
dos passantes com suas cores, luzes e reflexos.
zonte for Trancoso. “I presume that
every mineiro dreams of living at
the seaside”. Laila runs a shop
called Cheia de Graças, one of the
dozens of beautiful places to visit,
like bars, restaurants, inns and
cafés that make nightlife in Trancoso so exciting. She produces
kitchenware, objects for decoration,
artistic pieces, the display of her
pieces is like a scene extracted from
a dream. Although she uses mainly
reused materials, her pieces catch
the attention of passers by for their
profusion of colors, lights and
reflexes.
11
cada vez mais elitizado, formado por cidadãos de vários
países, acostumados aos mais
sofisticados cenários do Brasil
e do mundo. “O artesanato mineiro vende muito
em Tran coso porque
tem qualidade”, afirma
a artesã. Ela crê que o
artesão mineiro é conhecido por seu talento e
pelo capricho de seu trabalho. Mesma opinião de
Geraldo Magela, outro
filho das montanhas, e personagem conhecido no sul
baiano.
According to Laila, what she
does is art. “When someone praises
my handicrafts, I feel really proud.
This is because I have a degree in
fine arts, and therefore all my work
is the fruit of years of artistic research”, she adds.
Laila believes that this surge of
artisans into Trancoso in the last
few years is mainly due to the
promising market of the place. It is
visited by the elite, people from all
over the world, used to the sophisticated scenery of Brazil and the
world. “Mineiro handicrafts sell
a lot, because of the high quality
standards of our products”, she
states. In her opinion, mineiro
artisans are known for their talent and neat finishing. Geraldo
Magela, another son of Minas
Gerais, and a very well known
character in the south of Bahia,
goes along with her.
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
Segundo Laila, seu trabalho deve ser classificado como
arte. “Mas quando alguém
olha e diz que artesanato lindo, eu me sinto elogiada. É que
minha formação é em artesplásticas, portanto todo o meu
trabalho é fruto de uma pesquisa artística”, conta ela,
completando o raciocínio.
Laila acredita que o fato de
muitos artesãos mineiros desembarcarem em Trancoso,
nos últimos anos, deve-se
principalmente a uma óbvia
razão: o mercado. O lugar é
freqüentado por um público
12
O Mapa da Arte em Minas The Map of Art in Minas
Geraldo Magela produz objetos
decorativos inspirados na tradição
religiosa do interior de Minas.
Natural de Almenara, ele emprega
em suas peças o cotidiano e a cultura de sua terra. “Comecei fazendo
estandartes em festas religiosas e
me apaixonei”, conta ao lembrar a
infância. Atualmente ele não mora
mais em Trancoso, mas continua
vendendo muito nas lojas dali.
“Atualmente tenho um ateliê em
Minas, mas continuo vendendo
muito aqui. Do Quadrado, meus
trabalhos já saíram para diversos
lugares do mundo, mesmo porque é
um local muito freqüentado por
lojistas de várias partes”, confirma.
Magela também não tem do que se
queixar em relação ao mercado que
os mineiros cavaram no litoral.
Antes de começar a entrevista ele
contava que acabara de vender
todo o seu estoque recém-chegado de Almenara, antes mesmo de
expô-lo. “Estava mostrando o trabalho a uma amiga, em sua casa, e
lá estava uma senhora que comprou todas as peças”, comemorava
alegre, mas sem surpresa. “Não foi
a primeira vez que isso me aconteceu”, completa.
He makes house adornments inspired
in the religious traditions of Minas Gerais.
Born in Almenara, MG, he imprints in his
pieces the daily life of his home town. “I
started making banners for religious festivals and then I fell in love with the craft”,
he says as he reminisces his childhood.
Today he no longer lives in Trancoso, but
is still selling his work to the retailers
there. “I have a studio in Minas Gerais,
but I still sell a lot here. From the
“Quadrado”, my pieces found their way to
markets all over the world, especially as
many of the tourists here are foreign shopkeepers”, he says. Magela has nothing to
complain about the market niche the
mineiros found for themselves on the coast.
Before starting the interview he told us
that he had just sold all the stock that had
just arrived from Almenara, even before he
could display it. “I was showing my pieces
to a friend and there was this lady at her
house that bought all the pieces straight
away”, he celebrated, but not at all surprised. “This hasn’t been the first time
this happens to me”, he adds.
“CAPIM DOURADO” STANDS OUT AMONG BRAZILIAN HANDICRAFTS
Por/By: Rachel Francine Fotos/Photos: Walmir Monteiro
Após serem “tecidos” pelas mãos dos artesãos da região do Jalapão (TO), o
capim dourado se transforma num dos artesanatos mais bonitos do país
À
primeira vista, sob
luzes, as peças de
artesanato confeccionadas com o capim dourado
dão a impressão de serem feitas
de ouro, tamanho o brilho que
reluzem. O capim dourado é
encontrado facilmente no Jalapão, que possui área de 34
mil quilômetros quadrados e
fica na região Centro-Oeste do
Brasil, ao leste do estado do
Tocantins. O capim dourado
proporciona aos artesãos locais
sua utilização como matériaprima para produção de mandalas, bolsas, porta-jóias, brincos, colares, dentre outros produtos, mantendo uma tradição
herdada dos índios e dos primeiros negros da região.
A região do Jalapão faz
fronteira com os estados do
Piauí, Bahia e Maranhão e abrange oito municípios: Ponte
Alta do Tocantins, Novo Acordo, São Félix do Tocantins, Rio
do Sono, Lizarda, Lagoa do
Tocantins, Santa Tereza do
Tocantins e Mateiros. É um
local exótico do cerrado
brasileiro preservado e
que vem se tornando
cohecido em função do
artesanato produzido
pela comunidade.
Durante a 18ª
Feira Nacional de
Artesanato, que
aconteceu do dia 21
a 25 de novembro
de 2007, no Expominas, em Belo Horizonte, expositores estiveram presentes comercializando o legítimo artesanato produzido
com o capim dourado
do Jalapão.
After they are woven by the hands of the artisans in Jalapão (TO), capim dourado
(golden grass) becomes the raw material for some of the most beautiful handmade
pieces in the county.
L
ooking at them in the light,
the pieces made of capim
dourado look as if they were
made of gold; in fact, they glitter like
gold. Capim dourado is abundant in
Jalapão, with an area of 34 thousand
square kilometers, in the centre-west
region of Brazil, in west Tocantins. The
artisans in the area use capim dourado to
produce mandalas, handbags, jewellery,
jewellery boxes, necklaces, among other
products, a tradition inherited from the
indigenous indians and the first afrodescendants in the region.
Japlapão borders the states of Piauí,
Bahia and Maranhão and comprises
eight municipalities: Ponte Alta do
Tocantins, Novo Acordo, São Félix do
Tocantins, Rio do Sono, Lizarda, Lagoa
do Tocantins, Santa Tereza do To-
cantins and Mateiros. It is a very exotic place in a preserved area of the
Brazilian cerrado, now becoming very
popular thanks to the crafts produced
there.
During the 18˚ Feira Nacional de
Artesanato, held from 21 to 25
November 2007, in Expominas, Belo
Horizonte, exhibitors displayed crafts
made of capim dourado from Jalapão.
17
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
CAPIM DOURADO É REFERÊNCIA
DE ARTESANATO DO BRASIL
18
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
Segundo a artesã Maria de
Fátima Rodrigues, 39 anos, da
comunidade quilombola Barra de Aroeira, no município
de Santa Tereza (TO), há mais
ou menos cinco anos o artesanato com o capim dourado
passou a ser mais valorizado e
hoje é fonte de renda para a
maioria dos moradores da sua
região. “Há três anos eu não
possuía uma profissão, não
tinha uma fonte de renda.
Hoje eu agradeço ao capim
dourado, à Fundação Banco
do Brasil, ao Instituto Brasil
Ásia (IBA) e ao Sebrae pelo
incentivo e apoio na busca da
profissionalização do trabalho
da nossa comunidade. Atualmente temos a oportunidade
de participar de feiras e viver
com dignidade”, destacou.
O capim dourado é utilizado pelos artesãos depois
de seco. A colheita acontece
no período de agosto a setembro. O grande desafio dos
produtores é fazer a extração
controlada da planta, que
corre o risco de desaparecer
da região do Jalapão. O
aumento da produção artesanal começa a desequilibrar
According to artisan Maria de Fátima Rodrigues, 39,
from the community of Barra de Aroeira (a former
Brazilian slave settlement- quilombo), in the municipality
of Santa Tereza (TO), some five years ago their products
started to become known and today they are the source of
income for most of the inhabitants of the area. “Three years
ago I was out of a job and without any source of income.
Today, thanks to capim dourado and the support of
Fundação Banco do Brasil, Instituto Brasil Ásia (IBA) and
Sebrae the work in our community has been professionalized. Today we participate in fairs and lead a more dignifying life”, she said.
Capim dourado is dried before it can be woven. The
o meio ambiente local.
De acordo com o consultor
do IBA, Herlan Torres Campos
- que participou da feira em
Belo Horizonte e trouxe representantes de nove associações
do Jalapão, através do convênio com a Fundação Banco
do Brasil - está sendo feito na
região um grande trabalho de
conscientização junto às comunidades, para que seja preservada a principal matériaprima: o capim dourado. “Na
região temos duas áreas de
preservação ambiental: a Apa
do Jalapão e a Apa do Cantão.
harvest period is between August and September. The
greatest challenge faced by the artisans is to control the
harvest to prevent the plant from becoming extinct. The
increase in the production of crafts is already putting the
balance of the environment at risk.
According to Mr. Herlam Torres Campos, an IBA’s
consultant who participated in the fair in Belo Horizonte,
bringing with him representatives from nine associations
in Jalapão, funded by Fundação Banco do Brasil – as part
of a comprehensive education project being developed in
the region with the members of the community. “There are
two nature reserves in our region: Apa do Japapão and
Apa do Cantão.
A partnership between IBA and
Fundação Banco do Brasil has
allowed the instructors to teach the
craftspeople a more sustainable way
to handle harvest and sell their products”, said the consultant. Also,
according to him, this partnership has
contributed to boost production as
well as quality. The idea is to encourage the associations to participate in
national fairs, thus putting craftspeople in touch with consumers and
other markets.
The pieces made of capim dourado have already reached the international markets. Top-of-the-fashion
handbags, fruit bowls and sousplats
all designed to perfection, a feast to
the eyes of people who admire handmade products. The straw extracted
from the Buriti, another species of
palm-tree found in the region, is
woven together with the capim doura-
do. Ivanilde Alves, a member of the
Associação Artes e Artesanato Capim
Dourado, in Santa Tereza do Tocantins, says that capim dourado threw a
lifeline to the people of the region. “I
used to live in a shack, with little
access to clean water, hygienic facilities or food. Today I can say my house
is much better, I can support my four
children and I am at the university
doing the first term of Arts and Literature”.
Statements collected among the
inhabitants of Jalapão express the
importance of capim dourado for the
local economy. “The golden grass
helped Jalapão people to organize
themselves in cooperatives, improving the commercialization of the
pieces and generating income to the
members of the community. We must
make responsible use of it, if we want
to preserve it”, they said.
19
pim dourado. Para a artesã
Ivanilde Alves, da Associação
Artes e Artesanato Capim
Dourado, de Santa Tereza do
Tocantins, o capim dourado
mudou os rumos de sua vida.
“Eu vivia em uma casinha
muito simples, com condições
precárias de higiene e alimentação. Hoje tenho uma casa
melhor, consigo sustentar meus quatro filhos e estou cursando meu primeiro período de
faculdade no curso de Letras”,
contou.
Depoimentos dos artesãos
da região do Jalapão traduzem
a importância do artesanato
com o capim dourado para a economia local. “O capim ajudou os moradores do Jalapão a
se organizarem em cooperativas, aumentando a comercialização das peças e gerando
renda para as comunidades.
Temos que utilizá-lo com responsabilidade para mantermos sua preservação”, destacaram.
Artesanato: matéria-prima de Minas Handicraft: raw material of Minas
A parceria entre IBA e
Fundação Banco do Brasil está
possibilitando que instrutores
levem até os artesãos novas
técnicas de extração do capim e
comercialização dos produtos”, disse. Ainda segundo o
consultor, o convênio entre as
instituições vem possibilitando
a produção do artesanato em
escala bem maior e com melhor qualidade. Outra meta do
projeto é o incentivo às associações para participarem de
feiras nacionais, possibilitando
o contato direto com o consumidor e mercados diversos.
O artesanato com o capim
dourado já é reconhecido mundialmente e várias peças estão
presentes no exterior. Bolsas
com design arrojados, fruteiras
e souplás com trançados perfeitos, enchem aos olhos de
quem aprecia produtos feitos à
mão. A palha do Buriti, uma
espécie de palmeira também
encontrada na região, é utilizada para trançar os fios de ca-
INTERVIEW WITH TÂNIA MACHADO
Por/By: Rodrigo Narciso Foto/Photo: Walmir Monteiro
Presidente do Instituto Centro CAPE e fundadora da Central Mãos de Minas,
Tânia Machado é reconhecida no Brasil e no exterior por coordenar diversos
projetos que investem na capacitação dos artesãos e no comércio da produção
artesanal brasileira com outros países. A Feira Nacional de Artesanato – maior
evento do setor na América Latina – também foi idealizada por Tânia Machado
e, este ano, chega a sua 19ª edição. Nesta entrevista, Tânia aborda temas que vão
desde o processo de exportação do artesanato brasileiro até a criação do Selo de
Qualidade I.Q.S, projeto que coordena desde 2006.
A Revista O Brasil Feito a Mão completa um
ano de existência. Como surgiu a idéia de fazer
uma revista bilíngüe (português/inglês) e distribuí-la para os compradores internacionais dos
cinco continentes?
Quando começamos o nosso projeto de exportação, em 2001, nos deparamos com dois problemas
recorrentes. O comprador internacional tinha uma
grande desconfiança ao adquirir o produto artesanal brasileiro, porque havia uma falta de continuidade do artesão, por falta de estrutura, no
processo de fornecimento dos produtos. Outro
problema estava relacionado ao governo brasileiro.
Quando buscávamos os setores comerciais de nossas embaixadas, para que fizessem uma prospecção
de potenciais compradores internacionais, éramos
levados, muitas vezes, a bazares de rua que não são
President of Instituto Centro CAPE and founder of Central Mãos de Minas, Tânia
Machado is widely known in Brazil and abroad for her work ahead of projects geared
at the qualification of artisans and commerce of Brazilian handicrafts abroad. Feira
Nacional de Artesanato – the most important event in the sector in Latin America – was
also created by Tânia Machado and, this year, it is in its 19th edition. Here, Tânia talks
about subjects from exports to the creation of the Quality Seal IQS, a project she has
coordinated since 2006.
The magazine O Brasil Feito a
Mão is completing its 1st year now.
How did you have this idea to create
an English/Portuguese magazine
and distribute it in the five continents?
When we started our export project,
in 2001, we were faced with two recurring
problems. The first one was that the
international buyer was very hesitant to
buy Brazilian handicrafts, because, for
lack of proper structure, the craftsmen
could not guarantee a regular production
flow. The other problem was related to
the Brazilian government. Whenever we
asked for help from the commercial sector
of our embassies to prospect for potential
international buyers, they would direct
us to street markets, far away from being
our target public. We had to work really
hard to convince them that our products
deserved to be in places like museums,
exclusive boutiques and art galleries. We
then started to participate regularly in
25
Entrevista Entrevista
Interview
ENTREVISTA COM TÂNIA MACHADO
26
Entrevista Interview
nosso público-alvo. Tivemos que realizar um trabalho de convencimento para mostrá-los que nossos
produtos mereciam estar em museus, butiques e
galerias de arte. Começamos, então, a participar sistematicamente de feiras internacionais. Há sete anos
participamos da Ambiente e da Tendence, em
Frankfurt / Alemanha. Há três anos vamos a feiras
na Espanha, Portugal, Itália, Inglaterra e Estados
Unidos. Criamos, também, a marca Brazilhandicraft
– by Minas Gerais, já que o nome Mãos de Minas é
muito forte no Brasil, mas para o mercado externo
não queria dizer nada. A partir dessa iniciativa,
sugerimos que outros projetos de artesanato no
Brasil usassem, também, a mesma marca, por exemplo, Brazilhandicraft by Maranhão, by Ceará, entre
outros. Assim fortalecemos a marca do artesanato
brasileiro. A revista surgiu em 2007 quando verificamos que as histórias dos artesãos, das comunidades e das matérias-primas agregam grande
valor à nossa produção no mercado externo.
Durante as feiras, temos que ser objetivos e diretos
no processo de negociação. Não temos tempo para
grandes explicações sobre a história dos produtos.
Para preencher essa lacuna, criamos a revista O
Brasil Feito a Mão.
Como funciona a exportação? Existem par-
international fairs. For seven years now
we have participated in the Ambiente
and in the Tendence fairs, in Frankfurt;
and for three years we have displayed our
products in fairs in Spain, Portugal,
Italy, England and in the US. We also
created the trademark Brazilhandicraft –
by Minas Gerais, because although the
name Mãos de Minas is very strong in
Brazil, it does not mean very much to the
market. From that point on, we suggested
that other handicrafts projects in
Brazil used the same trademark by just
changing the name of the state; for example, Brazilhandicraft by Maranhão, by
Ceará, and so on. This is how we gave
new life to Brazilian handicrafts brand
name. The magazine was first published
in 2007 when we realized that the life
stories of the craftspeople, their communities and the raw material they use added
substantial value to their production in
the external market. During the fairs we
have to be objective and straightforward
ceiros nos países-alvo?
Sim. Nos Estados Unidos abrimos a empresa
Ecoarts / Transconnection, que tem um show room
em frente ao Empire State. Temos, também, uma
parceria com a WorldWide, em New Jersey, para
auxiliar no processo de distribuição do artesanato.
Em Portugal, para atender o continente Europeu,
temos a Vitória Régia, em Cintra, que funciona, também, como show room e suporte para os eventos
europeus. Com este suporte internacional, a Central
Mãos de Minas e o Centro CAPE - apoiados pela
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (APEX-Brasil) - são a base no território brasileiro para que o produto chegue no mercado internacional com a qualidade que merece.
O que é a Central Mãos de Minas e quais são
as atividades desenvolvidas por ela para beneficiar os artesãos do estado de Minas Gerais?
A Mãos de Minas é uma central de associações
e cooperativas do Estado de Minas Gerais, congregando mais de 7.000 artesãos. Trabalha, principalmente, com o lado empresarial do artesão, legalizando as vendas que são feitas, em sua maioria, direto
pelo produtor. Conosco, ele busca somente o documento fiscal.
Temos uma Central de Compras que o ajuda a
when negotiating. We have no time to
tell the story behind the products. So, in
order to fill this gap we decided to publish
O Brasil Feito à Mão.
How does the export process
occur? Do you have partners in the
target countries?
Yes. In the Unites States we opened
a company called Ecoarts / Transconnection, where there is a show-room
right opposite the Empire State. We also
have a partnership with WorldWide, in
New Jersey to help us distribute the
pieces. In Portugal, to serve Europe as a
whole, we have Vitória Régia, in Cintra,
which also works as a show-room and
support for events in Europe. With this
international support, Central Mãos de
Minas and Centro CAPE – backed by
Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (APEXBrasil) – is our base in the Brazilian territory. It is through these organizations
that our products reach the international
market.
What is Central Mãos de Minas
and what are the activities developed there to favour the crafts people
from Minas Gerais?
Mãos de Minas is an organization
whose members are associations and
cooperatives of the State of Minas Gerais,
bringing together over 7,000 artisans. It
deals mainly with entrepreneurial matters,
legalizing the commercialization of the
pieces, done mainly by the artisans themselves. They only come to us to get the
tax invoice. We have a purchase centre
that helps the artisan get the raw materials at a low price. We have made a
juridical and accountancy consultancy
available and we are now opening a
packaging sector, because this is a point
that has to be dealt with very carefully,
whether the packaging is meant for the
external market or the internal market.
Para atender à demanda de capacitação dos
pequenos empreendedores, foi criado, em 1990, o
Instituto Centro CAPE. Quais as áreas de atuação e
a metodologia aplicada pelos consultores do instituto?
Nossa base de trabalho é o empreendedorismo
e trabalhamos com a metodologia CEFE
(Competência Econômica na Formação de
Empresários / Empreendedores) que foi desenvolvida pela GTZ na Alemanha, em 1986. Com isto,
conceitos de planejamento, custos, marketing,
respeito ao cliente e design são levados aos artesãos
com uma grande facilidade de aprendizado, já que
Um dos projetos elaborados pelo Centro
CAPE é o Selo de Qualidade I.Q.S. Quais são as
principais diretrizes deste programa?
Esta foi uma demanda que tivemos a partir do
projeto de exportação. Vimos, muitas vezes, produtos que sabíamos que utilizavam mão-de-obra
escrava e infantil nos seus países de origem e não
garantiam nenhuma qualidade de vida aos artesãos,
além de peças que utilizavam matérias-primas que
degradavam o meio ambiente. Tudo isso ia na
direção contrária do que queríamos. Decidimos,
então, criar nosso próprio selo para ajudarmos o
artesão a organizar sua oficina, a respeitar seus
aprendizes e a se preocupar com a continuidade da
existência de matérias-primas , racionalizando o seu
A Central Mãos de Minas e o Centro CAPE, apoiados pela APEXBrasil, são a base no território brasileiro para que o produto
chegue no mercado internacional com a qualidade que merece
Central Mãos de Minas and Centro Cape, backed by APEX-Brasil, is our
base in the Brazilian territory. It is through these organizations that our
products reach the international market
Besides these services, we have a store
and a virtual shop that are very important showcases of our products.
In order to meet the demand for
qualification of small entrepreneurs,
the Instituto Centro Cape was created in 1990. In what areas does it
operate and what is the methodology applied by the institute’s consultants?
Our work-base is mainly entrepreneurship and the methodology we
adoped is CEFE (Economic Competence
in the Development of Entrepreneurs),
developed by GTZ in Germany in 1986.
With this, the concepts of planning,
costs, marketing, respect to the client and
design are passed on to the artisans, who
digest everything very fast and easily,
once the CEFE methodology is participative, irrespective of the socioeconomic
and educational background of the artisans. The method is very uncomplicated.
Over 2,000 craftspeople are trained every
year in our classrooms.
One of the projects developed by
Centro Cape id the Quality Seal I.Q.S. What are the main aims of
this program?
This was a demand we had after the
export project was set on train. We had
come across, many times, goods that we
knew were the product of slave or child
labor in their countries of origin; and the
proceeds certainly never came to the
benefit of the artisan, and, to make matters
worse, the raw materials used degrades
the environment. This was all clashing
with our plans. We then decided to
design our own seal in order to help the
artisans organize their workshops, to
respect their apprentices and have concern for the preservation of raw material
sources, using then sensibly and make
goo use of residues. We’ve had fantastic
results so far, once most of the 200 arti-
27
a metodologia CEFE é participativa, não interessando o contexto socioeconômico educacional que o
artesão esteja inserido. O método é de fácil assimilação. Todos os anos, mais de 2.000 artesãos passam
por nossas salas de treinamento.
Entrevista Interview
adquirir matéria-prima a baixo custo. Disponibilizamos um setor de assessoria jurídica e contábil e estamos criando um setor de embalagens,
porque este é um grande gargalo, tanto na exportação quanto na venda para o mercado interno.
Além desses serviços, temos a loja física e a virtual
que são as grandes vitrines do artesanato mineiro.
28
Entrevista Interview
uso e reutilizando seus resíduos. O resultado
tem sido fantástico, já que dos quase 200
artesãos que passaram pelo processo, mesmo
aqueles que não receberam o selo, a maioria
melhorou consideravelmente seu modo produtivo, aumentando seus lucros e gerando
emprego nas comunidades envolvidas.
Nossa intenção é que um dia todos os 7.000
associados tenham o Selo I.Q.S. em seus produtos.
O Centro CAPE e a Central Mãos de
Minas estão atentos à questão da utilização
de mão-de-obra infantil na linha de produção?
Este é um assunto muito delicado e sério,
pois, em 2006, uma revista brasileira montou
uma reportagem dizendo que os artesãos da
Mata dos Palmitos usavam mão-de-obra
infantil na produção de suas peças. O
Ministério Público, verificando que as
fotografias da reportagem tinham sido forjadas, mandou recolher todos os exemplares
da revista. No entanto, com a existência da
Internet, o mal já estava feito e milhares de
pessoas leram horrorizadas as mentiras contadas pela dita reportagem. E o pior foi que
ela envolveu o nome da Central Mãos de
Minas e de uma das artesãs mais responsans who underwent the process,
even those that have not managed
to get the seal, showed great
improvement in their production
process. They’ve also had a
increase in profits and are providing jobs for the people in their
communities. Our expectations
are that one day all 7,000 members
will have the right to stick the
I.Q.S. seal to their products.
Are Centro Cape and
Central Mãos de Minas are to
the use of child labor in the
production line?
This is a very serious and delicate subject, because, in 2006, a
Brazilian magazine brought an
article saying that the artisans in
Mata dos Palmitos were making
use of child labor. However, the
District Attorney investigated and
sáveis da Mata dos Palmitos que é a Dionísia.
Até hoje temos que desmentir as informações
contadas naquela época. Sempre combatemos a
mão-de-obra infantil, mas temos que ter a sensibilidade para separar o que é exploração desta
mão-de-obra do fato de existirem filhos de
artesãos que ajudam a família no seu ofício.
Temos que ter a sensibilidade para perceber
que, em alguns casos, o envolvimento dos filhos no processo de produção é a forma que os
pais encontram para perpetuar as técnicas e o
ofício artesanal. Quando encontramos famílias
de artesãos, cujos filhos ajudam e, por isto, não
vão à escola, imediatamente cancelamos sua
participação na Central Mãos de Minas. No ano
passado terminamos uma pesquisa nas lavras
de pedra-sabão e, com o diagnóstico final, estamos buscando melhorar a produtividade do
artesão da pedra-sabão para que ele não precise
utilizar a mão-de-obra familiar, mesmo que seja
para dar acabamento às peças. Mas, em nossa
pesquisa, oficialmente, não achamos nenhum
artesão menor de idade trabalhando. Nos
horários que fomos, todos estavam na escola.
Dados da APEX-Brasil mostram que
Minas Gerais é responsável por 60% de toda a
exportação do artesanato brasileiro. Como o
artesão mineiro atingiu esse status de princi-
discovered that the photographs in
the magazine had been tampered
with, they passed an order for all
numbers of the magazine in circulation to be apprehended. However,
after widespread on the net, the evil
was already done and thousands of
people had already read the phony
story published by the magazine.
And what was even worse was that
the name of Central Mãos de Minas
was involved as well as the name of a
very serious artisan from Palmitos,
Dionísia. We have been having to
suffer and deny these accusations
since then. We have always fought
child labor, but we are sensible
enough to tell exploitation of child
labor from the hand children give
their parents in their workshops. We
must be sensible enough to realize
that, in some cases, the involvement
of the children in the production
process is the way the parents find to
preserve techniques and tradition of
handicrafts production. If we come
across families of artisans whose
young children have to help them and
therefore cannot go to school, the families are disqualified as members of
Central Mãos de Minas. Last year we
finished a study of soapstone quarries
and, based on the conclusions, we are
working to improve the productivity
of the artisans that work with soapstone so that they stop using family
labor, even if it is just to finish the
pieces. But during our study we did
not officially find underage artisans.
At the time we visited the families,
their children were all at school.
Data from Apex-Brasil show
that the State of Minas Gerais
accounts for 60% of all export of
Brazilian crafts. How did the
artisans of the state reach this
status?
In all modesty, I believe that the
credits go to all of us: Central Mãos
de Minas, Centro CAPE, APEXBrasil, Ecoarts, Transconnection,
Worldwide and Vitória Régia that in
the last seven years have insisted,
persisted, made mistakes, got things
right, learnt and taught. And all this
taking into account that Minas
Gerais is the state with the widest
diversity of handicrafts in Brazil.
The tax laws of our state also help
the craftsmen to formalize their business, as the sector receives similar
treatment, in economic terms, as the
industrial, commerce and services,
with adaptations to meet the its specific needs. The Feira Nacional de
Artesanato, now in its 19th edition,
also responds for these results, since,
in the six days of the event, several
international buyers visit Belo
Horizonte and buy pieces by artisans from all over the country, especially from Minas Gerais – the State
that is most widely represented in
the fair.
How do you analyze, in the
export scene, the steady depreciation of the American dollar in
Brazil?
It’s a great challenge. The
Quality Seal I.Q.S is our weapon to
fight this situation because as the
artisan manages to produce more at
lower costs, we somehow manage to
compensate losses resulting from the
exchange rate. This is what we have
been doing in the last six months.
We have been working more and
more with the organization of workshops and studios – by means of the
I.Q.S - because this is by all means
the trump card of the artisan who
wants to go on exporting, generate income and provide jobs.
How do you envisage the
future of crafts exports?
I see hundreds of artisans
exporting directly to clients in
Europe and in the US, providing
thousands of job opportunities
and bringing money into the
country. The seed was sown in
2001, when Apex-Brasil was
established. From that seed there
sprouted a tree that soon grew
strong and we are now picking
the fruit. At the beginning,
exports were made only through
Central Mãos de Minas, while
today we have dozens of artisans
who export their products independently, even whole containers
to Europe and the US.
29
Entrevista Interview
para contornarmos essa situação porque a
pal exportador do Brasil?
Modéstia à parte, acredito que os grandes partir do momento em que o artesão produz
responsáveis por este sucesso somos nós: Central mais, com menos custos, conseguimos comMãos de Minas, Centro CAPE, APEX-Brasil, pensar as perdas cambiais. Tem sido assim
Ecoarts, Transconnection, Worldwide e Vitória no último semestre. Estamos trabalhando,
Régia que, nestes últimos sete anos, insistimos, cada vez mais, com a organização das oficipersistimos, erramos, acertamos, aprendemos e nas e ateliês - através do I.Q.S - pois este,
ensinamos. Tudo isso, levando em consideração com certeza, é o grande trunfo do artesão
que Minas Gerais é o estado que possui o arte- que quer continuar a exportar, ganhar disanato mais diversificado do Brasil. A legislação nheiro e gerar empregos.
tributária do nosso estado também ajuda o
Como você vê o futuro das exportações
artesão na sua formalização, tratando-o, na
economia, igual ao setor industrial, de comércio e de artesanato?
Vejo centenas de artesãos exportando
serviços, dando, é claro, o tratamento diferenciado que o setor demanda. A Feira Nacional de diretamente para os clientes europeus e
Artesanato, agora em sua 19ª edição, também tem norte-americanos, gerando milhares de emsido uma das grandes responsáveis por este pregos e divisas para o país. A semente já
foi plantada em 2001,
resultado, pois, nos seis dias
com o início do projeto
do evento, diversos comwww.centrocape.org.br
da APEX-Brasil. Nesses
pradores internacionais viwww.maosdeminas.org.br
últimos anos a semente
sitam Belo Horizonte e
brotou e uma arvoreadquirem peças dos artewww.brazilhandicraft.org.br
zinha já começou a se
sãos brasileiros, sobretudo
www.apexbrasil.com.br
mostrar forte e robusta, e
de Minas Gerais – estado
www.wwiec.com
já vem dando frutos.
com maior [email protected]
Tanto que no início as
vidade na Feira.
exportações aconteciam
Como você analisa, no cenário da expor- somente via Central Mãos de Minas e, hoje,
tação, o fato de termos um dólar cada vez já temos dezenas de artesãos associados que
enviam, diretamente, e de forma indepenmais baixo?
Este tem sido um grande desafio. O Selo dente, seus produtos, e até mesmo conde Qualidade I.Q.S tem sido a grande arma têineres para a Europa e Estados Unidos.
30
Projetos Projects
PETROBRAS INCENTIVA A PRÁTICA
DO ARTESANATO PROMOVENDO
A INCLUSÃO SOCIAL
PETROBRAS SPONSORS THE PRODUCTION OF HANDICRAFTS
AND PROMOTES SOCIAL INCLUSION
Por/By: Rachel Francine Fotos/Photos: Walmir Monteiro
Durante a 18ª Feira Nacional de Artesanato em Belo Horizonte, a Petrobras
apresentou projetos sociais de instituições do terceiro setor, alinhadas com a
diretriz de geração de emprego e renda
N
o Brasil o artesanato está
conquistando novos mercados e é fonte de renda
para uma parcela considerável da
população. Possui grande valor cultural e vem sendo utilizado como
atividade transformadora de comunidades excluídas. A Petrobras, empresa que investe em projetos sociais,
levou ao conhecimento do grande
público da maior feira de artesanato
da América Latina, que aconteceu em
novembro de 2007, em Belo Horizonte, os produtos artesanais confeccionados por 10 organizações do terceiro setor, responsáveis pela inclusão
social de jovens e
adultos em situação de
risco social. De acordo
com o coordenador da
área de Responsabilidade Social da Petrobras, Milton Santana, os
projetos sociais apresentados na feira são alinhados com a diretriz de
Geração de Emprego e Renda e contam com o patrocínio
da Petrobras por terem sido aprovados via seleção pública do programa
Desenvolvimento & Cidadania Petrobras.
During the 18th Feira Nacional de Artesanato in Belo Horizonte,
Petrobras presented social projects developed by third-sector
institutions, in line with the plans for provision of jobs and
income generation
H
andicrafts are
conquering a
new market niche in Brazil and throwing
a lifeline to a substantial
portion of the population.
The production of handicrafts has proved to have
great social value as it
boosts the living standard
of excluded communities.
Petrobras, a company that
makes heavy investment in
social projects, presented
the public of the biggest
handicrafts fair in Latin
America with items produced by 10 third-sector
institutions, working for
the social inclusion of disadvantaged youths and
adults. The fair was held in
No vember 2007 in Belo
Ho rizonte. According to
Petrobras’s Social Responsibility Coordinator, Mil-
ton Santana, the social
projects shown in the fair
are in line with the plans
for provision of jobs and
income generation. They
are fully funded by Petrobras, after being
shortlisted in a public selection made
by the company’s
Program of Development and
Citizenship.
O objetivo é promover o desenvolvimento humano e a
ressocialização de comunidades excluídas, através do
trabalho com arte e artesanato
The aim is to promote human development and the social
reinsertion of the excluded, by means of the production
of handicrafts and works of art
One of the institutions funded by
the company, the NGO Arte que
Liberta, from Salvador (BA), exhibited
products made of iron, fibers and wax,
produced by inmates of penitentiaries
in the cities of São Paulo and
Salvador. Maytê Maia, one of the
founders of Arte que Liberta, says
that the aim of the NGO is to promote
human development and the social
reinsertion of the excluded, by means
of the production of handicrafts and
works of art. The ONG was established in 1999 in Salvador and today
it has a branch in São Paulo, sponsoring
locksmith workshops, special
paintings, fiber pieces, votive candles
and recycled paper workshops for the
inmates. “Arte que Liberta has been
funded by Petrobras since 2005,
which has made it possible for the
NGO to qualify around 4,000 inmates a year and sell around 15,000
items a month, including votives,
underplates, light fixtures, furniture,
magazine holders, etc.” , Maytê told
us.
According to Milton Santana,
social responsibility is part of the
company’s strategic plan, and part
and parcel of the policy of the company. “In the last five years Petrobras
has supported and funded projects
that came to the benefit of millions of
Brazilians throughout the country”,
he informed us.
31
desde 2005, o que possibilita a
ONG capacitar cerca de 400
detentos por ano e a
comercialização de
mais ou menos 15
mil produtos mensais, entre eles velas, souplás, luminárias, móveis, revisteiros, etc”, contou Maytê.
Segundo Milton
Santana, a responsabilidade social integra
o planejamento estratégico da companhia, como parte das diretrizes
empresariais. “Nos últimos
cinco anos a Petrobras apoiou e patrocinou projetos que
beneficiaram milhões de brasileiros em todo país”, informou o
coordenador.
Projetos Projects
Dentre os projetos patrocinados pela empresa, o da ONG Arte
que Liberta de Salvador (BA),
expôs durante a feira produtos
em ferro, piaçava e parafina,
desenvolvidos dentro de penitenciárias das cidades de São Paulo e
Salvador por detentos. Segundo a
artesã Maytê Maia, uma das idealizadoras da Arte que Liberta, o
objetivo é promover o desenvolvimento humano e a ressocialização
de comunidades excluídas, através do trabalho com arte e artesanato. A ONG surgiu em 1999
em Salvador e hoje atua também
em São Paulo, promovendo oficinas de serralheria artística, marcenaria, pinturas especiais, artesanato com piaçava, fabricação de
velas e papel reciclado para os
sentenciados. “A Arte que Liberta” tem o patrocínio da Petrobras
32
Projetos Projects
O Projeto Social Amba –
Estação Jovem Artesão – , da
ONG Aquatro, sediada no
município do Jaboatão dos
Guararapes (PE), também é um
projeto aprovado e patrocinado
pela Petrobras e esteve presente durante a Feira Nacional
de Artesanato. A ONG
Aquatro foi fundada em 1999
por um grupo de desempregados e aposentados que con-
Projeto Social Amba –
Estação Jovem Artesão – is
a social project geared to
crafts people, created by
Aquatro NGO, based in
the locality of Jaboatão dos
Guararapes (PE), is another project approved and
funded by Petrobras that
was also present in Feira
tribuem com suas experiências
e conhecimentos acumulados,
para a qualificação profissional
dos cidadãos excluídos do mercado e sem perspectiva de melhoria na qualidade de vida. O
Projeto Social Amba, foi criado
em 2003 e desenvolvido na
unidade prisional Prof. Aníbal
Bruno, em Pernambuco, com o
objetivo de capacitar os detentos para produção de artefatos
Nacional de Artesanato.
Aquatro NGO was founded
in 1999 by a group of
unemployed and retired
people, who have contribute their experience
and wisdom to the professional qualification of people excluded from the market and without any life
de ambientação, em ferro com
design exclusivo. Em 2007 as
ações do projeto foram ampliadas e direcionadas para atender
jovens de 16 a 21 anos (homens
e mulheres), familiares de
detentos e egressos do sistema
prisional, com o mesmo foco:
geração de renda e oportunidades de trabalho para grupos de jovens em situação de
vulnerabilidade.
prospects. Projeto Social
Amba, was created in 2003
and developed in Prof.
Aníbal Bruno correctional
facility, in the State of
Pernambuco, with the aim
of teaching the inmates to
produce exclusive design
pieces for interior decoration. In 2007 the scope of
the project was broadened
and it started catering for
young people – male and
female – between 16 and
21, the inmates’ families
and former inmates, all
within the same focus: income generation and job
opportunities for disadvantaged people.
According to Tere zinha Carvalho, the coordinator of “Estação Jovem
Artesão”, the Amba artifacts are made of iron
treated with antioxidants,
and their design includes
other materials like wood,
ceramic, glass, plastic,
transforming them into
revitalized materials. Te-
rezinha says that the aim
of the project is to contribute to the insertion, in
the labor world, of 40
youths a year, by giving
them the opportunity to
be the captains of their
professional future and
managers of undertakings
for the production and
commercialization of arti-
tem como meta atender 4 milhões de pessoas diretamente
e outros 14 milhões indiretamente em todo o território
nacional. Segundo o edital do
programa, serão investidos
recursos da ordem de 1,2 bilhões, no período de 2007 a
2012, em projetos que promovam desenvolvimento com
igualdade de oportunidades e
valorização de potencialidades locais.
Confira mais detalhes pelo
site: www.petrobras.com.br
facts and handicrafts.
The Program of Development and Citizenship
Petrobras ensures the
continuation of the well
suceeded actions of the Petrobras Fome Zero (no
hunger program) and aims
at assisting 4 million people directly and 14 million
indirectly in the four cor-
ners of the country. According to the edital of the
program as much as 1.2
billion will be invested,
between 2007 and 2012, in
the promotion of development with equal opportunities and enhancement of
local potentialities.
For more details visit
www.petrobras.com.br
33
objetivo con tribuir para a
inserção de 40 jovens por ano,
capacitando-os como protagonistas de seu futuro profissional e gestores de empreendimentos solidários para a produção e comercialização de artefatos e de artesanatos para geração de trabalho e renda.
O programa Desen volvimento & Cidadania Petrobras prevê a continuidade das
ações bem-sucedidas no Programa Petrobras Fome Zero e
Projetos Projects
De acordo com Terezinha
Carvalho, responsável pelo
“Estação Jovem Artesão”, os
artefatos Amba têm como
matéria-prima básica o metal/ferro, tratado com antiferrugem, com design que
agrega outros materiais como
a madeira, a cerâmica, o vidro,
plástico e outros, transformando-os em produtos revitalizados. Todo o processo de
produção é conhecido e controlado pelo artesão. Segundo
Terezinha, o projeto tem como
42
Eu Faço I Make
QUEM É
NOEMI MACEDO GONTIJO...
WHO IS NOEMI MACEDO GONTIJO...
Por/By: Divulgação / Salão do Encontro
E
ducadora e artesã,
nasceu na cidade de
Luz, Minas Gerais,
em 28 de março de 1924. Diplomada pelo magistério público como professora, especializou-se em Artes Industriais e
Educação Artística pelo MEC.
Fundadora e dirigente do
Serviço Assistencial Salão do
Encontro, há 37 anos dedica-se
à promoção social no municí-
A
n educator and artisan,
Noemi was born in the
locality of Luz, Minas Gerais, on 28th March 1924. She has a
teacher degree from the District Deputy Attorney General, and a Ministry of
Education specialization in Industrial
Arts and Artistic Education.
She is the founder and head of
Serviço Assistencial Salão do Encontro, and for 37 years she has worked
pio de Betim, após longa e brilhante carreira na Rede Estadual de Educação, onde implantou e desenvolveu importantes projetos.
Através de sua dinâmica
atuação, o Salão do Encontro é,
hoje, centro de referência da
produção artesanal no Estado
de Minas Gerais, sendo também
referência no atendimento e
promoção da criança, do adoles-
cente, do jovem e do idoso.
Pelo trabalho de uma vida,
desenvolvido em favor dos
menos favorecidos, a professora
Noemi Gontijo alcançou reconhecimento e notoriedade, tendo
sido agraciada com inúmeros
prêmios, entre eles, a Medalha
de Honra da Inconfidência,
Medalha ao Mérito Educacional, Ordem Nacional do Mérito
Educativo e Gente que Faz.
tirelessly to promote social improvement in the locality of Betim, after a
long-lasting and brilliant career as a
school teacher in state schools, where
she developed and implanted relevant
projects.
Fostered by her dynamism, Salão
do Encontro has become a reference
center for handicrafts production in the
State of Minas Gerais, besides being a
model in the assistance to and develop-
ment of children, adolescents, youths
and elderly.
For the work of a lifetime, developed to favor of the disadvantaged,
Professor Noemi Gontijo has been
acknowledged and awarded a series
of prizes, among which, the Medalha
de Honra da Inconfidência, Medalha
ao Mérito Educacional, Ordem Nacional do Mérito Educativo and Gente
que Faz.
19ª Feira Nacional de Artesanato
19th National Handicrafts Fair
25 a 30 de novembro de 2008*
25th to 30th November 2008*
Belo Horizonte - MG - BRASIL
Informações Information : 55 31 3282 8302
www.feiranacionaldeartesanato.com.br
*Dia 25 aberto somente aos lojistas
*25th – Admission only to exhibitors