Memória Resumida Brasil União Européia Rio+20
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Memória Resumida Brasil União Européia Rio+20
CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL European Economic and Social Committee 6ª Mesa Redonda da Sociedade Civil Brasil- União Europeia O QUE ESTÁ EM JOGO NA RIO+20? RECOMENDAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DO BRASIL E DA UE MEMÓRIA DA SEXTA MESA REDONDA DA SOCIEDADE CIVIL BRASIL - UNIÃO EUROPÉIA Local: CNC - Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo - Av. General Justo, 307, Centro, Rio de Janeiro - RJ Data: 19 de junho de 2012 Participantes: Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Ministro Moreira Franco, Secretário Executivo Conselheiros Manoel Silva da Cunha, Chefe da Delegação Alberto Broch Bruno Ribeiro Candido Mendes Clemente Ganz Jackson Schneider João Batista Inocentini Jorge Nazareno Rodrigues Joseph Couri José Antônio Moroni Maurilio Biagi Filho Nair Goulart Paulo Simão Sergio Haddad Equipe de apoio ao CDES Angela Cotta Gomes, Secretária Cristina Rocha Danielle Souza Gustavo Ramos 1 Original em www.cdes.gov.br Hilta Figueiredo Ludmilla Volochen Maria Luiza Falcão Maria Velloso Equipe de apoio SAE Ary Norton de Murat Quintella, Assessor Internacional da SAE Márcio Maffili Fernandes, Assessor do Ministro Moreira Franco Comitê Econômico e Social Europeu Staffan Nilsson, Presidente Sandy Boyle Hans-Joachim Heinrich Wilms Brenda King Paulo Barros Vale Vladimíra Drbalová Lubomir Hadjiysky Madi Sharma Giuseppe Antonio Maria Iuliano Meelis Joost Pásztor Miklós Pedro Narro Sánchez Lutz Ribbe Francisco Silva Mário David Ferreirinha Soares José María Zufiaur Narvaiza Equipe de apoio do CESE Vasco Oliveira Veronica Tomei Jean-François Bence Fátima Cabral Ana Cristina Costea Coralia Catana Relato: A sexta edição da Mesa Redonda da Sociedade Civil do Brasil e da União Europeia, promovida pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) da Presidência da República e pelo Comitê Econômico e Social Europeu (CESE), foi realizada no dia 19 de junho de 2012, no Rio de Janeiro, à margem da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável Rio+20. O tema da mesa, pactuado entre as duas instituições, foi: “O que está em jogo na Rio+20? Recomendações da sociedade civil do Brasil e da União Europeia”. Cabe ressaltar, inicialmente, que a Mesa Redonda é um instrumento permanente de diálogo e cooperação entre as sociedades civis do Brasil e da União Europeia. Ela busca contribuir para reforçar as relações entre o Brasil e a União Europeia 2 Original em www.cdes.gov.br no âmbito da Parceria Estratégica instituída em 2007. As conclusões das reuniões da Mesa Redonda são entregues aos Chefes de Estado e de Governo, no âmbito das reuniões da Cúpula UE - Brasil. Nesta edição, foi apresentado, de maneira inédita, um Parecer Conjunto que expressa a maturidade do diálogo entre as duas instituições e a relevância do tema do desenvolvimento sustentável. A VI Mesa Redonda foi dividida em três momentos distintos, sendo o primeiro a divulgação do Parecer Conjunto desenvolvido pelo CDES e pelo CESE. Em seguida, ocorreram dois painéis com os temas "A Dimensão Social do Desenvolvimento Sustentável" e “Papel da Sociedade Civil no Desenvolvimento Sustentável”. O Conselheiro Manoel Silva da Cunha chefiou a delegação do CDES, composta por outros 13 conselheiros. O Conselheiro Clemente Ganz Lúcio (CDES), divulgou o Parecer Conjunto desenvolvido com o CESE. Afirmou que é preciso uma reunião de avaliação da Rio+20, bem como a criação de uma agenda, possivelmente em novembro, que pode se transformar no que ele chamou de Rio+21. O Presidente do CESE, Staffan Nilsson, destacou a importância da realização do evento, mencionou as ausências importantes na Rio+20 e ressaltou a relevância em dar seguimento, após a Rio+20, ao proposto na Conferência. O Ministro Moreira Franco, secretário-executivo do CDES, destacou que a perspectiva e visão que deve ser adotada sobre desenvolvimento sustentável é mais relevante que o conteúdo da agenda. O conteúdo, por sua vez, é impositivo por sua relevância. O Ministro enfatizou, também, a oportunidade deste encontro em decorrência da proximidade com o governo que os dois Conselhos (CDES e CESE) possuem. Ainda, segundo o Ministro, são necessárias visões novas para resolvermos problemas velhos e isso deve servir de inspiração para o desenho de políticas públicas. Tais problemas não serão enfrentados apenas com soluções macro mas, também, com soluções micro, enfatizou. Faz-se necessário, portanto, definir políticas que contribuam para o desenvolvimento, entre elas a facilitação de processos migratórios de países onde o desemprego é significativo para outros que estão carentes de mão de obra especializada, que é o caso específico do Brasil, destacou. O painel "A Dimensão Social do Desenvolvimento Sustentável" contou com moderação do Presidente do CESE, Staffan Nilsson. O primeiro palestrante foi Rômulo Paes de Sousa, que representou a Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Tereza Campello, impossibilidade de comparecer ao evento devido a outros compromissos por ocasião da Rio+20. Rômulo Paes de Sousa ressaltou o paralelo entre o documento apresentado pelo CDES e o que se espera da Conferência Rio+20. Ele destacou o valor intrínseco entre as questões social e econômica e defendeu que as “divergências devem ser convergidas”. Esclareceu que, no entanto, devem ser estabelecidas estratégias para obtenção de resultados. Para o representante do MDS, a capacidade de investimento aumenta a habilidade de acomodar algumas questões, entre elas a questão da pobreza, considerando as experiências urbanas de reaproveitamento de materiais já 3 Original em www.cdes.gov.br utilizados. Ele mencionou que as políticas devem ser simples no que diz respeito à implementação e que elas devem permitir a comunicação entre as populações e os gestores. Mencionou, também, a recém lançada Bolsa Verde, visando criar incentivos para as populações preservarem as florestas nas localidades onde habitam. A questão da importância da inovação foi, também, destacada por Rômulo Paes de Sousa, bem como a necessidade de uma matriz energética mais limpa, tecnologias de gestão e sociais. Conforme afirmou, os investimentos devem levar em conta as diferenças, a diversidade e as distintas agendas pactuadas. Os instrumentos, por sua vez, devem ser aprimorados para viabilizar o acompanhamento da implementação das metas. O Presidente do CESE, Staffan Nilsson, ressaltou o conteúdo do Acordo para o Desenvolvimento Sustentável e afirmou que os europeus realizaram um acompanhamento e análise profunda da agenda com o CDES, sintetizada no Parecer Conjunto. Nilsson resumiu as preocupações principais, enfatizando a erradicação da pobreza e o acesso à segurança alimentar. Ademais, afirmou que a dimensão social deve estar integrada nos documentos resultantes da Rio+20, e que o desemprego e as condições de trabalho se apresentam como questões relevantes que devem ser consideradas. Destacou, ainda, que deve ser estabelecida uma transição justa, que aumente as oportunidades, e que garanta igualdade de gênero. Afirmou, também, que o acesso a serviços básicos deve ser facilitado. Para o Presidente do CESE é necessária uma estratégia de transição para a economia verde e para uma matriz energética limpa, com incentivos para pesquisa e desenvolvimento. Uma forma de incentivo que os governos podem adotar são as compras públicas alinhadas com uma postura verde. Ele ainda enfatizou a questão da produção e consumo sustentáveis, afirmando a importância do uso de métodos e ferramentas com base no ciclo de vida, com destaque para o papel dos consumidores. Nilsson advogou, também, a necessidade de estabelecer novos indicadores de riqueza, para além do PIB. Tratam-se de indicadores que englobem questões sociais e ambientais. Peter Poschen, Diretor de Criação de Empregos e Empresas Sustentáveis da Organização Internacional do Trabalho - OIT, iniciou sua participação no painel destacando os resultados de um novo relatório que a Iniciativa Global sobre os Empregos Verdes divulgou recentemente. Essa iniciativa é formada por quatro entidades: OIT, PNUMA, Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e Confederação Sindical Internacional (CSI). Trata-se de uma estratégia de enfrentamento das duas grandes crises que assolam o mundo simultaneamente: a crise econômica internacional e a crise climática. O relatório, conforme informou, apresenta análises sobre a questão da sustentabilidade e as oportunidades para trabalho decente. O trabalho faz menção, também, às questões atreladas à distribuição de renda e às oportunidades de inclusão social. Resumidamente, Poschen destacou que os resultados verificados foram: a) transição para a economia sustentável como algo urgente. Economia atual já gera prejuízos de empregos; b) geração de novos empregos. Saldo lento e positivo. Melhores empregos, considerando que a agricultura ainda é o melhor empregador do mundo, empregando 1/3 da população economicamente ativa; c) 4 Original em www.cdes.gov.br agricultura familiar pode ser melhorada; d) Impostos ecológicos. Arrecadação para baixar o custo do trabalho. Facilita a geração de emprego; e) Não reproduzir o modelo dos países industrializados, que é diferente do modelo dos países desenvolvidos; f) transição das empresas medianas; g) geração de economia e trabalho verde. Vários ministérios, organizações sindicais e empregadores. Ainda no painel sobre “A Dimensão Social do Desenvolvimento Sustentável”, Lloyd Russel-Moyle, Conselheiro do Fórum Europeu da Juventude, ressaltou a necessidade de uma mudança normativa em relação ao desenvolvimento sustentável, destacando a necessidade de desvincular a sustentabilidade do aspecto ambiental. Atualmente, segundo Russel-Moyle, as dimensões ou pilares social e econômico são fortes, enquanto a dimensão ambiental é frágil. Ademais, os jovens europeus estão pressionando pelo aumento do status dos sindicatos e pela ampliação da participação da juventude. A pauta sobre desenvolvimento sustentável é pouco ambiciosa e as gerações futuras não estão sendo representadas pelos governos atuais. Lloyd afirmou, também, que seria melhor sair da Rio+20 sem documento algum a sair do Rio de Janeiro com um documento com lacuna de ambição. Para ele, o documento apresentado naquele dia pela manhã carecia de objetivos e metas concretas e, por esse motivo, o Brasil seria lembrado como país que criou um documento sem ambição. Destacou, por fim, que a agenda mantinha a dicotomia Norte – Sul. Chefe da delegação do CDES nesta Mesa-Redonda, o Conselheiro Manoel da Cunha afirmou que as mudanças climáticas podem ser percebidas em sua comunidade ribeirinha, na região amazônica, como o aumento do nível dos rios. Em seguida, fez uma metáfora na qual a água chega à altura do nariz de todo mundo, ameaçando todos de morte, para expressar sua crença no aumento da mobilização social como fruto de uma consciência forçada pelas ameaças de grandes tragédias naturais. O segundo painel foi moderado pelo Ministro Moreira Franco e teve como tema o “Papel da sociedade civil no Desenvolvimento Sustentável”. A representante do Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, Chantal Line Carpentier, destacou que a debilidade da participação social na tomada de decisões é um dos principais problemas identificados nos debates em torno da Rio+20. Segundo a representante, o documento-base de discussão da Rio+20, o Rascunho Zero, foi formulado levando em consideração seis mil páginas de contribuições enviadas à organização, sendo 80% delas oriundas da sociedade civil: “Estima-se que 30% deste documento foram resultado dessa contribuição”. O Conselheiro Sérgio Haddad, do CDES, e da ONG Ação Educativa, afirmou que diferentes modalidades de participação da sociedade civil podem ser identificadas na Rio+20. A mais antiga delas, mas nem por isso mais visível, é o lobby exercido majoritariamente por grandes corporações. Segundo ele, outro modelo, com forte presença organizadora do Estado, se dá via os nove grupos idealizados na Eco-92, os chamados major groups, divididos em: Negócios e Indústrias, Crianças e Jovens, Agricultores, Povos Nativos, Autoridades Locais, ONGs, Comunidade Científica e Tecnológica, Mulheres e Trabalhadores e Sindicatos. Haddad lembrou que fora dos muros da Conferência da ONU, há o espaço “Humanidades 2012”, organizado por entidades empresariais no Forte de 5 Original em www.cdes.gov.br Copacabana, e a Cúpula dos Povos, compostas por sindicatos, movimentos sociais, mulheres, rede de movimentos dos direitos humanos, ONGs e pessoas que não pertencem às organizações. Para o Conselheiro do CDES, os impactos positivos da participação social são seu efeito educativo, com o aumento de consciência sobre os limites do planeta e do atual modelo de desenvolvimento, além de dar mais um passo na articulação global de movimentos sociais. O crescimento de articulações deste porte tem como marco o enfrentamento aos mecanismos de Bretton Woods iniciados em Seattle, em 1999, e continuados em cada reunião do FMI, do Banco Mundial ou da Organização Mundial do Comércio (OMC). Haddad lembrou também que uma “Outra mobilização global dessa natureza foi o Fórum Social Mundial, começado no Brasil [em 2001], se expandindo para outros continentes, mostrando a força da sociedade civil global”. Em sua opinião, movimentos como o Occupy, nos Estados Unidos, os Indignados, na Espanha, a Primavera Árabe, no Oriente Médio, e os recentes levantes estudantis no México e no Chile demonstram que a sociedade civil está viva, mas segue distante de espaços de deliberação como a ONU. Na visão do Conselheiro, há muito receio sobre o modelo de governança do órgão: “Há desconfiança, por exemplo, do Pnuma [Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente], o espaço que produziu a ideia de economia verde com presença muito grande do setor coorporativo, o que afasta muitos setores da sociedade civil”, concluiu. O Diretor de Relacionamento da CIVICUS, Henri Valot, fez uso da palavra e afirmou que sustentabilidade tem mais sentido quando dito por mulheres, já que essas têm o papel precípuo de pensar nas gerações futuras. Com relação à legitimidade das ONGs, ele afirmou que as pessoas não precisam delas para manifestarem-se. ONGs são efetivas na área social, mas na política ainda é algo lento e traz poucos resultados. A diplomacia governamental das ONGs, destacou, não é bem estruturada, tem pouca entrada em organismos internacionais. Para Valot, após a Rio+20 devem ser repensados os major groups e deveremos refletir sobre a transformação da globalização – economias devem ser interligadas. Países devem ser sustentáveis localmente. De acordo com ele, as crises nos próximos anos serão comuns. Com relação ao consumo sustentável, afirmou que há ONGs de consumidores internacionais, mas o consumo sustentável começa dentro de casa. Ainda no painel sobre o papel da sociedade civil, o Conselheiro Cândido Mendes ponderou sobre a falta de prospecção do documento, e a importância do programa brasileiro Bolsa Família afetar a mobilidade social, a ascensão das classes pelo conhecimento. No entanto, destacou que falta orientação para o mercado de trabalho. Por fim, mencionou que a escolha profissional, desenvolvimento social e mobilização estão à margem da política. Finalizado o painel, a Mesa Redonda foi então encerrada pelo Ministro Moreira Franco, secretário-executivo do CDES, que novamente destacou a importância da realização desta atividade no contexto da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. 6 Original em www.cdes.gov.br
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