glomerulonefrite pós-infecciosa: uma revisão

Transcrição

glomerulonefrite pós-infecciosa: uma revisão
Abstract Nº PO-SA114
GLOMERULONEFRITE PÓS-INFECCIOSA: UMA REVISÃO CLÍNICO-PATOLÓGICA
Luís Oliveira (1);
Helena Viana (3);
Francisco Ferrer (2);
Maria Fernanda Carvalho (3); João Ribeiro Santos (3)
Ana Santos (3);
Maria João Galvão (3);
(1) - Serviço de Nefrologia / Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro / Vila Real / Portugal
(2) - Serviço de Nefrologia / Hospital dos Covões / Vila Real / Portugal
(3) - Laboratório de Morfologia Renal/S. de Nefrologia / Hospital de Curry Cabral / Lisboa / Portugal
Introdução: A epidemiologia da glomerulonefrite pós-infecciosa (GNPI) tem vindo a mudar, sendo
associada a uma lista crescente de microrganismos, atingindo doentes progressivamente mais
idosos. O seu prognóstico renal a longo prazo permanece incerto.
Objectivos: Caracterização epidemiológica, clínica e histológica da GNPI. Variação das
características nas últimas duas décadas. Determinação de factores de prognóstico renal.
Métodos: Foram diagnosticados histologicamente noventa casos de GNPI no Hospital de Curry
Cabral de 1 de Janeiro de 1988 a 31 Dezembro 2009. Os dados clínicos, laboratoriais e histológicos
à data de apresentação da doença foram revistos e relacionados com o prognóstico renal.
Resultados: Estes doentes apresentavam 35,0±19,5 anos e predomínio do género masculino (72,2
%). As principais indicações para a biopsia renal foram a insuficiência renal aguda (n=28; 31,1%) e
a síndrome nefrótico (n=21; 23,3%). As principais manifestações da GNPI foram a microhematuria
(60%), a proteinuria (57%), a hipertensão arterial (53%) e a insuficiência renal aguda (50%).
Foram identificados episódios infecciosos prévios em 37% dos casos (n=33), dos quais sete
secundários a Streptococcus sp.
A proliferação endocapilar constituiu o padrão histológico dominante variando de moderada a grave.
Os depósitos de C3 surgiram em 54,4% e os depósitos IgG em 17,7% das biopsias quando
avaliadas por imunofluorescência.
A fibrose intersticial moderada a severa foi mais comum nos hipertensos (65 vs 36%; p=0,03). A
diabetes mellitus associou-se a hialinose arteriolar (67 vs 18%; p=0,004), fibrose intersticial
moderada a severa (100 vs 27%; p=0,0002) e infiltrado intersticial moderado a severo (83 vs 33%;
p=0,01).
Quando avaliada as variações epidemiólogicas, clínicas ou histológicas ao longo das últimas duas
décadas, verificou-se um aumento da incidência das infecções por agentes atípicos e aumento da
gravidade dos infiltrados intersticiais.
Foi possível avaliar o follow-up de 37 doentes ao longo de 50,2±68,6 meses. Destes, 28 (76.3%)
recuperaram a função renal de forma completa (n=24) ou parcial (n=4). Os que não recuperaram
função renal apresentavam creatininemia mais elevada à data da biopsia. As lesões glomerulares e
tubulo-intersticiais avançadas associaram-se a um mau prognóstico.
Conclusões: Verificámos um bom prognóstico renal a longo termo. Determinámos factores clínicos
e histológicos de mau prognóstico renal: valor de creatinina sérica mais elevado na altura da
biopsia, presença de maior grau de esclerose glomerular, fibrose e infiltrado intersticial.
© 2010 Sociedade Portuguesa de Nefrologia

Documentos relacionados

A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Abstract Nº PO-QU-59 GLOMERULONEFRITE PÓS-INFECCIOSA IGA-DOMINANTE - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Ariana C. Azevedo ( 1 ); Vasco Fernandes ( 1 ); Ana Azevedo ( 1 ); Helena Viana ( 1 ); Francisco ...

Leia mais

glomerulonefrite pós-infecciosa associada a nefrite intersticial

glomerulonefrite pós-infecciosa associada a nefrite intersticial Abstract Nº PO-QU050 G LOMER ULONEFR ITE PÓS-INFECCIOSA ASSOCIADA A NEFR ITE INTER STICIAL AG UDA NO IDOSO D Lopes ( 1 ); S Campelos ( 1 ); Am Gomes ( 1 ); A Ventura ( 1 ); D Tente ( 1 ); J Seabra ...

Leia mais