Tikun Leil Shabuot #2 - lekachtob.xpg.com.br
Transcrição
LEKACHTOB – Tikun Leil Shabuot (SIDON 5770) BS”D Tikun Leil Shabuot – O que é e o porquê o fazemos? Shabuot 5770 Shabuot é o casamento de D-us (noivo) com o povo de Israel (noiva), conforme podemos aprender do nome da festa: em vez de Shabuot – semanas–, podemos ler Shebuot – promessas. D-us prometeu que seríamos o seu povo e nós prometemos que Ele seria nosso D-us. Moshê era o oficiante e a Torah, a Ketubah. É uma festa cheia de simbologias e costumes. Um destes costumes, comum em todas as comunidades judaicas, é o de permanecer acordados na noite de Shabuot até a alvorada e de se ocupar com o estudo da Torah. Por quê? Além disso, sabe-se que Tikun é a palavra hebraica para correção, reparação. O que temos que reparar nesta noite? Consta no Pirkei de Ribbi Eliezer: Ribbi Pinhhas dizia: Na véspera do Shabat, o povo se posicionou na frente do monte Sinai, prontos. Homens separados e mulheres separadas. Disse D-us a Moshê: “Vá e fale às filhas de Israel se elas desejam receber a Torah, pois é costume dos homens irem atrás da opinião das mulheres”, conforme está escrito: “Assim falará à casa de Yaakob [mulheres] e dirá aos filhos de Israel [homens]” (Shemot 19:3). Ao que todos disseram: “Tudo o que o Senhor falou faremos e obedeceremos” (Shemot 24:7). Contudo, neste mesmo dia, o povo dormiu até a segunda hora do dia seguinte (7 da manhã). D-us estava pronto pra se revelar e não havia ninguém acordado para recepcioná-Lo. Moshê teve que sair, às pressas, ao acampamento para despertá-los de seu sono e disse para eles: “levantem de seu sono, pois já veio o Noivo e Ele solicita a noiva e aguarda para dar-lhe a Torah!”. Conforme consta: “Ao terceiro dia, ao amanhecer, houve trovões, relâmpagos e uma nuvem espessa sobre o monte; e ouviu-se um sonido muito forte, de maneira que todo o povo que estava no acampamento estremeceu. E Moshê levou o povo fora do acampamento ao encontro de D-us; e puseram-se ao pé do monte” (Shemot 19:16-17). E por que estavam dormindo na hora do recebimento da Torah [mesmo tendo sido em nome dos Céus; eles achavam que dormindo estariam mais preparados para a revelação divina, que ocorreria na manhã seguinte e que seria intensa] de forma que D-us precisou acordá-los com Shofar e trovões, precisamos corrigir a falha (pois foi um sinal de desrespeito) com uma vigília nesta noite e com estudo de Torah. É, então, costume ficar acordado durante toda a noite (e para alguns mais rigorosos, no dia também). Registros do costume de fazer vigílias É famosa uma história que ocorreu nos tempos do Maran (Rabbi Yossef ben Efraim Karo ZTK”L – 1488 a 1575 – autor do Shulchan Aruch, o código de leis judaicas), onde ele e alguns de seus companheiros permaneceram despertos estudando durante a noite de Shabuot e, no meio da noite, uma voz veio do Céu e expressou quão grande eram o prazer e a alegria que aquele estudo estava dando aos Céus. “Mas”, disse a voz, “se vocês tivessem reunido um min'yan (10 homens), seria um nível de contentamento muito maior!” Ele retransmitiu o ocorrido, e traz o Shela HaKadosh que, na noite seguinte, ele reuniu 10 pessoas. Eles permaneceram por duas noites seguidas e aprenderam. A voz voltou e lhes deu aprovação, informando-lhes que davam grande alegria às esferas superiores. Deste episódio nossos sábios aprenderam que o estudo nesta noite tem um “lugar especial” nos Céus. E escreve o sagrado Zohar (Emor): “os primeiros hhassidim não dormiam nesta noite, e permaneciam estudando Torah e diziam: vamos herdar uma herança sagrada para nós e nossos filhos nos dois mundos [este e o vindouro]”. E ainda disse Ribbi Shim’on bar Yohhai no Zohar: “todos aqueles que participam do Tikun (correção) nesta noite e se alegram com ele, todos serão inscritos no livro das lembranças, e O Santo, Bendito Seja, abençoa-os com 70 bênçãos e coroas do mundo superior”! Vê-se que o Tikun tem grande efeito nas esferas espirituais e traz, para a pessoa, santidade e pureza. Podemos estudar qualquer coisa ou há alguma formalidade a ser seguida? Isso vai depender do seu costume (consulte seu Rabino). O costume dos Sefaradim/Edut Mizrahh é ler o Tikun elaborado pelos Kabalistas, por volta do séc. XVI, conforme está compilado no livro “K'riei Moed”. Não se deve diminuir este costume, mesmo que ele pareça a muitos, infelizmente, como um monte de versículos a serem lidos sem propósito, parecendo-lhes maçante e entediante, pois ele tem grande valor. Isso se dá, apenas, por falta de informação. Estes versículos foram escolhidos “a dedo” com o intuito de atingir um objetivo determinado, ou seja, o Tikun (correção/reparação) que a noite exige. O grande Hhacham Ben Sion Aba Shaul ZTK”L (Israel, 19241998), em seu livro Or Le'Siyon (Vol. 3, 18:11), enfatiza a importância deste costume e apresenta várias leis e orientações para a devida observância deste ocasião especial. Entre essas orientações ele enfatiza que a pessoa deve ler o Tikun preparado mesmo que não entenda as porções que compõem o serviço. Segundo o Ben Ish Hhai ZTK”L, a ordem do Tikun é iniciada com a leitura de trechos dos 24 livros doTanach (Torah, Nebi'im e Ketubim), seguido de Midrashim, da Iderá Rabá (segredos da Torah), pois assim está explícito no Zohar: da Torah aos Nebi'im (profetas), dos Nebi'im aos Ketubim (escrituras) e às Drashot das escrituras (Midrashim) e nos segredos da sabedoria (Iderá Rabá). Contudo, devem-se estudar as 613 Mitsvot antes dos Midrashim e, se ainda houver tempo, uma vez que a duração depende da velocidade da leitura (em geral de 3 a 4 horas), deve-se ler a Iderá Zuta também, conforme fazia o grande Hidá (Ribbi Hhaim David Azulay). Não se estuda Mishná nesta noite (Sefaradim). Este folheto contém termos de Torah! Favor tratar com respeito. LEKACHTOB – Tikun Leil Shabuot (SIDON 5770) BS”D Mas qual o motivo deste estudo 'programado' e formal? É porque existe um motivo mais místico nesta vigília. Conforme foi dito, a retificação da noite de Shabuot é uma coleção de versículos da Torah. Conforme explica o grande comentarista da Torah Rashi, sobre o versículo em Shemot (31:18), o estudioso de Torah, quando lê os 24 livros do Tanach, é tido como se possuísse compreensão de todas as escrituras e é comparado a uma noiva que se enfeita com 24 adornos, conforme detalhado no profeta Yeshayahu (3:18-23). E consta no Sagrado Zohar (3:79a e 1:48b): D-us preparou Hhavá (Eva) para seu casamento com Adam adornando-a com 24 ornamentos; tem-se que o valor numérico da palavra “vaiebiêha – e a trouxe” ('e da costela que o Senhor tomou do homem, formou a mulher; e a trouxe ao homem' – Bereshit 2:22) é 24. Ao pecar com o fruto, a Cobra (negatividade) contaminou-a com 24 tipos de veneno. Nossos sábios aprendem isso do versículo (Bereshit 3:15): “Ve'eibá ashit – porei inimizade” (entre a serpente e a mulher). “Ve'eiba” tem valor numérico de 24. Quando recebemos a Torah no Sinai, fomos purificados destes venenos e os 24 ornamentos foram restaurados em nós, a “nova Hhavá” (Megaleh Amukot 206). O Zohar explica que a Mikvê usada para purificação ritual é o 50o portão de entendimento (Binah, Imma), o nível de consciência divina garantida a nós, em Shabuot, em virtude dos 49 níveis adquiridos durante os dias do Ômer. A Kaballah explica: Rabbi Hhiya abriu seu discurso com o versículo “Contareis para vós, desde o dia depois do Shabat [Pessahh], desde o dia em que houverdes trazido o molho da oferta de movimento, sete semanas inteiras (Vaicrá 23:15). A Torah enfatiza que devemos contar para nós [lachem]. Isto é similar ao mandamento que requer que a mulher, que teve o seu período, conte sete dias: “Quando ela ficar limpa do seu fluxo, contará para si sete dias, e depois será pura” (Vaicrá 15:28). Assim como ela conta para seu beneficio [ficar pura], assim contamos o Ômer para nosso benefício. E qual é o benefício? Sermos purificados e, então, em Shabuot, merecermos a união com o Rei. Os 49 dias que contamos representam os 49 portões que levam ao último portão de entendimento [“a Mikvê que nos purifica”, como abordado acima]. Os ornamentos da noiva se referem, segundo os Kabalistas, à Shechiná – presença divina – que ascende para se unir com D-us durante as rezas da manhã de Shabuot. O fluxo de percepção divina da Torah e da sabedoria de D-us para nós é análogo ao fluxo de semente vital do noivo para a noiva na noite de núpcias. Segundo eles, os 24 livros que compõem o Tanach [que representam grande parte do Tikun] representam estes 24 adornos. Logo, ao lermos estes trechos no Tanach, estamos adornando a Shechiná (Noiva) com belos enfeites para prepará-la para sua união com o Rei [D-us]. Esses ornamentos também simbolizam as 24 permutações possíveis do nome divino de Adnut, que está ligado à Sefirá de Malchut. Segundo a Kaballah, durante a recitação da Kedushá (Keter itenû Lechá...) da oração de Mussaf, a noiva ascende com seus adornos e este é o ponto máximo e que finaliza todo o processo da contagem do Ômer e do Tikun. Por isso nossos sábios nos advertem, mais do que normalmente, para não proferirmos palavras vãs e tolas [que podem chegar até a Lashon Hará] desde o início da noite de Shabuot até, se possível, ao fim da Mussaf, pois o mau instinto se atiça quando há grande reunião de pessoas e a fala tem grande participação neste dia. Um dia solene Em Shabuot, D-us decreta quantos “Hhidushim (resgates)” cada pessoa será premiada a desenvolver no próximo ano, o que é determinado pela intensidade de seu estudo neste dia. O Rabbi Ben Sion Aba Shaul ZTK”L escreve que, quando falamos que Shabuot é o dia da outorga da Torah, não estamos falando apenas do evento histórico ocorrido no passado, mas de um processo que é renovado anualmente neste dia. D-us garante à pessoa, neste dia, a habilidade de pensar e chegar a resgatar ensinamentos da Torah dados a Moshê e que, durante os anos, foram esquecidos. Logo, devemos orar em Shabuot por conhecimento e sabedoria da Torah, para entendermos melhor a capacidade de nossas almas e corrigirmos o mundo e elevá-lo. Ditos do Baal Shem Tob - http://www.baalshemtov.com/ [Siddur Rav Shabsai] Piskei Halachot do Rishon Letsion Harav Obadia Yossef Shlita -http://www.halachayomit.com Site da Orthodox Union - www.ou.org Ben Ish hhai – ano 1 – Parashá Bamidbar Site do MyJewishLearning - http://www.myjewishlearning.com/ Chabad.org – www.chabad.org http://www.kabbalaonline.org http://www.dailyhalacha.com Este folheto contém termos de Torah! Favor tratar com respeito.
Documentos relacionados
Tikun Leil Shabuot 5769
Tikun Leil Shabuot – O que é e o porquê o fazemos? Shabuot 5769 É um costume comum em todas as comunidades judaicas permanecer acordados na noite de Shabuot até a alvorada e de se ocupar com o estu...
Leia mais׃ בֹֽזֲע ַ ־ל ַֽא י ִת ָר ֽ ֶכָל י ִ ַתָנ ב ט ח ַקֶל יִ
“Os filhos de Israel se acamparão, cada um junto ao seu estandarte, com as insígnias das casas de seus pais; ao redor, de frente para a tenda da revelação, se acamparão.” (Bamidbar 2:2) Existem out...
Leia maisבֹֽזֲע ַ ־ל ַֽא י ִת ָר ֽ ֶכָל י ִ ַתָנ ב ט ח ַקֶל יִ
“Fala aos filhos de Israel que tomem para Mim uma oferta alçada [...]” (Shemot 25:2) Sobre o versículo acima, explica o grande comentarista da Torah Rashi que a expressão “Li – para Mim” significa ...
Leia mais׃ בֹֽזֲע ַ ־ל ַֽא י ִת ָר ֽ ֶכָל י ִ ַתָנ ב ט ח ַקֶל יִ Resumo da Parashá
“Tomai a soma de toda a congregação dos filhos de Israel, segundo suas famílias, segundo a casa de seus pais...” (Vaicrá 14:8) Quem lê o versículo acima pode achar estranhas algumas coisas. Está es...
Leia maisN320-Êkeb 5773
a rezar antes mesmo de saber ler em um Sidur. Assim, tão logo seja capaz, nós a treinamos a responder: “Amén” sempre que ouvir uma Berachá. Rabi Yossi contou esta história: Certa vez, eu estava cam...
Leia maisבֹֽזֲע ַ ־ל ַֽא י ִת ָר ֽ ֶכָל י ִ ַתָנ ב ט ח ַקֶל יִ
ubabehemah Li hu – no homem e no animal para Mim será”. E assim disse o Rei David A"H: “La’Hashem ha’arets umloá – A D-us [pertence] a terra e o que tem nela”. E a terra Ele deu para o homem utiliz...
Leia mais